THE INAPPROPRIATE USE OF PSYCHOTROPICS BY UNIVERSITY STUDENTS: SYSTEMATIC REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202506181910
Aglin Daiara Passareli da Silva Maldonado1; Andressa Holanda Alves1; Emanuelle Cardoso dos Santos1; Vanessa M. F Feng de Sá2
Resumo
Introdução: O uso inadequado de psicotrópicos por estudantes universitários, particularmente estimulantes e tranquilizantes não prescritos, tem se tornado uma preocupação crescente devido aos impactos negativos na saúde mental e no desempenho acadêmico. Muitos estudantes recorrem a essas substâncias na tentativa de melhorar o rendimento escolar ou lidar com o estresse, sem perceber os riscos associados. Objetivo: Investigar através dos artigos científicos o uso inadequado de psicotrópicos por estudantes universitários. Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática de escopo exploratório, que foram selecionados 11 artigos cuja referência atendia aos requisitos da pesquisa no recorte temporal de 2018 a 2025. Resultados: Foram incluídos na análise 11 (onze) artigos para serem analisados a fim de subsidiar o estudo. Considerações finais: O uso inadequado de psicotrópicos por estudantes universitários é um fenômeno preocupante que envolve múltiplos fatores, como a pressão acadêmica, a competitividade no ambiente universitário e a busca por melhoria no desempenho cognitivo. A revisão sistemática realizada evidência que a automedicação e o consumo indiscriminado desses fármacos podem resultar em graves consequências para a saúde física e mental dos estudantes, incluindo dependência, transtornos psiquiátricos e prejuízos ao funcionamento cognitivo a longo prazo.
Palavras-chave: Automedicação. Psicotrópicos. Desempenho acadêmico. Saúde mental.
1 INTRODUÇÃO
O uso inadequado de psicotrópicos por estudantes universitários é um fenômeno crescente e preocupante, associado a diversos fatores, como pressão acadêmica, busca por alto desempenho cognitivo e dificuldades emocionais, os psicotrópicos são substâncias que atuam diretamente no sistema nervoso central, alterando funções cerebrais como atenção, memória e humor, seu uso inadequado, sem prescrição ou acompanhamento profissional, pode gerar consequências severas, incluindo dependência, transtornos psiquiátricos e danos fisiológicos.
O ambiente universitário, marcado por altas exigências acadêmicas e desafios pessoais, tem favorecido o aumento do consumo desses fármacos, os acadêmicos recorrem a estimulantes do sistema nervoso central, como metilfenidato e anfetaminas, para melhorar a concentração e o rendimento em provas e trabalhos. Da mesma forma, benzodiazepínicos e antidepressivos são utilizados sem critério para lidar com ansiedade e insônia. Tal comportamento reforça um ciclo de automedicação perigoso, em que os estudantes não apenas ignoram os riscos dessas substâncias, mas também se tornam vulneráveis à dependência química e a efeitos adversos graves.
Nesse contexto, a facilidade de acesso a esses medicamentos contribui para o agravamento do problema, muitos estudantes adquirem psicotrópicos por meio de prescrições indevidas, compartilhamento entre colegas ou mesmo pelo mercado clandestino. O desconhecimento sobre as reações adversas e os impactos do uso prolongado também são fatores que intensificam a vulnerabilidade dos jovens. Assim, a desinformação e a banalização do uso desses fármacos dentro do ambiente universitário demandam ações urgentes de prevenção e conscientização.
A relevância acadêmica deste estudo reside na necessidade de compreender os fatores que levam ao consumo indevido de psicotrópicos no ambiente universitário e seus impactos a curto e longo prazo. A literatura aponta que o uso abusivo dessas substâncias pode gerar dependência química, prejuízos cognitivos e transtornos psiquiátricos, além de afetar a dinâmica acadêmica e social dos estudantes. Dessa forma, aprofundar essa problemática contribui para o desenvolvimento de políticas institucionais que promovam a conscientização sobre os riscos do consumo inadequado e a oferta de suporte psicossocial dentro das universidades.
