USO RACIONAL DE FITOTERÁPICOS NO MANEJO DA ANSIEDADE:  EVIDÊNCIAS E RISCOS DO USO INADEQUADO 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202511150801


Desirée Deborah H. Coelho Pereira¹
Fabíola Campidel De  Oliveira¹
Lívia Márcia Gomes Malta¹
Orientadora: Profa. Lorena Silva Matos Andrade


RESUMO 

O uso de fitoterápicos no manejo da ansiedade tem crescido devido à busca por  alternativas terapêuticas com menor risco de dependência e efeitos adversos.  Este estudo teve como objetivo analisar as evidências científicas sobre a eficácia  e a segurança dos principais fitoterápicos utilizados no tratamento da ansiedade,  além de discutir os riscos associados ao uso inadequado. Trata-se de uma  revisão integrativa realizada nas bases PubMed, SciELO e BVS, com artigos  publicados entre 2020 e 2025. Os resultados apontam que espécies como  Passiflora incarnata, Valeriana officinalis, Melissa officinalis, Matricaria  chamomilla e Lavandula angustifolia apresentam ação ansiolítica clinicamente  relevante, sobretudo por sua atuação sobre o sistema GABAérgico, com boa  tolerabilidade e menor risco de dependência. Entretanto, a automedicação, as  interações medicamentosas e o uso simultâneo com ansiolíticos sintéticos  representam riscos importantes, especialmente na ausência de  acompanhamento profissional. Conclui-se que os fitoterápicos podem ser  utilizados de forma segura e eficaz no manejo da ansiedade, desde que  empregados racionalmente, com orientação farmacêutica e respaldo científico,  reforçando a necessidade de educação em saúde e de estudos clínicos mais  padronizados. 

Palavras-chave: Fitoterapia; Ansiedade; Uso racional; Plantas medicinais;  Segurança. 

ABSTRACT  

The use of herbal medicines in anxiety management has increased due to the  search for therapeutic alternatives with lower risks of dependence and adverse  effects. This study aimed to analyze the scientific evidence regarding the  efficacy and safety of the main herbal medicines used in the treatment of  anxiety, as well as to discuss the risks associated with inappropriate use. This is  an integrative review conducted in the PubMed, SciELO and BVS databases,  including articles published between 2020 and 2025. The results indicate that species such as Passiflora incarnata, Valeriana officinalis, Melissa officinalis,  Matricaria chamomilla and Lavandula angustifolia show clinically relevant  anxiolytic effects, mainly through modulation of the GABAergic system, with  good tolerability and lower risk of dependence. However, self-medication, drug  interactions and concurrent use with synthetic anxiolytics present significant risks, especially without professional supervision. It is concluded that herbal  medicines can be used safely and effectively in anxiety management, provided  they are employed rationally, with pharmaceutical guidance and scientific  support, reinforcing the need for health education and more standardized  clinical studies. 

Keywords: Phytotherapy; Anxiety; Rational use; Medicinal plants; Safety. 

1 INTRODUÇÃO 

Na sociedade contemporânea, a ansiedade é um dos transtornos mentais mais  prevalentes, afetando significativamente a saúde mental e a qualidade de vida  dos indivíduos. Seus sintomas incluem agitação, angústia, sensação de  sufocamento e aperto no peito, que, quando intensos e frequentes, caracterizam  a ansiedade patológica (FONSECA, 2023; BRASIL, 2023). Esse quadro pode se  manifestar de diferentes formas clínicas, dentre as quais se destaca o Transtorno  de Ansiedade Generalizada (TAG), caracterizado pela preocupação excessiva e  persistente em relação a múltiplas situações do cotidiano. 

O tratamento convencional da ansiedade geralmente envolve o uso de  medicamentos controlados, como benzodiazepínicos e antidepressivos, que,  embora eficazes, podem ocasionar efeitos adversos relevantes e risco de  dependência (EBSERH, 2022). Diante desses aspectos, cresce o interesse pelo  uso de fitoterápicos como alternativa ou complemento terapêutico, devido ao seu  perfil de segurança mais favorável e à busca por práticas integrativas em saúde. 

