OS RISCOS DE DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS OCASIONADOS PELO USO PROLONGADO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES EM MULHERES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10045524


César Marques Paulino


RESUMO

O uso de substâncias anabolizantes com a finalidade de alcançar melhorias estéticas tem se tornado uma tendência global, especialmente entre as mulheres. Essa prática, motivada principalmente pela busca da forma física ideal, pode levar a efeitos adversos graves, representando um problema de saúde pública. Este estudo tem como objetivo principal identificar as categorias mais comuns de anabolizantes utilizados por mulheres e examinar os riscos de deficiências nutricionais decorrentes do uso prolongado dessas substâncias no contexto feminino. A metodologia empregada envolve uma revisão de literatura científica sobre o uso de anabolizantes por mulheres para fins estéticos. Além disso, o estudo busca descrever o uso desses esteroides, verificar os riscos de deficiências nutricionais associados a seu uso prolongado e identificar outros efeitos colaterais relacionados. Os resultados da revisão de literatura demonstram que o uso de anabolizantes em mulheres pode resultar em carências nutricionais significativas devido a interferências no metabolismo e na absorção de nutrientes, amplificação das necessidades nutricionais, supressão do apetite e ingestão alimentar reduzida. Além disso, os efeitos adversos incluem aumento da pressão sanguínea, perturbações do sono, disfunções hepáticas, infertilidade, problemas dermatológicos e impactos psicológicos negativos, como irritabilidade, agressão e depressão. O uso de anabolizantes por mulheres com fins estéticos, bem como, desportivos, apresenta riscos substanciais de carências nutricionais e efeitos adversos na saúde. Além disso, a compreensão das motivações por trás desse uso é essencial para abordar essa prática de forma mais eficaz.

Palavras-chave: esteroides anabolizantes; mulheres; estética; nutrição; efeitos colaterais.

1 INTRODUÇÃO

O emprego de substâncias anabolizantes visando melhorias estéticas está em ascensão global, especialmente entre o público feminino. Ainda que os motivos subjacentes a esse uso possam variar, a busca pela forma física ideal emerge como um denominador comum que frequentemente impulsiona a experimentação e a contínua utilização dessas substâncias. No entanto, o uso de anabolizantes com fins estéticos por mulheres pode culminar em efeitos adversos graves e até letais, constituindo, portanto, uma problemática de ordem pública relacionada à saúde.

A utilização prolongada desses compostos pode resultar em carências nutricionais devido a diversos fatores, tais como a interferência no metabolismo e absorção de nutrientes no organismo, bem como à amplificação das necessidades nutricionais, especialmente em relação a proteínas e vitaminas. Além disso, o consumo contínuo de anabolizantes tem o potencial de suprimir o apetite e a ingestão alimentar, acarretando, assim, em insuficiências nutricionais. Paralelamente, há indícios que sugerem a presença de efeitos adversos na saúde corporal resultantes da substância e suas impurezas de metais pesados (LUCENA, 2019).

Os efeitos derivados do uso de anabolizantes em mulheres englobam o aumento da pressão sanguínea, perturbações do sono, disfunções hepáticas, infertilidade, acne, perda capilar e até mesmo o risco de desenvolvimento de câncer. Em virtude das disparidades biológicas e hormonais comparativamente aos homens, esses efeitos secundários podem ser ainda mais severos nas mulheres. A dimensão psicológica também é suscetível à influência negativa do uso de anabolizantes, manifestando-se através de sintomas como irritabilidade, agressão e depressão (PARKER et al., 2018).

As razões que levam as mulheres a adotar anabolizantes com fins estéticos são multifacetadas e intricadas. Alguns indivíduos podem experimentar pressões da sociedade ou mídia para alcançar um padrão de aparência ideal, enquanto outras podem almejar melhorar seu rendimento atlético ou competir em eventos esportivos. Além disso, desafios psicológicos, como baixa autoestima e dismorfia corporal, também têm a capacidade de influenciar a decisão das mulheres quanto à utilização de anabolizantes (CASTILHO et al., 2021).

Diante do aumento do uso de anabolizantes por mulheres para fins estéticos, é importante investigar os riscos nutricionais dessas substâncias na saúde desse público. Dessa forma, o problema de pesquisa a ser investigado é: qual o impacto do uso de anabolizantes em mulheres para fins estéticos e quais são os riscos de deficiências nutricionais ocasionados pelo uso prolongado dessas substâncias?

Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo primário identificar quais categorias de anabolizantes são mais comuns entre as mulheres, bem como examinar os perigos de carências nutricionais decorrentes do uso continuado dessas substâncias no contexto feminino.

Como objetivos secundários, procurou-se descrever uso de esteroides anabolizantes por mulheres; revisar a literatura científica atual sobre o uso de anabolizantes por mulheres para fins estéticos; verificar quais são os riscos de deficiências nutricionais ocasionados pelo uso prolongado dessas substâncias; e apontar quais são os demais efeitos colaterais ocasionados pelo uso dessas substâncias.

