PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE INTERNAMENTOS POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NO BRASIL NO PERÍODO DE 2014 A 2024

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF CASES OF ADMISSIONS FOR CEREBRAL STROKE ACCIDENTS IN BRAZIL FROM 2014 TO 2024

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202506231840


Izadora Maria Santana da Costa1; Karen Luise Santana; Luka Guimarães Ribeiro; Maria Andreza de Melo Oliveira; Marina Franco Oliveira; Mídia Maria Nogueira Maia; Pedro Cavalcanti Teles Netto; Victor Gabriel Costa Machado Teles


Resumo

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “sinais clínicos de desenvolvimento rápido de distúrbio focal (às vezes global) da função cerebral com duração superior a 24 horas ou levando à morte sem outra causa aparente além da de origem vascular”. A etiologia do AVC é diversa e os fatores predisponentes incluem fatores não modificáveis, como idade e sexo, e fatores modificáveis como hipertensão, diabetes mellitus, colesterol elevado, doenças cardiovasculares, sedentarismo, fibrilação atrial, tabagismo e consumo de álcool.  Metodologia: Estudo epidemiológico descritivo e transversal, com abordagem quantitativa e comparativa, a partir da coleta de dados de 2014 a 2024 do Sistema de Informação de Morbidade Hospitalar (SIH/SUS) disponível no site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Sendo analisadas as seguintes variáveis: regiões do Brasil, sexo, cor/raça, faixa etária, regime público ou privado e caráter eletivo ou de urgência, e aplicando a estatística descritiva para análise dos dados. Resultados e Discussão: Foram identificados 1.784.295 casos de internação por AVC nos últimos 10 anos. Além disso, foi possível observar que a região com maior quantidade de registros foi o Sudeste, seguida pelo Nordeste. A análise epidemiológica demonstra que o perfil mais afetado é o sexo masculino (52,31%), pardos (39,61%) e com maiores índices entre 70-79 anos. Quanto às características de atendimento 96,88% ocorreram no caráter de urgência e somente 3,11% eletivo. Conclusão: Foi possível analisar o perfil epidemiológico dos internamentos por AVC no Brasil entre 2014 e 2024. É notório que, os índices de internamentos ao longo da última década se apresentaram de uma forma muito importante, por isso fica evidente a necessidade de investimentos em campanhas de conscientização sobre fatores de risco, incentivo à prática de exercícios físicos e controle de doenças crônicas, buscando reverter a epidemiologia do quadro.

Palavras-chave: AVC. Hospitalização. Epidemiologia. Saúde Pública.

1 INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “sinais clínicos de desenvolvimento rápido de distúrbio focal (às vezes global) da função cerebral com duração superior a 24 horas ou levando à morte sem outra causa aparente além da de origem vascular” (Oleske et al., 2021). Segundo Zhang et al., o acidente vascular cerebral é uma das principais causas de morte e a principal causa de incapacidade neurológica grave e de longo prazo em adultos em todo o mundo. As disfunções sensório-motoras e os danos resultantes do AVC afetam tanto a saúde física quanto a mental, afetando a independência funcional e restringindo a interação social e a participação na comunidade (Doussoulin et al., 2017). 

A etiologia do AVC é diversa e os fatores predisponentes incluem fatores não modificáveis, como idade e sexo, e fatores modificáveis como hipertensão, diabetes mellitus, colesterol elevado, doenças cardiovasculares, sedentarismo, fibrilação atrial, tabagismo e consumo de álcool (Oliveira et al., 2024).

De acordo com Rønning et al., a incidência aumenta com a idade, e a consequência das mudanças demográficas pode resultar no acidente vascular cerebral se tornando uma causa crescente de mortalidade e morbidade. No entanto, embora o acidente vascular cerebral ocorra em uma taxa maior em adultos mais velhos, os mais jovens também são afetados (Oleske et al., 2021). 