Fitoterápicos são medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais, cujas  partes como folhas, raízes, flores ou cascas, contêm substâncias bioativas capazes de exercer efeitos terapêuticos no organismo humano (BRASIL, 2024).  Podem ser encontrados em diferentes formas farmacêuticas, como cápsulas,  comprimidos, xaropes, chás e extratos, sendo amplamente utilizados na  prevenção e no tratamento de sintomas físicos e psíquicos. Entretanto, o uso  indiscriminado e sem orientação profissional pode trazer sérios riscos à saúde,  incluindo interações medicamentosas, dosagens inadequadas e atraso no início  de terapias farmacológicas convencionais (ALENCAR; MEDEIROS; BRITTO,  2020). 

Dessa forma, torna-se evidente a importância de promover o uso racional dos  fitoterápicos, fundamentado em evidências científicas e acompanhado por  profissionais de saúde. Isso assegura eficácia e segurança, minimizando os  riscos da automedicação e a falsa percepção de que produtos naturais são  necessariamente inofensivos. Nesse contexto, o presente trabalho tem como  objetivo analisar o papel dos fitoterápicos no manejo da ansiedade, destacando  os benefícios potenciais, as limitações e os riscos decorrentes do uso  inadequado. 

2 METODOLOGIA 

2.1 TIPO DE ESTUDO 

O presente trabalho é uma revisão integrativa da literatura, método de pesquisa  que possibilita reunir, avaliar e sintetizar resultados de estudos científicos  publicados. Essa abordagem é amplamente utilizada na área da saúde, pois  permite a incorporação de evidências à prática clínica e acadêmica, promovendo  uma análise crítica e abrangente do conhecimento existente sobre determinada  temática. 

2.2 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE 

Foram considerados elegíveis para esta revisão os artigos publicados no período  de 2020 a 2025, disponíveis em texto completo, redigidos em português ou  inglês. Dentre os artigos, priorizaram- se aqueles que abordassem o uso de  fitoterápicos no tratamento da ansiedade, contemplando aspectos como eficácia  terapêutica, segurança, uso racional e riscos associados à utilização  inadequada. 

Além disso, foram excluídos da análise monografias, dissertações, teses, livros,  capítulos de livros, editoriais, resumos simples de eventos científicos, bem como  publicações duplicadas ou que não apresentassem relação direta com a  temática proposta. 

2.3 FONTES DE PESQUISAS 

A busca bibliográfica foi conduzida nas bases de dados PubMed, SciELO e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A escolha dessas plataformas justifica-se por  sua ampla abrangência de publicações científicas na área da saúde e pela  confiabilidade das informações disponibilizadas, assegurando a obtenção de  artigos atualizados e pertinentes ao tema. 

2.4 ESTRATÉGIA DE PESQUISA 

A estratégia de busca foi construída a partir da combinação de descritores  controlados dos vocabulários DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e MeSH  (Medical Subject Headings), de modo a garantir maior precisão e abrangência  dos estudos. As combinações foram realizadas com o auxílio dos operadores  booleanos AND e OR conforme o Quadro 1. 

 Quadro 1. Estratégia de busca estratificada segundo bases de dado

Base de dados Estratégia de Pesquisa
BVS (“medicamentos fitoterápicos”) AND  (“uso racional”) AND (“ansiedade”)
SciELO (“fitoterápicos”) AND (“eficácia” OR  “segurança”) AND (“uso racional”)
PUBMED (“Acceptability”) AND (“Anxiety”) AND  (“Efficacy”) AND (“Medicinal herb”)

 Fonte: Elaborado pelos autores. 

2.5 COLETA E EXTRAÇÃO DE DADO 

A seleção dos artigos iniciou-se pela leitura de títulos e resumos, a fim de verificar  a relação direta com o tema proposto. Aqueles que se mostraram pertinentes  foram lidos integralmente para confirmar sua adequação aos critérios da  pesquisa. 

