A MEDICINA TERANÓSTICA E O USO DA NANOTECNOLOGIA NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE NEOPLASIAS MALIGNAS: APLICAÇÕES, DESAFIOS E PERSPECTIVAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10072161


Adriano Pereira Moraes Ribeiro1 
Gabriel de Oliveira Rezende2


Resumo 

O avanço das tecnologias tem sido percebido em diversas áreas do conhecimento humano, inclusive, na área da saúde, onde vem contribuindo substancialmente na produção de diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças, conforme as pesquisas mais recentes. Através da manipulação de materiais em escala nanométrica, biomateriais inteligentes vêm sendo, cada vez mais, desenvolvidos para direcionar interações celulares e otimizar a resposta biológica de forma mais eficaz e menos invasiva. Sendo assim, o presente artigo tem por objetivo reunir as principais aplicações da nanotecnologia no diagnóstico e tratamento de doenças oncológicas, bem como seus principais desafios e perspectivas. Para tanto, nos utilizamos de uma revisão narrativa de literatura, do tipo qualitativa e de natureza exploratória, envolvendo a apreciação de livros, teses, dissertações e artigos destinados à problematização da temática, disponíveis nas plataformas de busca especializada. Como resultado, encontramos diversas produções apontando infinitas possibilidades quanto ao desenvolvimento de terapias mais eficientes e personalizadas no combate ao desenvolvimento das células cancerígenas. Com efeito, o avanço da nanomedicina no tratamento do câncer tem se mostrado altamente promissor no que diz respeito à investigação, à terapêutica e ao prognóstico esperado de cada caso em que tem sido empregado, permitindo intervenções mais específicas e com menos danos colaterais. No entanto, os estudos ainda são raros, no Brasil, evidenciando a necessidade de maiores investimentos e pesquisas com relação à utilização dessas tecnologias nanométricas. 

Palavras-chave: Nanotecnologia. Tratamento. Diagnóstico. Oncologia. 

Abstract 

The advance of technology has been seen in various areas of human knowledge, including health, where it has contributed substantially to the production of diagnosis, treatment and prevention of diseases, according to the latest research. Through the manipulation of materials on a nanometric scale, intelligent biomaterials are increasingly being developed to direct cellular interactions and optimize the biological response in a more effective and less invasive way. The aim of this article is to bring together the main applications of nanotechnology in the diagnosis and treatment of cancer, as well as its main challenges and prospects. To this end, we used a narrative literature review, of a qualitative and exploratory nature, involving the appreciation of books, theses, dissertations and articles aimed at problematizing the issue, available on specialized search platforms. As a result, we found several productions pointing to infinite possibilities regarding the development of more efficient and personalized therapies to combat the development of cancer cells. Indeed, the advance of nanomedicine in the treatment of cancer has proved highly promising in terms of research, therapy and the expected prognosis of each case in which it has been used, allowing for more specific interventions and less collateral damage. However, studies are still rare in Brazil, highlighting the need for greater investment and research into the use of these nanometric technologies. 

Keywords: Nanotechnology. Treatment. Diagnosis. Oncology.

1 INTRODUÇÃO 

A Nanotecnologia é uma área multidisciplinar de ciências aplicadas e engenharia que lida com o design e manuseamento de componentes e sistemas extremamente pequenos, em níveis moleculares e atômicos. Por meio dela tem sido possível miniaturizar alguns dispositivos eletrônicos e estruturas orgânicas utilizados, por exemplo, em comunicação, engenharia e medicina, com vistas à melhoria da qualidade de vida da população em geral. Pode ser definida como a ciência que estuda a compreensão e o controle da matéria de dimensões entre 1 e 100 nanômetros, onde fenômenos únicos potenciam novas aplicações (KARKARE, 2008). 

Entre as várias aplicações da Nanotecnologia, algumas das mais promissoras e com maior potencial para produzir impacto direto na vida dos seres humanos estão relacionadas às ciências biomédicas. Dentro desse contexto, as Nanociências e a Nanotecnologia têm permitido a criação e aplicação de uma grande variedade de produtos e serviços passíveis de melhorarem a prática clínica e a saúde pública (FIGUEIRAS; COIMBRA; VEIGA, 2014). 

Envolvendo o desenvolvimento e a implementação de estruturas inteligentes em escala nanométrica no diagnóstico e tratamento de pacientes, a medicina teranóstica tem sido desenvolvida a partir do uso de nanomateriais em cirurgias, imagem molecular, tecnologia de implantes, engenharia tecidual, direcionamento a alvos específicos (drug-delivery), diagnóstico e terapia do câncer, biodetecção de marcadores moleculares de doenças. Dentro desse contexto, vale ressaltar, uma das mais evidentes contribuições da nanotecnologia tem sido observada no diagnóstico precoce e no tratamento do câncer, duas das etapas mais desafiadoras no combate à progressão da doença. 

Enquanto o diagnóstico precoce costuma ser dificultado por uma série de fatores, incluindo a imprecisão dos recursos imagenológicos disponíveis na atualidade, os tratamentos existentes também são permeados de limitações. Mesmo diante dos frequentes avanços e extensivas pesquisas, os tratamentos disponíveis ainda permanecem adstritos à cirurgia, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia, procedimentos repletos de efeitos colaterais, que interferem radicalmente na qualidade de vida dos pacientes (FIGUEIREDO et al., 2013; COSTA, SILVA, 2017). É comum ocorrerem eventos adversos como resistência do tumor às fármacos ministrados (bem como a alta toxicidade destes), e a rejeição do organismo, que incidem na redução da imunidade e, que acabam por debilitar ainda mais esse paciente. 

Por conta desses fatores, os pesquisadores e cientistas da área estão continuamente a procura por novos mecanismos que reduzam os efeitos colaterais e a toxicidade do tratamento ministrado, de modo que, cada vez mais, têm sido apresentadas descobertas científicas com potencial promissor para melhorar a qualidade de vida do paciente oncológico. Dentre elas, pode-se citar o uso da nanotecnologia e dos nanomateriais no combate às células tumorais malignas (COSTA; SILVA, 2017). 