O acidente vascular cerebral isquêmico é um tipo específico de acidente vascular cerebral causado por infarto cerebral, espinhal ou de retina focal como resultado de uma perda repentina de fluxo sanguíneo para o cérebro e pode levar à perda irreversível da função neurológica, incapacidade e morte (Oleske et al., 2021). O tipo isquêmico é o mais comum, sendo responsável por aproximadamente 80% dos casos (Sales et al., 2024). Já a Hemorragia Intracerebral (ICH) é responsável por 10-20% dos eventos cerebrovasculares. A ICH pode ocorrer devido à ruptura de pequenos vasos sanguíneos, que é frequentemente atribuída a condições como hipertensão arterial sistêmica e angiopatia amiloide, ou devido a anormalidades em vasos sanguíneos, como malformações arteriovenosas (MAVs), aneurismas, fístulas arteriovenosas e cavernomas (Silva et al., 2024).

Com base no que foi abordado, é notório a importância do Acidente Vascular Cerebral no cenário da saúde pública nacional, devido à sua alta prevalência e impactos na qualidade de vida dos pacientes acometidos. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo analisar a evolução dos dados epidemiológicos referentes à morbidade do AVC no Brasil ao longo da última década, e como se comporta em relação aos demais fatores determinantes que influenciam a dinâmica dessa enfermidade no país.

2 METODOLOGIA 

Foi realizado um estudo epidemiológico baseado em uma pesquisa descritiva e transversal, com abordagem quantitativa e comparativa. A pesquisa utilizou dados secundários obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), especificamente na seção de Internação Hospitalar do SUS, disponíveis no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A coleta foi realizada no mês de janeiro de 2025, com base nas informações referentes ao ano de atendimento desde o ano de 2014.

Foram analisados dados relacionados a pacientes internados por Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico ou Isquêmico, abrangendo o período de 2014 a 2024, totalizando um intervalo de 10 anos. Para o estudo, foram selecionadas variáveis baseadas em critérios pré-definidos: regiões do Brasil, sexo, cor/raça, faixa etária, regime público ou privado e caráter eletivo ou de urgência. 

As informações obtidas foram computadas utilizando o programa Google Planilhas e posteriormente organizadas em gráficos. Além disso, também foi realizada uma revisão de literatura na base de dados Pubmed e Scielo, a fim de referencial teórico complementar ao estudo.

Considerando que esta pesquisa se utiliza de dados secundários de acesso público, não sendo necessária a obtenção de permissão prévia para seu uso, não foi preciso a submissão do estudo ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Essa decisão está em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela Lei 14.874 de 28 de maio de 2024.

3 RESULTADOS 

Conforme os dados avaliados, ocorreram 1.784.295 internações por Acidente Vascular Cerebral entre Janeiro de 2014 e Novembro de 2024 no Brasil. O maior número de internações foi observado na região Sudeste com 42,25% (753.945) dos casos, seguida da região Nordeste com 28,11% (501.575). As regiões com menos casos computados são Norte e Centro-Oeste, com respectivamente, 5,62% (100.322) e 6,11% (109.141) das internações. 

Além disso, observa-se que entre os anos de 2014 e 2019 ocorreu um crescimento no número de notificações, com 2014 apresentando 142.403 (7,98%) e 2019 163.384 (9,15%). Enquanto em 2020, ocorreu uma queda para 153.507 (8,60%) internações notificadas, voltando a crescer nos anos seguintes, tendo 2023 como o ano de maior número de casos com 195.455 (10,95%).

No que diz respeito à faixa etária, pessoas idosas são mais acometidas, principalmente de 70 a 79 anos, representando 26,36% do total (470.439). Enquanto crianças e adolescentes são menos afetados, configurando juntos apenas 0,45% (8.190) casos. Em relação ao sexo, 52,31% (933.377) eram do sexo masculino e 47,68% (850.918) do feminino. Quanto à cor/raça, a parda foi a mais prevalente com 39,61% (706.888), enquanto a branca foi a segunda mais frequente com 33,49% (597.586).

