ALTERAÇÕES NA MICROBIOTA INTESTINAL EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10070471


Nicolle Veiga Da Silva Bastos¹
Ulysses Monteiro Lopes¹
Prof. MSc. Gabriel de Oliveira Rezende²


RESUMO

A obesidade é uma doença crônica de crescente prevalência, considerada um problema de saúde pública global, associada ao desenvolvimento de doenças crônicas. A cirurgia bariátrica é o tratamento mais eficaz para a obesidade, mas pacientes submetidos a esse procedimento enfrentam riscos de disbiose intestinal devido às alterações na anatomia do sistema digestório, influenciando o organismo conforme seu estilo de vida e alimentação. Nesta revisão da literatura, comparamos e descrevemos artigos e documentos relevantes para fornecer informações precisas sobre esse tema.

Palavras-chaves: Sistema digestório, tratamento da obesidade, gastroplastia e disbiose.

ABSTRACT

Obesity is an increasingly prevalent chronic disease, considered a global public health issue, and is associated with the development of chronic diseases. Bariatric surgery is the most effective treatment for obesity, but patients undergoing this procedure face risks of intestinal dysbiosis due to changes in the anatomy of the digestive system, influencing the body according to their lifestyle and diet. In this literature review, we compare and describe relevant articles and documents to provide precise information on this subject.

Keywords: Digestive system, obesity treatment, gastroplasty, dysbiosis.

1. INTRODUÇÃO

A obesidade, principalmente o grau III (IMC maior ou igual a 40 kg/m2) é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo e pode levar a diversas complicações como diabetes, problemas circulatórios, respiratórios, cardiovasculares, tumores, etc. Também conhecidas como doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), são classificadas como as principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. Aproximadamente 63% das mortes relacionadas a essas DCNT são decorrentes da obesidade. (CAMARGO et al, 2021; FIGUEIREDO et al, 2021).

Em alguns casos, também existem pacientes obesos que já apresentam transtornos de humor, depressão, uso e uso excessivo de drogas e suplementos, estilo de vida e dieta, efeitos de fatores internos e externos e muitas outras causas e efeitos. Além disso, a obesidade é atualmente a doença nutricional mais relevante em saúde pública, pois sua incidência e morbidade e mortalidade associadas têm aumentado de forma alarmante. Cerca de 30% da população mundial vive com sobrepeso/obesidade, no Brasil cerca de 19,8% da população é obesa. Até 2030, a média é estimada em 1 bilhão entre pessoas obesas e severamente obesas em todo o mundo. (WHO, 2022; MELO et al, 2020; WANDERLEY; FERREIRA, 2010).

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Devido à necessidade de alternativas eficazes para o tratamento da obesidade, a cirurgia bariátrica tem ganhado cada vez mais espaço. A cirurgia costuma ser vista como uma maneira mais rápida de perder peso e possivelmente resolver seu problema. É um procedimento sério, cabendo aos especialistas envolvidos na sua aplicação, e principalmente ao paciente, a sua decisão. O método cirúrgico mais utilizado no tratamento da obesidade mórbida é a técnica de Bypass, sendo realizado em 70% das cirurgias e realizado no SUS. Método que grampeia ou reduz parte do estômago e intestino, que consiste em um novo pequeno recipiente estomacal, em média 50 ml, que é suturado inferiormente ao intestino, neste caso a redução é de cerca de 1 metro (RODRIGUES et al, 2020).

Os resultados da cirurgia bariátrica não se limitam a uma mudança na aparência, mas também em outros aspectos da sua vida. Os estilos de vida, a alimentação e todos os fatores mudam, e para dar mais atenção ao corpo é preciso conhecer as consequências e os benefícios.

Dessa forma, adotar bons hábitos alimentares é essencial para o sucesso para perda de peso e melhoria da saúde intestinal e qualidade de vida em pacientes bariátricos. (SOUZA et al, 2021; CIOBÂRCY et al, 2020; SILVA; MARSI, 2016).