O estudo sobre esse tema permite embasar discussões interdisciplinares nas áreas da saúde, psicologia, educação e políticas públicas, possibilitando a formulação de estratégias preventivas e de intervenção eficazes, compreender os padrões de uso de psicotrópicos e suas motivações é essencial para propor medidas que minimizem os danos e incentivem práticas saudáveis no ambiente universitário. Assim, este estudo se justifica por sua contribuição acadêmica e social, ao buscar alternativas que promovam a saúde mental e o bem-estar dos estudantes, garantindo um ambiente educacional mais equilibrado e seguro.
Diante desse cenário, é fundamental compreender os aspectos multifatoriais que levam os universitários a recorrerem aos psicotrópicos de maneira inadequada, esse fenômeno não pode ser analisado isoladamente, pois envolve questões de saúde mental, cultura acadêmica e políticas de acesso a medicamentos controlados. Dessa forma, o presente estudo busca explorar os determinantes desse comportamento e discutir estratégias eficazes para prevenção e redução de danos.
Assim, é imprescindível que gestores educacionais, profissionais de saúde e os próprios estudantes unam esforços para criar um ambiente universitário mais saudável, promovendo o bem-estar dos acadêmicos sem recorrer ao uso indiscriminado de psicotrópicos, logo medidas como campanhas de conscientização, acompanhamento psicológico acessível e regulamentações mais rígidas podem contribuir significativamente para minimizar os impactos negativos dessa prática. A reflexão sobre esse tema se faz urgente, visto que a busca pelo equilíbrio entre desempenho acadêmico e saúde mental deve ser uma prioridade na formação dos futuros profissionais.
Diante do proposto, este estudo tem como objetivo investigar através dos artigos científicos o uso inadequado de psicotrópicos por estudantes universitários.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CONCEITO DE PSICOTRÓPICOS
O Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas reafirma que a definição de droga são as substâncias capazes de alterar as funções do organismo, provocando mudanças fisiológicas e de comportamento, além disso, ele destaca que as drogas psicotrópicas estão associadas ao indivíduo e a sua composição, atuando de diferentes formas no cérebro e alterando a sua atividade essas drogas podem ser classificadas de acordo com a atuação delas no sistema nervoso central, podendo ser: estimulantes, depressoras ou perturbadoras (RAMOS et al., 2023).
Essa definição é fundamental para a compreensão do impacto dessas substâncias no organismo humano, destacando a interação das drogas psicotrópicas com o indivíduo e sua composição química, que resulta em diversas formas de alteração da atividade cerebral. A classificação dessas drogas em estimulantes, depressoras e perturbadoras oferece uma estrutura organizacional que facilita o entendimento de seus efeitos específicos no sistema nervoso central (DANTAS et al., 2022).
Determinadas substâncias são consideradas como psicoativas por alterarem funções do Sistema Nervoso Central (SNC), causando efeitos como estado eufórico no indivíduo e alteração dos estados de consciência e de vigília (SANTANA et al., 2020). O desenvolvimento e a utilização dessas substâncias psicoativas foram realizadas para diferentes finalidades, como analgesia, alucinação e aperfeiçoamento da memória e da concentração. O uso dessas substâncias é um problema de saúde pois pode acarretar adversidades como a violência, acidentes, dependências, e distúrbios de sono e de comportamento (FERREIRA; QUEIROZ; CAFEÍNA, 2020).
As duas referências juntas oferecem uma visão holística sobre o impacto das drogas psicotrópicas, abrangendo desde a sua definição e classificação até os efeitos fisiológicos e sociais decorrentes do seu uso, essas fontes sublinham a importância de uma compreensão aprofundada das drogas psicotrópicas para o desenvolvimento de políticas de saúde pública eficazes e intervenções clínicas adequadas (RAMOS et al., 2023).
2.2 OS EFEITOS DOS PSICOTRÓPICOS NO ORGANISMO
As drogas psicotrópicas vão atuar no sistema nervoso central, em que cada classe de psicofármaco vai ter sua determinada atuação no organismo, no caso dos psicoestimulantes, eles vão aumentar os níveis das atividades motoras no cérebro, como é o caso do aumento da concentração e da atenção, entre os principais psicoestimulantes há as anfetaminas, do grupo feniletilaminas, que vão simular os efeitos da noradrenalina e epinefrina, aumentando a pressão sanguínea e causando efeitos como a euforia e a excitação (MATSCHINSKE, 2022).
