OS IMPACTOS DA FISIOTERAPIA NA PREVENÇÃO DE QUEDAS EM IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA

THE IMPACTS OF PHYSIOTHERAPY IN PREVENTING FALLS IN THE ELDERLY: INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10059930


Bruna Lorrane Sousa Silva²
Waueverton Bruno Wyllian Nascimento Silva³


RESUMO

O envelhecimento é um processo de seleção natural da vida caracterizado por diversas modificações anatômicas e morfológicas, e o idoso fica mais fragilizado e dependente, ocasionando em um grande problema de saúde pública, a queda. O objetivo do estudo foi analisar os principais impactos positivos da fisioterapia na prevenção de quedas em idosos. Para tanto, o presente artigo trata-se de uma revisão integrativa, utilizando como base de dados Scientific Electronic Libray Online (SCIELO), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem Online (MEDLINE/PUBMED), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Physiotherapy Evidence Database (PEDro), utilizando o operador booleano “AND” entre as palavras-chave formando a seguinte combinação, “fall AND elderly AND physiotherapy AND prevention”. Após uma análise rigorosa dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 8 artigos para compor a amostra da pesquisa. Os resultados apontaram que exercicios físicos, treino cognitivo, de dupla tarefa e de vibração, programas de realidade virtual, exercícios oculomotores, pilates, programas multissistêmicos e treino de perturbação de superfície, são eficazes na prevenção de quedas em idosos. Melhorando significativas o risco de queda, na propriocepção, na força muscular, no tempo de reação e na oscilação postural, além de ajudar na redução do medo de cair. Dessa forma, fica evidente que a fisioterapia é uma importante aliada na prevenção de quedas em idosos, produzindo impactos positivos na força muscular, na redução do risco de quedas e consequentemente na qualidade de vida dos idosos.

Palavras-chave: Fisioterapia; Idoso; Queda;

ABSTRACT

Aging is a process of natural selection of life characterized by several anatomical and morphological changes, and the elderly become more fragile and dependent, causing a major public health problem, falls. The objective of the study was to analyze the main positive impacts of physiotherapy in preventing falls in the elderly. To this end, this article is an integrative review, using as database Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem Online (MEDLINE/PUBMED), Virtual Health Library (VHL) and Physiotherapy Evidence Database (PEDro), using the Boolean operator “AND” between the keywords forming the following combination, “fall AND elderly AND physiotherapy AND prevention”. After a rigorous analysis of the inclusion and exclusion criteria, 8 articles were selected to compose the research sample. The results showed that physical exercises, cognitive, dual-task and vibration training, virtual reality programs, oculomotor exercises, pilates, multisystem programs and surface disturbance training are effective in preventing falls in the elderly. Significantly improving the risk of falling, proprioception, muscle strength, reaction time and postural oscillation, in addition to helping to reduce the fear of falling. Therefore, it is clear that physiotherapy is an important ally in preventing falls in the elderly, producing positive impacts on muscle strength, reducing the risk of falls and consequently on the quality of life of the elderly.

Keywords: Physiotherapy; Aged; fall;

1. INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento pode ser caracterizado como um surgimento sucessivo e multifatorial de modificações e transformações sociais e fisiológicas ao longo da vida pela qual todo ser humano está devidamente sujeito, atuando de forma individual e peculiar em cada indivíduo (FRANK, etal., 2018).

Podemos definir a queda como uma mudança de posição inesperada e não intencional, que sujeita o indivíduo a um nível inferior. Nos idosos, a queda está comumente associada à fragilidade, dependência, institucionalização e morte, o que, geralmente faz com que seja considerada como evento limite na saúde dos mesmos (COSTA, 2019).

As quedas são consideradas acometimentos que constituem caráter multifatorial como também é estabelecido como um problema de saúde pública, estando relacionadas à morbidade e índices de mortalidade senil. São as principais responsáveis pelas limitações de movimentos, fraturas, distensões e transtornos depressivos, além de piorar a qualidade de vida vinda a sobrecarregar os sistemas de saúde. (GASPAROTTO, etal. 2019).