Há a melhoria de tantas possíveis comorbidades, regulação e controle da glicemia, hipertensão, diabetes, problemas pulmonares, articulação etc. Estes são os pontos principais a serem avaliados por pacientes com a pretensão da cirurgia, porém, não podendo esquecer que na atualidade muitos procuram o profissional de gastroplastia visando a estética sob um padrão de beleza aceitável pela sociedade e não considerando as possíveis limitações e mudanças pós cirurgia (PAULA e PACÍFICO, 2017).

O paciente bariátrico tem uma rotina diferenciada, principalmente relacionada à alimentação. Os alimentos adequados que são consumidos de acordo com a necessidade de um bariátrico, têm um efeito de remodelação da rotina alimentar e consequentemente reflete na composição da microbiota intestinal com mudanças também imunológica, metabólica e diferentes extensões do corpo humano. Visando que poderá sofrer consequências fisiológicas na sua microbiota intestinal, alteração das bactérias com o aumento das nocivas ao organismo e diminuição das benéficas sendo consequência da mudança de hábitos (CALATAYUD et al. 2020).

A microbiota intestinal é alvo de vários estudos referentes ao aparelho digestivo, relacionados à homeostase do organismo e à disbiose desses microrganismos associada às complicações expostas, principalmente em pacientes obesos e bariátricos. O intestino desempenha um papel importante na secreção/regulação de hormônios em suas células, que está diretamente relacionado ao correto funcionamento de todo o corpo humano. Possui fundamental importância na manutenção e promoção da saúde e prevenção de doenças (MASCARENHAS, 2022).

No trato digestivo, que consiste em vários micróbios, existem cerca de 100 trilhões de microrganismos, essa microbiota benéfica está envolvida na digestão e absorção de nutrientes, retirar energia dos alimentos, modular a glicose e a homeostase lipídica, síntese de vitaminas e redução do crescimento de microrganismos patogênicos por exclusão por competição (SOUZA et al, 2021).

Assim, o presente estudo fala sobre pessoas submetidas a cirurgias bariátricas com alto risco de disbiose e que também apresentam sintomas de intolerância alimentar, entre outras complicações associadas.

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Analisar os fatores relacionados à saúde intestinal no estilo de vida de pacientes obesos e bariátricos, que afetam diretamente a microbiota intestinal.

2.2. Objetivos específicos

  • Avaliar a microbiota intestinal, os tipos de microrganismos e examinar a relação entre saúde e flora intestinal de pacientes obesos e submetidos a cirurgia bariátrica.
  • Identificar os hábitos alimentares, dentre outros fatores associados à qualidade de vida.
  • Investigar as características sociodemográficas e a influência na saúde de tais pacientes.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Tipo do estudo

Trata-se de uma revisão crítica da literatura, com abordagem descritiva e comparativa, utilizando bibliografia a respeito de alterações na microbiota intestinal em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.

3.2. Bases de dados consultadas

O estudo foi realizado através de busca em bases de dados como SCIELO (Scientific Eletronic Libray Online) e Google Acadêmico com achados de arquivos de revistas, artigos e entre outros documentos.

3.3. Fontes Bibliográficas

Foram utilizados artigos, monografias e revistas. Para a pesquisa dos artigos foram utilizadas as palavras-chaves: Obesidade, Alimentação, Microbiota, Cirurgia bariátrica, Disbiose.

3.4. Critérios de Inclusão

Neste estudo, selecionamos literatura e artigos em português publicados entre 2011 e 2023 que traziam informações sobre o tema da obra, excluindo assim todos os dados publicados há mais de 15 anos que não traziam dados sobre o tema da informação.

3.5. Coleta de Dados

No estudo principal, os dados foram coletados nos meses de fevereiro a setembro de 2023 usando informações obtidas através de levantamento de obras literárias já publicadas, enfatizando sua ideologia.

