ASPECTO EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE NO ESTADO DO TOCANTINS NO ANO DE 2022: ESTUDO DESCRITIVO

ASPECTO EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE NO ESTADO DO TOCANTINS NO ANO DE 2022: ESTUDO DESCRITIVO

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10049404


Priscila Santos de Sousa1
Pedro Henrique Peres Roriz2


RESUMO

A hanseníase é uma doença crônica que atinge pele e nervos e que possui uma alta taxa de incidência no Estado do Tocantins, Brasil. O objetivo do presente trabalho é reconhecer e delinear o aspecto epidemiológico de todos os casos de Hanseníase notificados no estado do Tocantins no ano de 2022. O artigo é uma pesquisa que evidencia de forma descritiva e possui característica quantitativas do perfil epidemiológico da hanseníase, por meio de análise de dados coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). No ano de 2022, os resultados evidenciam que há um maior predomínio no sexo masculino, sendo a maioria da raça parda, apresentando a forma clínica Dimorfa da doença e com pessoas de baixo nível de escolaridade. Perfis epidemiológicos e notificações são essenciais para controlar efetivamente a ocorrência da doença e realizar novos estudos e pesquisas sobre o tema, revelando novas estratégias e ações de cuidado, incluindo qualidade e agilidade no processo de tratamento. A assistência de enfermagem ao paciente diagnosticado com hanseníase é fundamental para a continuidade do tratamento. 

Palavras chave: Enfermagem. Hanseníase. Epidemiologia.

ABSTRACT

Leprosy is a chronic disease that affects the skin and nerves and has a high incidence rate in the State of Tocantins, Brazil. The objective of the present work is to recognize and outline the epidemiological aspect of all cases of Leprosy reported in the state of Tocantins in the year 2022. The article is a research that demonstrates in a descriptive way and has quantitative characteristics of the epidemiological profile of Leprosy, through analysis of data collected from the Notifiable Diseases Information System (SINAN). In the year 2022, the results show that there is a greater predominance of males, with the majority of the mixed race, presenting the Dimorpha clinical form of the disease and with people with a low level of education. Epidemiological profiles and notifications are essential to effectively control the occurrence of the disease and carry out new studies and research on the topic, revealing new strategies and care actions, including quality and agility in the treatment process. Nursing care for patients diagnosed with leprosy is essential for the continuity of treatment.       

Keywords: Nursing. Leprosy. Epidemiology.

1. INTRODUÇÃO

            A hanseníase é uma doença causada pelo Mycobacterium leprae, nutre-se de um processo infeccioso crônico de culminante extensão em diversos países do mundo. A propensão pela pele e nervos periféricos inflige características típicas a esta enfermidade, fazendo com que seu diagnóstico seja simples. A doença antes conhecida como lepra, foi renomeada por conta do estigma ligado a palavra1. Em 1995, foi definido pela Lei nº 9.010, que o termo lepra e seus provenientes não deveriam ser empregados nos apontamentos oficiais da União, dos estados e municípios2.

A doença apresenta-se em quatro formas clínicas: a virchowiana e tuberculóide que são formas imutáveis, e as formas indeterminadas e dimórficas3. A transmissão acontece quando na forma infectante, uma pessoa com hanseníase sem tratamento, elimina o bacilo por meio do espirro, tosse ou fala, infectando assim outras pessoas suscetíveis, a infecção acomete pessoas de qualquer idade e ambos os sexos. No entanto, é necessário um extenso tempo de exposição à bactéria, e mesmo após essa exposição apenas poucas pessoas infectadas adoecem2.

O diagnóstico da doença ocorre por meio de exame físico geral, dermatológico e neurológicos, que auxiliam na identificação de lesões ou áreas de pele com alteração na sensibilidade, no comprometimento de nervos periféricos, ou com alterações motoras ou sensitivas4.