A prática da atividade física orientada por um profissional é benéfica não apenas na prevenção das quedas, mas à saúde do idoso de modo geral, pois, é capaz de melhorar o desempenho funcional, aumentando segurança na realização das atividades de vida diária, reduzindo os riscos do aparecimento das doenças crônico-degenerativas, favorecendo a autonomia e a independência, contribuindo com a melhora da qualidade de vida e, consequentemente, promovendo condições para que o idoso desfrute do convívio social. (GUIMARÃES etal., 2018).

Portanto, os fisioterapeutas tem o papel de orientar o idosos quanto os seus processos motores, verificar uma anamnese de como funciona a sua movimentação física em seus domicílios e trazendo uma educação em saúde proporcionando informações sobre os riscos de quedas e suas principais consequências, portanto uma das estratégias principais é a visita domiciliar, onde o profissional fisioterapeuta pode junto com sua equipe multidisciplinar realizar o acompanhamento dos usuários que não podem estar se deslocando as instituições de saúde (CIOSAK, 2018).

Nesse sentido, esse estudo torna-se importante ao abordar o fisioterapeuta apresentando um relevante papel, pois, sua atuação na prevenção de quedas em idosos inclui essas orientações, além da assistência na realização dessas atividades, envolvendo alongamentos, treino de marcha e equilíbrio, fortalecimento muscular e manutenção da funcionalidade, promovendo redução das limitações e incapacidades e corroborando com a independência desses idosos. Além disso o fisioterapeuta orienta os idosos para a realização de atividades motoras em seu ambiente domiciliar, bem como nas orientações ergonômicas que geram o bem- estar durante os exercícios e a qualidade de vida a esses sujeitos.

O objetivo da pesquisa foi analisar os principais impactos positivos da fisioterapia na prevenção de quedas em idosos.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa. Conforme Meadows (2012) a revisão integrativa é composta de seis fases: elaboração da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa na íntegra.

Para elaboração da pergunta de investigação foi utilizada a estratégia PICo: População: Comunidade da Terceira Idade, Interesse: Assistência em Fisioterapia e Contexto: O papel da fisioterapia para prevenir, quedas em idosos, gerando assim a seguinte pergunta norteadora: Como se dá o papel da fisioterapia para a prevenção de quedas em idosos?

Tabela 1. Descrição da estratégica PICO para estruturação da pergunta norteadora.

Fonte: Autor, 2023

Os critérios de inclusão para a busca foram: artigos disponíveis nos idiomas português e inglês, no período de 2019 a 2023, disponíveis na íntegra, e que fossem ensaio clinico randomizado. Definiu-se como critérios de exclusão: artigos de revisão, incompletos, duplicados, teses, dissertações e relatos de experiência.

Na busca por artigos foram recorridas as bases de dados Scientific Electronic Libray Online (SCIELO), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem Online (MEDLINE/PUBMED), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Physiotherapy Evidence Data base (PEDro), utilizou-se o operador booleano “AND” entre as palavras chave formando a seguinte combinação, “fall AND elderly AND physiotherapy AND prevention”. Os achados tiveram um total de 636 artigos, esses foram analisados e selecionados pelos critérios de elegibilidade e expostos em forma de fluxograma, onde foram descritos na figura 1.

FIGURA 1. Fluxograma do processo de busca dos resultados da pesquisa.

Fonte: Autor, (2023)

Após a categorização dos estudos, os dados foram sintetizados para a análise descritiva de acordo com o ano de publicação, tipo de estudo, intervenção, resultados e conclusão.

3. RESULTADOS

Ao longo da pesquisa, foram identificados 636 artigos relacionados ao tema, sendo que, após uma criteriosa análise, foram selecionados 8 artigos que serviram de base para esta investigação. Esses estudos abordaram uma variedade de intervenções fisioterapêuticas, incluindo exercícios físicos, treino cognitivo, treino de dupla tarefa, treino de vibração, programas de realidade virtual, exercícios oculomotores, pilates, programas multissistêmicos e treino de perturbação de superfície.