3.6. Análise de Dados

Após a etapa de identificação da fonte, foi fundamental analisar o material a ser descrito na obra, o que leva à seleção das ideias do autor, bem como observar e destacar o material necessário.

4. RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que este estudo expresse a importância do assunto, destacando a composição da microbiota intestinal, hábitos e mudanças, características sociodemográficas, associações com a qualidade de vida que influenciam no microbioma do paciente com cirurgia bariátrica. Fazendo a análise sobre o procedimento que é um tratamento para a obesidade e estudo sobre o organismo pré e pós cirurgia bariátrica.

O estudo pretende destacar ideias e teorias relevantes sobre algumas literaturas publicadas referente ao tema. Isso ajudará a informar e fornecer uma base teórica e sólida sobre o assunto.

5. REVISÃO DE LITERATURA

5.1. Aspectos gerais da microbiota humana e sua importância no controle do peso

O corpo humano é composto de muitos microrganismos diferentes. Esses microrganismos em humanos, que incluem bactérias, fungos, vírus e protozoários, são chamados de microbioma humano. Os humanos são compostos por dez vezes mais bactérias do que células humanas, e a maior parte dessas bactérias é encontrada no trato digestivo humano, que deixa de ser estéril desde o nascimento porque é colonizado por bactérias dependendo do tipo de nascimento e da dieta alimentar. O microbioma humano normal evolui desde o nascimento até vários estágios da idade adulta, quando comunidades bacterianas permanentes são estabelecidas (YURIST-DOUTSCH et al, 2014).

A composição bacteriana do intestino é influenciada por fatores internos e externos que descrevem sua constituição e funcionamento. O arranjo do trato digestivo apresenta uma grande diversidade entre indivíduos magros, obesos, com alimentação muito variável e até mesmo nos submetidos a procedimentos cirúrgicos para reverter a obesidade resultante do estilo de vida, o que também afeta a transformação e composição da microbiota. Esta composição da microbiota intestinal varia entre indivíduos, determinados geneticamente ou determinada por características individuais e ambientais, resultando em alta variabilidade intra e inter-pessoal (YURIST-DOUTSCH et al, 2014).

O trato digestivo é colonizado por muitas bactérias, a maioria das quais são anaeróbios obrigatórios encontrados no cólon. As bactérias comensais desempenham um papel importante na manutenção da imunidade intestinal e na homeostase da fisiologia humana. Um desequilíbrio neste ecossistema tem sido associado ao desenvolvimento de várias doenças inflamatórias intestinais. Faecalibacterium prausnitzii, Bacteroides thetaiotaomicron, Bacteroides fragilis, Akkermansia muciniphila e bactérias filamentosas segmentadas são responsáveis pela manutenção dessa homeostase e desempenham papel protetor na saúde (MAIER, E. et al, 2015).

Segundo Requena et al. (2018), ao longo da evolução humana, a dieta mudou e moldou os perfis da microbiota, com as populações urbanas industrializadas a terem menos riqueza microbiana em comparação com as pessoas que vivem nas zonas rurais.

É claro que os componentes da dieta são muito importantes na formação do microbioma intestinal. Assim, os micronutrientes que são metabolizados de diferentes maneiras causados por microrganismos gerais e/ou específicos.

Em vista disso, Silva Jr et al. (2017) destacam que o microbioma gastrointestinal humano é considerado um organismo que produz mediadores locais e sistêmicos que podem promover ou causar danos metabólicos no hospedeiro, o que pode levar à inflamação sistêmica de baixo grau que ocorre na obesidade e em doenças metabólicas.

A colonização no trato digestivo é bastante diversa. Dos microorganismos existentes, a maioria das bactérias são mais do que 90 espécies pertencentes a Firmicutes e Bacteroidetes. A colonização microbiótica afeta a utilização energética de alimentos que não são digeridos e a síntese de ácidos graxos de cadeia curta. O microbioma intestinal funciona como uma barreira contra patógenos e estimula o sistema imunológico (SILVA JR. et al. 2017).