Os dados extraídos foram organizados em uma planilha no Google Sheets,  contendo informações como autor, ano de publicação, idioma, tipo de estudo,  principais resultados e conclusões acerca do uso de fitoterápicos no tratamento  da ansiedade. 

Essa sistematização possibilitou uniformizar a coleta e facilitar a comparação  entre os estudos selecionados, assegurando maior clareza e confiabilidade à  análise. 

2.6 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 

Após a seleção, os estudos incluídos foram organizados em um quadro resumo,  contendo informações essenciais, como autor, ano de publicação, tipo de estudo,  principais resultados e conclusões relacionadas ao uso de fitoterápicos na  ansiedade. 

A análise foi conduzida de forma descritiva e comparativa, buscando evidenciar  os aspectos mais relevantes de cada artigo, identificar semelhanças e diferenças  nos achados e apontar possíveis lacunas na literatura. Essa sistematização permitiu reunir as evidências disponíveis de maneira clara e objetiva,  favorecendo a compreensão crítica do tema. 

3 RESULTADOS 

A busca realizada nas bases de dados resultou na seleção de estudos que  atenderam aos critérios de inclusão definidos para esta revisão integrativa. Os  artigos encontrados abordam o uso de diferentes espécies de fitoterápicos no  manejo da ansiedade, destacando suas evidências de eficácia, possíveis  mecanismos de ação e aspectos relacionados à segurança do uso. 

Os estudos incluídos apresentam variedade metodológica e temporal,  abrangendo o período de 2020 a 2025, e englobam desde revisões de literatura  até ensaios clínicos e estudos experimentais, o que contribui para uma  compreensão mais ampla sobre o papel dos fitoterápicos na terapêutica da  ansiedade. 

A seguir, a Tabela 1 apresenta uma síntese das principais características e  resultados dos artigos analisados, evidenciando os avanços científicos e as  lacunas ainda existentes sobre o tema 