Os resultados desses estudos demonstraram de forma consistente que essas intervenções foram eficazes na prevenção de quedas em idosos. Observou-se melhorias significativas no risco de quedas, na propriocepção, na força muscular, no tempo de reação, na oscilação postural e redução do medo de cair quando as técnicas mencionadas foram aplicadas.

Quadro 1. Síntese dos estudos revisados

IDAUTOR/ANOMÉTODOAMOSTRAINTERVENÇÃORESULTADO/CONCLUSÃO

A1
Babadi; Daneshma ndi (2021)Um ensaio clínico randomizado36 idosos com idade de 60-75 anos
GI: (n=24) GI dividido em 2 grupos de 12
GC: (n=12)
GI: treino com RV através de Xbox Kinect com programas de boxing, tênis de mesa, futebol, golf e futebol americano.
G2: TEV incluindo treino com superfície reduzida, olhos fechados, aumento de velocidade.
G3: G1 e G2 Realizaram no total de 21 sessões,durante 9 sem,com frequência de 3x/sem com duração de 1h.
GC: Foi solicitado a realizar atividades diárias rotineiras e não participar de exercícios específicos durante o mesmo período.
ambos dos G de intervenção, tanto a realidade RV quando ao TEC demonstraram melhoras significativas no FRT, TUG e FA, (P>0,05). indicando que nenhum método foi superior ao outro.
Sendo assim demonstra que o programa de treinamento com RV pode melhorar equilíbrio de idosos e reduzir riscos de quedas.

A2
Yang et al. (2023).Um ensaio piloto randomizado controlado48 idosos com idade ≥ 65 anos
GI: (n=23) GC: (n=25)
GI: 8 sem. de TVP com amplitude: 2mm e frequência: 20Hz
GC: manteve seu estilo de vida regular durante o período de 8 sem.
O programa de TV reduziu significativamente o risco de escorregões e quedas e melhorou todos os fatores de risco (equilíbrio corporal, cognição, força muscular).

A3
Mak et al. (2022)Um ensaio clínico randomizado71 idosos ≥ 65 anos
GST: (n=19) GDT: (n=27) GAG: (n=25)
G1: TTU com instruções típicas de caminhada Exp: por favor ande com passos maiores, impondo pesos nos pés.
G2:TDT COM instruções típicas de caminhar associado com tarefa cognitiva Exp: por favor caminhe enquanto fala nome de cores
G3: AG com instruções típicas de analogia específica Exp: imagine que você está chutando uma bola na sua frente”
Todos os G: apresentaram melhoria na marcha funcional, no equilíbrio e na mobilidade funcional.
A AG demonstrou superioridade na habilidade de caminhada em comparação ao G1 e G2.

A4
Turunen et al. (2022).Um ensaio clínico randomizado314 idosos com idade 70- 85 anos
GI: (n=159) GC: (n=155)
GI: exercícios físicos que incluíram TA associados com TC domiciliar usando um programa de computador com alvo nas funções executivas (inibição, memoria de trabalho e flexibilidade cognitiva).
GC: ex: domiciliares incluindo ex: de fortalecimento de MMII de equilíbrio e alongamento.
Ambas as intervenções promoveram efeitos na redução do risco de queda. Nesse estudo não houve superioridade de intervenção.

A5
Correia et al. (2022)Um ensaio clínico randomizado68 idosos com idade ≥ 60 anos
GI: (n=33) GC: (n=35)
GI: PR e Ex: oculomotores e de estabilidade do olhar domiciliares Executado 2x/ dia durante 3 sem.

GC: recebeu o mesmo PR do G1, porém não realizou os EX, oculomotores.
O GI apresentou superioridade na melhora do risco de queda e não houve nenhuma queda no grupo durante o período de intervenção.