De acordo com Muscogiuri et al. (2019), a microbiota de pacientes obesos é menor em Bacteroides e maior em Firmicutes do que em indivíduos eutróficos.

5.2. Microbiota intestinal e alterações após cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica tem sido amplamente utilizada em pacientes obesos, especialmente em casos graves para o tratamento com o objetivo de reduzir o tamanho do estômago com banda gástrica, gastrectomia parcial ajustável (gastrectomia vertical, SG), criando um estômago pequeno e finalmente ressecando o estômago e fazendo o desvio para o intestino delgado (Bypass gástrico em Y de Roux, RYGB).

Segundo (NICOLETTI et al., 2017) são realizados a cada ano, cerca de 500 mil procedimentos de cirurgia bariátrica no mundo todo. Gastrectomias verticais (SG) em média 49% e 43% de Bypass Gástrico em Y de Roux (RYGB).

Rabello (2016) diz que a cirurgia bariátrica é uma intervenção cirúrgica que promove alterações estruturais do trato gastrointestinal e foi originalmente desenvolvido apenas para tratar a obesidade, mas já vem sendo utilizado para controlar fatores de risco cardiovasculares resistentes ao tratamento clínico.

Uma relação entre obesidade, microbiota intestinal e cirurgia bariátrica em pacientes obesos e com excesso de peso enfatiza que embora a obesidade esteja ligada a diferentes tipos de microbioma intestinal, os estudos não aparentam ter consistência suficiente nos resultados, possivelmente porque diferentes fatores podem influenciá-los. Tais fatores incluem diferentes métodos e conhecimentos de gerenciamento de dados. Ao mesmo tempo, o autor afirma que a aplicação da cirurgia bariátrica para perda de peso afeta a composição da microbiota intestinal (CASTANER, 2018).

Nicoletti et al. (2017), em sua revisão, lista artigos que mostram que a cirurgia bariátrica está associada à expressão de vários genes envolvidos em diversas vias metabólicas que induzem a mudanças funcionais e taxonômicas no microbioma intestinal.

A técnica cirúrgica envolve mudanças estruturais e funcionais no sistema digestivo, especialmente com a abordagem RYGB. Portanto, existem muitos estudos que tentam mapear essas alterações na composição da microbiota intestinal.

Há um estudo que avaliou indivíduos obesos com 30 participantes de um programa de perda de peso e acompanhamento de cirurgia bariátrica e 13 controles magros nos quais foi observado elevação normal da relação Firmicutes/Bacteroidetes em pacientes obesos mais cedo BGYR e subsequente perda de peso três e seis meses após a cirurgia de acordo com a perda de peso dos pacientes (ABENAVOLI et al., 2019). A hipótese de alguns autores que estudam o assunto é que o desvio a parte superior do intestino delgado (durante a cirurgia) pode ter causado migração algumas bactérias típicas desta área no intestino grosso, levando a uma transformação da microbiota intestinal, o que pode levar a alterações no consumo e digestão.

5.3 Mudanças após cirurgia bariátrica nos fatores metabólicos e na microbiota intestinal

Modificações no metabolismo relacionados, foram relatadas em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Inicialmente, o objetivo da cirurgia era simplesmente perder peso. Contudo, há evidências de que o tratamento cirúrgico pode promover melhorias significativas nas comorbidades relacionadas à obesidade.

Rabelo (2016) afirma que esse procedimento mostrou melhorias significativas em condições como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia, levando ao reconhecimento do conceito de cirurgia metabólica. A cirurgia metabólica utiliza técnicas semelhantes à cirurgia bariátrica, mas o objetivo principal não é mais apenas a perda de peso, mas sim alterações que ajudem a normalizar o perfil metabólico do paciente.

