BRONQUIOLITE EM CRIANÇAS COM HISTÓRICO DE PREMATURIDADE

BRONCHIOLITIS IN CHILDREN WITH A HISTORY OF PREMATURE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10050658


Luan Lira Pereira¹
Loyane Aires de Santana Fontenele2
Pâmella Gomes Soares3
Allan Bruno de Souza Marques4


Introdução: A Bronquiolite é uma condição respiratória viral que afeta principalmente crianças com menos de dois anos de idade. Essa doença é mais comum durante o outono e inverno e é causada principalmente pelo Vírus Sincicial Respiratório. Ela é uma das principais razões pelas quais as crianças nessa faixa etária são internadas em hospitais, demandando cuidados de enfermagem imprescindíveis. Objetivo: Revelar a fisiopatologia da infecção pelo vírus sincicial respiratório relacionado a prematuridade, bem como descrever as formas de prevenção com ênfase na administração do anticorpo monoclonal e mostrar o protagonismo da Enfermagem no processo de identificação dos fatores de risco para bronquiolite e atuação nas ações de prevenção. Método: Realizou-se pesquisa de artigos científicos indexados nas bases de dados MediLine, Scientific Eletronic Librany Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico entre os anos de 2018 e 2023.  Resultados e Discussões: Diante dos artigos selecionados foi possível discutir a fisiopatologia da infecção pelo vírus sincicial respiratório relacionado a prematuridade, bem como, as formas de prevenção com ênfase na administração do anticorpo monoclonal e o protagonismo da Enfermagem no processo de identificação dos fatores de risco para bronquiolite e atuação nas ações de prevenção. Conclusão: A enfermagem tem a responsabilidade de oferecer cuidados intensivos fundamentados em dados científicos ao bebê com bronquiolite, com foco em intervenções essenciais para cuidar dele e evitar eventuais complicações.

Palavras-chave: Bronquiolite, anticorpo monoclonal, prematuridade, enfermagem.

Introduction: Bronchiolitis is a viral respiratory condition that primarily affects children under the age of two. This disease is more common during the fall and winter seasons and is primarily caused by Respiratory Syncytial Virus (RSV). It is one of the main reasons why children in this age group are hospitalized, requiring essential nursing care. Objective: To reveal the pathophysiology of respiratory syncytial virus infection related to prematurity, describe prevention methods with an emphasis on monoclonal antibody administration, and demonstrate the role of nursing in identifying risk factors for bronchiolitis and participating in prevention efforts. Method: A search for indexed scientific articles was conducted in the MediLine, Scientific Electronic Library Online (SciELO), Virtual Health Library (BVS), and Google Scholar databases between 2018 and 2023. Results and Discussion: Based on the selected articles, it was possible to discuss the pathophysiology of respiratory syncytial virus infection related to prematurity, prevention methods with an emphasis on monoclonal antibody administration, and the role of nursing in identifying risk factors for bronchiolitis and participating in prevention efforts. Conclusion: Nursing has the responsibility to provide evidence-based intensive care to infants with bronchiolitis, focusing on essential interventions to care for them and prevent potential complications.

Keywords: Bronchiolitis, monoclonal antibody, prematurity, nursing.

1  INTRODUÇÃO 

A prematuridade refere-se ao nascimento que ocorre antes que a gestação alcance 37 semanas completas. Pode ser dividida em categorias com base na idade gestacional (IG): a prematuridade extrema (entre 22 e menos de 28 semanas), a prematuridade severa (entre 28 e menos de 32 semanas) e a prematuridade moderada a tardia (entre 32 e menos de 37 semanas). Vários fatores, incluindo aspectos genéticos, socioeconômicos, ambientais e, sobretudo, questões relacionadas à própria gestação, desempenham um papel importante na ocorrência da prematuridade (HOWSON et al, 2012).

Entre os anos de 2011 e 2019, o Brasil testemunhou cerca de 3 milhões de nascimentos prematuros, representando uma taxa de prevalência de 11%. Isso posiciona o país entre as nações com uma das maiores incidências de partos prétermo em todo o mundo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).  O Nordeste e o Sudeste brasileiros se destacaram nesse cenário, concentrando 28% e 39% desses nascimentos, respectivamente, durante o período de 2011 a 2019. A análise das características das mães envolvidas nesse registro, mostrou uma maior ocorrência de prematuridade em gestantes nas idades de 40 anos ou mais e menores de 15 anos, e aquelas que fizeram menos de sete consultas de pré-natal e com menos de oito anos de educação formal (MARTINELE et al, 2021).

A bronquiolite é uma ocorrência comum de hospitalização em crianças, geralmente causada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e mais frequentemente observada nos primeiros dois anos de vida. Essa condição resulta da infecção viral e da inflamação da membrana mucosa das vias respiratórias, provocando a descamação das células epiteliais respiratórias, o inchaço na superfície da mucosa e o aumento da sensibilidade da musculatura lisa das vias aéreas. Isso leva ao desenvolvimento dos sintomas respiratórios da doença, como febre, coriza, tosse e chiado. Os bebês são particularmente suscetíveis à bronquiolite aguda devido ao estreito diâmetro das vias aéreas distais e à falta de imunidade ativa contra o VSR e outros vírus respiratórios. (CARVALHO et al, 2016).