A6
Długosz- boś et al. (2021)Um ensaio clínico randomizado50 mulheres idosas acima de 60 anos
GI: (n=30) GC: (n=20)
GI: Realizou o método pilates, durante 3 meses, 2x/sem, por 45min, cada sessão envolvendo Ex: de equilíbrio, força, coordenação, alongamentos e exercícios respiratórios.
GC: Realizou AVD’s rotineiras a não participar de exercícios específicos durante o mesmo período.
O GI apresentou resultados na melhora de equilíbrio (estático e dinâmico) e minimizou risco de quedas

A7
Chittrakul et al. (2020).Um ensaio clínico randomizado72 idosos com idade ≥ 65 anos
GI: (n=36) GC: (n=36)
GI: EFM incluindo treinamento proprioceptivo, de força muscular, ex: de tempo de reação com sinais auditivos e treinamento de equilíbrio postural realizada 3 dias/sem. durante 12 sem.

GC: Treinamento com Ex: de flexibilidade 3x na sem.
O GI apresentou diferenças significantes na melhora do risco de queda, propriocepção, força muscular, tempo de reação e oscilação postural, medo de cair.

A8
Lurie et al. (2020).Um ensaio clínico randomizado506 idosos com idade ≥ 65 anos
GI: (n=253) GC: (n=253)
GI: Treinamento em esteira com perturbação associada. Exp: manter ou recuperar o equilíbrio da melhor forma possível e continuar caminhando.
GC: TE baseados em exercícios multimodais usuais. incluindo: Ex: de fortalecimento, flexibilidade de equilíbrio estático e dinâmico, treinamento de mobilidade e orientações.
O GI apresentou melhoras significativas na redução de lesões por quedas.
A adição de perturbação de superfície a fisioterapia usual reduziu significativamente as quedas em idosos.

Fonte: Autor, 2023

* AG: analogia; AVD’s:Atividades diárias; DT: dual task, dupla tarefa; ex: Exercício; Exp: Exemplo; EFM: exercício físico multissistêmico.; FRT: functional reach test; FAB: fullerton advance balance; G: Grupo; GI: grupo de intervenção; GC: grupo controle; H: Horas (s); IM: imagética motora; MMII: membros inferiores; Min: Minutos; PR: Programa de reabilitação; RV: Realidade virtual; ST: single task, tarefa única; Sem: Semanas ; tDCS: estimulação transcraniana por corrente contínua; TE: Treinamento de equilíbrio; TEC: treinamentos equilíbrio convencional TUG: timed up and go test; ; TC: Treino cognitivo: TA: Treino aeróbico; TTU: Treinamento de tarefa única; TVP: Treino vibratório em plataforma TV: Treinamento vibratório ; X: vezes;

4. DISCUSSÃO

A variedade de intervenções fisioterapêuticas abordadas nos estudos analisados oferece uma visão abrangente das estratégias disponíveis para prevenir quedas em idosos. Cada intervenção apresenta características distintas que podem ser adaptadas para atender às necessidades individuais dos idosos, considerando fatores como a capacidade física, a disposição cognitiva e os objetivos de saúde.

Os exercícios físicos, são pilar fundamental na fisioterapia para prevenção de quedas, e foram aplicados de maneira consistente em diversos estudos analisados. De acordo com Hammerschmidt e Santana (2020) eles visam melhorar a força muscular, a flexibilidade e a resistência, fatores essenciais para a estabilidade e mobilidade dos idosos. Corroborando com os estudos de Liao, Cheng e Wang (2019) que em seus resultados apontaram que o exercício físico tem efeitos benéficos em melhorar a performance física e reduzir o risco de quedas em idosos. Já Riva et al. (2019) cita que a intervenção através de exercícios é recomendada para aumentar força muscular, equilíbrio e ganhar habilidade para reduzir quedas, fortificando ainda mais os achados dessa pesquisa.