Sanmiguel et al. (2015) discutiram alguns dos efeitos conhecidos da microbiota intestinal, nas alterações metabólicas, na captura de energia e nas respostas metabólicas e imunológicas, bem como potenciais alterações na função e comportamento cerebral. Nas mudanças na flora intestinal, a perda de peso induzida cirurgicamente e a melhora de algumas comorbidades em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica podem estar relacionadas a alterações no perfil da microbiota dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica (Rabelo, 2016).

Existe uma relação importante entre a deficiência de hormônios intestinais, isto altera a resposta de saciedade ao défice, levando a uma overdose de alimentos que causam expansão do tecido adiposo e obesidade. A cirurgia é possível que corrija esta resposta hormonal reequilibrando o microbioma.

Segundo Rabello (2016), variáveis como peso corporal, índice de massa corporal, colesterol total, triglicerídeos, glicemia e HbA1c diminuíram três meses após a cirurgia em pessoas que realizaram cirurgia bariátrica. Isto sugere que a cirurgia bariátrica pode estar associada à redução de novos riscos cardiovasculares e a melhores resultados na doença aterosclerótica.

Todos os estudos analisados evidenciam que, em conjunto, confirmam uma relação entre a obesidade e a composição da microbiota intestinal. Na verdade, está claro que as bactérias intestinais interagem com o metabolismo. Em momentos diferentes, como quando ingeridos, nutrientes complexos se transformam em ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que convertem mucina e fibra alimentar em açúcares simples absorvíveis para estimular a proliferação epitelial intestinal, favorecendo a absorção e o metabolismo dos nutrientes. Eles também atuam como atores-chave na formação e ativação da barreira de defesa intestinal composta pelos sistemas imunológicos sistêmico e mucoso. Compostos biologicamente inativos (SANMIGUEL et al., 2015).

Mudanças significativas na microbiota intestinal foram demonstradas Aron (2018) sobre a obesidade grave associada à disbiose. O estudo sugere que as condições pioram com o aumento do índice de massa corporal, destacando um aumento na riqueza da microbiota intestinal em pacientes submetidos à cirurgia de redução do estômago (RYGB). Um ano após a cirurgia bariátrica, o estado metabólico do paciente melhorou e também os que foram submetidos a uma cirurgia de banda gástrica ajustável (AGB).

Segundo Debedet et al. (2019), a cirurgia da obesidade como ferramenta clínica é útil para melhorar os resultados clínicos em pacientes obesos, sendo um modelo importante para a compreensão dos mecanismos básicos envolvidos, melhorias relacionadas ao paciente no metabolismo e na inflamação. Em sua pesquisa ele observou que embora alterações nos microrganismos intestinais possam ser observadas, está associado à melhoria do metabolismo. Mas os estudos humanos relevantes ainda são poucos e os resultados nem sempre são consistentes e variam entre diferentes indivíduos.

Em um estudo de Wagner et al. (2018), os pesquisadores concluíram que a cirurgia bariátrica provoca um aumento relativo de bactérias e proteobactérias e uma diminuição de sólidos. Isso pode ser devido a alterações no trânsito digestivo e diminuição da acidez intestinal, além de mudanças nos hábitos alimentares.

Nicoletti et al. (2017) enfatizaram a relação entre a microbiota intestinal e a saúde metabólica do paciente e que a evolução desta microbiota devem ser levadas em consideração no desenvolvimento de novas terapias personalizadas e na identificação de biomarcadores para diversas doenças metabólicas associadas à obesidade.

5.4. O papel do Biomédico com a microbiota intestinal de pacientes obesos e pós cirurgia bariátrica

O papel do biomédico é crucial no estudo da microbiota intestinal de pacientes com obesidade e que passaram por cirurgia bariátrica. Sua responsabilidade é coletar, processar e analisar amostras de fezes, sangue e outros fluidos corporais para identificar e quantificar as bactérias que compõem a microbiota intestinal.