Ainda, observa-se que 96,88% (1.728.663) foi caráter de urgência e apenas 3,11% (55.632) eletivo. Quanto ao regime de internamento, 8,05% (143.685) era público, 6,73% (120.165) privado e em 85,21% (1.520.445) foi ignorado.

4 DISCUSSÃO

Ao analisar os dados da pesquisa, entre janeiro de 2014 e novembro de 2024, foi possível observar uma distribuição regional desigual das internações por AVC no Brasil, com maior prevalência de casos nas regiões Sudeste e Nordeste, e menor incidência no Norte, Sul e Centro-Oeste. Essas disparidades regionais, além de refletir as diferenças demográficas e socioeconômicas, também revelam a desigualdade no acesso aos serviços de saúde, na oferta de diagnóstico e tratamento, e nas políticas públicas de saúde voltadas para a prevenção desta patologia.

A região Sudeste, com 42,25% (753.945) das internações, concentra a maior parte dos casos de AVC do país, o que pode ser explicado por sua grande densidade populacional e urbana. Em tese, por apresentar a maior infraestrutura de saúde do país, contando com hospitais de referência, centros especializados e sistemas de emergência estruturados, o diagnóstico precoce e o tratamento rápido do AVC torna-se mais facilitado. Além disso, áreas urbanizadas e com alto índice de envelhecimento populacional possuem superioridade nos fatores de risco, como hipertensão, diabetes e sedentarismo, que contribui para a alta taxa de internações. A região Sudeste, por ter alto grau de urbanização e uma maior infraestrutura de saúde, está mais suscetível aos fatores de risco, mas também à diagnósticos eficientes, elevando as notificações de AVC.

A segunda região no ranking de internações é o Nordeste, com 28,11% (501.575) dos casos. Embora o Nordeste tenha uma população consideravelmente menor que o Sudeste, a elevada prevalência de fatores de risco nessa região mantém o alto número de notificações, por tratar-se de um cenário socioeconômico mais vulnerável. As limitações no acesso a serviços de saúde, especialmente em áreas rurais e em estados com menores índices de desenvolvimento humano, podem impossibilitar a detecção e o tratamento precoce do AVC, resultando em maiores taxas de internações.

Já na região Sul, as notificações de internações por AVC somam aproximadamente 319.530 casos, o que representa cerca de 17,9% do total nacional. Esse expressivo número posiciona a região como a terceira com maior volume de notificações, evidenciando desafios específicos para a saúde pública local.

Em contrapartida, as regiões Norte e Centro-Oeste apresentam as menores taxas de internação por AVC, com 5,62% (100.322) e 6,11% (109.141), respectivamente. Isso pode estar relacionado a infraestrutura precária, a dificuldades logísticas e ao subfinanciamento do sistema de saúde. A população dispersa e distante dos grandes centros urbanos têm acesso limitado ao atendimento de emergência. Ademais, a subnotificação de casos, devido à falhas na coleta de dados, somado a baixa densidade populacional podem contribuir para uma menor quantidade de registros, mesmo sem necessariamente refletir uma menor prevalência da doença.   

FIGURA 1: Distribuição Regional de Internações por AVC no Brasil (2014-2024)

FONTE: Sistema de Informações Hospitalares (SIH) – DATASUS

 Os dados obtidos indicam um aumento expressivo nas notificações de internações relacionadas ao AVC entre os anos de 2014 e 2023, no Brasil, evidenciando uma preocupação com a incidência dessa condição. Em particular, entre 2014 e 2019, foi possível observar uma progressão contínua de notificações: o ano de 2014 registrou 142.403 casos (7,98%), enquanto em 2019 esse número subiu para 163.384 (9,15%), representando um aumento em torno de 14,75%. Esse crescimento pode ser associado a fatores como o aprimoramento dos sistemas de notificação, aumento da conscientização pública sobre a importância do registro dos casos de AVC e a ampliação do acesso a cuidados médicos e hospitalares, que contribui para um diagnóstico mais preciso.