Como justificativa para este estudo, tornou-se imperativo investigar o impacto do uso de anabolizantes nas mulheres e compreender as motivações que guiam essa prática. A utilização prolongada dessas substâncias traz consigo o potencial de ocasionar deficiências nutricionais consideráveis, capazes de influenciar a saúde e o desempenho físico das mulheres que optam por esse emprego estético. Logo, é essencial que mulheres que fazem uso de esteroides anabolizantes recebam apropriada orientação nutricional e, se necessário, suplementação de nutrientes, como medida para prevenir tais deficiências e fomentar a saúde global do organismo (ROCHA, 2020).

2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia

Para o desenvolvimento do tema “os riscos de deficiências nutricionais ocasionados pelo uso prolongado de esteroides anabolizantes em mulheres”, optou-se por realizar uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa e método descritivo.

Para a revisão sistemática da literatura, procedeu-se com uma ampla busca em bases de dados científicas, como o PubMed, SciELO, Frontiersin e Google Acadêmico. O objetivo foi localizar estudos que discutissem o emprego de anabolizantes em mulheres e os perigos nutricionais decorrentes do uso prolongado dessas substâncias. A estratégia de busca foi elaborada a partir de palavras-chave relacionadas ao tópico, tais como: anabolizantes, mulheres e deficiências nutricionais.

Os critérios de inclusão consistiram em considerar estudos publicados nos últimos 10 anos, nos idiomas português, inglês ou espanhol, que envolvessem mulheres adultas que fizeram uso de anabolizantes ou revisões de literatura que abordassem os efeitos e as carências nutricionais advindas do uso prolongado dessas substâncias. Foram excluídos os estudos que não atenderam a esses critérios, bem como aqueles que eram duplicados ou não apresentavam relevância para esta pesquisa.

Selecionaram-se os estudos que exibiram uma qualidade metodológica mais elevada e que contribuíram para a consecução dos objetivos da pesquisa. No que tange à coleta de dados, retiraram-se das pesquisas selecionadas os dados pertinentes aos objetivos específicos da investigação, tais como: os anabolizantes mais utilizados por mulheres, os impactos na saúde, as motivações para a utilização e as carências nutricionais.

Realizou-se uma análise qualitativa dos dados, visando identificar as tendências predominantes e as informações relevantes relacionadas ao uso de anabolizantes em mulheres e às suas ramificações nutricionais. Recorreu-se a técnicas de análise de conteúdo e análise temática para identificar os temas e padrões preeminentes nos estudos.

Os resultados foram debatidos e interpretados à luz da literatura científica contemporânea acerca do tópico, a fim de fornecer um entendimento crítico e atualizado sobre o uso de anabolizantes em mulheres e os riscos para a saúde nutricional desse público. Ademais, discutiram-se os principais desafios e oportunidades para a promoção e o avanço do conhecimento relativos à utilização de esteroides anabolizantes por mulheres.

2.2 Resultados e discussão

Atualmente, as mulheres recorrem ao uso de esteroides anabolizantes androgênicos (EAAs) para melhorar sua aparência física, desempenho atlético em esportes, tanto competitivos quanto não competitivos. Nos Estados Unidos, aproximadamente dois terços dos usuários de esteroides são praticantes de musculação que não participam de competições (OLIVEIRA; CAVALCANTE NETO, 2018). A Tabela 1 apresenta os 10 estudos fundamentais que serviram como base para este artigo.