A descrição de Matschinske (2022) fornece uma compreensão clara dos mecanismos neurobiológicos subjacentes ao efeito estimulante das anfetaminas, destacando a importância de se conhecer esses mecanismos para o desenvolvimento de terapias mais eficazes e seguras (DANTAS et al., 2022).
Os estimulantes cerebrais são substâncias amplamente utilizadas com o objetivo de aumentar o estado de alerta e promover melhorias no desempenho cognitivo, além de auxiliarem, em alguns casos, no enfrentamento de sintomas ansiosos e depressivos, fatores como as mudanças na rotina, a intensificação da carga horária e a pressão constante relacionada aos estudos têm contribuído significativamente para o aumento do consumo de psicoestimulantes entre estudantes universitários, de acordo com Santana et al. (2020), é alta a prevalência do uso de substâncias como cafeína, pó de guaraná e cloridrato de metilfenidato entre esses jovens.
A discussão sobre a cafeína, um alcalóide que bloqueia os receptores de adenosina, e o pó de guaraná, que contém altas concentrações de cafeína, evidencia como essas substâncias são utilizadas para manter o estado de alerta e melhorar o desempenho cognitivo (RAMOS et al., 2023). Além disso, o cloridrato de metilfenidato, amplamente prescrito para o tratamento do TDAH, atua inibindo a reabsorção de dopamina e noradrenalina, destacando sua eficácia na melhoria da atenção e concentração, mas também apontando para a necessidade de supervisão médica no seu uso (DANTAS et al., 2022).
A combinação das informações fornecidas por Matschinske (2022) permite uma compreensão abrangente dos efeitos e das aplicações dos psicoestimulantes, enquanto Ramos et al. (2023) oferece uma visão detalhada dos mecanismos de ação das anfetaminas, Santana et al. (2022) traz à tona a realidade do uso dessas substâncias no contexto acadêmico, enfatizando a pressão e as motivações que levam os estudantes a utilizá-las, ambas as referências sublinham a importância de um entendimento profundo dos efeitos desses fármacos, tanto em termos de benefícios quanto de riscos, para orientar práticas seguras e eficazes no uso de psicoestimulantes.
3 METODOLOGIA
A revisão sistemática possibilita a apresentação das melhores evidências científicas sobre um determinado tema, seja nas práticas clínicas ou nas decisões incorporadas ao contexto da saúde, o objetivo é evitar vieses que podem ocorrer em revisões não sistemáticas, por meio de um trabalho crítico e abrangente da literatura nacional.
Para realizar esta revisão sistemática, optou-se por utilizar repositórios de artigos publicados em revistas indexadas, devido ao seu grande volume de dados e ao seu uso frequente na pesquisa acadêmica. As bases de dados escolhidas foram a Scientific Electronic Library online (SCIELO), a Base de Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e o PubMed. Foram excluídos os artigos que não apresentavam o texto completo disponível, que não estavam escritos em português ou inglês e que não foram publicados em revistas indexadas entre 2018 e 2025, selecionando apenas aqueles que se adequaram ao tema proposto. Além disso, textos de anais, comunicações breves e boletins não foram incluídos na análise. Por fim, foi feita uma organização eficaz dos materiais lidos e analisados.
Os descritores utilizados foram os termos “Automedicação”. “Psicotrópicos”. “Desempenho acadêmico”. “Saúde mental”. Foram incluídos na revisão apenas estudos científicos, revistas e revisões bibliográficas em língua portuguesa que atendiam aos critérios de seleção definidos pelo método Prisma., os critérios de exclusão incluíram pesquisas e trabalhos realizados fora do período de amostragem, textos incompletos, revisões duplicadas e estudos que não se adequaram ao processo de seleção, realizados em território brasileiro.
Através do fluxo prisma foi feita uma verificação prévia de estudos relativos à temática realizada para avaliar a viabilidade do projeto, na etapa de identificação foram analisados 128 artigos com potencialidade. Entretanto foram selecionados 11 artigos cuja referência atendia aos requisitos da pesquisa. As informações dos estudos foram extraídas em um processo de quatro etapas, que incluem identificação, triagem, elegibilidade e critérios de inclusão segundo o diagrama de fluxo da recomendação PRISMA-P (Figura 1).
Figura 1 –Fluxograma das diferentes fases da revisão sistemática, 2025.

Fonte: Maldonado, A.D.P.S da et al. (2025).