A incidência da bronquiolite varia conforme a faixa etária, sendo mais proeminente em crianças, levando a hospitalizações e óbitos. O vírus sincicial respiratório (VSR) desempenha um papel significativo nas internações infantis, afetando 4.4 por 1000 crianças menores de 5 anos, 19.9 por 1000 com menos de 1 ano e 63.9 por 1000 em bebês prematuros com menos de 1 ano. Além disso, entre as crianças hospitalizadas, 2.7% requerem cuidados intensivos e 1.5% necessitam de ventilação mecânica. Por outro lado, a taxa média de mortalidade estimada é de 2.3% em recém-nascidos e 6.7% em crianças com menos de 1 ano, com a prematuridade e doenças cardiopulmonares sendo os principais fatores de risco (ALVAREZ et al, 2013).

Percebe-se que crianças com histórico de prematuridade apresentam maior risco de desenvolvimento de bronquiolite, e neste contexto, precisa-se de atenção com foco na prevenção desta doença que ameaça a vida. Portanto, a referida pesquisa tem como objetivo principal revelar a fisiopatologia da infecção pelo vírus sincicial respiratório relacionado a prematuridade, bem como descrever as formas de prevenção com ênfase na administração do anticorpo monoclonal e mostrar o protagonismo da Enfermagem no processo de identificação dos fatores de risco para bronquiolite e atuação nas ações de prevenção.

2  MATERIAIS E MÉTODOS

 O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica acerca do conhecimento científico produzido sobre bronquiolite em crianças com histórico de prematuridade. Essa revisão fundamenta-se em uma análise aprofundada da literatura possibilitando discussões acerca do determinado tema assim como reflexões para base de futuros estudos. Para realização da pesquisa foram utilizadas bases de dados MediLine, Scientific Eletronic Librany Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico.

 Foram utilizados os seguintes descritores da saúde (DECS): Bronquiolite, Prematuros, Enfermagem e Anticorpos Monoclonais.De acordo com os critérios de inclusão, foram selecionados: artigos eletrônicos disponíveis nas bases de dados supracitadas, que versam como Palivizumabe na prevenção do vírus sincicial respiratório em prematuros, bronquiolite viral aguda e o uso de imunoprofilaxia, tendência temporal das hospitalizações por bronquiolite aguda em lactentes e conhecimento dos enfermeiros neonatologistas sobre o uso do anticorpo monoclonal; que dispunham de texto completo com data de publicação prioritariamente entre 2018 e 2023 e disponíveis na língua portuguesa, inglesa e espanhola. Na pesquisa inicial foram encontrados 253 artigos e destes, 20 foram selecionados, pois continham os conteúdos de interesse dessa pesquisa. 

Foram descartados artigos que não fossem ao encontro da temática proposta, que não contivessem conteúdos relevantes para os objetivos propostos, que não estivessem completos eletronicamente e artigos que não cumpriam o requisito de serem publicados nos últimos 5 anos. Para elucidar a estratégia de busca e os critérios de exclusão dos artigos, foi elaborado um fluxograma que descreve as etapas do processo de triagem realizado para alcançar a seleção dos estudos primários.

Figura 1 – Fluxograma PRISMA do processo de identificação e seleção dos artigos para a revisão de literatura sobre bronquiolite em crianças com histórico de prematuridade eimunização passiva com anticorpo monoclonal.

Fonte: Elaboração própria

3  RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Neste capítulo abordaremos a análise e apresentação dos resultados obtidos na busca dos artigos selecionados. Na próxima página, você encontrará um resumo tabular que contém informações sobre os números dos artigos, seus títulos, objetivos, resultados, os nomes dos autores e os anos de publicação dos artigos que foram utilizados para elaborar esse estudo.

Após análise em base de dados utilizando os descritores desta pesquisa e leitura reflexiva para desfecho do estudo e alcance dos objetivos propostos, o presente estudo foi organizado em 3 pilares do saber que se descrevem a seguir:

3.1 A fisiopatologia da infecção pelo vírus sincicial respiratório relacionado a prematuridade. 

A bronquiolite aguda é um diagnóstico comum que leva à hospitalização de crianças, sendo frequentemente causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR). Essa condição tende a ocorrer em surtos durante os meses de outono e inverno. Existem grupos de crianças com maior risco de sofrer complicações graves ou até mesmo de não sobreviver, como recém-nascidos prematuros, aquelas com cardiopatias congênitas, doenças pulmonares crônicas, imunodeficiência, desnutrição, entre outros (CARAVALHO et al, 2007).

Em bebês com menos de seis meses de idade, especialmente os prematuros, aqueles com doença pulmonar crônica devido à prematuridade e os que têm problemas cardíacos, são os grupos mais propensos a desenvolver infecções respiratórias graves, que requerem hospitalização em 10% a 15% dos casos. Nesse grupo, a gravidade das doenças respiratórias está relacionada a diversos fatores, incluindo um sistema imunológico ainda em desenvolvimento, uma transferência reduzida de anticorpos da mãe, vias aéreas mais estreitas e uma série de outros desafios, como baixa reserva de energia, desmame precoce, anemia, infecções recorrentes e o uso de corticoides. Esses fatores tornam esses bebês mais suscetíveis à ação do vírus sincicial respiratório (VSR) (SANTOS et al, 2023).