No entanto, devido ao impacto da pandemia da COVID-19, o ano de 2020 registrou uma queda de 9.877 casos notificados, representando uma redução próxima de 6,05%. De modo geral, este decaimento pode ser parcialmente explicado pelas restrições impostas neste período, como interrupções nos serviços de saúde e o receio populacional de buscar atendimento médico. Tendo isso em vista, a priorização de recursos para o enfrentamento da pandemia, somado a possível subnotificação por sobrecarga e mudança de foco nos sistemas de saúde, pode ter reduzido as notificações de AVC. 

A partir de 2021, os dados mostram uma recuperação nas notificações, com 2023 liderando o número de internações e chegando a 195.455 (10,95%). Esse aumento reflete a normalização dos serviços de saúde pós-pandemia e o envelhecimento populacional, tendo em vista o crescimento de doenças crônicas como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares, que são fatores de risco para o AVC.

Ainda assim, é importante pensar no aumento de notificações como reflexo da evolução na coleta de dados e melhorias dos sistemas de vigilância epidemiológica, o que pode ter levado a uma maior captura de casos e explica parte da variação observada ao longo dos anos.

FIGURA 2: Evolução das Internações por AVC no Brasil entre 2014 e 2024

FONTE: Sistema de Informações Hospitalares (SIH) – DATASUS 

Ademais, há vários motivos para a população idosa, principalmente a partir dos 70 anos, ser a faixa etária mais acometida quando se trata do AVC. Isso porque, o principal fator de risco para as doenças cerebrovasculares é a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), principalmente a pressão arterial sistólica, a qual sofre um incremento com a idade (Yugar-Toledo et al., 2018). Dessa forma, a pressão arterial elevada contribui diretamente para a ocorrência de AVC devido a alta pressão arterial,  e quanto mais prolongado o tempo de exposição à HAS, e maior o valor pressórico, maior será o risco e a gravidade do evento encefálico. 

Por outro lado, o AVC em crianças e adolescentes são raramente descritos e as causas mais comuns são malformações vasculares, seguidas pela Síndrome de Moyamoya, dissecção arterial, cardiopatia e fenômenos cardioembólicos, anemia falciforme, efeitos adversos de outros tratamentos, tumores cerebrais, traumas e mais de 27% dos casos podem ter etiologia desconhecida. No entanto, é possível que a incidência de AVC nessa faixa etária seja subestimada devido aos desafios envolvidos no diagnóstico, já que os sinais e sintomas manifestados inicialmente podem ter pouca especificidade, sendo as apresentações clínicas semelhantes às de outras doenças neurológicas (Stadulni et al., 2023).

Em relação ao sexo, a pesquisa revela uma ligeira predominância de casos no sexo masculino em relação ao feminino. Isso é, em parte, explicado porque os homens são mais propensos ao alcoolismo e ao tabagismo, que são fatores de risco significativos para doenças cerebrovasculares, principalmente hemorrágicas (Castillo, D. et al., 2023). Nesse contexto, o tabagismo reduz o fluxo sanguíneo cerebral por meio da vasoconstrição arterial, danifica a parede arterial e eleva a pressão arterial, o que causa a ruptura de pequenas artérias intraparenquimatosas, levando a eventos hemorrágicos subsequentes, assim, pessoas tabagistas têm um risco de 2 a 4x maior de desenvolver um AVC (Chen, J. et al., 2019).         

Ademais, eventos recorrentes afetam desproporcionalmente indivíduos afro-americanos e hispânicos; eles são de 2 a 3 vezes mais propensos a sofrer de acidente vascular cerebral e experimentar maior mortalidade relacionada a acidente vascular cerebral em comparação com indivíduos brancos não hispânicos (Boden-Albala et al., 2019).