Tabela 1 – estudos fundamentais

AUTORESMETODOLOGIARESULTADOSCONCLUSÕES
Lucena (2009)Revisão não sistemáticaO uso de doses excessivamente altas de esteroides anabolizantes androgênicos (EAAs) para doping pode resultar em uma significativa contribuição de metais pesados para os níveis diários toleráveis aceitáveis.Em uma simulação com Decanoato de Nandrolona, as impurezas de metais pesados contribuíram em torno de 8,4% para o cádmio (Cd), 2,3% para o chumbo (Pb), 18,1% para o mercúrio (Hg) e 19,5% para o arsênio (As) em relação ao valor provisório de ingestão diária tolerável (PTDI).
Escalante (2016)Revisão integrativa de literaturaAs evidências apresentadas até agora indicam que as atletas femininas estão em risco de desenvolver distúrbios alimentares, questões relacionadas à imagem corporal, disfunção menstrual, baixa densidade mineral óssea, desequilíbrio energético negativo e uma série de outras preocupações de saúde interligadas.Alguns desses problemas de saúde podem levar a um aumento nos fatores de risco cardiovascular, desequilíbrios hormonais, lesões musculoesqueléticas e baixo desempenho esportivo. As atletas femininas, mais do que os atletas masculinos, têm um maior risco de desenvolver distúrbios alimentares ou padrões alimentares desordenados.
Sousa et al. (2017)Aplicação de questionário contendo informações sócio demográficas sobre o uso de EAA a  357 voluntários de ambos  os sexosComo resultado, 65,9% dos participantes que disseram não utilizar EAA conhece um amigo que já utilizou, e 96% dos usuários    afirmaram conhecer    outros consumidores dessas substâncias, o consumo de suplementos alimentares pode ser fator determinante. Tanto os usuários como não usuários dos esteroides anabólicos    androgênicos dizem conhecer outras pessoas que  fizeram utilizaram estas substâncias e, o consumo de suplementos alimentares parece ser um     fator de predisposição para o uso de EAA.
Silva et al. (2019)A pesquisa foi realizada com 20 indivíduos, sendo 11 do sexo masculino e 7 do sexo feminino, com faixa etária entre 19 e 46 anosO uso indiscriminado desses anabolizantes (ou EAA) fazem com que as mais diversas doenças se desenvolvam como consequência deste uso desenfreado de substâncias tóxicas, pois começam a aparecer efeitos adversos ao esperado em relação ao uso das EAA.Dentre os efeitos colaterais em mulheres estão a masculinização (sobretudo alteração na voz), irregularidade menstrual e aumento do clitóris e, ainda, em ambos os sexos há a possibilidade do desenvolvimento da calvície, erupções acneicas, aumento da libido, irritabilidade, disfunção hepática e agressividade.
Havnes et al. (2021)Entrevistas individuais semiestruturadas com 16 mulheres que usaram AAS atualmente ou no passadoQuase todas as mulheres foram introduzidas aos AAS e aconselhadas sobre qual(is) substância(s) usar, quanto usar e como usar por um parceiro, amigo ou treinador em quem confiavam. Muitas não estavam preparadas para os efeitos masculinizantes indesejados, mas algumas achavam que esses efeitos superavam os desejados.Mulheres que usam AAS correm o risco de desenvolver efeitos masculinizantes irreversíveis que são difíceis de processar e que podem influenciar negativamente a autoestima, a vida social e a função sexual, tanto durante quanto após o uso.
Castilho et al. (2021)Revisão sistemáticaAnalisaram estudos disponíveis em diferentes bases de dados, que abordam quando e em que condições o uso seguro de EAA é aconselhado na prática médica, pesando-se à relação risco-benefício.É possível e aceitável o uso de esteróides anabolizantes, desde esses tenham prescrição e acompanhamento médico especializado e as doses que não excedam o indicado na bula, os anabolizantes podem ser utilizados no tratamento de doenças.
Costa; Lima; Santos (2021)Revisão sistemáticaÉ comum a utilização de esteroides anabolizantes entre os praticantes de musculação devido ao desejo de ganho de massa muscular mais rápida ganhos devido à utilização de esteroides, uma vez que os mesmos agem em sua maioria no aumento da força e também impactam em um maior volume de treino em menos tempo.Mesmo entre os usuários de anabolizantes que os utilizam para fins terapêuticos e com acompanhamento médico profissional, ainda há enorme preocupação devido ao uso em excesso, sem prescrição e acompanhamento profissional para o seu uso. Os efeitos adversos podem causar grandes problemas ao usuário, como problemas crônicos e/ou irreversíveis.
Börjersson et al. (2021)Entrevistas da Lifeworld realizadas com 12 mulheres, com idades entre 21 e 56 anos, sobre suas experiências com o uso de esteroides anabolizantesOs esteroides anabólicos androgênicos são usados por mulheres para aumentar sua massa muscular e por causa de seus efeitos de melhoria de desempenho As mulheres sentem orgulho quando alcançam com sucesso os seus objetivos.O uso de esteroides androgênicos anabolizantes pelas mulheres é um fenômeno complexo. No gênero feminino, o desempenho esportivo aparece ser a principal razão para o uso de AAS, especialmente no fisiculturismo e levantamento de peso.
Souza et al. (2022)Revisão integrativa de literaturaComo consequência do uso de EAA, observa-se efeitos virilizantes indesejados, como acne, modificação da voz, crescimento de pelos, amenorreia, queda de cabelo e hipertrofia do clitóris. Há prejuízos para diversos sistemas corporais.Mesmo não sendo totalmente aprovadas o uso dessas substâncias para fins estéticos, o número de usuários é casa vez maior mesmo com todos os estudos corroborando os riscos cardiovasculares, renais, hepáticos, além das alterações virilizantes.
Bezerra et al. (2022)Revisão de literaturaOs estudos indicam que doses supra fisiológicas e poli farmacológicas de esteroides anabólicos androgênicos induzem efeitos colaterais fisiológicos e psicológicos de gravidade dependo da dose.As consequências de uso prolongado de EAA, assim como o seu papel na gênese de certos tipos de câncer, permanecem pouco compreendidas, mas muitos efeitos colaterais fisiológicos e psicológicos são descritos na literatura.

Fonte: elaborado pelo autor (2023)

De acordo com pesquisas, os esteroides anabolizantes têm sido empregados em contextos esportivos recreativos, notavelmente em ambientes de academias de ginástica, com o propósito principal de alcançar um desenvolvimento muscular de aparência atraente (POSIADLO et al. 2018; PINTO et al., 2019; CASTILHO et al., 2021).