Uma vez que a bronquiolite é uma enfermidade causada por vírus respiratórios, seus sintomas inicialmente se assemelham aos de um resfriado comuns, incluindo congestão nasal, variações de irritabilidade, tosse, febre e recusa 

Quadro 1. Distribuição dos artigos: descritor, título, autor(es), ano de publicação, objetivo e recomendação sobre bronquiolite em crianças com histórico de prematuridade e imunização passiva com anticorpo monoclonal.

DescritorTítuloAutor(es)Ano de publicaçãoObjetivoRecomendação ou Conclusões
01  (palivizumabe) AND (prematuridade) AND (vírus sincicial)  Conhecimento dos enfermeiros neonatologistas sobre o uso do anticorpo monoclonal palivizumabe.      OLIVEIRA et al  2023  O objetivo desta pesquisa foi apreender o que os enfermeiros atuantes em neonatologia conhecem sobre o anticorpo monoclonal Palivizumabe.  Sugere-se que os gestores busquem, junto aos profissionais, estratégias para o alcance de um maior conhecimento, não somente para os responsáveis pela aplicação, mas, para toda a equipe de saúde envolvida na aplicação do Palivizumabe, e que mais pesquisas sejam realizadas com o intuito de captar o conhecimento não só do enfermeiro, mas de toda a equipe responsável pelo anticorpo monoclonal Palivizumabe.
02  (palivizumabe) AND (prematuridade) AND (vírus sincicial)  Imunoprofilaxia do vírus sincicial respiratório com palivizumabe em crianças em hospital da zona sul de São Paulo.  LIMA et al  2020  Analisar através de um estudo observacional, prospectivo, as crianças com o risco de infecção grave por VSR que receberam palivizumabe de acordo com os critérios clínicos estabelecidos no Protocolo Federal da Portaria de n° 522 de 13 de maio de 2013.  É indicada à implantação de um protocolo de monitoramento de pacientes em uso de palivizumabe. Essa ferramenta é essencial para padronização de procedimentos e trouxe um aumento significativo da qualidade e produtividade do processo no hospital em suas diferentes etapas.
03  (Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)Avaliação das intercorrências respiratórias em coorte de prematuros não contemplados com o anticorpo monoclonal palivizumabe  BONATI et al  2022  Investigar intercorrências respiratórias no primeiro ano de vida de prematuros não contemplados com anticorpo monoclonal palivizumabe.  Deve-se investir em estratégias, na atenção básica, que viabilizam contato próximo do prematuro e de sua família, como a visita domiciliar, os atendimentos no primeiro ano de vida, o apoio e o incentivo ao aleitamento materno, consistem em potência para minimizar ocorrências como a hospitalização, a possibilidade de tratamento intensivo e as complicações decorrentes de acometimentos respiratórios nos prematuros, quando fora do protocolo para receber o PVZ.
04  (Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)Tendência temporal das hospitalizações por bronquiolite aguda em lactentes menores de um ano no brasil entre 2008 e 2015    TUMBA et al  2020  Avaliar a tendência de hospitalização por bronquiolite aguda (BA) em lactentes menores de um ano de idade nos últimos oito anos no Brasil e, secundariamente, após a implementação do programa de imunização por palivizumabe.  Os fatores cesarianas e prematuridade, junto à aglomeração do sistema de urbanização do Brasil, podem ter contribuído para o aumento da incidência de hospitalização por BA nos últimos anos. O que revela a importância da implementação do programa de imunização por palivizumabe, uma vez que, a incidência de hospitalizações de BA apresentou declínio um ano após a implementação de palivizumabe.
05(Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)O palivizumabe na prevenção do vírus sincicial respiratório em prematuros com menos de 32 semanas.RICHTMANN2022Apresentação de estudo de caso sobre carga da doença relacionada ao VSR em prematuros.O custo deste RN com bronquiolite para o convênio, seguramente este foi superior, ao uso preventivo do palivizumabe.
06(Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)Bronquiolite viral: aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e manejo terapêutico.DE SOUZA E SILVA2023O objetivo deste artigo é reunir     informações, mediante              análise   de estudos recentes, acerca dos aspectos inerentes à BV, sobretudo os aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e o manejo terapêutico. É necessário que os profissionais da saúde estejam sempre atentos em relação aos sinais que indiquem necessidade de internação dos pacientes, além de prezarem sempre por métodos de prevenção da doença.
07(Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)Morbiletalidade por bronquite e bronquiolite aguda em crianças menores de um ano:  estudo nacional de série histórica, 2013 -2022  SANTOS et al2023Analisar a taxa de internação em crianças menores de um ano com bronquite e brônquio lite aguda, além de correlacionar com a taxa de letalidade associada, comparando as taxas das diferentes regiões brasileiras, entre os anos de 2013 e 2022.  sugere-se o desenvolvimento de pesquisas subsequentes que contribuam para otimização das estratégias de saúde, como a educação em saúde, a fim de se evitar novos casos de internações e óbitos por bronquite e bronquiolite aguda em crianças menores de um ano, além de novas pesquisas para compreensão das possíveis causas do aumento nas taxas de internação e letalidade após 2020.  
08(Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)Impacto da pandemia por covid- 19 na epidemiologia da bronquiolite viral aguda em uma unidade de emergência pediátrica no Sul do Brasil  HYPOLITO, ELISA GIRARD2023Avaliar as características epidemiológicas e clínicas da BVA em crianças menores de dois anos admitidas em sala de emergência pediátrica em um hospital terciário da região Sul do Brasil, durante a pandemia da covid-19. MetodologiaA pandemia da covid-19 causou impacto no diagnóstico etiológico da BVA. O VSR sempre foi o vírus com maior prevalência na bronquiolite; porém, no ano de 2020, não houve nenhum caso de BVA por VSR, e, apenas em 2021, com a flexibilização das medidas de mitigação realizadas devido à pandemia da covid-19, o VSR voltou a ser o agente mais prevalente.Os resultados deste estudo indicam, então, que as BVAs durante a pandemia não tiveram apresentações clínicas mais graves do que no período pré-pandêmico.
09(Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)A eficácia da profilaxia com Palivizumab para infecções agudas pelo vírus sincicial respiratório em populações de risco: uma revisão de literaturaMENAM et al2022Analisar os desfechos com o uso do palivizumab, critérios de elegibilidade e a quantidade de doses avaliando sua eficácia na prevenção de infecções respiratórias pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR).A infecção por VSR pode ser fatal nas populações mais vulneráveis às suas complicações e necessita de uma profilaxia já que não há tratamento ou vacinas disponíveis. Dessa forma, foi observada uma alta eficácia do palivizumab no que diz respeito à redução dessas complicações, a curto e longo prazo, relacionadas à infecção por VSR, assim como um adequado número de doses aplicadas n os períodos de sazonalidade do vírus.  Cabe aos profissionais da saúde orientar os responsáveis sobre os benefícios do PVZ, assim como a importância da aplicação das injeções no tempo certo.
