EXECUÇÃO DE RITMICIDADE NO TRATAMENTO DA MOTRICIDADE EM PACIENTES COM PARKINSON

EXECUTION OF RHYTHMICITY IN THE TREATMENT OF MOTRICITY IN PATIENTS WITH PARKINSON’S

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10045248


Ana Carolina Simch Brochado1
Franciele de Oliveira Cunha da Silva2
Geórgia Danila Fernandes D’Oliveira3


Resumo: O Parkinson é uma condição degenerativa, que embora seja mais associada às pessoas idosas, também pode ter o surgimento em jovens. Afeta parte motora e não motora do indivíduo com prejuízo da qualidade de vida dos pacientes. Objetivo: Realizar uma revisão na literatura sobre a execução da ritmicidade no tratamento da motricidade em pacientes com Parkinson. Método: Foram utilizadas as bases de dados BVS (Lilacs), Pubmed (Medline) e Scielo com critérios de inclusão: artigos, ensaios clínicos, metanálise, análises e revisões sistemáticas, publicados nos últimos 5 anos, em língua portuguesa e inglesa. Resultado: Foram utilizados 24 artigos que relatavam sobre a ritmicidade no tratamento da motricidade em pacientes com Parkinson. A ritmicidade como terapia no tratamento da motricidade em pacientes com DP tem demonstrado benefícios à qualidade de vida. Proporciona através do estímulo sonoro, da capacidade de aprender um instrumento ou da estimulação com a musicoterapia a possibilidade de modular algumas regiões cerebrais capazes de proporcionar a reabilitação neurológica. As terapias realizadas em grupo conseguem melhorar as condições psicológicas, amenizando sintomas de depressão e ansiedade ao possibilitar o convívio entre pacientes. Conclusão: A ritimicidade vem sendo utilizada como forma de tratamento alternativo para sintomas motores e não motores, e na melhora da qualidade de vida dos pacientes com Parkinson.

Palavras-chave: Dançaterapia. Dança e Parkinson. Doença de Parkinson. Parkinson e ritimicidade. Terapia Musical

Abstract: Parkinson’s is a degenerative condition, which, although it is more associated with elderly people, also appears in young people. It affects the motor and non-motor aspects, in addition to impairing the quality of life of patients affected by this clinical condition. Objective: To carry out a review of the literature on the implementation of rhythmicity in the treatment of motor skills in patients with Parkinson’s. Method: The VHL (Lilacs), Pubmed (Medline) and Scielo databases were used and the research met the following criteria: articles, clinical trials, meta-analysis, analyzes and systematic reviews, published in the last 5 years, in Portuguese and English . Result: 24 articles were used that bring the benefits of rhythmic stimulation. Music therapy provides, through rhythm, the ability to learn an instrument or sound stimulation, the possibility of modulating some brain regions capable of providing neurological rehabilitation. Group therapies can improve psychological conditions, alleviating symptoms of depression and anxiety by enabling interaction between patients. Conclusion: Rhythymicity has been used as an alternative treatment for motor and non-motor symptoms, and to improve the quality of life of patients with Parkinson’s.

Keywords: Dance Therapy. Dance and Parkinson. Parkinson Disease. Music Therapy. Parkinson’s and rhythmicity

1 INTRODUÇÃO

A doença de Parkinson (DP) é uma condição neurológica crônica, progressiva e incurável, que afeta o sistema nervoso central. É provocada pela degeneração progressiva das células nervosas na região do cérebro, chamada substância negra, que são responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor fundamental para o controle dos movimentos do corpo. (SANTOS, et. al., 2023 e MICHELS, et. al., 2018) O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, após a doença de Alzheimer. (BALESTRINO; SHAPIRA,2019)

A deficiência de comunicação entre as células nervosas afeta a capacidade de controle motor, como tremor, rigidez muscular, bradicinesia e instabilidade postural. Além de efeitos não motores, como distúrbio do sono, déficit olfativo, declínio intelectual e distúrbios cognitivos, como dificuldades de concentração e de memória para fatos recentes, dificuldades para cálculos; atividades que requerem orientação espacial, que somadas tornam a doença potencialmente incapacitante. (MICHELS, et. al., 2018)

A DP foi descrita pela primeira vez, pelo médico britânico James Parkinson, em uma publicação de 1817, chamada de “Paralisia agitante”. (PARKINSON; 1817)  