Diante desse cenário, o presente estudo buscou investigar as principais contribuições e aplicações da nanotecnologia no tratamento e diagnóstico das doenças oncológicas, a fim de apresentar o que há de mais substancial com relação às descobertas mais recentes. Para tanto, optamos pela realização de pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa, de natureza exploratória, a fim de obtermos maiores informações com relação à temática, a partir da análise de estudos correlatos já publicados na literatura especializada, cujos resultados encontrados estão dispostos a seguir. 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: A MEDICINA TERANÓSTICA NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS 

2.1 O CÂNCER EM TERMOS CONCEITUAIS E EPIDEMIOLÓGICOS 

A palavra câncer foi implantada pelo médico grego Hipócrates (460-370 a.C.), que adotou o termo Karkinos (caranguejo, em grego), para descrever lesões tumorais ulcerosas e não ulcerosas, que se desenvolviam descontroladamente (DECAT; ARAUJO, 2010). À época, o termo era utilizado para descrever tumores grandes, superficiais e perceptíveis a olho nu, tais como os de mama, de pele, pescoço ou língua, sem que houvesse nenhuma distinção entre malignos e benignos.

Atualmente, porém, é possível encontrar diferentes definições da doença câncer, apresentadas por diversos autores, que muito diferem das descrições iniciais do considerado “pai da medicina”. De acordo com Teixeira, por exemplo, temos que: 

O câncer é uma doença que resulta do crescimento autônomo e desordenado das células que se reproduzem em grande velocidade, desencadeando o surgimento de tumores ou neoplasias malignas que, quando afetam tecidos vizinhos, produzem metástases. O tecido neoplásico apresenta uma estrutura atípica dos tecidos e órgãos dos quais se originou, bem como uma capacidade ilimitada e incontrolável de se reproduzir (TEIXEIRA, 2009, p. 02).

Em direção semelhante, Yamaguchi (2002, p. 21) afirma que o câncer é uma “doença que se origina nos genes de uma única célula, tornando-a capaz de se proliferar até o ponto de se formar massa tumoral no local e a distância. Várias mutações têm que ocorrer na mesma célula para que ela adquira este fenótipo de malignidade”. 

Enquanto isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2021), utiliza o termo câncer para abarcar cerca de 100 doenças causadas por um crescimento desordenado das células, que se dividem de forma rápida, agressiva e incontrolável, com tendência a invadir tecidos e órgãos vizinhos, acarretando os mais diversos transtornos funcionais. Em comum, essas doenças apresentam a multiplicação rápida de células anormais, que crescem além dos seus limites habituais e que podem, através da circulação sanguínea ou linfática, invadir partes adjacentes do corpo e se espalharem para outros órgãos. Este processo, por sua vez, é conhecido como metástase. 

A metástase é, consensualmente, a maior causa de morte de pacientes com câncer (COSTA; SILVA, 2017). Na maioria dos países, corresponde à primeira ou à segunda causa de morte prematura, antes dos 70 anos. O impacto da incidência e da mortalidade por câncer está aumentando rapidamente no cenário mundial (SUNG et al., 2021). De fato, a Sociedade Americana do Câncer descreve as doenças oncológicas e suas complicações como o maior problema de saúde pública dos Estados Unidos, com a expectativa iminente de superar as doenças cardíacas e de ser a principal causa de morte naquele país, consistindo em uma das principais causas de mortalidade do mundo. (SIEGEL; MILLER; JERNAL, 2015). 

Na mesma direção, o Brasil entende o câncer como um dos “problemas de saúde pública mais complexos que o sistema de saúde brasileiro enfrenta, dada sua magnitude epidemiológica, social e econômica, de acordo com Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA (INCA, 2020, p. 06). De acordo com a referida insituição, as doenças oncológicas são uma principais barreiras para o aumento da expectativa de vida, representando a segunda causa de óbitos no país, estando entre as doenças não transmissíveis que mais impactam na mudança do perfil de adoecimento da população brasileira. Tal condição resulta, principalmente, das transições demográfica e epidemiológica pelas quais o mundo está passando. Enquanto, do ponto de vista demográfico, observam-se uma redução nas taxas de fertilidade e de mortalidade infantil e um consequente aumento na proporção de idosos na população, do ponto de vista da transição epidemiológica, dá-se a substituição gradual da mortalidade por doenças infecciosas pelas mortes relacionadas às doenças crônicas. O envelhecimento e a mudança de comportamento e do ambiente têm impactado diretamente no estilo de vida da população, favorecendo o aumento da incidência e da mortalidade por câncer (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). 

Dentre os tipos mais comuns de câncer que causam morte no mundo, estão câncer de pulmão, fígado, colorretal, estômago e de mama (LENG, et al., 2018), sendo a doença responsável por quase 10 milhões de mortes, em 2020. A Tabela 1 mostra alguns dados recentes com relação aos tipos de câncer mais frequntes em 2020 e a Tabela 2 apresenta os tipos de câncer que mais levaram ao óbito em 2020, de acordo com dados da OMS (2021). 

Tabela 1. Tipos de câncer mais frequentes em 2020 (em nível mundial)

 

TIPO DE CÂNCERNº DE CASOS REGISTRADOS
Mama2,26 milhões de casos
Pulmão2,21 milhões de casos
Cólon e reto1,93 milhão de casos
Próstata1,41 milhão de casos
Pele (não-melanoma)1,20 milhão de casos
Estômago1,09 milhão de casos
TOTAL10,1 milhões de casos
Fonte: elaboração própria, com base nos registros da OMS (2021) 

Tabela 2. Registro de óbitos em decorrência de câncer (por tipo)

TIPO DE CÂNCERNo DE CASOS REGISTRADOS
Pulmão1,80 milhão de óbitos
Cólon e reto935 mil óbitos
Fígado830 mil óbitos
Estômago769 mil óbitos
Mama685 mil óbitos
TOTAL5,019 milhões de óbitos
Fonte: elaboração própria, com base nos registros da OMS (2021)

Assim, o câncer de mama feminina é o mais incidente no mundo, com 2,3 milhões (11,7%) de casos novos, correspondendo ao risco estimado de 47,80 casos a cada 100 mil mulheres. Em seguida, emerge o câncer de pulmão, com 2,2 milhões (11,4%); cólon e reto, com 1,9 milhão (10,0%); próstata, com 1,4 milhão (7,3%); e pele não melanoma, com 1,2 milhão (6,2%) de casos novos. Ademais, o câncer mais letal seria o câncer de pulmão, responsável por 1,80 milhão dos óbitos em decorrência de câncer, registrados pela OMS, em 2021. 