10(Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)Análises dos aspectos clínicos e epidemiológicos da Síndrome Respiratória Aguda Grave no BrasilCARVALHO et al2021Descrever os casos e óbitos por SRAG no Brasil nos últimos oito anos e explorar mudanças na distribuição e no risco de adoecer e morrer por SRAG, antes e durante a pandemia de COVID-19.Ressalta-se a necessidade de políticas públicas destinadas à redução das desigualdades sociais e ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde, da sua rede assistencial e da vigilância em saúde, com ênfase para a vigilância dos vírus respiratórios.
11(Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)A incidência da bronquiolite em pacientes pediátricos de 0 a 2 anos no Estado de São PauloREDIS et al2022Compreender o cenário epidemiológico da incidência da bronquiolite em pacientes pediátricos de 0 a 2 anos no Estado de São Paulo.A maior incidência de bronquiolite em pacientes pediátricos de 0 a 2 anos no Estado de São Paulo, se dá pelos fatores climáticos, prematuridade e exposição a agentes químicos aumentando o risco de morbimortalidade. É necessário medidas de prevenção socioeconômicas, ambientais e sanitárias para prevenir o agravo de bronquiolite em lactentes.
12(Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)Respiratory syncytial virus in Brazilian infants – Ten years, two cohortsWOLLMEISTER et al2018Comparar duas coortes de lactentes com BVA, da mesma região, em um intervalo de dez anos, quanto a fatores epidemiológicos e etiologia viral. O presente estudo considera que a virologia e a imunologia devem ser considerados através do estudo de variantes genéticas e da maturação do sistema imunológico na BVA por VSR ou outros vírus.
13(Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)A Systematic Literature Review of the Burden of Respiratory Syncytial Virus and Health Care Utilization Among United States Infants Younger Than 1 Year.SUH et al2022Analisar a carga e a utilização dos cuidados de saúde (HCU) do vírus sincicial respiratório (RSV) em crianças dos EUA com idade <1 ano em todos os ambientes de saúde não estão bem caracterizadas.  Estudos adicionais de alta qualidade precisam ser realizados para compreender a carga completa da doença causada pelo VSR entre todas as populações infantis dos EUA (incluindo bebês saudáveis e prematuros tardios até bebês nascidos a termo) e em todos os ambientes de cuidados de saúde.  
14(Prematuros AND Bronquiolite AND Anticorpos)Respiratory Syncytial Virus and All-Cause                    Bronchiolitis Hospitalizations Among Preterm Infants Using the Pediatric Health Information System (PHIS).FERGIE et al2022Comparar a carga de hospitalizações por VSR (RSVH) e hospitalizações por bronquiolite (BH) por todas as causas antes e depois de 2014 entre bebês saudáveis de 29 a 34 anos de idade gestacional hospitalizados com ≤6 meses de idade.  Avaliações contínuas e sistemáticas de RSVH/BH do conjunto de dados PHIS são necessárias para examinar melhor como as revisões da imunoprofilaxia AAP para RSV orientações afetam a gravidade da doença por VSR e a utilização de cuidados de saúde para 29-34 crianças com idade gestacional.
15(Prematuros AND Bronquiolite AND “Anticorpos monoclonais”)Cardiorespiratory Events After Monoclonal Antibody Prophylaxis With Palivizumab  TENENBAUM et al2018Avaliar o risco de eventos cardiorrespiratórios após administração recorrente de Palivizumab detalhadamente.  Com base nos dados revisados, não há informações suficientes para avaliar a associação de eventos cardiorrespiratórios após a administração de Palivizumabe.  
16(Prematuros AND BronquioliteOs benefícios da palivizumabe ao evitar hospitalização de prematuros e crianças emSILVA et al2022 Avaliar através de evidências disponíveis eficácia da profilaxia comConfirmam     a    eficácia     da     profilaxia     com Palivizumabe, diminuindo o risco de internação em hospital de hospital de alta complexidade,
 AND “Anticorpos monoclonais”)hospital de alta complexidade  Palivizumabe.um dos estudos observaram um aumento no risco de internação em 30% quando houveram falhas na administração do anticorpo monoclonal, outro já demonstrou uma diminuição de 65,4% no risco de internação quando houve uma implantação de um plano de profilaxia com Palivizumabe.
17(Prematuros AND Bronquiolite AND “Anticorpos monoclonais”)Recent        Trends       in        RSV Immunoprophylaxis:          Clinical Implications for the InfantACERO- BEDOYA et al2019Avaliar as estratégias mais económicas que poderiam ajudar a aliviar os encargos sanitários e financeiros associados à doença grave por VSR.  A imunoprofilaxia passiva ainda será necessária e complementará a estratégia de vacinação materna. Entretanto, o desenvolvimento dessa profilaxia representa um avanço promissor para a prevenção do VSR fornecendo maior eficácia e, ao mesmo tempo, melhorando potencialmente adesão do paciente, uma vez que serão necessárias menos doses. Comprovando sua relação custo-benefício.
18(Prematuros AND Bronquiolite AND “Anticorpos monoclonais”)RSV Prevention in All Infants: Which Is the Most Preferable Strategy?  ESPOSITO S et al2022 O objetivo desta revisão é explorar diferentes abordagens de imunização para proteger todas as crianças contra o VSR.  As estratégias de prevenção incluem imunização materna, imunização de crianças com vacinas, imunização de crianças com mAbs licenciados (palivizumab) e imunização de crianças com mAbs de acção prolongada. Concluímos que, com base nos dados atuais, a imunização de crianças com mAbs de ação prolongada pode representar a abordagem mais eficaz para proteger todas as crianças que entram na sua primeira temporada de VSR, independente da prematuridade.
19(Prematuros AND Bronquiolite AND “Anticorpos monoclonais”)Variation in clinical practice guidelines for use of palivizumab in preventing severe respiratory syncytial viral (RSV) disease in high-risk infants STIBOY et al2023Determinar as práticas clínicas em torno do palivizumabe na Austrália e da Nova Zelândia.A padronização dos protocolos pode melhorar a tomada de decisões clínicas sobre o uso de palivizumabe em bebês de alto risco.
20(Prematuros AND Bronquiolite AND “Anticorpos monoclonais”)Sazonalidade climática e doenças das vias respiratórias inferiores: utilização de modelo preditor de hospitalizaçõesXAVIER et al2019Analisar a sazonalidade climática das doenças respiratórias em crianças de 0 a 9 anos e apresentar um modelo para previsão deFoi elaborado um modelo preditor baseado em modelos sazonais da família SARIMA, para estimar o número de internações por pneumonia, bronquite/bronquiolite e asma, após verificação de similaridades em relação à sazonalidade das
  pediátricas    internações hospitalares para os anos de 2021 a 2022.doenças e de variáveis meteorológicas, corroborando a influência climática na incidência dessas doenças.  