A identificação sendo ela a primeira etapa deste processo, analisou o tema a ser abordado e selecionar as hipóteses em questão da revisão sistemática, a triagem, sendo segunda etapa, foi estabelecer os critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura. A terceira etapa: elegibilidade é a definição das informações no qual foram extraídos dos estudos selecionados e revisados, e por fim para os critérios de inclusão foram a avaliação e discussão dos estudos incluídos na revisão sistemática. Para análise de coerência e interpretação dos dados foram realizadas uma síntese a fim de contribuir e assim analisar os dados com base na ciência baseada em evidências.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na realização da busca ativa através das bases de dados, foram identificados 128 artigos na etapa da identificação, após a leitura do título e dos resumos, foram removidos 21 artigos que não atendem os critérios de inclusão, assim na etapa da seleção foram selecionados 107 artigos, destes 50 foram exclusos pelo recorte temporal, restando 57 artigos na etapa da elegibilidade que são artigos com texto completo avaliados pela elegibilidade, sendo exclusos 46 artigos mediante não atender os critérios como: idioma em inglês e espanhol e que não abordaram a temática, por fim na etapa da inclusão foram incluídos na análise 11 (onze) artigos para serem analisados a fim de subsidiar o estudo.
Quadro 1. Artigos científicos selecionados de acordo com as bases de dados segundo os Títulos, Periódicos, Ano, Tipos de Estudo, Objetivos Principais e Resultados, 2025.



Fonte: Maldonado, A.D.P.S da et al. (2025).
O ingresso no ensino superior representa uma fase de grandes transformações na vida dos estudantes, trata-se de um período de crescimento pessoal, intelectual e social, mas também de intensas cobranças, prazos rígidos, competitividade e altos níveis de exigência acadêmica (OLIVEIRA; DULLIUS, 2025). Diante dessa realidade, muitos universitários recorrem ao uso de medicamentos psicotrópicos de forma inadequada, buscando melhorar a concentração, reduzir a ansiedade ou suportar a sobrecarga emocional (DE OLIVEIRA E NETO, 2024).
Em consonância com Ramos et al. (2023), este fenômeno, embora cada vez mais comum, acarreta sérias implicações para a saúde mental e física dos jovens, além de levantar debates sobre medicalização da vida, cultura do desempenho e negligência institucional com o cuidado psicológico dos estudantes.
Em contrapartida no estudo de Dantas et al. (2022), os psicotrópicos são substâncias que atuam diretamente sobre o sistema nervoso central, podendo alterar o estado de consciência, humor, percepção ou comportamento, entre os mais utilizados por estudantes estão os ansiolíticos, antidepressivos, estimulantes como o metilfenidato (Ritalina) e o modafinil, muitas vezes adquiridos sem prescrição médica.
Para Balthazar et al. (2018), o uso inadequado desses medicamentos, seja pelo consumo sem orientação profissional, seja pela automedicação prolongada ou compartilhamento entre colegas, configura uma prática arriscada e potencialmente danosa, os efeitos colaterais variam desde dependência química e crises de ansiedade até taquicardia, insônia, depressão e surtos psicóticos. Ainda assim, muitos jovens banalizam esse consumo, motivados pela crença de que o “uso estratégico” pode ajudá-los a manter a produtividade acadêmica ou suportar pressões emocionais (DE LAVOR et al., 2023).
Santana et al. (2020) destacam que a cultura universitária contemporânea frequentemente reforça comportamentos prejudiciais ao bem-estar dos estudantes, ao naturalizar jornadas exaustivas, noites mal dormidas e a pressão para que o aluno consiga “dar conta de tudo”, nesse cenário, o desempenho acadêmico acaba sendo priorizado em detrimento da saúde física e mental, como consequência, o uso de psicotrópicos surge, muitas vezes, como uma forma de compensação ou até mesmo de sobrevivência diante das exigências impostas pelas instituições de ensino.
Na pesquisa de Ferreira, Queiroz e Cafeína (2020), essa medicalização da vida estudantil revela um grave problema estrutural, onde a saúde mental é negligenciada e o desempenho passa a ser visto como obrigação incondicional, em vez de políticas de acolhimento e suporte emocional, o que muitas universidades oferecem são ambientes altamente competitivos, que ampliam o sofrimento psíquico dos estudantes.