O Brasil é o segundo país apontado com o maior número de casos no mundo, cerca de 94% dos casos notificados na América vêm do Brasil.  No Estado do Tocantins, a hanseníase é avaliada como hiperendêmica, em concordata com as informações do Ministério da Saúde5. No ano de 2022 foram notificados 24.755 casos de hanseníase no Brasil, sendo 1.012 no Tocantins. Por conta de sua alta taxa de incidência, a doença é um problema de saúde pública no país de extrema importância, um agravo de notificação compulsória e investigação obrigatória6.

O tratamento enérgico da hanseníase abrange o uso de terapia específica, cerceamento das reações hansênicas, prevenção da inaptidão física e reabilitação psicossocial e física. A quimioterapia com dapsona, rifampicina e clofazimina apresenta resultados satisfatórios, tornando o controle da moléstia no Brasil plausível7

A atenção básica tem um papel fundamental diante do controle e prevenção da hanseníase, pois é a porta de entrada para que os pacientes possam procurar um diagnóstico precoce e um tratamento adequado. É a enfermagem que através do Processo de Enfermagem consegue acolher e sanar todas as dúvidas sobre o tratamento e fornecer ajuda psicológica para o enfretamento da doença8.

2. REFERENCIAL TEÓRICO 
2.1 Contexto histórico e epidemiológico da Hanseníase  

A discriminação e o preconceito envoltos da hanseníase estão enraizados desde sua origem. Por conter um nível de contágio alto as sociedades sofreram por muito tempo com esta enfermidade, onde ela causou mutilações, deformidades, internações, indisponibilidades de tratamentos e isolamento compulsório. Todos esses fatos auxiliaram para que várias pessoas doentes fossem excluídas da sociedade por vários séculos7

Onde existem condições sanitárias e socioeconômicas desfavoráveis podem ter ligação direta com a transmissibilidade da doença, mas nenhuma classe social está imune ao contágio.8 A hanseníase se trata de uma doença infectocontagiosa que segue uma evolução crônica. Podendo comprometer nervos e pele, provocando deformidades assim como também incapacidade física permanente9

Quanto a sua transmissão, esta acontece de forma direta, através das vias aéreas superiores, onde a pessoa infectada com a forma multibacilar elimina o bacilo para o meio externo onde contamina outras pessoas. Com isso fica claro a necessidade do monitoramento de contatos domiciliares conforme recomenda o Ministério da Saúde, onde a investigação epidemiológica é essencial para detecção de casos possíveis10

De acordo com a portaria de Consolidação MS/GM nº 4, de 28 de setembro de 2017, a hanseníase faz parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública, ficando indispensável o repasse desses novos agravos pelos profissionais da saúde ao SINAN5.

A partir do diagnóstico desses dados coletados fica viável a identificação de modelos de ocorrência da patologia, as regiões com mais vulnerabilidade e as lacunas da vigilância da doença no Brasil. É de extrema importância a exteriorização dessas informações, pois através delas fica possível uma melhor orientação quanto aos meios de prevenção e melhores subsídios para intensificar medidas de controle8

Segundo a OMS, Índia, Brasil e Indonésia, correspondem a 74,5% do total global de novos casos reportados no ano de 2022 no mundo. Nesse mesmo ano o Brasil notificou 24.755 casos, ficando como o segundo país apontado com o maior número de notificações, ainda no mesmo ano, na região norte do país, o Tocantins notificou 1.012 casos de hanseníase segundo o Sinan, com maior predominância do sexo masculino11. Por conta de sua alta taxa de incidência, a doença é um problema de saúde pública no país de extrema importância, um agravo de notificação compulsória e investigação obrigatória.

 A repartição heterogênea da hanseníase no Brasil está interligada à extensão dos terminantes sociais da doença em cada área. A doença é negligenciada e avança com maior constância populações menos privilegiadas, submersas em situações de fragilidade socioeconômica.

Sociedades fincadas em circunstâncias vulneráveis, com qualidades de domicílio e nutrição duvidosas, estão mais propensas a contraírem hanseníase12.