Fonte: Elaboração própria

da alimentação. Após aproximadamente um ou dois dias, a condição progride para causar desconforto respiratório, tosse intensa, aumento da frequência respiratória (taquipneia) e chiado no peito (sibilância). Além disso, em alguns casos, podem surgir sintomas mais severos, como sonolência devido à troca gasosa insuficiente, gemidos, coloração azulada da pele (cianose) e até pausas na respiração (apneias) (SBP, 2017).

O vírus sincicial respiratório (VSR) é o culpado por uma grande parcela das BV, variando de 41,7% a 83,6%, dos casos de bronquiolite viral aguda (BVA) globalmente. No contexto brasileiro, o VSR é identificado como a causa de hospitalização em 31,9% a 64% dos pacientes com BVA (LIMA et al, 2020).

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) pertence à família Paramyxoviridae, sendo classificado como um pneumovírus. Seu genoma é composto por uma única cadeia de RNA de sentido negativo e encontra-se envolvido por uma bicamada lipídica. Na sua estrutura, são encontradas as glicoproteínas F, que desempenham um papel crucial na ligação do vírus e na mediação do processo de fusão com as membranas celulares do hospedeiro, resultando na formação de sincícios. Adicionalmente, a proteína G desempenha um papel fundamental na adesão entre o vírus e a célula hospedeira (HUANG et al., 2010).