Existem várias técnicas disponíveis para que o biomédico realize essas análises, incluindo:

Cultura bacteriana Esta técnica é usada para cultivar as bactérias presentes em uma amostra e identificá-las com base em suas características morfológicas e bioquímicas.

Sequenciamento de DNA Essa técnica permite a identificação e quantificação das espécies bacterianas presentes em uma amostra através da análise de seu material genético.

Metagenômica Com essa técnica, é possível identificar e quantificar todos os genes bacterianos presentes em uma amostra, independentemente da espécie à qual pertencem. (Mardis, E.R., & Gordon, J.I. 2007)

Com os resultados deste estudo podem ser usados para entender como a microbiota intestinal de pacientes obesos muda após a cirurgia bariátrica. Esta compreensão poderá levar ao desenvolvimento de novas estratégias para melhorar a saúde intestinal e reduzir o risco de doenças relacionadas com a obesidade, como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer. (Obes Surg.2003)

5.5. Perspectivas Futuras

Perspectivas Futuras na Pesquisa sobre Microbiota Intestinal em Pacientes Obesos e após Cirurgia Bariátrica

A pesquisa sobre a microbiota intestinal em pacientes obesos e após cirurgia bariátrica apresenta uma área promissora de estudo que continuará a evoluir nos próximos anos. À medida que avançamos no entendimento das complexas interações entre o microbioma intestinal e a saúde do hospedeiro, as perspectivas futuras nesse campo se tornam cada vez mais emocionantes e promissoras.

No horizonte, enxergamos o desenvolvimento de terapias personalizadas direcionadas para otimizar a microbiota de indivíduos obesos ou com risco metabólico, com o potencial de melhorar significativamente sua saúde. A pesquisa atual já sugere que a microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na obesidade e nas condições metabólicas associadas.

Além disso, podemos antecipar a identificação de biomarcadores específicos relacionados à microbiota que possam ser usados para diagnóstico precoce de condições relacionadas à obesidade e para monitorar a eficácia de intervenções terapêuticas à medida que as técnicas de sequenciamento de DNA e metagenômica continuam a avançar.

A cirurgia bariátrica, que já mostrou melhorias significativas em condições como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia, pode ver aprimoramentos na técnica cirúrgica e na seleção de pacientes à medida que a pesquisa aprofunda a interação entre a microbiota intestinal e essas intervenções.

A pesquisa contínua na interação entre dieta, microbiota e saúde metabólica pode abrir caminho para intervenções dietéticas personalizadas que visam otimizar a microbiota. Isso pode ter um papel crucial na prevenção e tratamento de condições relacionadas à obesidade.

Estudos de longo prazo que acompanham a evolução da microbiota ao longo do tempo em indivíduos obesos e submetidos à cirurgia bariátrica podem fornecer informações valiosas sobre as mudanças a longo prazo e os fatores que influenciam a estabilidade da microbiota.

Em resumo, as perspectivas futuras para a pesquisa sobre microbiota intestinal em pacientes obesos e após cirurgia bariátrica prometem avanços significativos na compreensão e no tratamento de condições relacionadas à obesidade. À medida que continuamos a desvendar o papel crucial do microbioma na saúde humana, podemos esperar abordagens mais direcionadas e eficazes para melhorar a qualidade de vida e reduzir os riscos associados à obesidade.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obesidade é uma doença multifatorial resultante do acúmulo de substâncias em excesso no organismo em tecido adiposo. As evidências para a identificação de microrganismos vão aumentando e o intestino é um contribuinte potencial para a fisiopatologia da obesidade e distúrbios metabólicos relacionados.

Este estudo sugere que a composição da microbiota intestinal pode interferir na patogênese da obesidade e no desenvolvimento de doenças metabólicas, como diabetes tipo 2, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares. Neste sentido, o tratamento da obesidade através da cirurgia da obesidade modifica o microbioma intestinal com claros benefícios para a saúde do paciente, apoiando a hipótese de que alterações na composição do microbioma intestinal contribuem para a estabilidade do corpo do paciente.