2.2 Transmissão 

A transmissão da hanseníase ainda não é inteiramente manifesta. A via de transmissão principal é a respiratória, que se dá por meio da inalação de pequenas gotas que contém o agente causador, Mycobacterium leprae13

O doente que exibe a forma infectante da enfermidade (multibacilar – MB), encontrando-se sem tratamento, elimina o bacilo pelas secreções nasais, tosses ou espirros, transmitindo-o para outras pessoas que estejam vulneráveis13

A forma de transmissão por contato com a pele e adjacentes não pode ser totalmente excluída. Pois, o bacilo apresenta disposição de contaminar amplo número de indivíduos, mas algumas pessoas tem o sistema imunológico capaz de se defender contra o bacilo13. Entretanto, quando a pessoa doente inicia o tratamento, passa a deixar de transmitir a doença, porém, quem tiver contato prolongado e direto com o paciente tem as chances de se contaminar elevadas. É conhecido que o M. leprae tem extensão genética. Logo, parentes de portadores da hanseníase possuem maior suscetibilidade de adoecer13.

2.3 Formas Clínicas  

As distintas mostras clínicas ocorridas da hanseníase, trazem uma variante em concordata com o retorno que o bacilo Mycobacterium leprae causa ao organismo. 

2.3.1 Hanseníase Virchowiana 

A Virchowiana ou lepromatosa é considerada a forma com um maior índice de contagio e de gravidade, pois é transmitida através via hematogênica. Essa forma expõe lesões Multi Bacilar, proporcionais, hansênicas, secas e eritematosas com áreas indefinidas que alteram a percepção na boca, nas mãos e nós pés, o que corrobora no aumento de lesões e traumas, gerando deformidades na pele14

2.3.2. Hanseníase Indeterminada:

Todos os doentes atravessam essa forma, o que dificulta o diagnóstico. Foram pacientes que tiveram contato os carregadores da hanseníase Multibacilar na forma Virchowiana ou dimorfa. Comumente infecta crianças com menos de 10 anos, ou mais esporadicamente afeta adolescentes e adultos que foram contatos de pacientes com hanseníase15

A lesão ocasionada na pele é paucibacilar, ou seja, uma lesão única, que apresenta área e bordas com distorcia de delimitação, com o aspecto claro, seco e sem elevação, a pele na região afetada não apresenta sudorese, preserva o tato, mas não apresenta sensibilidade a dor e ao calor15

2.3.3 Hanseníase Dimorfa 

Esta individualiza-se, por apresentar variadas manchas na extensão da pele esbranquiçadas ou avermelhadas, com elevação de bordas, mal abalizadas no contorno, ou por diversas lesões demarcadas parecidas à lesão tuberculóide, todavia a borda externa é não é bem definida. Apresenta-se com perda quase que total da sensibilidade, e diminui funções como sudorese14. É corriqueiro existir comprometimento dissimétrico de nervos periféricos, que podem ser aparentes no exame clínico. 

2.3.4 Hanseníase Tuberculóide 

 Nesta forma, a pessoa alcança a destruição dos bacilos de forma espontânea, através da defesa natural do organismo. Do mesmo modo, como na hanseníase indeterminada, a doença pode também infectar crianças. Podendo mostrar-se até mesmo em crianças de colo, e a lesão por sua vez, é um nódulo inteiramente indolor na face ou tronco14

Mais frequentemente, manifesta-se por uma mancha com alteração ao relevo da pele com falta de sensibilidade ou com bordas aumentadas e delimitadas com uma mancha claro no centro. 