Apesar de prevalente em idosos, a DP também pode ocorrer em idades mais precoces. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 1% da população mundial seja afetada, o que representa aproximadamente 100 a 200 casos por 100 mil habitantes. Isso se traduz em cerca de 10 milhões de pessoas afetadas em todo o mundo. Diante desse cenário, a busca por abordagens terapêuticas inovadoras e eficazes para atenuar os sintomas e aprimorar a qualidade de vida desses pacientes se transformou em uma prioridade no campo da saúde. (MICHELS, et. al., 2018 e SILVA; CARVALHO, 2019)

 A afecção motora resultante da DP não somente prejudica a autonomia e independência dos indivíduos, mas também interfere de maneira significativa nas Atividades de Vida Diária (AVDs). Especificamente, a estabilização dos tremores desempenha um papel crucial ao viabilizar a execução de tarefas elementares do cotidiano, como se alimentar, se vestir e cuidar da higiene pessoal. Essa estabilização não apenas visa a restabelecer a funcionalidade física, mas também busca resgatar a autoestima e confiança dos pacientes em suas próprias habilidades. (BENÍTEZ, et. al., 2023)

A adoção da dança e do ritmo surge como uma abordagem promissora para o tratamento da Doença de Parkinson. A incorporação do movimento ritmado apresenta uma maneira singular de enfrentar as dificuldades motoras, explorando padrões de movimento que podem auxiliar a contornar as limitações impostas pela condição. A dança, enquanto forma de expressão artística e corporal, não apenas proporciona estímulos físicos, mas também emocionais e cognitivos, contribuindo para uma abordagem holística no cuidado oferecido a esses pacientes. (CARAPELLOTTI, et, al., 2020 e BENÍTEZ, et. al., 2023)

Dentro dessa perspectiva, a ritmicidade emerge como importante abordagem terapêutica no tratamento para pacientes com Parkinson. A combinação entre técnicas tradicionais de fisioterapia e elementos de ritmo e dança oferece um cenário auspicioso para aprimorar a coordenação, equilíbrio e mobilidade dos pacientes, além de proporcionar uma abordagem mais lúdica e motivadora à reabilitação. (CAPATO, et. al., 2020). Conforme as evidências crescentes sugerem que a integração do ritmo pode ter um papel crucial na otimização dos desfechos terapêuticos, torna-se imperativo contextualizar sua importância no âmbito do tratamento fisioterapêutico direcionado a pacientes com Doença de Parkinson. (MICHELS, et, al., 2018 e MORATELLI, et. al.,2022)

Nesse contexto, a incorporação do ritmo como parte integrante do tratamento fisioterapêutico surge como uma estratégia promissora, demonstrando potencial para melhorar a coordenação motora, equilíbrio e sociabilidade, elementos essenciais para a autonomia e a autoestima dos pacientes. Assim, este artigo teve o objetivo de realizar uma revisão na literatura sobre a execução da ritmicidade no tratamento da motricidade em pacientes com Parkinson.

2 MÉTODO

Para esta revisão bibliográfica foi realizada uma pesquisa de literatura eletrônica usando os bancos de dados: PubMed, Scielo e BVS, entre maio de 2023 e setembro de 2023, utilizando as combinações de palavras chaves e termos descritivos (MeSH): Parkinson e ritmicidade (Parkinson’s and rhythmicity), Doença de Parkinson (Parkinson Disease), Dança e Parkinson (Dance and Parkinson), Terapia Musical (Music Therapy) e Dançaterapia (Dance Therapy). Foi restrita em publicações de ensaio clínico, metanálise, revisão, revisão sistemática, publicadas nos últimos 5 anos (2019-2023), nos idiomas inglês e português, associado a artigos gratuitos e de livre acesso. A partir destes critérios, houve 5.533 retornos e destes foram excluídos 5.417, após leitura de resumo e títulos – Monografias, Trabalhos de Conclusão de TCC, Dissertações de Mestrado/Defesa de doutorado. Permanecendo assim, 116 artigos para leitura integral, dos quais 24 artigos foram incluídos. A seguir tem-se o fluxograma:

Dentre os 24 artigos selecionados para inclusão no estudo, observou-se 12 artigos com maior especificidade da fisioterapia. Segue o quadro:

Figura 2: Quadro – Artigos com maior especificidade da fisioterapia

Ano/AutorTítuloDesenho de estudoAmostraPrincipais Resultados
DEVLIN et al. (2019)Music Therapy and Music-Based Interventions for Movement DisordersRevisão bibliográfica196 pessoasMúsicas e ritmos podem oferecer benefícios sintomáticos para pacientes DP e outros distúrbios do movimento.
BEK et al. (2020)Dance and Parkinson’s: A review and exploration of the role of cognitive representations of actionRevisão bibliográfica144 trabalhos científicospotenciais benefícios da dança para pessoas que vivem com DP em domínios motores e não motores
FEENSTRA et al. (2022)Dance classes improve self-esteem and quality of life in persons with Parkinson’s diseaseColeta de dados49 pessoasMelhora da qualidade de vida, assim como os sintomas motores
MORATELLI et al. (2022)Dance Rhythms Improve Motor Symptoms in Individuals with Parkinson’s Disease: A Randomized Clinical TrialColeta de dados39 pessoasObservou-se melhora de sintomas motores.
LEE; KOO, (2023)Effects of Music-Based Interventions on Motor and Non-Motor Symptoms in Patients with Parkinson’s Disease: A Systematic Review and Meta-AnalysisColeta de dados 745 estudos e 13 estudos envolvendo 417 participantesOs resultados sugerem que as intervenções baseadas na música são eficazes para a melhoria de alguns sintomas motores.
KOSHIMORI; THAUT, (2018)Future perspectives on neural mechanisms underlying rhythm and music based neurorehabilitation in Parkinson’s diseaseRevisão bibliográfica144 trabalhos científicosAs intervenções baseadas no ritmo afetam positivamente a marcha e pode levar a respostas compensatórias.
TAMPLIN, et al. (2020)ParkinSong: resultados de 12 meses Ensaio Controlado de Canto Terapêutico Grupos na doença de ParkinsonColeta de dados119 pessoasmelhorias significativas na qualidade de vida e ansiedade e reduções nos escores de depressão e estresse.
SCATAGLINI et al. (2023)




Effect of Music Based Therapy Rhythmic Auditory Stimulation (RAS) Using Wearable Device in Rehabilitation of Neurological Patients: A Systematic Review
Revisão SistemáticaPublicações científicas pesquisadas na PubMed, PEDro, Medline, Web of Science e Science Direct.Mostraram valores significativos dos parâmetros espaço-temporais da marcha na estimulação auditiva rítmica (EAR) da terapia baseada em música, incluindo velocidade, comprimento da passada, cadência e ADM.
CALABRÒ et al. (2019)Walking to your right music: a randomized controlled trial on the novel use of treadmill plus music in Parkinson’s diseaseColeta de Dados50 pessoasMelhora na Avaliação Funcional da Marcha e diminuição de quedas.
CAPATOA et al. (2019)Multimodal Balance Training Supported by Rhythmical Auditory Stimuli in Parkinson’s Disease: A Randomized Clinical TrialColeta de dados154 pessoasMelhora de equilíbrio multimodal apoiado pelo RAS.
BENITEZ, et al. (2021)Dance as a neurorehabilitation strategy: A systematic reviewRevisão SistemáticaPesquisas de publicações científicas na Medline, Lilacs, Science Direct, SCOPUS, PeDro, BVS (biblioteca virtual de saúde) e Google Acadêmico.Benefícios motores de marcha, melhora da flexibilidade cognitiva e de velocidade de exercícios, diminuição de risco de queda e melhora da qualidade de vida com a estimulação auditiva rítmica
CARAPELOTTI, et al. (2020)The efficacy of dance for improving motor impairments, non-motor symptoms, and quality of life in Parkinson’s disease: A systematic review and meta-analysisColeta de dados636 pessoasA dança pode melhorar as deficiências motoras, especificamente o equilíbrio e a gravidade dos sintomas motores em indivíduos com DP leve a moderada.

Fonte: Elaborado pelos autores.

3 DESENVOLVIMENTO 

A dança é uma atividade que combina diversos aspectos, como ritmo, cognição, emocional, social e físico, promovendo de forma natural, o aprendizado compartilhado, com a estimulação das áreas sensório-motoras e fronto-parietais, que são responsáveis pela atividade motora, uma das áreas mais afetadas com o avanço da DP. (Bek et al.,2020). 