Tabela 1 – Resumo das publicações incluídas 

Autores /  AnoTítulo do  estudoEspécies  
vegetais  
investigadas
Principais  
achados /  Resultados
Conclusões  
relevantes
Dorlivete, D.  S.; Silva, A.  R.; Costa, L.  A.; et al.  (2022)Uso
concomitante
de
ansiolíticos e
plantas
medicinais:
Será que há
riscos?
Passiflora
incarnata,
Hypericum
Perforatum
Valeriana
officinalis,
Melissa
officinalis,
Matricaria
recutita,
Ginkgo
biloba,
Rhodiola
rosea e
Piper
methysticum
O estudo
identificou o
uso frequente
e simultâneo
de
medicamentos
ansiolíticos
com plantas
medicinais de efeito
calmante.
Destaca o
potencial
risco de
interações
farmacológicas, somação
de efeitos
depressores
do SNC e
sedação
excessiva.
Conclui-se que,
por falta de
informação a
população
adquire o uso
irracional
desses
medicamentos,
o uso concomitante
com
psicotrópicos
requer
acompanhamento farmacêutico
para evitar
reações
adversas e
intoxicações.
Dourado, A.  L. G. et al.  (2025)Avaliação da  efetividade e segurança de  fitoterápicos  utilizados no  tratamento da  ansiedadePassiflora  
incarnata,
Valeriana  
officinalis,  
Melissa  
officinalis
Evidenciou  eficácia clínica  dessas
espécies na  modulação do sistema  
GABAérgico
O uso racional e  supervisionado  desses  fitoterápicos  pode  representar  alternativa  segura e eficaz  aos ansiolíticos  sintéticos.  Porém, é  importante a  padronização  das dosagens e  posologias 
Silva, A. C.  da et al.  (2022)Plantas com  ação no  
sistema  nervoso central que  
constam na  RENISUS
Matricaria  chamomillaErythrina  mulungu,  Passiflora  incarnata,  Melissa  officinalis,  Valeriana  officinalis,  Piper  methysticumDestacou 
espécies
com  ação  
antidepressiva a e ansiolítica  comprovadas , presentes  na RENISUS.
Recomenda  ampliação da  lista de plantas  com potencial  ansiolítico no  SUS e uso  racional dessas  terapias.
Pedroso, R.  S.; Andrade,  G.; Pires, R.  H. (2021)Plantas  
medicinais: uma  abordagem  
sobre o uso  seguro e  racional
Plantas  
medicinais: uma  abordagem  
sobre o uso  seguro e  racional
Evidenciou se aumento  no uso de  plantas  medicinais,  porém com  riscos
de  toxicidade,  
interações  
medicamentosas e uso  inadequado  por falta de  
orientação  profissional.  O estudo  
destaca a  
necessidade  de políticas  públicas e  educação em  saúde para  
promover o  uso seguro e  racional
O uso racional  requer 
conhecimento  técnico e  
acompanhamento profissional. 
Profissionais de  saúde devem  
atuar na  
educação e  promoção do  uso responsável  de fitoterápicos,  especialmente  no SUS.
Silva, T. S. de  Brito;  Oliveira, F.  F.; Santos,  R. M. (2022)Plantas  
medicinais
e  fitoterápicos  no cuidado  da saúde  mental em  tempos de  pandemia:  
uma revisão 
da literatura
Cymbopogon  citratus,  
Lavandula  
officinalis,  
Melissa  
officinalis,  
Passiflora  
incarnata,  
Valeriana 
officinalis e  Piper  
methysticum
Observou-se  que várias  espécies  apresentaram  efeitos  
ansiolíticos e  calmantes  
associados à  modulação  do sistema  
GABAérgico  e à redução  de sintomas  de ansiedade  em estudos  clínicos e  pré-clínicos.  Também 
destacou
a  popularização do uso  
doméstico  
dessas  plantas e o  risco de 
automedicação sem  
acompanhamento  profissional.
Conclui que o  uso de  
fitoterápicos  
pode
contribuir 
de forma segura  e complementar  para o manejo  da ansiedade e  de outros  
transtornos  leves de humor,  desde que  ocorra de  maneira racional  e  supervisionada por profissionais 
de saúde. Recomenda-se  ampliar  
pesquisas  
clínicas  
padronizadas e  fortalecer ações  de educação em  saúde voltadas  à fitoterapia. 
Carvalho, L.  G. Leite, S.  C. Costa, D.  A. F. (2021)Principais  
fitoterápicos  e demais  
medicamentos utilizados  no tratamento  de ansiedade  e depressão 
Passiflora
incarnata L.,
Valeriana
officinalis L.,
O Piper
methysticum
L., Hypericum
perforatum L.
e Crataegus
oxyacanth L. 
Medicamento
s fitoterápicos
mesmo que
mais leves
também
possuem
seus efeitos
colaterais,
bem como
suas
contraindicaç
ões, não
devem ser
associados
com outros
depressores
do sistema
nervoso, e
não deve ser
associado
com
indivíduos
hepato
comprometidos,
gestantes
ou lactantes.
Conclui-se que
o tratamento
convencional do
transtorno de
ansiedade e
depressão
causa muitos
efeitos
colaterais, e
com isso os
fitoterápicos
vêm sendo
utilizados em
casos leves.
Vale ressaltar
que mesmo
sendo
regularizados no
Brasil de acordo
com a ANVISA,
os
medicamentos
fitoterápicos
também
possuem seus
efeitos
colaterais.
Recomenda-se
uma avaliação
médica precisa
do caso do
paciente,
relatando seu
histórico com
sinais e
sintomas, para assim ter uma
indicação
terapêutica
adequada.
K Kenda, M.;  Nanz, A.;  Nöthlings, U.;  et al. (2022)Medicinal
Plants Used
for Anxiety,
Depression,
or Stress: An
Update
Lavandula
(lavanda),
Humulus
(lúpulo),
Passiflora,
Melissa
(erva-
cidreira),
Valeriana,
entre outras
Identificou-se
que lavanda,
lúpulo,
maracujá
(Passiflora),
erva-cidreira
e valeriana
têm
evidências
mais
consistentes
em ensaios
clínicos para
alívio de
sintomas
leves de
ansiedade/
depressão
Algumas plantas
medicinais
mostram
potencial
terapêutico para
quadros leves
de ansiedade,
mas o emprego
racional exige
consideração de
dosagem,
segurança,
interações e
seleção
criteriosa de
paciente
Zhang, Y.;  Wang, Y.;  Zhang, H.; et  al. (2022)Medicinal
herbs for the
treatment of
anxiety: A
systematic
review and
network
meta-analysis
Lavandula
angustifolia
(Silexan),
Piper
methysticum
(Kava),
Crocus
sativus
(Açafrão),
Withania
somnifera
(Ashwagandh
a), Ginkgo
biloba,
Passiflora
incarnata,
Galphimia
glauca, e
formulações
compostas
como
Manasamitra
v Vataka
Em
comparação
entre
diversas
plantas:
Silexan
apresentou
efeito
significativo
na redução
de ansiedade
(diferença
média –3,84
no escore
HAMA)
Kava
demonstrou
efeito
ansiolítico
(MD –2,46)
Ginkgo
biloba e
Withania
somnifera
também
demonstraram eficácia
nos escores
de ansiedade
Passiflora e
açafrão foram
apontados
como
merecedores
de mais
estudo, ainda
que não se
tenham
destacado no
somatório da
rede principal
Todas as
plantas
apresentaram
perfil de
tolerância
razoável
quando
comparadas
aos controles
As plantas
medicinais
possuem
potencial
promissor para
o tratamento da
ansiedade,
especialmente
como
coadjuvantes
terapêuticos. A
escolha entre os
fitoterápicos
deve considerar
eficácia
comparativa,
tolerância,
segurança e
perfil de risco
em interações
medicamentosa
s.
Saadatmand,  S.;  Hamzehgard eshi, Z.;  Shabani, S.;  et al. (2024)The Effect of
Oral
Chamomile
on Anxiety: A
Systematic
Review
Camomila
(Matricaria
chamomilla)
De 10
ensaios
clínicos
incluídos, 9
sugerem que
a
administraçã
o oral de
camomila é
eficaz para
reduzir
sintomas de
ansiedade,
uso de
cápsulas ou
chá,
diferentes
doses e
durações;
efeitos
adversos
raros
relatados.
Conclui-se que
a camomila oral
mostrou perfil
promissor como
ansiolítico
natural, seu uso
racional no
manejo da
ansiedade pode
compor
estratégias
integradas,
considerando
dosagem,
monitoramento
e possíveis
interações.