Existe apenas um tipo do vírus sincicial respiratório (VSR), que é subdividido em dois principais subtipos antigênicos, A e B. A infecção tem início no revestimento da garganta e nariz (epitélio nasofaríngeo) e se espalha rapidamente para as vias respiratórias inferiores, onde sua replicação é mais eficaz nos bronquíolos terminais. Após a infecção se estabelecer, ocorre a morte das células epiteliais, expondo as fibras nervosas associadas à sensação de tosse. Em seguida, há uma mudança na composição das células inflamatórias, com predominância de linfócitos e monócitos, o que aumenta a permeabilidade dos vasos sanguíneos microscópicos e leva ao inchaço da camada abaixo da mucosa (BARALDI et al., 2014).

A transmissão do VSR ocorre através do contato direto com secreções respiratórias de indivíduos infectados ou por meio de superfícies ou objetos contaminados. A infecção ocorre quando o material infectado entra no organismo através das membranas mucosas dos olhos, boca e nariz, ou quando se inala gotículas resultantes de tosse ou espirro. É importante observar que o VSR tem uma vida útil de menos de 1 hora nas mãos, mas em superfícies duras e não porosas, como o estetoscópio, pode permanecer viável por cerca de 24 horas (BRASIL, 2023).

A bronquiolite aguda causada pelo VSR resulta da infecção e inflamação da mucosa respiratória. Os sintomas clínicos que indicam obstrução das vias aéreas inferiores são causados pela obstrução parcial das vias aéreas distais. A análise histológica revela a presença de necrose no epitélio respiratório, inflamação monocitária acompanhada de inchaço nos tecidos ao redor dos brônquios e obstrução das vias aéreas distais devido ao acúmulo de muco e fibrina. Bebês são mais suscetíveis à bronquiolite aguda devido ao tamanho reduzido das vias aéreas distais e à falta de imunidade ativa contra o VSR e outros vírus respiratórios (DE SOUZA et al, 2023).

A infecção viral leva à multiplicação do vírus nas células do revestimento dos bronquíolos, resultando em inflamação e acúmulo de detritos celulares que obstruem as vias aéreas. Isso causa problemas respiratórios, como dificuldade para respirar, chiado e afeta as trocas gasosas nos pulmões. Não há um tratamento definitivo para esta doença, mas o manejo inclui a administração de oxigênio, hidratação, medicamentos como broncodilatadores, epinefrina, fisioterapia respiratória e outros. Além disso, como medida preventiva, é recomendada a administração de anticorpos monoclonais, como o palivizumab, em determinados grupos de crianças de alto risco (TUMBA et al, 2020).

 A infecção pelo VSR segue um padrão sazonal, sendo mais comum durante o outono e o inverno. No entanto, devido ao clima tropical do Brasil, essa sazonalidade varia de estado para estado. Isso significa que a prevalência e a incidência da infecção podem começar em momentos diferentes e persistir por períodos variados em diferentes regiões do país (BRASIL, 2013).

 Em períodos sazonais, ele é responsável por uma parcela considerável das bronquiolites (até 75%) e das pneumonias (40%). Entre os lactentes com menos de seis meses de idade, em particular prematuros, aqueles com doença pulmonar crônica de origem prematura e crianças cardiopatas, existe um grupo de maior risco para infecções respiratórias graves, que podem resultar em hospitalização em 10% a 15% dos casos, devido ao desconforto respiratório agudo. Como não existe uma terapêutica específica capaz de encurtar o período de infecção ou resolver os sintomas, o tratamento predominante é baseado em medidas de suporte (CONITEC, 2023).

No estudo epidemiológico apresentado por SANTOS, é possível observar resultados referentes a prevalência da bronquiolite no Brasil de acordo com as suas regiões. Ao longo dos últimos anos a prevalência foi mantida ou aumentou gradativamente e em 2020 reduziu drasticamente, foi então que em após o acometimento da pandemia da COVID- 19, as taxas de internação aumentaram novamente, sendo que no ano de 2022 atingiu a maior média nacional de 1,89%. JÁ a letalidade da bronquiolite aguda em crianças menores de um ano, por região do país, entre 2013 e 2022, é possível observar que o Norte se destaca como a região com as maiores taxas de letalidade (0,19%- 0,74%), seguido da região Nordeste (0,09%-0,41%), Sudeste (0,12%-0,31%), Centro-Oeste (0,09%-29%) e Sul (0,09%- 0,17%) (SANTOS et al, 2023).

3.2 Formas de prevenção com ênfase na administração do anticorpo monoclonal.

A prevenção da bronquiolite viral em pacientes pediátricos abrange principalmente dois aspectos: medidas de prevenção ambiental e medidas farmacológicas. Portanto, ações de higiene, especialmente durante os primeiros anos de vida, desempenham um papel fundamental na redução do risco de infecção, dado o alto potencial de transmissão, principalmente através de gotículas de saliva e superfícies contaminadas. A prevenção ambiental envolve práticas como lavagem frequente das mãos com soluções à base de álcool, a limpeza de superfícies sólidas usando água e desinfetantes, a evitar aglomerações e a exposição de crianças a ambientes com fumo passivo (SMITH et al, 2014).