A utilização de quantidades superiores às normais de testosterona, acompanhada ou não de exercícios visando o aumento de força, pode levar ao incremento de massa muscular, dimensão e vigor em homens saudáveis. A sinergia entre a testosterona e as atividades físicas demonstra um efeito cumulativo nesses resultados. Apesar de aprimorar o desempenho em modalidades esportivas que requerem tamanho e força, a administração de esteroides anabolizantes apresenta impactos negativos no desempenho aeróbico (BEZERRA et al., 2022; SOUSA et al., 2017).

Os esteroides constituem hormônios cuja estrutura química guarda semelhança com a do colesterol, sendo que muitos deles derivam desse composto. Essas substâncias pertencem à categoria dos lipossolúveis, característica que facilita sua permeação pelas membranas celulares. A classe dos esteroides compreende lipídios que partilham uma configuração estrutural comum, formada por hidrocarbonetos contendo 17 átomos de carbono ligados em quatro estruturas cíclicas (COSTA; LIMA; SANTOS, 2021).

Desse núcleo primordial, é possível notar a formação de outras configurações químicas. Esse fenômeno se deve à variação nos grupos funcionais que se anexam a esse núcleo central, que podem abranger álcoois, ésteres, enóis, cetonas, ácidos carboxílicos e outros compostos (COSTA; LIMA; SANTOS, 2021). Dentro dos esteroides naturais mais preponderantes estão o colesterol e seus derivados, como o estradiol (hormônio sexual feminino primordial) e a testosterona (hormônio sexual masculino primordial) (FONSECA, 2019).

Diversos tipos de esteroides anabolizantes são ilicitamente utilizados, tendo a testosterona, o estanozolol, a metandienona, a nandrolona e a oxandrolona como os mais frequentes. A administração dessas substâncias no organismo é realizada mediante injeções com seringa ou por via oral (SOUZA et al., 2022).

2.2.1 Uso de esteroides anabolizantes por mulheres

O uso de anabolizantes para fins estéticos em mulheres tem se tornado um tema cada vez mais relevante na sociedade atual. Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de mulheres que fazem uso dessas substâncias aumentou em 60% nos últimos anos no Brasil. No entanto, o uso dessas substâncias pode trazer riscos à saúde, como aumento da pressão arterial, disfunções hepáticas, distúrbios do sono, acne, queda de cabelo, entre outros (HAVNES et al., 2021; SOUZA et al., 2022).

Mulheres recorrem aos esteroides anabólicos androgênicos com o objetivo de aumentar sua massa muscular e aprimorar seu desempenho físico, embora estejam cientes dos potenciais efeitos adversos significativos. É preocupante que, apesar desses riscos notáveis, haja uma falta de conhecimento sobre o assunto (BÖRJESSON et al., 2021; BEZERRA et al., 2022).

Além disso, é importante considerar as motivações das mulheres para fazerem uso dessas substâncias. Estudos realizados nos Estados Unidos mostraram que a busca pela melhora da aparência física e a pressão social são algumas das principais razões que levam as mulheres a fazerem uso de anabolizantes (SILVA et al., 2019).

Embora o uso de esteroides anabólicos androgênicos (EAA) seja considerado um problema de saúde, pouco se sabe sobre mulheres que usam AAS, apesar do alto risco esperado de efeitos colaterais, mesmo permanentes. Os AAS são classificados como substâncias ilegais em diversos países, como na Suécia, por exemplo, mas são eficazes e pode aumentar muito a força, massa muscular e livre de gordura quando combinado com o treinamento de força (BÖRJESSON et al., 2021).

As mulheres, em geral, tendem a utilizar menos substâncias androgênicas em doses mais baixas e em menor quantidade do que os usuários masculinos de esteroides anabolizantes (AAS). Essas substâncias são administradas por meio de ciclos, tanto por via oral quanto por via intramuscular. Entre as substâncias mais comumente usadas pelas mulheres estão o estanozolol (Winstrol), oxandrolona (Anavar), metandrostenolona (Dianabol), enantato de metenolona (Primobolan) e nandrolona (Deca-Durabolin) (HAVNES, 2021).

Estudos têm descrito três metodologias principais de utilização de EAA por atletas. A primeira é conhecida como “ciclo”, na qual os esteroides são utilizados em períodos específicos, variando de quatro a 18 semanas. A segunda é chamada de “pirâmide”, em que as doses são iniciadas em níveis mais baixos, aumentando gradualmente até atingir o pico, e então são reduzidas progressivamente até o final do período. A terceira é denominada “stacking”, que envolve a utilização simultânea de vários esteroides, alternando de acordo com a toxicidade. Além disso, é comum entre os atletas a combinação dos três métodos mencionados acima. Os EAA são geralmente administrados em doses suprafisiológicas, podendo chegar a até 500 mg por dia, consumidas durante várias semanas ou meses (SILVA et al., 2019).