Com relação ao Brasil, os registros relacionados ao número de óbitos em decorrência de algum tipo de câncer estão sintetizados nas Tabela 3 e 4, respectivamente. 

Tabela 3. Mortalidade conforme a localização primária do tumor em mulheres 

LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIANÚMERO DE ÓBITOS%
Mama18.13916,4
Traqueia, Brônquios e Pulmões12.97711,7
Cólon e Reto10.5989,6
Colo do útero6.6066,0
Pâncreas6.0225,4
Estômago5.2524,7
Sistema Nervoso Central4.5674,1
Fígado e Vias biliares intrahepáticas4.5354,1
Ovário4.0373,6
Leucemias3.1232,8
Todas as neoplasias110.910100,0
Fonte: elaboração própria, com base nos registros do INCA (2021)

Tabela 4. Mortalidade conforme a localização primária do tumor em mulheres

LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIANÚMERO DE ÓBITOS%
Próstata16.30013,5
Traqueia, Brônquios e Pulmões15.98713,2
Cólon e Reto10.6628,8
Estômago9.0077,5
Esôfago6.6125,5
Fígado e Vias biliares intrahepáticas6.0615,0
Pâncreas5.9494,9
Cavidade Oral4.8784,0
Sistema Nervoso Central4.7874,0
Laringe3.9573,3
Todas as neoplasias120.784100,0
Fonte: elaboração própria, com base nos registros do INCA (2021).

Verifica-se, assim, que, em termos de mortalidade no Brasil, ocorreram, em 2020, 18.139 óbitos por câncer de mama feminina, o equivalente a um risco de 16,47 mortes por 100 mil mulheres INCA, 2021). Entre os homens, o câncer de próstata é o câncer mais incidente no país e em todas as Regiões, com risco estimado de 77,89 casos a cada 100 mil homens. Em seguida, temos como segunda causa de morte por câncer (tanto para homens, quanto para mulheres), os tumores na Traqueia, Brônquios e Pulmões, responsável pelo óbito de 28.964 pacientes oncológicos, sendo 15.987 homens e 12.977 mulheres.

Tais índices preocupam, pois não se vislumbra uma perspectiva de melhora para esse cenário. Pelo contrário. Em vez disso, para o período entre 2023 e 2025, o INCA prevê as seguintes estimativas: 

Para o Brasil, a estimativa para o triênio de 2023 a 2025 aponta que ocorrerão 704 mil casos novos de câncer, 483 mil se excluídos os casos de câncer de pele não melanoma. Este é estimado como o mais incidente, com 220 mil casos novos (31,3%), seguido pelos cânceres de mama, com 74 mil (10,5%); próstata, com 72 mil (10,2%); cólon e reto, com 46 mil (6,5%); pulmão, com 32 mil (4,6%); e estômago, com 21 mil (3,1%) casos novos. Estima-se que os tipos de câncer mais frequentes em homens serão pele não melanoma, com 102 mil (29,9%) casos novos; próstata, com 72 mil (21,0%); cólon e reto, com 22 mil (6,4%); pulmão, com 18 mil (5,3%); estômago, com 13 mil (3,9%); e cavidade oral, com 11 mil (3,2%). Nas mulheres, os cânceres de pele não melanoma, com 118 mil (32,7%); mama, com 74 mil (20,3%); cólon e reto, com 24 mil (6,5%); colo do útero, com 17 mil (4,7%); pulmão, com 15 mil (4,0%); e tireoide, com 14 mil (3,9%) casos novos figurarão entre os principais (INCA, 2022, p. 30).

Infere-se, com isso, que o Brasil deverá registrar 704 mil novos casos de câncer para cada ano do triênio 2023-2025, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), com o câncer de pele não melanoma sendo previsto como o mais incidente no país, com 220 mil novos casos estimados. Considerando-se todos os demais tipos de câncer, os mais frequentes na população serão mama (73.610 casos), próstata (71.730 casos), cólon e reto (45.630 casos), pulmão (32.560 casos) e estômago (21.480 casos). 

De acordo com especialistas, essas previsões alarmantes são consequência de maus hábitos alimentares, sedentarismo, tabagismo, processo de envelhecimento e poluição, intensificadas pelo atraso no diagnóstico e tratamento, decorrentes das restrições sociais impostas pela pandemia da Covid-19. Esse atraso seria responsável por cerca de 62.000 mortes que seriam evitáveis, tendo em vista que o diagnóstico precoce é um dos principais aliados no combate ao câncer, uma doença, por vezes silenciosa e indetectável externamente. 

2.2 ENTENDENDO A FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER 

Com exceção dos neurônios, que nunca se dividem, as células saudáveis crescem de maneira ordenada, se multiplicam e, depois, morrem, para que novas células possam surgir. Esse processo pode ser bem evidente, como no caso das células das unhas, pele e cabelo, mas também ocorre forma “invisível”, em outras estruturas do nosso organismo. Isso significa que, cada célula do nosso corpo é programada para se multiplicar numa velocidade determinada e morrer após certo período, para que novas células possam vir (INCA, 2020).

De acordo com Instituto Nacional de Câncer – INCA, o crescimento celular responde às necessidades específicas do corpo e é um processo cuidadosamente regulado, conforme transcrito a seguir: 

Esse crescimento envolve o aumento da massa celular, duplicação do ácido desoxirribonucléico (ADN) e divisão física da célula em duas células filhas idênticas (mitose). Tais eventos se processam por meio de fases conhecidas como G1 – S – G2 – M, que integram o ciclo celular. Nas células normais, restrições à mitose são impostas por estímulos reguladores que agem sobre a superfície celular, os quais podem resultar tanto do contato com as demais células como da redução na produção ou disponibilidade de certos fatores de crescimento. Fatores celulares específicos parecem ser essenciais para o crescimento celular, mas poucos deles são realmente conhecidos (INCA, 2008, p. 50). 

No entanto, em algumas ocasiões (por fatores nem sempre explicáveis), uma ruptura dos mecanismos reguladores da multiplicação celular faz com que o crescimento e a divisão celular ocorram de forma desordenada. Como resultado, pode haver uma clonagem de células descendentes, herdeiras dessa propensão ao crescimento e divisão anômalos, insensíveis aos mecanismos reguladores normais, dando origem à formação de novos tecidos, também conhecidos como neoplasias ou tumores (INCA, 2020). 