4 DISCUSSÃO 

Os resultados obtidos nesta revisão integrativa demonstram que o uso de  fitoterápicos tem se consolidado como uma alternativa terapêutica eficaz e  segura no manejo da ansiedade, sobretudo em casos leves e moderados. As  evidências reunidas, tanto em estudos nacionais quanto internacionais, reforçam  que essas plantas medicinais atuam de forma relevante na regulação do sistema  nervoso central, apresentando efeitos ansiolíticos, sedativos e antidepressivos,  além de boa tolerabilidade e baixo risco de dependência (DOURADO et al., 2025;  SILVA et al., 2022; ZHANG et al., 2022). 

O estudo de Zhang et al. (2022), uma meta-análise em rede que avaliou 29  ensaios clínicos randomizados, identificou que, entre doze plantas medicinais  analisadas, Silexan® (extrato padronizado de Lavandula angustifolia) e Kava kava (Piper methysticum) apresentaram os efeitos ansiolíticos mais  consistentes, com redução significativa nos escores da Escala de Ansiedade de  Hamilton (HAMA). Além disso, o Silexan demonstrou ainda benefícios sobre  sintomas de insônia e depressão leve, mantendo boa tolerabilidade. Já a kava apresentou eficácia moderada, mas requer cautela devido ao risco  potencial de hepatotoxicidade, reforçando a necessidade de monitoramento  clínico e uso racional (ZHANG et al., 2022). 