A interrupção do uso dessas substâncias pode levar à restauração parcial ou total das funções afetadas, mas é necessário um tratamento adequado para lidar com os sintomas de abstinência e apoiar o processo de recuperação. O acompanhamento médico, incluindo a supervisão de um endocrinologista, é essencial para garantir uma abordagem adequada e minimizar os impactos negativos do uso de esteroides anabolizantes (POSIADLO et al., 2018).

Estima-se que as mulheres produzam cerca de dez vezes menos testosterona, sendo metade dessa quantidade proveniente dos ovários e a outra metade das glândulas adrenais. A testosterona exerce efeitos androgênicos e anabólicos em diversos tecidos-alvo, como o sistema reprodutor, musculoesquelético e sistema nervoso, por meio da ligação ao seu receptor nuclear.

Os efeitos androgênicos da testosterona são responsáveis pelo crescimento dos órgãos reprodutores e pelo desenvolvimento de características sexuais secundárias masculinas, enquanto os efeitos anabólicos estimulam a retenção de nitrogênio e a síntese de proteínas (SOUSA et al., 2017).

No entanto, é fundamental destacar que o uso indiscriminado e abusivo de esteroides anabolizantes, incluindo o Deposteron, traz consigo uma série de riscos à saúde física e mental. Os efeitos colaterais incluem alterações hormonais, problemas cardiovasculares, danos hepáticos, comprometimento do sistema imunológico, alterações no ciclo menstrual, diminuição da libido, atrofia testicular, entre outros (ROCHA, 2020; OLIVEIRA; CAVALVANTE NETO, 2018; SOUZA et al., 2022).

Portanto, é importante buscar opções seguras e saudáveis para o desenvolvimento muscular e melhorar o desempenho físico, priorizando uma dieta equilibrada, treinamento adequado e o acompanhamento de profissionais qualificados, como nutricionistas e preparadores físicos, que podem oferecer orientações personalizadas e seguras para alcançar os objetivos desejados (BRUIN, 2011; CASTILHO et al., 2021).

No caso das atletas, a nutrição ideal é um aspecto importante da preparação para alcançar a saúde e o desempenho ideais. Embora os conceitos gerais sobre micro e macronutrientes e o tempo de ingestão de alimentos e líquidos sejam abordados na ciência do esporte, raramente os efeitos específicos da fisiologia feminina sobre as necessidades de energia e líquidos são altamente considerados na pesquisa ou na prática clínica (HOLTZMAN et al., 2021).

As mulheres diferem dos homens não apenas em tamanho, mas também em composição corporal e meio hormonal, e também diferem umas das outras. Seus ciclos hormonais mensais, com flutuações de estrogênio e progesterona, têm efeitos variados no metabolismo e na retenção de líquidos. Esses ciclos podem mudar de mês para mês, podem ser suprimidos com hormônios exógenos e podem até ser manipulados para capitalizar o tempo ideal para o desempenho. Mas antes que essa fisiologia possa ser manipulada, sua relação com a nutrição e o desempenho deve ser compreendida (HAVNES, 2021; OLIVEIRA; CAVALVANTE NETO, 2018; SOUZA et al., 2021.

Atletas do sexo feminino devem ter como meta a disponibilidade de energia (EA) de 45 kcal·kg–1 massa livre de gordura·1 para saúde e desempenho ideais; otimizar a composição de nutrientes com base na fase do ciclo menstrual é ineficaz sem a energia necessária para o funcionamento básico (HOLTZMAN et al., 2021).

Deficiências de micronutrientes são comuns em atletas do sexo feminino, particularmente em ferro, vitamina D e cálcio; estratégias nutricionais devem ser usadas para prevenir essas deficiências, incluindo o aumento do consumo de diversos alimentos e possível suplementação. As necessidades de micro e macronutrientes, bem como as necessidades de hidratação, podem mudar durante várias fases do ciclo menstrual como resultado de flutuações hormonais (HOLTZMAN et al., 2021).

2.2.2 Riscos do uso prolongado e impacto nutricional dos anabolizantes

Quando se trata de nutrição, há uma abundância de informações errôneas disponíveis na Internet e centenas de “especialistas” não qualificados ou com credenciais inadequadas oferecendo conselhos nutricionais ao público. Atletas femininas que buscam perder gordura corporal, ganhar massa muscular ou melhorar o desempenho podem buscar orientação em fontes não confiáveis e, portanto, podem colocar seus corpos e/ou desempenho em risco. Pesquisas indicam que atletas incentivados a fazer dieta por seus treinadores podem recorrer a métodos de controle de peso mais rápidos e perigosos (por exemplo, vômito autoinduzido ou jejum) para perder peso rapidamente (ROSEN; HOUGH, 1988). O profissional de força e condicionamento pode ajudar a orientar as atletas femininas na direção certa e incentivá-las a buscar orientação de fontes confiáveis e qualificadas, além de fornecer o apoio apropriado. O reconhecimento de comportamentos de alimentação desordenada ou questões de imagem corporal entre as atletas deve ser identificado o mais rapidamente possível pelos treinadores de força e condicionamento, para que elas possam ser encaminhadas adequadamente a um profissional de saúde mental para intervenção adicional, uma vez que esses problemas podem criar sérios problemas de saúde e psicológicos (ESCALANTE, 2016).