Assim, a neoplasia pode ser descrita como a proliferação anormal do tecido, que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo e tende à autonomia e à perpetuação, com efeitos agressivos sobre o homem, podendo ser classificadas em benignas ou malignas, dependendo das características apresentadas, conforme resumido no Quadro 1. 

Quadro 1. Principais diferenças entre neoplasias benignas e malignas 

TUMOR BENIGNOTUMOR MALIGNO
Formado por células bem diferenciadas (semelhantes
às do tecido normal); estrutura típica do tecido de
origem
Formado por células anaplásicas (diferentes das do
tecido normal); atípico; falta diferenciação
Crescimento progressivo; pode regredir; mitoses
normais e raras
Crescimento rápido; mitoses anormais e numerosas
Massa bem delimitada, expansiva; não invade nem
infiltra tecidos adjacentes
Massa pouco delimitada, localmente invasivo; infiltra
tecidos adjacentes
Não ocorre metástaseMetástase frequentemente presente
Fonte: elaboração própria, com bases nas informações dadas pelo INCA (2021)

Nesses termos, temos que as neoplasias benignas têm seu crescimento de forma organizada, geralmente lento e expansivo, e apresentam limites bem nítidos. Apesar de não invadirem os tecidos vizinhos, podem comprimir os órgãos e os tecidos adjacentes, a exemplo do lipoma (que tem origem no tecido gorduroso), do mioma (que tem origem no tecido muscular liso) e do adenoma (tumor benigno das glândulas), que costumam atingir tamanhos consideráveis, mas grandes malefícios ao paciente (INCA, 2022). 

Em contrapartida, as neoplasias malignas ou tumores malignos manifestam uma espécie de maior autonomia e são capazes de invadir tecidos vizinhos e provocar metástases, podendo ser resistentes ao tratamento e causar a morte do hospedeiro. Quando isso ocorre, tem-se a chamada carcinogênese, percebida quando alguns grupamentos celulares têm sua programação original “corrompida”, passando a apresentar uma sobrevida além do esperado e, assim, crescendo de forma desordenada, a ponto de invadir outros tecidos e/ou outros órgãos, causando inúmeros danos ao paciente (INCA, 2020). No que se refere à etiologia, a carcinogênese pode iniciar-se de forma espontânea ou ser provocada pela ação de agentes carcinogênicos (químicos, físicos ou biológicos), tais como: distribuição geográfica, gênero, idade, raça, predisposição genética e exposição a carcinógenos ambientais, conforme nos leciona o Ministério da Saúde:

Os carcinógenos químicos (particularmente aqueles presentes no tabaco e resultantes de sua combustão e metabolismo), bem como determinados agentes, como os azocorantes, aflatoxinas e benzeno, foram claramente implicados na indução de câncer no homem e animais. Certos vírus de ADN do grupo herpes e papiloma, bem como vírus de ácido ribonucléico (ARN) do tipo C, foram também implicados como agentes produtores de câncer em animais, podendo ser igualmente responsáveis pela incidência de alguns tipos de cânceres no homem (BRASIL, 2008, p. 33-34). 

Isso significa que, tanto o estabelecimento do tumor quanto a sua possível e eventual metástase, é resultado de eventos multifatoriais. Além das propriedades intrínsecas ao tumor, como acúmulo de mudanças genéticas nas células transformadas, o microambiente onde está inserido este tumor, bem como o microambiente no qual as células metastáticas irão se fixar, desempenham importantes papéis no desenvolvimento da cascata metastática, já que são os microambientes tumorais que irão promover o câncer, isto é, atuar em sua manutenção (PIANCENTINI, 2012). 

Entretanto, qualquer que seja a fonte etiológica, em comum, percebe-se a indução de alterações mutagênicas e não-mutagênicas ou epigenéticas e a existências de duas propriedades peculiares: a invasão dos tecidos circunvizinhos e o comprometimento a distância, também conhecido como metástase. A metástase é definida como o “comprometimento a distância por uma parte do tumor que não guarda relação direta com o foco primário” (INCA, 2008, p. 43). Ou seja, a metástase é constatada quando existe a implantação de um foco tumoral à distância do tumor original, decorrente da disseminação do câncer para outros órgãos (INCA, 2008). 

Os distintos tumores malignos estreiam a cascata metastática com o desprendimento de uma célula com potencial metastático da sua colônia primária de células que formam o tumor benigno. A partir daí, esta célula é capaz de se deslocar até um tecido distante. Este deslocamento pode ser feito através da circulação sanguínea e cavidades do corpo, tais como peritônio, pleura ou espaços subaracnóideo linfática (SLEEMAN; THIELE, 2009). Mais recentemente, metástases têm sido observadas após transplante de tecidos e em raros casos, através de transferência materno-fetal (AKTAS et al, 2011; ISODA et al, 2009). Carcinomas geralmente iniciam sua disseminação através das vias linfáticas, enquanto sarcomas se originam, preferencialmente, através das vias sanguíneas (BACAC; STAMENKOVIC, 2008). 

Trata-se de um processo complexo e não de todo esclarecido, que pode ser dividido em cinco etapas: 1) invasão e infiltração de tecidos subjacentes por células tumorais, dada a permeação de pequenos vasos linfáticos e sanguíneos; 2) liberação na circulação de células neoplásicas, tanto isoladas como na forma de pequenos êmbolos; 3) sobrevivência dessas células na circulação; 4) sua retenção nos leitos capilares de órgãos distantes; 5) seu extravasamento dos vasos linfáticos ou sanguíneos, seguido do crescimento das células tumorais disseminadas. Ao longo de todo esse processo, fatores mecânicos e imunológicos devem ser superados para que as células neoplásicas consigam implantar-se em um novo órgão e terem crescimento autônomo em relação ao tumor primário (INCA, 2008; PIACENTINI, 2012). 

A consequência de uma metástase bem-sucedida está expressa na rápida expansão de macrometástases, as quais também servem de foco para a dispersão de metástases secundárias, capazes de colonizar diferentes tecidos. Ou seja, a presença de metástase configura a extensão da doença para além do seu foco de origem (sítio primário) e necessita de outras abordagens além do tratamento destinado ao tumor inicial, sendo encarada como um segundo (ou mais) tumor (PIACENTINI, 2012). 