2.4 Diagnóstico 

Na maioria das vezes o diagnóstico de hanseníase acontece dentro das unidades básicas de saúde – UBS, proveniente de um dos métodos principais que são utilizados é a identificação de sinais clínicos da patologia16. Nessa avaliação é feito uma investigação a procura de lesões, que na fase inicial podem se apresentar na pele de forma avermelhada, redução ou ausência da sensibilidade no local, decorrentes do comprometimento das terminações nervosas circundantes16

A etapa diagnostica foi definida e caracterizada pelo Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde, onde está busca identificar: alteração de sensibilidade, lesões de pele, comprometimento de nervos, baciloscopia positiva, sendo critério diagnostico a presença de dois ou mais achados clínicos, ou por meio de exames laboratoriais, onde o principal é a reação de Mitsuda. A baciloscopia de pele é feita em região de cotovelos e lóbulo auricular, faz o esfregaço e põe a coloração de Ziehl-Neelsen17

Para se concluir e determinar o diagnóstico é preciso o diagnóstico clínico e laboratorial. Exames que podem auxiliar nesse processo é a ultrassonografia e ressonância magnética, onde busca ver danos neurais. Realizam-se baciloscopias, reação de mitsuda, reação em cadeia da polimerase, histopatologia e reação imunohistoquímica. Quando ocorrem reações hansênicas pode haver modificações bioquímicas e hematológicas também17

2.5 Tratamento e atuação do enfermeiro

É fundamental a atuação do enfermeiro no controle e na prevenção da Hanseníase. O tratamento da Hanseníase é feito por meio de agregação de medicamentos, a poliquimioterapia (PQT) apresentado como Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. E carece de ser iniciado logo depois do diagnosticado, desde que o paciente não apresente alergias aos componentes das formulas medicamentosas18.

O paciente da forma clínica Paucibacilar, irá  receber dose mensal assistida de 600 mg de Rifampicina, e irá tomar 100 mg de Dapsona diariamente em sua residência. O tratamento tem um tempo de 6 meses. Alguns pacientes podem precisar substituir a Dapsona, essa então deverá ser suspendia e  Podendo ocorrer da Dapsona precise ser suspensa, deverá ser trocada pela Clofazimina 50 mg por dia, e o doente receberá também 300 mg dessa mesma medicação uma vez por mês na dose assistida18

O paciente da forma clínica Multi Bacilar por sua vez, irá receber uma dose mensal supervisionada de 600 mg da Rifampicina, 100 mg da Dapsona e 300 mg de Clofazimina. Em casa, dando continuidade ao tratamento, o cliente irá tomar 100 mg da Dapsona e 50 mg da Clofazimina todos os dias. O tratamento dessa forma, é feito com 12 cartelas, ou seja, 12 meses tratando18

Quando o paciente não comparece para a dose supervisionada, uma busca  desse paciente é feita em até no máximo 30 dias, depois de ser acionado o serviço de saúde. Para que o paciente não desista do tratamento é efetivada uma visita domiciliar pela equipe de enfermagem. Essa busca ativa é de extrema importância pois age diretamente do controle e, consequentemente na prevenção da hanseníase, uma vez que concluindo o tratamento o paciente estará curado e não transmitira a doença18

Para promover um tratamento adequado e uma menor taxa de desistência e fazendo com que o paciente dê continuidade, o retorno para a dose supervisionada é agendando com um espaço de tempo de 28 dias, e durante a consulta é esclarecido todas as dúvidas, e realizado um mapeamento entre os familiares e amigos do paciente, para que os mesmo realizem o exame, fazendo assim com que ocorra uma descoberta e um tratamento precoce19

3. METODO

O presente artigo norteia-se de características quantitativas, sistemática, coletados para corroborar uma pesquisa específica, angariando informações numéricas e estatísticas para amparar conjecturas anteriormente sustentadas33.  Um estudo de evidencias descritivas e documentais, pois trata-se da definição das propriedades e inclusões do objeto de pesquisa, tem a finalidade de delinear e perpetrar uma conferência entre as características, recolhendo dados do acontecidos e atuais, alcançando uma ligação20.

 A partir da metodologia utilizado alcançou-se a categorização e o diagnóstico de dados por meio da coleta de casos notificados, com a intenção de abalizar o aspecto epidemiológico da hanseníase no estado do Tocantins no ano de 2022. Desse modo, uma análise desses achados será realizada a partir da sistemática de dados coletados.