Na tentativa de evitar que os atletas sigam recomendações nutricionais de fontes não confiáveis, é recomendado que os profissionais de força e condicionamento trabalhem em conjunto com treinadores de equipe, fisioterapeutas, médicos, psicólogos e nutricionistas esportivos treinados para fornecer prontamente recursos confiáveis para seus atletas (BRUIN et al., 2011).

O uso prolongado de anabolizantes pode aumentar as necessidades nutricionais do corpo, especialmente em relação a proteínas e vitaminas. Os esteroides anabolizantes são conhecidos por promover o crescimento muscular, o que requer uma ingestão adequada de proteínas e outros nutrientes. No entanto, o uso excessivo de anabolizantes pode aumentar as necessidades de proteína do corpo para além dos níveis normais, o que pode levar a deficiências nutricionais se a ingestão de proteínas não for aumentada proporcionalmente (HOLTZMAN et al., 2021). Alguns usuários de anabolizantes relatam uma diminuição no apetite e na vontade de comer, o que pode levar a uma ingestão inadequada de nutrientes. Além disso, alguns anabolizantes podem afetar a regulação do açúcar no sangue, o que pode levar a picos e quedas na energia e no humor, que podem afetar negativamente a ingestão alimentar e a nutrição geral do corpo (ESCALANTE, 2016).

Entre os riscos associados ao uso dessas substâncias, destaca-se o aumento dos fatores de risco para o sistema cardiovascular, como hipertensão, alterações nas frações de lipoproteínas e aumento na proporção de LDL (colesterol ruim) / HDL (colesterol bom). Além disso, há o risco de enfarte agudo do miocárdio (OLIVEIRA; CAVALCANTE NETO, 2018, COSTA; LIMA; SANTOS, 2021, VIEIRA; RIBEIRO, 2021).

O uso indiscriminado de anabolizantes pode levar a um aumento nas enzimas hepáticas, como aspartato aminotransferases (TGO) e alanina aminotransferase (TGP), além de uma redução nos níveis de albumina. Também ocorre elevação nos marcadores bioquímicos, como gamaglutamiltransferase (GGT), fosfatase alcalina (FA), creatina fosfoquinase (CK), lactato desidrogenase (LDH) e aldolase. Esse fenômeno ocorre devido ao fato de que muitos produtos são metabolizados no fígado e passam por múltiplas transformações antes de serem utilizados pelos tecidos. Portanto, os esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) são facilmente metabolizados e podem causar danos significativos a esse órgão (TORTORA; GRABOWSKI, 2006).

O fígado é o órgão mais afetado pelo uso dessas substâncias devido à sua maior dificuldade de degradação hepática dos EAA. Além disso, podem ocorrer efeitos adicionais, como a peliose hepática, caracterizada pela proliferação aleatória de capilares sinusoidais em todo o fígado. Isso pode levar à icterícia devido ao acúmulo de bile no centro do lobo hepático e, em casos mais graves, resultar em hiperplasia e adenoma hepatocelular (BRINQUINHO et al., 2017).

No caso dos rins, estudos in vivo demonstraram que a glomerulonefrite pode progredir para insuficiência renal crônica devido ao desequilíbrio hidroeletrolítico (eletrólitos/pressão sanguínea) causado pelo uso prolongado e indiscriminado de anabolizantes. Isso pode resultar em sintomas como edema, cólicas renais e febre. O acúmulo de diversas substâncias devido a esse distúrbio hidroeletrolítico pode desencadear a progressão da glomerulonefrite e, consequentemente, a insuficiência renal crônica, exigindo tratamentos como a hemodiálise em casos graves (COSTA; LIMA; SANTOS et al., 2021).

Em consonância com essas informações, Morikawa (2017) descreve que análises laboratoriais têm revelado alterações significativas relacionadas a fatores de risco cardiovasculares. Essas alterações incluem uma predisposição ao mecanismo de hipercoagulabilidade, aumento da agregação plaquetária e diminuição da fibrinólise. Além disso, foi observada hipertrofia da parede ventricular esquerda, aumento da espessura do septo interventricular e do índice de massa do ventrículo esquerdo, embora as funções sistólica e diastólica normais tenham sido preservadas. Outras complicações cardiovasculares associadas ao uso de EAA incluem trombose ventricular, embolismo sistêmico, cardiomiopatia dilatada, infarto agudo do miocárdio devido à oclusão da artéria descendente anterior e morte súbita devido à hipertrofia ventricular esquerda.

O uso de EAA também provoca uma importante alteração metabólica conhecida como dislipidemia. O metabolismo lipídico desempenha um papel central nos fatores de risco para doenças ateroscleróticas. O uso de EAA resulta em um aumento significativo nas concentrações de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), uma grande diminuição nas concentrações de colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-C) e um aumento nos níveis de triglicérides (TG). Essas mudanças foram observadas em estudos anteriores (MORIKAWA, 2017).