As metástases podem ocorrer em qualquer osso no corpo, mas são mais frequentemente encontradas nos ossos próximos ao eixo central do corpo. A coluna vertebral é o local mais comum de metástase óssea. Outros locais comuns são osso do quadril (pelve), osso da perna (fêmur), osso do braço (úmero), costelas e crânio. Depois que o câncer se dissemina para os ossos ou outros locais do corpo raramente é curável, mas ainda pode ser tratado para reduzir, bloquear ou retardar seu crescimento. Mesmo que a cura não seja mais possível, o tratamento aumenta a sobrevida do paciente.

Como opções de tratamento para os diferentes tipos de câncer, incluindo suas formas metastáticas, o INCA (2022), sugere três formas principais de tratamento do câncer, que são: quimioterapia, radioterapia e cirurgia. A quimioterapia é a forma de tratamento sistêmico do câncer que usa medicamentos denominados genericamente de “quimioterápicos” (sejam eles quimioterápicos propriamente ditos, hormonioterápicos, bioterápicos, imunoterápicos, alvoterápicos) que são administrados continuamente ou a intervalos regulares, que variam de acordo com os esquemas terapêuticos (BRASIL, 2015). Trata-se de um tipo de tratamento em que se utilizam medicamentos, em sua maioria, de aplicação intravenosa, mas que também podem ser administrados por via oral, intramuscular, subcutânea, tópica e intratecal, destruindo as células tumorais e impedindo sua disseminação pelo corpo (INCA, 2008; 2022). 

Todavia, vale ressaltar que os medicamentos utilizados durante a quimioterapia, na maior parte dos casos, não são capazes de diferenciar as células malignas das células normais, possuindo, assim, uma ação sistêmica no organismo do ser humano, isto é, atingindo tanto as células tumorais quanto as células sadias. O resultado disso é o aparecimento de efeitos colaterais que são considerados normais ao tratamento e podem se manifestar tanto física quanto emocionalmente. Apesar de desaparecem ao final do tratamento quimioterápico, esses efeitos colaterais costumam ser bastante incômodos e requerem certa atenção. 

Em seu turno, a radioterapia pode ser descrita nos seguintes termos: 

A radioterapia é o método de tratamento local ou loco-regional do câncer, que utiliza equipamentos e técnicas variadas para irradiar áreas do organismo humano, prévia e cuidadosamente demarcadas. A radioterapia externa (roentgenterapia, cobaltoterapia e radioterapia por acelerador linear) consiste na aplicação diária de uma dose de radiação, expressa em centigray (cGy) ou em gray (Gy), durante um intervalo de tempo prédeterminado, a partir de uma fonte de irradiação localizada longe do organismo (teleterapia). […] Quando a fonte de radiação fica em contato com o corpo (braquiterapia) por um período pré-determinado de tempo, a radioterapia é interna ou de contato (betaterapia, radiomoldagem, braquiterapia com fios de irídio e braquiterapia de baixa ou de alta taxa de dose). A iodoterapia é um tipo de radioterapia interna, com iodo radioativo (I131), que, no âmbito da Medicina Nuclear, quando indicado, se aplica a casos de carcinoma diferenciado da tireoide ou de hipertiroidismo por doença de Graves ou por doença de Plummer, sendo que, em caso de Doença de Graves, a exoftalmia pode ser tratada com teleterapia, se indicada. (BRASIL, 2015, p. 79). 

É um tratamento no qual se utilizam radiações ionizantes (raio X, por exemplo) para destruir um tumor ou impedir que suas células aumentem. A radioterapia externa é feita com um equipamento que emite radiação próximo ao paciente, direcionada a uma determinada área a ser tratada. Já a interna, ou braquiterapia, consiste no implante de um agente radioativo próximo à lesão, que emite radiação a curta distância diretamente sobre o tecido afetado. O tratamento com radioterapia, assim como a quimioterapia, ainda que eficiente na luta contra o câncer, infelizmente ainda apresenta alguns efeitos colaterais. São eles: mucosite, náuseas e vômitos, pele avermelhada, fadiga e infecções e sangramentos. 

Enquanto isso, a cirurgia oncológica detém as seguintes características: 

A cirurgia oncológica é um tipo de tratamento do câncer que consiste na retirada do tumor através de operações no corpo do paciente. Quando indicada, sua intenção é remover totalmente o tumor. O câncer em sua fase inicial pode ser controlado, ou mesmo curado, através do tratamento cirúrgico, atualmente considerado um dos tripés para o tratamento da doença, ao lado da quimioterapia e da radioterapia. O ato cirúrgico pode ter finalidade curativa, sobretudo quando há detecção precoce do tumor e é possível sua retirada total; ou finalidade paliativa, quando o objetivo é de reduzir a quantidade de células tumorais ou de controlar sintomas que comprometam a qualidade da sobrevivência do paciente […] A cirurgia oncológica também é uma forma de avaliar a extensão da doença. Ou seja, em alguns casos, o estadiamento do câncer só é possível de ser certificado durante o ato cirúrgico. (INCA, 2023. p. 01). 

Estima-se que cerca de 80% das pessoas acometidas por câncer no mundo terão a necessidade de passar por algum procedimento cirúrgico após a descoberta da doença. A cirurgia oncológica possui finalidade diagnóstica, de tratamento de tumores sólidos e controle de complicações decorrentes da doença. Não raro, costuma ser associada à quimioterapia e/ou radioterapia em busca da obtenção de maior sucesso no tratamento (INCA, 2021; SBCO, 2021). 

Portanto, todas as três formas podem ser empregadas concomitantemente no tratamento de um câncer, variando apenas quanto à suscetibilidade dos tumores a cada uma das modalidades terapêuticas e à melhor sequência de sua administração, de modo que, atualmente, poucas são as neoplasias malignas tratadas com apenas uma modalidade terapêutica. Contudo, nenhuma delas é isenta de efeitos colaterais, demandando a procura por novas formulações, mais eficazes – para alcançar o alvo com uma maior especificidade, menos tóxicas, mais acessíveis e que promovam uma melhora na qualidade de vida dos pacientes oncológicos (RANGANATHAN, 2012). 

Dentro desse contexto, a nanotecnologia trouxe a promessa de revolucionar a oncologia, propondo sistemas de entrega de fármacos avançados para a terapia do câncer (FONSECA, 2014). Dentre as evidências mais recentes e promissoras, temos o uso da nanotecnologia no tratamento e diagnóstico do câncer, devido sua capacidade de potencializar efeitos e melhorar a distribuição de fármacos, reduzir toxicidades, aumentar seletividade, prevenir resistências e facilitar absorção de compostos. cujas definições iniciais serão apresentadas seção a seguir.