Quando comparadas, atividades físicas à dança, esta última apresenta bons resultados motores e de mobilidade funcional positivos em indivíduos com Doença de Parkinson (DP). Sendo uma técnica abrangente, de fácil acesso, não invasiva. (Santos et. al., 2018 e Koshimori; Thaut, 2018) 

A DP, é a segunda doença neurodegenerativa em ocorrências, sendo superada apenas para o Alzheimer. (CABRERA; MASSANO, 2019). Descrita pela primeira vez pelo médico britânico, James Parkinson, em 1817 no estudo “Paralisia agitante” em que definiu como:

“Movimento involuntário trêmulo, com força muscular diminuída, em partes não ativas, mesmo quando suportadas; com uma propensão de curvatura do tronco para frente e aceleração do ritmo da caminhada: com sentidos e intelecto permanecendo ilesos” (PARKINSON, 1817) 

Caracterizada por gradativa degeneração de neurônios localizados na substância negra, parte compacta, responsável pela dopamina, neurotransmissor que regula as atividades do córtex motor. (FRISALDI, et. al., 2021 e SCATAGLINI, et. al., 2023) A diminuição deste neurotransmissor desequilibra as atividades entre o núcleo da base e o córtex motor.

Os sinais motores da DP são: tremor em repouso, rigidez muscular, acinesia, caracterizada pela dificuldade de iniciar o movimento, instabilidade postural e alterações no andar. Os sintomas não motores são depressão, alterações cognitivas, distúrbios no sono, memória, fala e na deglutição. Há ainda estudos que indicam comprometimento do sistema nervoso auditivo central e a perda auditiva que é sensorioneural, reduzindo a sensibilidade para tons puros em frequências altas (SANTOS, et. al., 2023)

Conforme Carapellotti et al., (2020), a dança, como atividade criativa a longo prazo, é eficaz em modificar a progressão da DP. Abrangendo as deficiências motoras, como o equilíbrio, a marcha no que tange tamanho da passada e velocidade, obtendo melhor resultado do que em formas tradicionais de atividades físicas. Em relação aos efeitos não motores, a dança exigirá habilidades: cognitiva, espacial e rotação mental para aprender técnicas, sequências e ritmos variados de passos. Geralmente a dança praticada em grupo, beneficiando o convívio coletivo, o que melhora questões psicológicas. (CARAPELLOTTI et. al., 2020 e FEENSTRA, et. al., 2022 e DEVLIN, et. al., 2019)  

Como atividade terapêutica, a dança se torna um viés multifatorial para paciente com DP, pois combina elementos físicos, cognitivos e rítmicos, além de aspectos emocionais e sociais. A liberação de dopamina, proveniente de atividades físicas é uma neuro proteção e pessoas com DP geralmente não atingem, pois têm níveis de movimentos muito baixos. Mas quando se trata de dança, a motivação e adesão de pessoas com DP é maior, esta atividade a longo prazo pode ser mais benéfica que outros tipos de atividades cognitivas e/ou físicas (Bek, et. al., 2020)

A dança como terapia, cresce em interesse pelo potencial em abranger tanto sintomas motores, quanto não motores. O tango, a valsa/foxtrot e dança irlandesa com movimentos velozes e mudanças de direção, trabalham a bradicinesia, instabilidade postural e rigidez, melhorando marcha e equilíbrio. Em sintomas não motores, o tango, a dança de salão, a dança irlandesa ou uma combinação de aeróbica, jazz, tango e balé aparecem como uma boa combinação para melhora da apatia, fadiga e cognição (MICHELS, et, al., 2018). 

A Terapia de Dança ou Terapia do movimento (DT), diferente do ensino de dança tradicional, agrega o biopsicossocial individual, além de todas as outras partes recreativas e estéticas que a dança envolve. Usar o movimento como ferramenta de tratamento que possibilita a promoção de saúde e bem-estar através da expressão de emoções, concentrada no corpo. (MICHELS, et, al., 2018 e ZHANG, et. al,. 2019).

O ritmo tem sido utilizado como recurso terapêutico para pacientes com DP há, pelo menos 20 anos, época em que nasce, nos EUA, a Musicoterapia Neurológica (NMT). (LEE; KO, 2023) Seja através do canto, ritmo ou aprendendo um instrumento, a música tem a capacidade de modular regiões cerebrais responsáveis pela reabilitação neurológica, sendo possível tratar sintomas motores e não motores.

Entre as técnicas utilizadas na DT, destaca-se o estímulo auditivo rítmico (EAR), o Aprimoramento Sensorial Padronizado (PSE), e a Performance Musical Instrumental Terapêutica (TIMP). No EAR o paciente caminha esteira equipada com estimulação auditiva rítmica (RAS), para melhorar os padrões de marcha fazendo a compensação de perda de movimentos automáticos e rítmicos. (CALABRÒ et. al., 2019 e OLIVEIRA, et. al., 2022). 