Ademais, é preciso considerar os fatores sociais e econômicos que contribuem para essa problemática, o medo do fracasso, a pressão familiar, as expectativas profissionais e o mercado de trabalho cada vez mais exigente afetam profundamente a vida dos universitários, muitos jovens se sentem obrigados a serem produtivos o tempo todo, mesmo à custa da própria saúde (SIVLA et al., 2024).
Soma-se a isso o fácil acesso a medicamentos controlados, seja por meio de receitas de terceiros, venda clandestina ou aquisição em farmácias sem o devido rigor, a ausência de um acompanhamento médico e psicológico constante torna o problema ainda mais grave, pois impede a identificação precoce dos riscos e a construção de estratégias saudáveis de enfrentamento (LIMA et al., 2022).
Do ponto de vista de Batista et al. (2024), torna-se urgente que as políticas públicas e as instituições de ensino superior implementem programas voltados à promoção da saúde mental dos estudantes universitários, entre as ações recomendadas, destacam-se a criação de espaços de escuta qualificada, o oferecimento de acompanhamento psicológico gratuito, a promoção de atividades voltadas ao autocuidado, bem como campanhas de conscientização sobre os riscos associados ao uso de substâncias psicotrópicas, tais iniciativas devem ser incorporadas às estratégias institucionais como parte fundamental do cuidado integral ao estudante.
É necessário rever o modelo de ensino e avaliação, que muitas vezes desumaniza o processo educativo e transforma a formação acadêmica em um campo de estresse permanente, a universidade deve ser um lugar de aprendizado, mas também de acolhimento e formação integral do sujeito, o combate ao uso inadequado de psicotrópicos, portanto, não deve se limitar à fiscalização, mas deve passar por uma profunda transformação cultural, pedagógica e estrutural do ambiente universitário (TOVANI et al., 2021).
Por fim, de acordo com Gomes e Costa Júnior (2025), o uso indevido de medicamentos psicotrópicos entre estudantes universitários é um fenômeno complexo e multifatorial, que reflete a fragilidade da saúde mental juvenil, a medicalização da vida e o esgotamento dos modelos atuais de ensino superior, enfrentá-lo exige um olhar sensível e comprometido com o bem-estar dos jovens, além da construção de alternativas que priorizem o cuidado, o equilíbrio e a dignidade no processo de formação acadêmica, é preciso superar a lógica da produtividade a qualquer custo e reafirmar que nenhuma conquista justifica o adoecimento.
CONCLUSÃO
A presente revisão sistemática permitiu uma análise crítica e abrangente sobre o uso inadequado de psicotrópicos por estudantes universitários, revelando um fenômeno crescente e preocupante no cenário acadêmico contemporâneo. A partir da análise dos estudos incluídos, foi possível constatar que fatores como a pressão por alto desempenho, o estresse acadêmico, a ansiedade, a competitividade e a falta de suporte psicológico adequado contribuem significativamente para a automedicação e o uso abusivo de substâncias psicoativas, o fácil acesso a esses medicamentos, muitas vezes sem prescrição médica, e a banalização do uso entre pares também se mostraram elementos determinantes nesse contexto.
Os achados evidenciam a necessidade urgente de intervenções multidisciplinares, que envolvam políticas institucionais de promoção à saúde mental, ações educativas de conscientização sobre os riscos do uso indevido de psicotrópicos e ampliação da oferta de serviços de apoio psicológico nas universidades, destacando a importância de estratégias preventivas que abordem não apenas os sintomas, mas também as causas estruturais e sociais que favorecem o adoecimento psíquico dos estudantes.
Portanto, conclui-se que o uso inadequado de psicotrópicos entre universitários não deve ser encarado apenas como um problema individual, mas como um reflexo de um sistema educacional e social que muitas vezes negligencia o cuidado com a saúde mental, articulação entre instituições de ensino superior, profissionais da saúde, familiares e os próprios estudantes é fundamental para o enfrentamento efetivo dessa realidade, promovendo um ambiente acadêmico mais saudável, acolhedor e humanizado.
REFERÊNCIAS
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1 Discentes do Curso de Medicina da Faculdade Metropolitana. Porto Velho-RO. E-mail: aglin.adv@gmail.com
2 Docente do Curso de Medicina da Faculdade Metropolitana. Porto Velho-RO. E-mail: nessa_merlen@hotmail.com