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação online foi utilizado como o universo da pesquisa, na base de dados foram coletados dados das notificações compulsórias, que são lançadas diariamente com a intensão de estimular a investigação e detecção precoce, através do SINAN/NET, utilizou-se métodos descritivos e quantitativos para definir o aspecto epidemiológico da hanseníase no estado do Tocantins no ano de 2022. Foram incluídos todos os dados de casos de hanseníase notificados a partir de 2022. 

4. RESULTADO E DISCUSSÃO 

Os resultados apresentados foram coletados dos SINAN/NET,  por meio do processo de inclusão e exclusão dos casos de hanseníase notificados no estado do Tocantins no ano de 2022. A análise dos dados foi meticulosa, a apresentação dos dados coletados  foi perpetrada em formato de tabelas e gráficos. 

Tabela 1 – Número de casos de Hanseníase de acordo com o sexo diagnosticados no ano de 2022, no estado do Tocantins.  

De acordo com a tabela 1, existe uma maior incidência de diagnóstico de hanseníase no sexo masculino, somando-se 618 casos. Enquanto no sexo          feminino         pode-se           observar          374 casos diagnosticados, totalizando 1.012 casos. 

Esse predomínio no sexo masculino é elucidado por uma maior elevada exposição ao bacilo e pelo retardo do homem ao buscar o serviço de saúde, o que delonga um diagnóstico precoce e acresce a precipitação para o aumento de incapacidades físicas21.  

Figura 1 – Quantitativo em percentagem da predominância do sexo em pacientes acometidos por hanseníase no estado do Tocantins no ano de 2022.

 Fonte: Dados coletados no SINAN/NET. 

 Na figura 1, é reforçado o predomínio dos casos diagnósticos em 2020 no Tocantins, no sexo masculino, que apresenta 61%, e o feminino apenas 39%.   

Tabela 2 – Casos de Hanseníase diagnósticos no estado do Tocantins no ano de 2022, de acordo com a raça. 

Fonte: Dados coletados no SINAN/NET. 

Na tabela 2, fica visível que a raça parda tem uma maior predominância de casos de hanseníase com 721 diagnósticos notificados. Logo em seguida, tem-se a raça preta com 161 casos, a branca com 108, indígenas com apenas 5 diagnósticos, e 17 ignorados ou em branco.  Segundo a Fiocruz (2019),  o perfil geral do indivíduo mais vulnerável à hanseníase no Brasil, é  do sexo masculino, que residem nas regiões centro-oeste, norte ou nordeste, com baixa renda mensal, sem nível de escolaridade, que dividem a residência com várias pessoas da família e que são da raça parda ou preta22

Gráfico 2 – Quantitativo em percentagem racial dos casos de hanseníase diagnósticos no Tocantins no ano de 2022.    

A raça parda corresponde a 71% dos casos de hanseníase diagnosticados no estado em 2022, a raça preta por sua vez com 16%, a raça branca com 11%, e ignorados ou em branco com 2%. A um elevado risco de contágio em indivíduos em condição de pobreza, em relação a pessoas com uma renda mensal maior que um salário mínimo.

Tabela 3 – Casos de Hanseníase diagnósticos no estado do Tocantins no ano de 2022, de acordo com a forma clínica. 

 A partir dos dados expostos na tabela, verifica-se que a forma clínica Dimorfa apresenta o maior número de diagnósticos com 642, a forma Indeterminada com 116 apenas um caso a menos que a forma Virchowiana, a Tuberculóide com 44 casos, e as formas não classificadas, ignoradas ou em branco com 93 notificações. 

Gráfico 3 – Quantitativo em percentagem dos casos de Hanseníase diagnósticos no estado do Tocantins no ano de 2022,      de           acordo com       a             forma    clínica.