O PSE associa treinamentos cotidianos com elementos como dinâmica, harmonia, métrica e altura para melhorar padrões de movimento no espaço/tempo e facilitar a atividade, coordenação muscular, força, equilíbrio, controle postural e amplitude de movimento. E a TIMP utiliza o aprendizado de instrumentos musicais para trabalhar movimentos funcionais e melhorar a amplitude de movimento, coordenação dos membros, controle postural, destreza, percepção corporal e sensação. (CHATTERJEE, et. al., 2022 e LEE; KO, 2023).

 Os sinais rítmicos dão referência de tempo de início e fim das atividades motoras, e, por ser mais rápido que os sistemas visuais e tácteis, o sistema auditivo, consegue detectar melhor padrões temporais; a interconexão entre os sistemas auditivo e motor possibilita percepções imediatas. Observado isso, a utilização da dança como terapia, beneficia-se da estimulação rítmica no tratamento para paciente de DP, independente do estilo musical adotado, melhorando a gravidade da doença e a qualidade de vida (KOSHIMORI; THAUT, 2018)

Ansiedade, fadiga e depressão, entre outras, se agravam com a progressão da doença. Dentre as comorbidades relacionadas a DP, a depressão é a mais comum e está associada à perda de independência, aumento de quedas e, consequentemente, perda interesse pela vida. Tal situação reduz a qualidade de vida do parkinsoniano (JIN, et. al., 2020 e SILVA; CARVALHO, 2019)

A musicoterapia é descrita como uma possibilidade viável para trabalhar os efeitos não motores da DP e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. A música, além de possibilitar comunicação artística, é usada clinicamente para tratar déficits de atenção; memória comunicação e afetivos. Ouvir música, assim como tocar um instrumento, auxilia a conectividade neural em áreas diferentes do cérebro e aumenta a estimulação sensorial e cognitiva (SCATAGLINI, et, al., 2023) o cérebro motor está conectado ao auditivo e estes ligados em redes neurais, inclusive estruturas corticais e subcorticais. (HUTCHINSON et, al., 2020) A DP causa deteriorações progressivas fisiológicas que afetam o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas quem sofrem com essa condição (MICHELS et. al., 2018; BENÍTEZ et. al., 2023) Buscar soluções alternativas para tratar sintomas motores e não motores, e melhorar a qualidade de vida dos parkinsonianos, têm achado alternativas no caminho das artes, principalmente nas terapias que envolvem ritmos (CARAPELLOTTI, et. al., 2020; BENÍTEZ, et. al., 2023; CAPATO, et. al., 2023; MICHELS et. al., 2018; MORATELLI, et. al., 2023; BEK et al.,2023; SANTOS et. al., 2018 e KOSHIMORI; THAUT, 2018) e os benefícios ficam mais evidentes, quando esse tratamento é feito de forma coletiva. (TAMPLIN, et. al., 2020)

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A incapacidade motora e não motora e o prejuízo na qualidade de vida, em decorrência do avanço da Doença de Parkinson, são assuntos que vêm provocando pesquisadores a buscarem soluções alternativas há décadas. O uso da dança e do ritmo como terapia complementar, tem sido utilizado no tratamento.

A aplicação da terapia rítmica auxilia na qualidade de vida dos pacientes, seja associada à terapia tradicional e exercícios conservadores, ou ainda, de forma coletiva. Há evidências positivas no uso do ritmo para pacientes parkinsonianos, para reabilitação de marcha, tratamento para ansiedade e depressão ou retomadas de função nas atividades de vida cotidiana. A dança e o ritmo têm dado novos rumos e perspectivas a pacientes e pesquisadores da Doença de Parkinson.

REFERÊNCIAS

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1Graduanda em Fisioterapia no Centro Universitário Uni LS – ana.brochado53@lseducacional.com
2Graduanda em Fisioterapia no Centro Universitário Uni LS – franciele.silva35@lseducacional.com
3Professora orientadora Geórgia Danila Fernandes D’Oliveira. Graduação em Fisioterapia pela Universidade Católica de Brasília (2003) Mestrado em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília (2005), doutorado em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília- UCB (2010), atualmente é aluna de pós doutoramento pela Ciência Sem Fronteira na Universidade de Brasília (2012). Professora da Faculdade LS e Universidade Católica de Brasília (pós graduação).- georgia.oliveira@ls.edu.br