A literatura revela que em bebês hospitalizados devido ao VSR, a principal fonte de infecção geralmente é o irmão mais velho ou os pais do bebê. Portanto, é aconselhável que creches e escolas implementem políticas destinadas a prevenir a propagação de infecções. Isso pode incluir medidas como incentivar a lavagem das mãos, estabelecer diretrizes para a desinfecção de brinquedos e outros objetos que podem atuar como veículos de transmissão. Além disso, é crucial enfatizar a importância do aleitamento materno e evitar a exposição de bebês e crianças ao tabagismo passivo (PAES et al, 2011).

Quanto à prevenção por meio de medicamentos, o principal tratamento recomendado é o uso de Palivizumabe. Este medicamento é um anticorpo monoclonal humanizado eficaz contra a proteína do VSR e é indicado para lactentes de alto risco, como recém-nascidos prematuros, aqueles com displasia broncopulmonar (DBP) ou cardiopatia congênita. A administração do Palivizumabe deve ser realizada durante o período epidêmico do VSR, em até 5 doses mensais, com uma dose de 15mg/kg, por via intramuscular. (CABALLERO et al, 2017). 

Segundo CONITEC (2023), no ano de 2012, atendendo a uma solicitação da Justiça Federal da 4ª região no Rio Grande do Sul, foi conduzida uma avaliação da viabilidade de incorporação e utilização do Palivizumabe no Sistema Único de Saúde (SUS). Durante a 7ª reunião ordinária da Conitec, surgiu a recomendação de incorporar o medicamento para prevenção de infecções pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em duas categorias: lactentes com idade gestacional (IG) igual ou inferior a 28 semanas e crianças de até 2 anos com doença pulmonar crônica ou cardiopatia congênita com comprovação de impacto hemodinâmico. Em novembro de 2012, a Portaria nº 53 estabeleceu a inclusão do Palivizumabe no rol de medicamentos disponíveis no SUS. Já em 2018, ocorreu a publicação de uma atualização do protocolo de utilização do Palivizumabe para a prevenção de infecções pelo VSR.

O Palivizumabe, comercializado como Synagis®️, é um anticorpo monoclonal IgG1 humanizado usado para tratar infecções respiratórias causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Ele é composto principalmente por aminoácidos humanos (95%) e uma pequena porção de origem murina (5%). Sua ação envolve a ligação à glicoproteína F do VSR, impedindo sua interação com receptores celulares, inibindo sua replicação e propagação (ABBVIE FARMACÊUTICA LTDA, 2023).   Esse medicamento é indicado para prevenir formas graves da doença, sendo direcionado a grupos de alto risco, conforme especificações no Quadro 2 (SBP,2017).

Quadro 2– Recomendações para imunização com Palivizumabe.

Imunização altamente recomendada:
1. Crianças menores de dois anos, com displasia broncopulmonar com tratamento nos seis meses anteriores ao início da estação viral;  
2. Prematuros com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas, sem displasia broncopulmonar com
idade até 12 meses;  
3. Crianças menores de dois anos com cardiopatia congênita cianótica ou cardiopatias com hipertensão pulmonar grave ou em tratamento para insuficiência cardíaca.  
Imunização recomendada:
4. Crianças com idade gestacional entre 29 e 32 semanas sem displasia broncopulmonar com idade até seis meses ao início da estação viral;  
5. Prematuros nascidos com idade gestacional entre 33 e 35 semanas e que apresentem dois ou mais outros fatores de risco.
6. Lactentes que apresentem fatores de risco (prematuridade, displasia broncopulmonar, cardiopatia congênita cianótica/com hipertensão pulmonar) de acordo com o fator de risco, a necessidade de terapêutica para a morbidade que caracteriza o risco e a idade da criança durante a estação viral.  

 Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (2017)

A administração é intramuscular, na dose de 15mg/kg/dia, a cada 30 dias, durante a sazonalidade do VSR. Geralmente, cinco doses asseguram proteção ao longo de toda a temporada (ANVISA, 2011). Considera-se que a proteção adequada pode ser alcançada com cinco doses anuais do imunobiológico. No entanto, é relevante notar que a época em que o vírus está mais ativo pode variar dependendo da localização geográfica. Portanto, cada estado tem a liberdade de determinar o momento mais apropriado para começar a aplicação do imunobiológico, levando em conta as características climáticas específicas e as investigações epidemiológicas locais (SBP, 2017).

 Segundo a Nota Técnica conjunta 05/2015 do Ministério da Saúde, no Brasil a sazonalidade do VSR é definida conforme a região do país, e a profilaxia com palivizumabe deve ser iniciada um mês antes do início da estação. A sazonalidade no Norte do país ocorre de fevereiro a junho, e o período de aplicação do anticorpo de janeiro a junho. No Nordeste a sazonalidade ocorre em março a julho, e aplicação de fevereiro a Julho; no Centro Oeste a sazonalidade é de  março a julho, e a aplicação de  fevereiro a Julho; no Sudeste  temos a sazonalidade de março a julho e a aplicação do anticorpo inicia em fevereiro; já no Sul do país, a sazonalidade é de  abril a agosto, como protocolos de aplicação do anticorpo de  março a agosto (BRASIL, 2015).