                A forma clínica de maior incidência é a Dimorfa 63%, seguida da Virchowiana e da Indeterminada com     12%,    as         formas            não classificadas, ignoradas ou em branco com 9%, e a Tuberculóide com 4%.

Tabela 4 – Casos de Hanseníase diagnósticos no estado do Tocantins no ano de 2022, de acordo com a escolaridade. 

Gráfico 3 – Quantitativo em percentagem dos casos de Hanseníase diagnósticos no estado do Tocantins no ano de 2022, de acordo com a escolaridade.

Fonte: Dados coletados no SINAN/NET. 

 De acordo com o gráfico, os casos ignorados ou em branco compõem o maior número de casos com 22%, um conhecimento preocupante que adverte que muitos dados sobre a doença não estão sendo repassados ao SINAN/NET, mesmo a hanseníase se apresentando com um dos maiores agravos da atualidade.  A população que concluiu o ensino médio ficou 19%, em seguida, os não concluintes da 4º série com 15%. 

 A baixa escolaridade está diretamente ligada as dificuldades de aderência ao tratamento. A educação tem um papel importante, pois contribui e auxilia na compreensão do processo saúde e doença, e age como um subsídio informativo para que ocorra uma procura rápida caso exista qualquer sinal e sintoma da enfermidade, ocasionando assim, tanto a prevenção, como também o diagnóstico precoce23

5. CONCLUSÃO 

 A hanseníase é uma enfermidade crônica e contagiosa, que infecta principalmente os nervos periféricos. É uma doença que agride sobretudo os nervos superficiais da pele, contudo pode também afetar os órgãos internos24. E se tratada de forma tardia, a doença progride, tornando-se transmissível e podendo infectar pessoas de qualquer idade ou sexo.  Essa progressão ocorre de forma lenta, sendo capaz de ocasionar inaptidões físicas, gerando muitas sequelas funcionais e comorbidades25.

 Vários fatores estão associados à maior vulnerabilidade individual e contribuem para o aumento da incidência da hanseníase em determinadas áreas, entre os quais podem ser destacados fatores do âmbito socioeconômico e ambiental, questões de serviços de saúde e problemas inerentes à pessoa, como genética e sistema imunológico, além disso estudos comprovam que os níveis de escolaridade mais baixos estão associados a um risco aumentado de doença26.

 O presente estudo produzido por meio de pesquisa de natureza básica,  apresentando características descritivas e quantitativas, com a finalidade de conhecer os  casos de hanseníase diagnosticados no estado do Tocantins no ano de 2022, através da análise e coleta de dados dos casos lançados no Sistema de Informação de Agravos e Notificações do Ministério da Saúde, o SINAN/NET. 

 Dessa forma, a partir da pesquisa foi concebível descrever o aspecto epidemiológico da hanseníase no estado do Tocantins através de tabelas e gráficos contendo dados advindos do SINAN/NET. Através do perfil elaborado por meio dos fatores selecionados foi possível observar qual o sexo, a raça, o nível de escolaridade e qual a forma clínica mais recorrente da hanseníase no estado do Tocantins. 

 Analisou-se a predominância da hanseníase  de acordo com os casos diagnósticos e notificados, que foram amparados por meio dos gráficos de forma quantitativa, de acordo com os fatores selecionados,   obteve-se um resultado satisfatório do aspecto epidemiológico da hanseníase o que definiu as características de maior prevalência. 

 Perfis epidemiológicos e notificações são essenciais para controlar efetivamente a ocorrência da doença e realizar novos estudos e pesquisas sobre o tema, revelando novas estratégias e ações de cuidado, incluindo qualidade e agilidade no processo de tratamento. A assistência de enfermagem aos pacientes diagnosticados com hanseníase é fundamental para a continuidade do tratamento. Os enfermeiros são os primeiros a manterem contato com os pacientes enquanto trabalham na prevenção e no diagnóstico precoce. 

6. REFEÊNCIAS 
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