No contexto da musculação, os esteroides anabolizantes são frequentemente utilizados em combinação com medicamentos prescritos e suplementos dietéticos que afetam o corpo de maneiras diferentes, aumentando assim o risco de reações adversas (OLIVEIRA; GOMES, 2019, SOUZA et al., 2021).

O uso oral dessas substâncias também pode acarretar efeitos adversos no fígado, como aumento das enzimas hepáticas e ocorrência de tumores hepáticos (benignos/malignos), especialmente quando utilizados por períodos prolongados (mais de 24 meses) (MATOS et al., 2017).

No caso das mulheres, o uso dessas substâncias pode resultar em diversas alterações, tais como mudanças no ciclo menstrual, diminuição da função tireoidiana, redução das imunoglobulinas IgM/IgA/IgC, interrupção prematura do crescimento ósseo e atrofia do tendão, aumentando o risco de ruptura (ROCHA, 2020).

Conforme Lucena (2009) e Boada et al. (2005), os efeitos indesejados dos esteroides anabolizantes androgênicos (EAAs) também se manifestam no sistema digestivo, com uma ênfase particular no fígado. Muitos usuários têm enfrentado sérias complicações hepáticas, como a colestase hepática, que envolve a redução ou a interrupção do fluxo biliar, a peliose hepática, caracterizada pela formação de múltiplos cistos ou cavidades cheias de sangue nos vasos sanguíneos do fígado, e o desenvolvimento de tumores hepáticos. Embora muitos desses tumores não sejam cancerígenos, é crucial iniciar o tratamento precocemente, pois podem ocorrer hemorragias e transformações malignas.

Um dos efeitos hepáticos mais notáveis do uso de esteroides anabolizantes é o aumento dos níveis de algumas enzimas hepáticas, como a aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase, desidrogenase lática e fosfatase alcalina, podendo também resultar em icterícia. Quando a administração de esteroides é interrompida, os níveis dessas enzimas normalizam. Esses efeitos indesejados são mais evidentes nos EAAs de uso oral, como a oxandrolona e o stanozolol, que são anabolizantes alquilados. No entanto, já foi relatado que os mesmos anabolizantes na forma injetável também podem causar danos semelhantes ao fígado (LUND; PERRY, 2000).

Os fisiculturistas costumam combinar medicamentos prescritos com esteroides anabolizantes para combater os efeitos colaterais e melhorar seu desempenho e aparência. Em relação aos homens, podem ocorrer efeitos estéticos como ginecomastia, atrofia testicular, acne e aceleração da calvície padrão masculino (OLIVEIRA, CAVALCANTE NETO, 2018).

Os riscos psicológicos são tão importantes quanto os físicos. Entre eles, destacam-se o risco de vício (dependência física com sintomas de abstinência em altas doses de esteroides anabolizantes, como depressão, insônia, ansiedade, fadiga, perda de apetite, diminuição da libido, dores de cabeça, etc.) (GONÇALVES; BAPTISTA, 2018).

Os efeitos psicológicos incluem alterações graves de humor (de simples alterações de humor até psicose que requerem hospitalização, mas reversíveis quando os esteroides anabolizantes são descontinuados), tendências agressivas (competitividade, agressão, hostilidade), episódios psicóticos, depressão e pensamentos/suicídios (MATOS et al., 2017, COSTA et al., 2021).

A interrupção do uso dessas substâncias está associada a uma restauração variável e, às vezes, parcial das funções afetadas. É necessário o tratamento dos sintomas de abstinência, juntamente com abordagens terapêuticas, como terapia comportamental e cognitiva, suporte emocional, educação e aconselhamento. Além disso, a restauração das alterações hormonais requer acompanhamento de um endocrinologista (POSIADLO et al., 2018).

2.2.3 Demais efeitos colaterais, psicológicos e comportamentais

No gênero feminino, o desempenho esportivo aparece ser a principal razão para o uso de AAS, especialmente no fisiculturismo e levantamento de peso. Mulheres se identificam eles mesmos como fisiculturistas competitivos ou levantadores de peso e parecem ser influenciadas pelos homens com quem mantêm relacionamentos íntimos. Pesquisas mostram que as mulheres procuram cuidados de saúde mais cedo do que os homens devido aos efeitos negativos eles vivenciam (BÖRJESSON et al., 2016; OLIVEIRA; CAVALCANTE NETO, 2018).

Outras reações adversas são frequentes, incluindo dores de cabeça, tonturas, insônia, retenção de líquidos, dores no estômago e problemas na pele. Além disso, é esperado que haja alterações na libido, no humor e comportamentos hostis e agressivos devido ao caráter psicoestimulante desses medicamentos (POSIADLO et al., 2018; COSTA; LIMA; SANTOS, 2021).