Além disso, o treino cognitivo e o treino de dupla tarefa desempenham um papel importante, uma vez que abordam a relação intrínseca entre a função cognitiva e o equilíbrio, como visto nos estudos A3 e A4. Conforme Xiao, Yang e Shang (2023), os idosos, ao praticar tarefas que exigem multitarefa, podem aprimorar sua capacidade de resposta a estímulos externos, o que é crucial para evitar quedas. Como apontado no presente estudo ao aplicar dupla tarefa ou estímulo cognitivo há melhora do equilíbrio e reduz o risco de queda, esses achados são confirmados pela literatura, na revisão sistemática de Marusic, Verghese e Mahoney (2018), que apontam que o treinamento cognitivo pode melhorar mobilidade, equilíbrio, caminhada e riscos de queda em adultos mais velhos.

Segundo Bobrownicki e colaboradores (2015), o uso de analogias na aquisição de habilidades motoras tem demonstrado melhorar a aprendizagem motora em várias tarefas e contextos, desde arremessar uma bola de basquete até realizar um salto em altura, e em populações que variam de crianças pequenas a adultos mais velhos. No caso do aprendizado motor, Tzetzis e Lola (2015) dizem que as analogias combinam várias regras relevantes para a tarefa em uma única metáfora biomecânica, geralmente apresentada ao aprendiz como uma instrução verbal.

No estudo de pesquisa entre pesquisadores e praticantes de Zacks e Friedman (2020) definiu o aprendizado por analogia da seguinte forma: “Aprendizado facilitado por metáforas. A estrutura complexa da habilidade a ser aprendida é integrada em uma metáfora simples fornecida ao aprendiz”. Dois exemplos desse método são dados: “alcançar uma maçã no topo da árvore” (para um padrão de salto) e “colocar a mão no pote de biscoitos” (para um arremesso de basquete). O uso de analogias no aprendizado motor tem se mostrado benéfico tanto durante o processo de aprendizado quanto na manutenção do desempenho sob pressão.

No estudo A3, o uso da analogia se mostrou superior em relação aos exercícios de única tarefa e dupla tarefa. Tse, Wong e Masters (2017) dizem que a aprendizagem por analogia é uma estratégia implícita de aprendizado motor que requer pouca atenção cognitiva. Estudos anteriores (Van Duijn; Hoskens e Masters, 2019) demonstraram melhor desempenho motor com instruções por analogia em situações desafiadoras. De acordo com Lee, Tse e Wong (2019), isso ocorre devido à criação de representações mentais na memória de longo prazo e à redução da carga cognitiva. Isso sugere que a aprendizagem por analogia é eficaz e pode ser aplicada em diferentes contextos, beneficiando especialmente idosos com declínio cognitivo e um consequente risco de quedas.

O treino de vibração é outra abordagem inovadora, que foca na melhoria da propriocepção e da coordenação motora, contribuindo para uma melhor percepção da posição do corpo no espaço como evidenciado no estudo A2. Jepsen e colaboradores (2017) relatam que recentemente, o treinamento controlado de vibração de corpo inteiro (treinamento de vibração) surgiu como uma abordagem inovadora na redução do risco de quedas em idosos. Yang (2020) aponta também que durante o treinamento de vibração, os participantes ficam de pé em uma plataforma vibratória. Esse estímulo mecânico intenso gera uma reação neurofisiológica complexa, tanto na medula espinhal quanto no cérebro, denominada reflexo de vibração tônica. O treinamento de vibração resulta em melhorias sensório-motoras diversas, aprimorando a capacidade física e reduzindo o risco de quedas.

No estudo de Yang et al. (2023) A2, indica uma redução no risco de quedas com a aplicação de treinamento de vibração corroborando com a revisão sistemática de (JEPSEN et al. 2017) que em seu estudo apontou que o número de quedas nos grupos que passaram pelo treinamento de vibração foi aproximadamente 67% menor em comparação aos grupos de controle durante um período de um ano após o treinamento. Essa análise se baseou em dados de 746 participantes em quatro estudos distintos.