2.3 A NANOTECNOLOGIA NO TRATAMENTO E DIAGNÓSTICO DO CÂNCER 

2.3.1 Conceitos e definições em nanotecnologia 

Do ponto de vista conceitual, podemos destacar as seguintes direções acerca dos termos nanociência e nanotecnologia: 

Os termos nanociências e nanotecnologias se referem, respectivamente, ao estudo e às aplicações tecnológicas de objetos e dispositivos que tenham ao menos uma de suas dimensões físicas menores que, ou da ordem de algumas dezenas de nanômetros. Nano (do grego “anão”) é um prefixo usado nas ciências para designar uma parte em um bilhão e, assim, um nanômetro (1nm) corresponde a um bilionésimo de um metro […] ‘Nano’, portanto, é uma medida e não um objeto (LÊDO, 2006, p. 01) 

Logo, quando o tamanho de qualquer tipo de partícula (no sentido lato do termo) se situa abaixo de 1 nm, estamos no domínio atômico-molecular. Acima desta escala, entramos no domínio da nanociência, onde são produzidos os nanomateriais, ou materiais organizados à nanoescala. Esses materiais, independentemente da sua composição química e estrutura fina detalhada, apresentam distâncias características compreendidas tipicamente entre 1-100 nm (embora aqui o limite máximo não seja rígido, podendo ir a poucas centenas de nm). 

Por seu turno, a ciência que se dedica à conceção, caraterização estrutural e estudo das propriedades destes sistemas e materiais é a nanociência, ao passo que a nanotecnologia pode ser definida como a capacidade para construir materiais e dispositivos funcionais com base na manipulação controlada de matéria à escala nanoscópica (1-100 nm). Sendo assim, nanociência e nanotecnologia objetivam a compreensão, o controle e aplicação da matéria na escala nanométrica. 

Nas palavras de Oliveira: 

A proposta central da nanotecnologia é assim a de montar, a partir da manipulação individual de átomos e moléculas, dispositivos moleculares milhares de vezes menores que um fio de cabelo, capazes de construir outros dispositivos e máquinas, encaixando moléculas uma a uma, com uma precisão e eficiência impressionantes, e a um custo reduzido já que a matéria-prima – os átomos – afinal, existe em abundância na natureza… (OLIVEIRA, 2002, p. 209) 

Os nanomateriais mais utilizados são as nanopartículas, com todas as suas três dimensões externas na nanoescala (compreendidas de 1 a 100 nanômetros). Tal construção pode ser direcionada para aplicações tecnológicas específicas, explorando fenómenos físicos, químicos ou biológicos a essa escala. Nesta escala, os átomos manifestam propriedades peculiares, podendo variar desde a tolerância à temperatura, cor, reatividade química e condutividade elétrica até à exibição de força em intensidade extraordinária. Isso faz com que sua manipulação seja extremamente vantajosa para a constituição de nanopartículas, isto é, um composto de vários átomos, (também chamadas de nanocarreadores ou nanossistemas), utilizadas em diferentes segmentos, desde a construção civil até na realização de exames, cirurgias e tratamento de câncer, que é o foco deste estudo. 

2.3.2 A medicina teranóstica e o uso da nanotecnologia na medicina oncológica 

Atualmente, as ferramentas de diagnóstico para câncer incluem tomografia computadorizada (CT), ressonância magnética nuclear (NMR), tomografia computadorizada por emissão de pósitrons (PET) e indicadores bioquímicos. No entanto, essas técnicas apresentam limitações, como baixa sensibilidade e precisão, o que pode prejudicar o diagnóstico precoce. Além disso, os custos do PET, por exemplo, são altos, o que dificulta sua ampla utilização (LENG et al., 2018). 

Dentro desse panorama, uma das aplicações mais promissoras da nanotecnologia refere-se ao tratamento de câncer, especialmente no à detecção precoce de células tumorais, possibilitando uma janela de tempo maior em comparação com os métodos usuais e, com isso, possibilitando a elaboração de um plano de tratamento menos invasivo e menos prejudicial ao paciente e mais agressivo contra as células tumorais (LEOPOLDO; DEL VECHIO, 2020; FERREIRA, 2018). 

Trata-se de uma possibilidade altamente promissora, tendo em vista que os tratamentos disponíveis ainda são limitados à cirurgia, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia. Mesmo com os recentes avanços e extensivas pesquisas na área, os mecanismos de tratamento oncológico ainda estão enraizados em procedimentos invasivos e com muitos efeitos colaterais. Ainda são comuns eventos adversos decorrente das terapêuticas empregadas que diminuem a qualidade de vida do paciente. De fato, os tratamentos existentes para as doenças abrangidas por essa terminologia genérica, costuma ser bastante invasivo e, dependendo do estágio em que se encontra a doença pode, até mesmo, reduzir a expectativa de vida desse paciente e aumentar seu desconforto (CANCINO; MARANGONI; ZUCOLOTTO, 2014). 

Por isso mesmo, os pesquisadores da área estão sempre em buscas de novos recursos e estratégias terapêuticas que sejam menos lesivas aos pacientes já debilitados pelo avanço da doença e pela confirmação do diagnóstico. Nessa esfera, estratégias terapêuticas e farmacológicas utilizando os princípios da Nanotecnologia têm sido apontadas como possíveis aliadas no direcionamento do fármaco para as células tumorais, sem que as células saudáveis sejam alvo de sua ação, propiciando melhora significativa do tratamento e, consequente sucesso clínico (CANCINO; MARANGONI; ZUCOLOTTO, 2014; INCA, 2022). . 

A utilização da nanotecnologia na medicina é denominada teranóstica e envolve a aplicação da terapia e diagnóstico conjugados, mediante a aplicação de materiais nanotecnológicos com a capacidade de diagnosticar, direcionar a terapia a alvos específicos, além de monitorar a resposta terapêutica (LUNGU et al., 2019). Por meio da constituição e combinação de moléculas biológicas vetoriais e compatíveis com o organismo do paciente em tratamento, a medicina teranóstica vem conferindo aplicações tanto no diagnóstico quanto na terapêutica, de forma mais assertiva que os métodos tradicionais (SILVA et al., 2021). 