Esses compostos também podem desencadear consequências psicológicas, como a vigorexia, um transtorno dismórfico corporal em que o indivíduo tem uma percepção distorcida de seu corpo, aumentando o risco de desenvolver transtorno de ansiedade generalizada (SOUZA et al., 2022). Além disso, a retirada dessas substâncias pode levar a síndromes de abstinência, resultando em alterações de humor, depressão, insônia, anorexia e outras manifestações (POSIADLO et al., 2018).

Vários estudos abordaram os benefícios e malefícios do uso de anabolizantes esteroides (SOUSA et al., 2017; SILVA et al., 2019; HAVNES et al., 2021). Em uma pesquisa exploratória de 2012, foi constatado que todas as usuárias obtiveram informações para o uso de fontes não médicas, como sites, amigas e lojas de suplementos, com 38,8% buscando fins estéticos e 22,2% visando o rápido desenvolvimento de hipertrofia (PATRÍCIO, 2012).

Outro estudo realizado com 31 participantes em uma academia de Joinville/SC identificou a oxandrolona e nandrolona como os anabolizantes mais utilizados, principalmente por motivos estéticos (SANZON, et al., 2020). Além disso, uma pesquisa em Mogi-Guaçu-SP, que entrevistou 24 indivíduos, mostrou que 66,66% buscavam fins estéticos, enquanto 33,33% utilizavam por motivos de saúde (SOUZA, 2022).

É importante destacar que os riscos associados ao uso de anabolizantes estão diretamente relacionados ao tipo de medicamento, método de administração e quantidade. Alguns desses riscos são irreversíveis e podem resultar em morte, especialmente quando relacionados a danos no sistema cardiovascular (HAVNES et al., 2021; BEZERRA et al., 2022).

Em relação aos efeitos colaterais, eles podem variar dependendo da droga utilizada. Sanzon (2020) aponta que os principais relatados incluem alterações nas cordas vocais, queda de cabelo, mudanças no humor, atrofia das mamas, aumento do clitóris e pelos. Patrício (2012) também identificou efeitos como dores de cabeça, alterações no ciclo menstrual, acne e mudanças na voz.

A desregulação mais significativa é observada no sistema endócrino, com aproximadamente 42% dos casos, em comparação com outros sistemas, como o cardiovascular (14%), pele (12%) e psiquiátrico (9%) (PATANÈ et al., 2020). Também são relatadas repercussões gastrointestinais, mais comuns em mulheres e naqueles que usam anabolizantes por via oral, variando de danos celulares a adenomas hepáticos e lesões em órgãos excretores (SOUZA, 2022). No que diz respeito a distúrbios psiquiátricos, são frequentes mudanças no humor, irritabilidade, agressividade, problemas de sono e ansiedade (SOUZA, 2022).

CONCLUSÃO

Este estudo buscou verificar qual o impacto do uso de anabolizantes em mulheres para fins estéticos e quais são os riscos de deficiências nutricionais ocasionados pelo uso prolongado dessas substâncias. Assim, foi observado que, nos últimos anos houve um aumento do uso de anabolizantes por mulheres para fins estéticos, destacando os riscos à saúde, incluindo pressão alta, problemas hepáticos e renais, distúrbios do sono, dores de cabeça, insônia, problemas na pele e alterações na libido, humor e comportamento, complicações cardiovasculares, dislipidemia e efeitos psicológicos adversos.

Verificou-se, ainda, que a motivação muitas vezes é a busca pela melhora da aparência física, mas falta de conhecimento sobre os riscos é preocupante. Neste contexto, recomenda-se buscar opções seguras, como uma dieta equilibrada e orientação profissional, em vez de recorrer a esteroides anabolizantes. Além disso, ressaltou-se a importância de compreender a influência do ciclo menstrual na nutrição e no desempenho das atletas femininas. A supervisão médica e o acompanhamento de profissionais são cruciais para garantir a saúde e o bem-estar das mulheres que buscam melhorar seu condicionamento físico.

Destacou-se, também, a presença de informações incorretas sobre nutrição na internet, particularmente prejudiciais para atletas femininas, que podem recorrer a métodos perigosos para controlar o peso. Conclui-se que profissionais de saúde, incluindo nutricionistas e treinadores de força e condicionamento, devem trabalhar em conjunto para fornecer recursos confiáveis e orientação adequada aos atletas, ao mesmo tempo em que é vital reconhecer e abordar rapidamente os problemas de saúde associados ao uso de esteroides anabolizantes.

O estudo abordou o uso de anabolizantes esteroides em mulheres, destacando que o desempenho esportivo, especialmente no fisiculturismo e levantamento de peso, sendo uma razão significativa para seu uso. Quanto às consequências psicológicas, foram verificadas as possibilidades do desenvolvimento de doenças como a vigorexia, e síndromes de abstinência após a descontinuação. É crucial reconhecer que os riscos estão ligados ao tipo de substância, método de administração e quantidade, podendo resultar em danos irreversíveis, especialmente no sistema cardiovascular. Portanto, a utilização de anabolizantes deve ser considerada com extrema cautela devido aos seus efeitos adversos significativos.

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