Pesquisas mostram que na obesidade grave, a microbiota intestinal sofre alterações significativas, causando uma deterioração do metabolismo. A cirurgia da obesidade é um modulador da microbiota intestinal que reorganiza a composição corporal do hospedeiro em direção a um fenótipo magro. Para prevenir deficiências nutricionais associadas à cirurgia bariátrica, o acompanhamento nutricional deve ser realizado por: A educação nutricional é de extrema importância para pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, tanto no pré-operatório como principalmente no pós-operatório imediato.

Este estudo buscou analisar fatores cruciais relacionados à saúde intestinal em pacientes obesos e submetidos à cirurgia bariátrica, os quais exercem um impacto direto na composição da microbiota intestinal. Ao avaliar a microbiota, os tipos de microrganismos presentes e a sua conexão com a saúde e o bem-estar desses pacientes, os objetivos delineados foram abordados de maneira abrangente.

Em relação ao objetivo geral, o estudo apresentou uma análise profunda dos fatores que influenciam a microbiota intestinal em pacientes obesos e bariátricos. Demonstrou-se que a composição bacteriana do intestino é fortemente afetada por fatores internos e externos, incluindo hábitos alimentares, características sociodemográficas e a própria cirurgia bariátrica. Essa análise forneceu insights valiosos sobre como esses fatores podem moldar a microbiota intestinal, destacando a importância do equilíbrio entre Firmicutes e Bacteroidetes, por exemplo.

Os objetivos específicos foram alcançados com êxito ao examinar a microbiota intestinal, identificar diferentes tipos de microrganismos presentes e, mais importante, ao investigar a relação entre a saúde e a flora intestinal dos pacientes. Além disso, a análise abordou com profundidade os hábitos alimentares e outros fatores relacionados à qualidade de vida desses pacientes, oferecendo uma compreensão abrangente de como esses elementos interagem com a microbiota.

O estudo revelou que a microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na saúde metabólica de pacientes obesos, e as mudanças nessa microbiota após a cirurgia bariátrica estão associadas a melhorias nas condições relacionadas à obesidade, como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia. Essas conclusões destacam a importância de futuras terapias personalizadas direcionadas à microbiota para melhorar a saúde desses pacientes.

Podemos identificar algumas soluções relevantes para melhorar a saúde intestinal de pacientes obesos e submetidos à cirurgia bariátrica. Como uma abordagem promissora envolve terapias personalizadas. Desenvolver tratamentos direcionados para otimizar a microbiota intestinal desses pacientes, incluindo o uso de probióticos, prebióticos e dietas personalizadas, pode ser uma solução eficaz para melhorar sua saúde metabólica.

Além disso, o monitoramento biomolecular é fundamental. A identificação de biomarcadores na microbiota intestinal pode permitir o diagnóstico precoce de condições relacionadas à obesidade, possibilitando intervenções precoces e o acompanhamento da eficácia dos tratamentos. A educação alimentar desempenha um papel crucial. Conscientizar os pacientes obesos e bariátricos sobre a importância das escolhas alimentares adequadas pode ajudar a manter uma microbiota saudável e, consequentemente, melhorar sua saúde metabólica.

Em resumo, este estudo cumpriu de maneira abrangente os objetivos propostos, fornecendo uma análise detalhada e relevante sobre a microbiota intestinal em pacientes obesos e após cirurgia bariátrica. As perspectivas futuras nesse campo são emocionantes, com a possibilidade de terapias personalizadas, biomarcadores e intervenções dietéticas que podem melhorar a qualidade de vida desses pacientes e reduzir os riscos associados à obesidade.

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¹Bacharel em Biomedicina.

²Professor da Disciplina