De forma semelhante, Saadatmand et al. (2024) realizaram uma revisão  sistemática de dez ensaios clínicos sobre o uso oral de camomila (Matricaria  chamomilla L.) e observaram que nove estudos relataram redução significativa  dos sintomas ansiosos, tanto em pacientes com transtorno de ansiedade  generalizada (TAG) quanto em grupos específicos, como mulheres na  menopausa, pacientes oncológicos e indivíduos com insônia. O principal  constituinte ativo, a apigenina, atua modulando os receptores GABA e o eixo  hipotálamo-hipófise-adrenal, o que explica seu efeito ansiolítico e leve sedativo.  A maioria dos estudos relatou boa tolerabilidade e ausência de eventos adversos  graves, embora haja registros de reações alérgicas em indivíduos sensíveis à  família Asteraceae e potenciais interações medicamentosas com anticoagulantes e depressores do sistema nervoso central (SAADATMAND et  al., 2024). 

Entre as espécies mais investigadas em revisões brasileiras e internacionais,  destacam-se também Passiflora incarnata, Valeriana officinalis e Melissa officinalis, que apresentaram resultados clínicos consistentes quanto à eficácia  e segurança (DOURADO et al., 2025; SILVA et al., 2022; ZHANG et al., 2022).  Ensaios clínicos relatam que a Passiflora incarnata reduz significativamente os  níveis de ansiedade em situações de estresse e em períodos pré-operatórios,  com efeitos comparáveis aos benzodiazepínicos, porém sem causar  dependência química. A Valeriana officinalis demonstrou melhora na qualidade  do sono e na redução da tensão, enquanto a Melissa officinalis apresentou  efeitos ansiolíticos e antidepressivos leves, atuando sobre o sistema  GABAérgico e promovendo equilíbrio emocional (DOURADO et al., 2025). 

O estudo de Costa, Carvalho e Leite (2021) também ressalta o potencial  terapêutico de espécies como Erythrina mulungu, Ginkgo biloba e Lavandula  officinalis, que apresentam efeito calmante e ansiolítico comprovado. O Ginkgo  biloba, embora eficaz em alguns casos, foi associado a reações adversas leves,  como cefaleia e desconforto gastrintestinal. Já o Mulungu possui ampla utilização  tradicional no Brasil, mas ainda carece de ensaios clínicos padronizados que  confirmem sua segurança e eficácia em longo prazo (COSTA; CARVALHO;  LEITE, 2021). 

Esses efeitos farmacológicos estão associados à presença de metabólitos  secundários como os flavonoides, terpenos, alcaloides e saponinas, capazes de  modular neurotransmissores como GABA, serotonina e noradrenalina, reduzindo  a excitabilidade neuronal e promovendo relaxamento e bem-estar (SILVA et al.,  2022; SAADATMAND et al., 2024). Entretanto, a diversidade de formulações,  métodos de extração e dosagens entre os estudos representa um obstáculo à  padronização terapêutica, comprometendo comparações diretas e o  estabelecimento de protocolos clínicos uniformes (ZHANG et al., 2022;  DOURADO et al., 2025). 

Outro ponto relevante identificado na literatura é a percepção equivocada de que  produtos naturais são isentos de riscos. Dorlivete et al. (2022) observaram que  a automedicação e o uso concomitante de fitoterápicos e ansiolíticos sintéticos  são práticas comuns, o que pode levar à potencialização dos efeitos depressores  do sistema nervoso central e à sedação excessiva. Essas práticas reforçam a  importância da educação em saúde e da orientação profissional, especialmente  do farmacêutico, para prevenir riscos e garantir o uso racional. 