A utilização de programas de realidade virtual é um exemplo de como a tecnologia pode ser empregada na fisioterapia para tornar o processo de prevenção de quedas mais atraente e envolvente para os idosos, enquanto trabalha aspectos como equilíbrio e coordenação como cita o artigo A1. Como Liao e autores (2019) citaram, segundo os jogos de realidade virtual incluem exercícios considerados como uma forma de melhorar a atividade em idosos. Ao contrário dos programas tradicionais de treinamento e reabilitação, os exercícios interativos de realidade virtual são mais agradáveis e atrativo.

O treinamento de equilíbrio com realidade virtual envolve o sistema vestibular, somatossensorial e visual para manter o equilíbrio (Chen et al. 2020), e isso respalda os resultados deste estudo. Sato et al. (2015) em seu estudo analisou os efeitos dos exercícios de realidade virtual na força muscular e equilíbrio em idosos, concluindo que esses exercícios têm um impacto positivo no equilíbrio dos idosos, alinhando-se com os achados deste estudo. Isso sublinha a eficácia do treinamento de equilíbrio com realidade virtual como uma estratégia promissora para aprimorar a estabilidade e a força muscular em idosos.

Os exercícios oculomotores são vitais, pois a visão desempenha um papel crítico na manutenção do equilíbrio, e a deterioração da visão é comum em idosos (SILVA, 2023). Os exercícios visuais têm como finalidade melhorar a clareza da visão e a habilidade de interpretar o ambiente circundante. Um estudo conduzido por Leopoldino (2019) revelou que idosos submetidos a exercícios visuais apresentaram uma melhoria a velocidade da marcha, comprimento dos passos e cadência, melhora no equilíbrio e independência nas atividades funcionais. Além disso Santos (2023), expõe que esses exercícios também podem melhorar a acuidade visual periférica, permitindo que os idosos detectem obstáculos ao redor, mesmo sem olhar diretamente para eles. Isso é essencial para evitar quedas em ambientes desafiadores.

O método Pilates aplicado no estudo A6, com sua ênfase na flexibilidade, controle e fortalecimento do core, demonstrou ser uma intervenção valiosa na prevenção de quedas. Uma investigação conduzida por Roller et al. (2018) destacou que a prática do Pilates resultou em melhorias significativas na mobilidade, equilíbrio e na redução do risco de quedas. Outro estudo, realizado por Vieira et al. (2017) também reportou resultados positivos após a conclusão de um programa de 12 semanas de Pilates. Oliva-Lozano e Muyor (2020) contam que nos idosos, o Pilates também teve impacto na força e massa muscular dos membros inferiores, contribuindo para a prevenção da perda de equilíbrio.

No estudo de Lurie et al. (2020) conclui que a adição de perturbação de superfície a fisioterapia usual reduziu significativamente as quedas em idosos. Gerards e seus colegas (2017) destacaram um estudo prévio com 162 mulheres da comunidade, submetidas a sessões de treinamento de perturbação identificou uma redução significativa nas quedas no grupo de treinamento em comparação com o grupo que não recebeu intervenção.

O treino de perturbação de superfície desafia os idosos a adaptarem-se a superfícies irregulares, simulando situações do mundo real em que quedas podem ocorrer. (MCCRUM et al.2017) em sua pesquisa analisou estudos biomecânicos no qual sugerem que esse treinamento aprimora as reações a perturbações posturais em laboratório, reduz o risco de quedas após simulações de tropeços e escorregões, além de poder ser mantido ao longo de um período prolongado.

5. CONCLUSÃO

A combinação dessas intervenções fisioterapêuticas representa uma abordagem holística e adaptável para a prevenção de quedas em idosos. A escolha da estratégia mais apropriada dependerá das necessidades individuais e da capacidade dos idosos, bem como dos recursos disponíveis. Os resultados dos estudos destacam a eficácia dessas intervenções e reforçam a importância de diversas estratégias terapêuticas na promoção em reduzir o risco de quedas e consequentemente na qualidade de vida dos idosos.

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