A utilização de técnicas de diagnóstico baseadas em nanopartículas oferece uma alta sensibilidade, como no caso do diagnóstico de cânceres em estágios iniciais. Por exemplo, se uma nanopartícula for suficientemente seletiva na marcação de uma célula cancerígena e esta for diagnosticada por imagem ou outra técnica analítica altamente sensível, aumentará as chances de o paciente ter a cura completa da doença sem atingir os outros níveis da doença, como a metástase (WANG et al., 2017; ANTIOCHIA, 2020). 

Cada um dos nanomateriais tem características específicas que serão aplicadas para a obtenção de um fármaco nanoestruturado (MARCONE, 2015). Tem por função o controle e especificidade da liberação do fármaco através do encapsulamento ou associado ao princípio ativo, possibilitando o direcionamento do fármaco até as células tumorais, evitando a sua ação em células saudáveis. Aplicados no tratamento do câncer, os nanomateriais visam transpor as principais barreiras do organismo, reconhecer e se acumular em alguns tipos de tumores e, principalmente, transportar fármacos citotóxicos diretamente para as células cancerosas. (OLIVEIRA et al., 2012). 

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 

Para a consecução dos objetivos almejados por esta pesquisa, optamos pela revisão narrativa para a devida contextualização do tema, valeu-se, principalmente, da avaliação atenta e sistemática de livros, leis, diretrizes, protocolos, periódicos, documentos, textos, artigos e publicações digitais dos últimos dez anos, relacionados ao tema delimitado, disponíveis em plataformas como a Scielo e Google Scholar

Para tanto, foram utilizados como descritores de busca, os seguintes termos: “medicina teranóstica”, “nanotecnologia”, “tratamento e diagnostico”, “oncologia”, a partir do operador boleado AND. Por sua vez, a seleção dos artigos e trabalhos consultados foi empreendia de acordo com a relevância para a problematização da temática abordada, levando-se em o período pré-estabelecido (entre 2013 e 2022) e a temática correlata, a fim de corroborar ou refutar as informações encontradas. Isso significa que, para alcançar os fins pretendidos neste estudo, optamos pela realização de uma pesquisa qualitativa, com foco na palavra escrita, baseada em uma revisão bibliográfica de estudos publicados nos últimos dez anos, pertinentes à temática, especialmente, no que concerne à análise de artigos e livros (GIL, 2002). 

Quanto aos objetivos desta pesquisa, a sua classificação é de natureza exploratória, descritiva e explicativa (CERVO; SILVA; BERVIAN, 2007). Tem como principal propriedade a possibilidade de suscitar o aperfeiçoamento de ideias através da familiaridade com o problema, a fim de também levar ao levantamento de hipóteses, através da realização de levantamento bibliográfico (GIL, 2002). Sendo assim, podemos afirmar que os dados pesquisados e explanados são de teor bibliográfico e exploratório, tendo como base as possibilidades, os desafios e as perspectivas da utilização da nanotecnologia e dos nanomateriais no diagnóstico e tratamento de neoplasias malignas. 

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 

Uma das aplicações mais promissoras da nanotecnologia refere-se ao tratamento de câncer, em razão de suas propriedades intrínsecas que permitem a incorporação de vários tipos de moléculas na superfície de uma única nanopartícula, promovendo a adição de propriedades adicionais ao nanomaterial. Com isso, os nanomateriais podem ser empregados de forma independente, ou para entregar fármacos com o intuito de modular processos biológicos essenciais como metabolismo, estresse oxidativo, desempenhando a atividade anticâncer (BAYDA et al., 2020). 

Além disso, o acúmulo de nanomateriais em tecidos tumorais também pode ser realizado por meio da funcionalização de sua superfície com biomoléculas como proteínas, peptídeos, aptâmeros e anticorpos específicos que reconheçam especificamente células ou tecidos de interesse (CANCINO; MARANGONI; ZUCOLOTTO, 2014). Metais, lipídios, proteínas, lipossomos ou polímeros são algumas delas encontradas, hoje, nas principais linhas de pesquisa no tratamento do câncer. 

Para Colombo e colaboradores (2019), a principal vantagem da utilização de nanopartículas no tratamento de câncer está relacionada com a especificidade e o nível de alcance intracelular, atingindo unicamente celular cancerosas e promovendo a redução das dosagens necessárias. Também tem se mostrado muito eficiente com melhoria das propriedades de imagem por ressonância magnética nuclear. 

A nanotecnologia somada as técnicas já existentes têm mostrado maior eficiência no diagnóstico e no tratamento desses pacientes, da seguinte maneira: 

1) Nanocarreadores: dentre eles temos os lipídicos que são biocompatíveis, biodegradáveis e desprovidos de toxicidade e carreiam fármacos citotóxicos. Inúmeros trabalhos relatam o sucesso desses Nanocarreadores in vitro, in vivo, pré-clínico e clínico (OLIVEIRA et al., 2012). As superfícies de nanopartículas podem ser modificadas para receber agentes biológicos, vitaminas, peptídeos, antibióticos, moléculas orgânicas ou recobrimento polimérico com a finalidade de alterar a sua propriedade para se acumular em uma célula alvo (FALLEIROS, et al., 2013). 

2) Vetorização: controle da liberação do fármaco no sitio de ação, que se caracteriza pelo uso de ligantes da superfície das nanopartículas que irão interagir especificamente com as células tumorais. Estes ligantes podem ser anticorpos monoclonais, que regulam expressão de protooncogenes, interferem na transdução de sinal e alteram o mecanismo de expressão celular, ou ácido fólico ou ferro, que interagem com o recepetor de transferina e folato superexpressado nos tumores sólidos (OLIVEIRA et al., 2012). 

Isso vai possibilitar um alargamento da janela terapêutica que é a administração sistêmica de imunomoduladores, minimizando a disseminação sistêmica e os efeitos colaterais indesejados pois o fármaco será direcionado a uma célula ou tecido específico. Isso é importante pois injeções intravenosas são muito mais desejáveis do que as injeções intratumorais devido a maioria dos tumores não ser facilmente acessível por injeção local (GOLDBERG, 2019). O mecanismo de vetorização pode ser passivo ou ativo, o passivo é o acumulo de nanopartículas nos tumores sólidos devido a fisiologia anormal dos neovasos presentes nesses tumores, esses neovasos possuem fenestrações maiores (100 a 780nm) que as fenestrações do endotélio vascular (5 a 10nm), possibilitando que as nanopartículas, que têm tamanho de 200nm, consigam entrar e se acumular no tumor (OLIVEIRA et al., 2012). 