FIGURA 3: Evolução das Internações por AVC no Brasil, por faixa etária, ao longo dos últimos 10 anos

FONTE: Sistema de Informações Hospitalares (SIH) – DATASUS

 Quanto à prevalência das internações relacionadas ao AVC no Brasil, há uma grande heterogeneidade destacando a prevalência de casos tratados como urgência em detrimento das internações feitas de forma eletiva. Esses achados refletem a gravidade da doença e a necessidade de intervenção imediata para o controle dos danos decorrentes do caso. Isso porque sendo o AVC uma emergência médica, o tratamento rápido e uma equipe capacitada é fundamental para uma melhora nos resultados clínicos, diminuição de sequelas e melhores chances de recuperação.  

 Em contrapartida, a baixa porcentagem de internações eletivas, de apenas 3,11%, sugere que o AVC, por ser uma condição aguda, é predominantemente manejado em situações emergenciais. Isso pode refletir a ausência de medidas eficazes de prevenção primária e secundária em grande parte da população, onde a doença é frequentemente diagnosticada tardiamente, quando já se apresenta mais grave e requer atendimento emergencial ou pode também estar relacionada à limitação do acesso ao serviço médico para que seja realizada essa prevenção, controle e diagnóstico precoce de condições que predispõem ao AVC, como hipertensão arterial, diabetes. 

 Ademais, apesar da maioria dos casos serem subnotificados em relação a distribuição dos regimes de internamentos público e privado, os dados revelam a alta demanda por serviços públicos de saúde, principalmente em condições emergenciais como o AVC e ao menor acesso dos pacientes ao setor privado, possivelmente devido às barreiras financeiras.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que, entre os anos de 2014 e 2024, o Brasil registrou 1.784.295 internações por AVC, evidenciando uma prevalência desigual entre as regiões, com destaque para a alta incidência no Sudeste e Nordeste, e um número consideravelmente menor no Norte e Centro-Oeste. Essas disparidades regionais mostram a necessidade de políticas públicas que promovam a equidade no acesso à saúde, especialmente em estados com menor infraestrutura e com uma maior população vulnerável.

 Os dados indicaram um aumento progressivo das notificações de AVC durante o período analisado, com exceção de 2020 quando houve uma queda do número de registros possivelmente associado às subnotificações durante a pandemia da COVID-19. Essa evolução parece ter sofrido influência do envelhecimento populacional, aumento da exposição aos fatores de riscos e persistência da precariedade existente nos sistemas de prevenção de saúde.

A faixa etária que apresentou mais impacto foi a de pessoas idosas, principalmente entre 70 e 79 anos. Ainda, a pesquisa mostrou predominância do sexo masculino e da cor/raça parda. Esses dados sugerem que esses grupos são uma prioridade nas estratégias de prevenção com desenvolvimento de ações que possam abranger essa amostra.

O regime de internamento predominante foi público, e o caráter de urgência, ressaltando mais uma vez a necessidade de investimentos em capacitação profissional e em políticas públicas, para minimizar os elevados custos financeiros com o sistema de saúde, além de contribuir para prevenção de complicações a longo prazo nos pacientes.

É importante ressaltar algumas limitações da pesquisa, como a falta de informações sobre hábitos de vida e histórico familiar, que poderiam contribuir aumentando o número de informações acerca dos pacientes e auxiliando na construção de um perfil epidemiológico mais fidedigno a cada região brasileira.

Por fim, mostra-se imprescindível priorizar ações de prevenção primária e secundária, como campanhas de incentivo à prática de exercícios físicos e a adoção de hábitos saudáveis, além da conscientização acerca do controle de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, que se apresentam como fatores de risco modificáveis ao quadro de AVC.  

REFERÊNCIAS

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1Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Tiradentes Campus Aracaju e-mail: izamsantana@hotmail.com