De acordo com Pedroso, Andrade e Pires (2021), o farmacêutico desempenha  papel essencial na promoção do uso racional de fitoterápicos, orientando quanto  às doses adequadas, possíveis interações e contraindicações, além de atuar na  farmacovigilância e no acompanhamento do paciente. Essa atuação é  indispensável para a integração segura da fitoterapia às práticas de saúde  pública, fortalecendo o cuidado farmacêutico humanizado (COSTA; CARVALHO;  LEITE, 2021; PEDROSO; ANDRADE; PIRES, 2021). 

Além disso, segundo Silva et al. (2022), espécies como Matricaria chamomilla,  Erythrina mulungu e Passiflora incarnata estão incluídas na Relação Nacional de  Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), reforçando o  reconhecimento oficial da fitoterapia como prática complementar segura e  baseada em evidências. 

Em síntese, o conjunto das evidências analisadas confirma que os fitoterápicos  representam uma alternativa terapêutica promissora e segura no manejo da  ansiedade, com eficácia comparável a fármacos sintéticos em muitos casos. No  entanto, sua efetividade clínica depende da padronização dos extratos, da  condução de estudos robustos e da orientação profissional qualificada. O  fortalecimento das pesquisas clínicas, a capacitação dos profissionais de saúde  e a conscientização da população são estratégias indispensáveis para  consolidar o uso racional e científico das plantas medicinais no cuidado à saúde  mental (DOURADO et al., 2025; SAADATMAND et al., 2024; ZHANG et al.,  2022).

5 CONCLUSÃO 

O presente estudo permitiu reunir e analisar evidências científicas acerca do uso  racional de fitoterápicos no manejo da ansiedade, destacando tanto seu  potencial terapêutico quanto os riscos associados ao uso inadequado. Os  resultados obtidos demonstram que espécies como Passiflora incarnataValeriana officinalis, Melissa officinalis, Matricaria chamomilla e Lavandula  angustifolia apresentam eficácia significativa na redução dos sintomas ansiosos,  sobretudo em casos leves e moderados, atuando principalmente por  mecanismos relacionados à modulação do sistema GABAérgico e à regulação  do sistema nervoso central. 

Constatou-se que, em comparação aos ansiolíticos sintéticos, os fitoterápicos  apresentam perfil de segurança mais favorável e menor risco de dependência,  sendo opções terapêuticas promissoras quando utilizadas sob orientação  profissional. Entretanto, verificou-se também que o uso indiscriminado dessas  substâncias, sem acompanhamento técnico adequado, pode ocasionar  interações medicamentosas, efeitos adversos e prejuízos à eficácia do  tratamento, reforçando a necessidade do uso racional e supervisionado. 

A revisão evidenciou ainda a importância do farmacêutico na promoção do uso  seguro de fitoterápicos, atuando na orientação ao paciente, na identificação de  possíveis interações e na educação em saúde. Esse profissional desempenha  papel essencial na integração da fitoterapia às práticas de atenção primária e  nas políticas públicas de saúde, especialmente no âmbito do Sistema Único de  Saúde (SUS), que reconhece diversas espécies medicinais na RENISUS. 

Apesar dos avanços nas pesquisas, ainda existem limitações relacionadas à falta  de padronização de extratos, variação nas dosagens e escassez de estudos  clínicos de longa duração. Assim, recomenda-se o incentivo a pesquisas mais  robustas e controladas, capazes de estabelecer protocolos terapêuticos  padronizados e fortalecer a base científica da fitoterapia no tratamento da  ansiedade. 

Conclui-se, portanto, que os fitoterápicos constituem uma alternativa eficaz,  segura e acessível para o manejo da ansiedade, desde que utilizados de forma  racional, embasados em evidências científicas e com acompanhamento  profissional adequado. A consolidação dessas práticas representa um avanço  importante para a promoção da saúde mental, a ampliação das terapias  integrativas e o fortalecimento do cuidado farmacêutico no contexto brasileiro. 

REFERÊNCIAS 

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¹Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) – Curso de Farmácia, Belo  Horizonte – MG, Brasil.