Nanopartículas podem ser usadas como transportadoras de fármacos para quimioterápicos entregando a medicação diretamente às células tumorais, poupando o tecido saudável, além disso, existem outras vantagens sobre a quimioterapia convencional, tais como: impedem que os fármacos sejam degradados no corpo antes que atinjam seu alvo, melhoram a absorção dos medicamentos pelos tumores, permite monitoramento da distribuição do fármaco nos tecidos e avaliação dos resultados e, portanto, melhor planejamento do calendário de tratamento, e permite a seleção de células-alvo tumorais o que impede que os fármacos interajam com células normais evitando efeitos colaterais (NCI, 2015). 

3) Reprogramação de macrofágos imunossupressores, melhorando da resposta imune endógena. Em estudo recente, uma equipe de pesquisadores da FIOCRUZ, mostrou que é possível impedir o crescimento de tumores malignos de mama, por meio da alteração do perfil de um dos tipos de célula de defesa do organismo, os macrófagos, usando nanopartículas de óxido de ferro (NASCIMENTO et al., 2023). 

Estudos similares também observaram substâncias eficazes para o tratamento de câncer de mama com alta eficiência e baixa toxicidade celular, destacando o óxido de grafeno, um nanomedicamento que reduz a expressão do gene envolvido no metabolismo das células cancerígenas e, também pode ser utilizado como carreador de drogas e terapias fototérmicas (POMPEU et al., 2021). Em seu turno, outras pesquisas demonstraram que as nanopartículas de prata (AgNPs) funcionalizadas com B.tequilensis e C. indica, estimularam a ativação do gene P53 e das caspases (responsáveis por induzir apoptose de células cancerígenas), induzindo apoptose de células doentes e apresentando efeito citotóxico apenas nas células tumorais (OLIVEIRA; LIMA, 2021). 

Outra linha de pesquisa que tem avançado é a do desenvolvimento de nanopartículas com radiomarcação para aplicações em imagens e radioterapia Estudos mostram a eficiência na combinação de terapias fotodinâmicas para o tratamento de cânceres na região do pescoço e cabeça. Nesse caso, o fármaco é nanoencapsulado para proteger o ativo de desestabilizações no plasma, além de minimizar a absorção não específica em órgãos saudáveis e impedir o acúmulo do medicamento nos rins, enquanto permite a liberação do ativo dentro do tumor, mostrando-se uma estratégia muito promissora (KONG et al., 2013) 

Também têm sido estudado os efeitos do uso das nanopartículas sobre o sistema para evitar que os componentes dos sistemas de coagulação como o fluxo de sangue, fatores de coagulação ou plaquetas interajam especificamente com o nanomaterial, isto é, as nanopartículas podem ser manipuladas para não afetar os processos coagulantes e manter assim a homeostase (CANCINO, MARANGONI; ZUCOLOTTO, 2014). 

Nanofios também podem ser utilizados na confecção de um sistema que detecta alguns compostos produzidos especificamente por células tumorais. Amostras biológicas retiradas do paciente em quantidades ínfimas fluem por um canal acoplado a este sistema elétrico. Este sistema permite o monitoramento de substâncias e marcadores da célula tumoral através de alterações elétricas resultantes da interação seletiva entre as substâncias e um eletrodo (CANEZIN et al., 2021). 

Entretando, vale destacar que, apesar dos avanços nos estudos da nanomedicina ainda há a preocupação da aplicação desses nanomateriais, pois deve-se considerar a alta sensibilidade e seletividade, as nanopartículas devem se associar a biomoléculas especificas, por exemplo, antígeno/anticorpo, enzima/substrato, receptores ou proteínas de membrana, sequencias de DNA, RNA ou aptâmeros, cofatores entre outros, deve-se também levar em consideração a biodisponibilidade no meio biológico e a dose administrada, para que esta não demostre efeito tóxico e fique disponível dentro do organismo até ser completamente eliminada por um meio seguro. 

Portanto, é necessário que as pesquisas continuem sendo desenvolvidas nessa área, a fim de assegurar os melhores benefícios do uso da tecnologia na esfera da medicina, especialmente, no que consiste em compreender os mecanismos de entrada e saída dessas nanomoleculas das células. Somente assim, seria possível preservar a estabilidade funcional e garante a segurança e melhor aproveitamento, evitando a nanotoxicidade. 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O aspecto mais importante em relação às consequências severas do câncer é a dificuldade de diagnóstico precoce, uma vez que as células cancerígenas só são passíveis de serem detectadas na circulação sanguínea quando já estão em altas concentrações. Isso porque os recursos imagenológicos disponíveis atualmente, não permitem o diagnóstico suficientemente precoce, de modo a suscitar uma intervenção em tempo hábil para que se obtenha o sucesso desejado. 

No caso do câncer, detecção precoce e tratamento efetivo são fundamentais para salvar vidas. Com base nisso é que a Nanotecnologia vem contribuindo para o desenvolvimento de novas estratégias de detecção de células anormais circulantes em estágio inicial do processo, para que a progressão possa ser interrompida. Isso inclui a melhora na sensibilidade do diagnóstico precoce, isto é, no nível celular e/ou intracelular, bem como os tipos de tratamento e a toxicidade reduzida dos nanomateriais, aborda 

Contudo, devemos ressaltar que, apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento por meio de nanomateriais muito deve ser investigado, de modo que as pesquisas aplicadas são fundamentais para o desenvolvimento e aumento do impacto da nanomedicina no futuro. Os desafios sempre existem, juntamente com as oportunidades. A nanomedicina pode representar um grande aliado no desenvolvimento de sistemas eficientes de diagnóstico e tratamento, porém as preocupações sobre a segurança e fabricação não devem ser ignoradas. 

Deve-se, sempre, primar pelo equilíbrio entre as intervenções mais promissoras e menos invasivas no diagnóstico e terapêutica das doenças oncológicas, com vistas à manutenção da qualidade de vida desse paciente, mediante a apresentação e discussão dos avanços mais recentes no desenvolvimento de nanopartículas para futuras pesquisas e aplicação tecnológicas em medicina. 

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1 Graduando em Biomedicina pela Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO. E-mail: adrianopmribeiro@gmail.com

2 Professor Orientador. Mestre em Biotecnologia e Recursos Naturais da Amazônia pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA, 2020). E-mail: gabriel.rezende@fametro.edu.br