Contudo, é crucial manter a vigilância sobre o correto uso do medicamento Palivizumabe. Esse tratamento deve ser administrado de forma consistente durante cinco meses consecutivos, começando um mês antes da temporada de risco. É importante observar que cada criança pode receber no máximo cinco doses mensais de Palivizumabe, garantindo assim a segurança e eficácia do tratamento, promovendo sua proteção (CONITEC, 2018).

A revisão de literatura apresentada por LIMA evidenciou que durante cinco temporadas em que o VSR estava ativo, um grupo de 925 crianças foi acompanhado, e foi observado que 841 delas aderiram ao tratamento com Palivizumabe. Dentro desse grupo, somente 75 crianças precisaram ser hospitalizadas, e apenas 17 delas tiveram resultado positivo para o VSR. Isso representa uma redução significativa nas hospitalizações devido à infecção pelo

VSR, passando de 9,23% na temporada 2012-2013 para 0,67% na temporada 20162017, comprovando ainda mais a eficácia da medicação (LIMA et al, 2022).

3.3 O protagonismo da Enfermagem no processo de identificação dos fatores de risco para bronquiolite e atuação nas ações de prevenção.

O trabalho de Santos et al (2020), demonstra como as estratégias de assistência da enfermagem, baseadas em evidências são eficazes na prevenção da bronquite e atuam de maneira direta na melhoria da saúde respiratória da população. Além disso, a enfermagem desempenha um papel fundamental na promoção de estilos de vida saudáveis. Através de campanhas educacionais, consultas de enfermagem e intervenções comunitárias, esses profissionais podem incentivar práticas como a cessação do tabagismo, a vacinação contra infecções respiratórias e a adoção de hábitos alimentares saudáveis. 

Para garantir a eficácia do anticorpo na prevenção do VSR, é crucial que os profissionais de saúde estejam bem informados e capacitados para seguir o protocolo de administração. Isso se aplica especialmente aos enfermeiros, responsáveis pela preparação e aplicação do medicamento, bem como pela orientação aos pais e cuidadores sobre seu uso e os cuidados com a criança após a administração. Portanto, é fundamental que todos os profissionais envolvidos no atendimento a crianças de alto risco estejam familiarizados com o anticorpo e seu protocolo de uso para garantir sua efetividade desejada (OLIVEIRA et al, 2023).

STÜRMER em seu estudo de caso, elabora um plano de enfermagem específicos para cuidados com pacientes com BV. Destaca-se mudar a posição da criança a cada duas horas para evitar problemas de pressão; Ouvir os sons dos pulmões a cada oito horas e aumentar a frequência se houver mudanças na respiração; Identificar e abordar possíveis causas de comportamento desorganizado na criança, como dor, cansaço, problemas de sono, ou alimentação; Certificar-se de que a criança esteja bem hidratada para ajudar na eliminação de secreções; Manter a umidade do ar adequada para a respiração; Administrar medicamentos para suprimir a tosse conforme prescrito pelo médico; Reduzir o risco de infecções no quarto através da lavagem cuidadosa das mãos e técnicas assépticas; Monitorar o uso de antibióticos e minimizar o tempo no hospital para reduzir a suscetibilidade a infecções; Informar e tranquilizar a família sobre a condição geral da criança para reduzir a ansiedade; Organizar procedimentos de forma a causar o mínimo de perturbações durante o sono da criança (STÜRMER et al ,2012).

O processo de enfermagem é uma valiosa abordagem metodológica que apoia o cuidado profissional das práticas de enfermagem referentes ao cuidado da criança prematuras com BV. Essencialmente, a SAE assegura a qualidade e eficácia dos cuidados prestados, com foco no bem-estar do paciente. Esta metodologia consiste em várias etapas, incluindo a coleta de informações, a identificação de diagnósticos de enfermagem, o planejamento de ações, a implementação do plano e a avaliação dos resultados (ARGENTA et al, 2020).

É importante destacar que a enfermagem possui diversas responsabilidades na prestação de cuidados a bebês com bronquiolite viral aguda (BVA) ou infecções respiratórias agudas,  podemos destacar a identificação dos diagnósticos de enfermagem apropriados, a colaboração na execução das ordens médicas, a instauração de medidas de isolamento quando necessário, a manutenção de vigilância constante, incluindo a oximetria de pulso, e a gestão do balanço hídrico, entre outras ações essenciais ( SBP, 2011).

4  CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A análise dos dados nos permite constatar que as ações que visam o protagonismo da enfermagem na identificação dos fatores de risco para bronquite e na atuação nas ações de prevenção é um componente essencial da promoção da saúde respiratória dos pacientes prematuros. A identificação dos fatores de risco como, recém-nascidos prematuros, aquelas com cardiopatias congênitas, doenças pulmonares crônicas, imunodeficiência e desnutrição, favorecem a eficácia da profilaxia do anticorpo monoclonal.

A enfermagem atua diretamente na prevenção da bronquiolite em pacientes pediátricos, sejam nas medidas de prevenção ambiental ou medidas farmacológicas. Os processos de educação em saúde que visam a redução da incidência da bronquiolite devem ser elaborados de acordo com evidências científicas. Face ao exposto que a intervenção de enfermagem deve ser direcionada ao fator preventivo ou, quando isso não for possível, aos sinais e sintomas da bronquiolite. 

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