O GÊNERO SEMINÁRIO COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE FORMAL NO ENSINO FUNDAMENTAL

THE SEMINAR GENRE AS A DIDACTIC TOOL FOR THE DEVELOPMENT OF FORMAL ORAL EXPRESSION IN ELEMENTARY EDUCATION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202506182358


Fabiana Rita de Sousa1
Isabel Monteiro Botelho2
Simone da Silva Pinto3
Tatiane Cardoso de Aquino4
Tayane Sheila Borges Barroso5
Thays Maia Rodrigues6


RESUMO

O presente artigo tem como objetivo apresentar e analisar os resultados de uma proposta didática já aplicada, voltada ao aprimoramento da oralidade formal por meio do trabalho com o gênero seminário, desenvolvida com estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental em uma escola pública de Belém (PA), no âmbito de uma pesquisa etnográfica, qualitativa, de caráter exploratório e natureza aplicada. Com base em autores como Dolz e Schneuwly (2004), Marcuschi (2007) e Chaves (2008), o texto discute a importância de se promover um ensino sistemático da oralidade, tendo em vista que é, muitas vezes, relegada a segundo plano em relação à escrita. O trabalho também apresenta uma proposta de sequência didática, com etapas e atividades voltadas à produção e à análise do gênero seminário, culminando na realização de exposições orais em contexto escolar. Conclui-se que, para a consolidação da competência comunicativa dos estudantes, é imprescindível que o ensino da oralidade seja planejado, avaliado e incorporado de forma sistemática e significativa ao currículo escolar.

Palavras-chave: oralidade. gênero seminário. sequência didática. ensino fundamental. exposição oral.

ABSTRACT

This article aims to present and analyze the results of a didactic proposal already implemented, focused on improving formal orality through work with the seminar genre. The proposal was developed with 9th-grade students from a public elementary school in Belém (PA), within the framework of an ethnographic, qualitative, exploratory, and applied research. Based on authors such as Dolz and Schneuwly (2004), Marcuschi (2007), and Chaves (2008), the study discusses the importance of promoting a systematic approach to teaching orality, which is often relegated to a secondary role compared to writing. The article also presents a didactic sequence with stages and activities aimed at the production and analysis of the seminar genre, culminating in oral presentations in a school context. The findings indicate that, for the consolidation of students’ communicative competence, the teaching of orality must be planned, assessed, and systematically and meaningfully integrated into the school curriculum.

Keywords: orality; seminar genre; didactic sequence; elementary education; oral presentation.

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o ensino de língua portuguesa tem se pautado pela abordagem por gêneros textuais, conforme apontam os Parâmetros Curriculares Nacionais. No entanto, percebe-se um desequilíbrio entre o ensino de gêneros escritos e orais, sendo estes últimos frequentemente negligenciados no contexto escolar. Essa lacuna torna-se especialmente relevante ao se considerar que a oralidade desempenha papel fundamental na formação cidadã e na participação social do aluno. A oralidade, uma das modalidades linguísticas, é tema de reflexão há bastante tempo. Em Atenas, os sofistas já ensinavam aos jovens a arte do bem falar através da retórica. O domínio da fala era considerado de extrema importância para os atenienses, não apenas do ponto de vista da comunicação, mas, também como exercício de poder, pois quem possuía uma fala aprimorada era capaz de persuadir com mais desenvoltura. Em época de guerras épicas, essa característica tornara-se essencial.

Além disso, ao adotar o gênero seminário como prática pedagógica, é possível promover uma articulação com outras áreas do conhecimento, como a Matemática. Ao trabalharem com temas que envolvem dados estatísticos, análises de gráficos ou interpretação de porcentagens, os alunos desenvolvem não apenas a oralidade formal, mas também o letramento matemático, ampliando a capacidade de compreender, argumentar e comunicar informações quantitativas com clareza.

Marcuschi (2007, p.19) acentua que, no que diz respeito ao surgimento dos gêneros, a primeira fase da história da humanidade, apesar de possuir um número limitado de gêneros, é essencialmente oral, até que, por volta do Sec. VII A.C. surgiu à escrita, multiplicando os gêneros textuais.

Tradicionalmente, o ensino da língua portuguesa no Brasil esteve atrelado à gramática normativa, com ênfase nos gêneros escritos, como nos asseguram Ávila, Nascimento e Gois, (2012, p. 38):

Essa supervalorização deve-se, em parte, ao fato de, ao longo da história, terem tido acesso ao aprendizado da escrita, prioritariamente, pessoas pertencentes a camadas economicamente privilegiadas da população das sociedades letradas.

O presente trabalho surge da necessidade de inserir, de forma sistemática, o ensino da oralidade formal no Ensino Fundamental. O problema investigado consiste na ausência de um ensino estruturado que contemple gêneros orais, como o seminário, e nas dificuldades dos alunos em se expressarem adequadamente em situações formais. Partindo da premissa de que materiais de apoio para o professor que tratam, especificamente, da língua falada, são menos abundantes, este trabalho visa contribuir para o desenvolvimento das competências envolvidas na produção oral em situações formais públicas dos alunos do 9º ano do ensino fundamental, com ênfase nas “características linguísticas (abertura, passagem de fala e encerramento)” e “extralinguísticas” (prosódia, atitudes corporais, movimentos, gestos, trocas de olhares e mímicas faciais).

O objetivo principal deste estudo é apresentar uma proposta didática baseada na sequência didática de Dolz e Schneuwly (2004), utilizando o gênero seminário como instrumento para o desenvolvimento da oralidade em contextos formais.

Justifica-se a pesquisa pela necessidade de ampliar o repertório oral dos alunos e possibilitar que adquiram competências linguísticas e discursivas para atuarem com propriedade em contextos sociais diversos. Fundamentado em autores como Marcuschi (2007), Magalhães e Cristóvão (2018) e Chaves (2008), o estudo se ancora em pressupostos teóricos que defendem a valorização da oralidade como prática significativa no espaço escolar

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A oralidade, uma das modalidades linguísticas, é tema de reflexão há bastante tempo. Em Atenas, os sofistas já ensinavam aos jovens a arte do bem falar através da retórica. O domínio da fala era considerado de extrema importância para os atenienses, não apenas do ponto de vista da comunicação, mas, também como exercício de poder, pois quem possuía uma fala aprimorada era capaz de persuadir com mais desenvoltura. Em época de guerras épicas, essa característica tornara-se essencial.

Segundo Marcuschi (2007), é uma prática comunicativa tão complexa quanto a escrita, exigindo habilidades específicas que devem ser ensinadas na escola. Historicamente, o ensino da língua portuguesa privilegiou a escrita, relegando a oralidade a um lugar de informalidade e espontaneidade. Ademais, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), no final da década de 1990, já começavam a indicar a introdução dos gêneros orais em sala de aula na proposta de ensino de língua portuguesa. O documento enfatiza que a escola deve atentar à escrita e à produção de textos orais como base para o ensino. Porém, o ensino de maneira sistemática da oralidade, nos ambientes escolares, tem ficado aquém do esperado, pois os docentes poucos conhecem sobre as características da modalidade, além de o material didático não lhe dar a devida importância

Dolz e Schneuwly (2004) propõem o trabalho com gêneros textuais por meio de sequências didáticas, enfatizando a necessidade de intervenção pedagógica para o desenvolvimento da competência discursiva. Chaves (2008) define o gênero seminário escolar como uma prática discursiva formal que permite ao aluno assumir o papel de expositor e desenvolver estratégias linguísticas e corporais para a comunicação eficaz. O domínio dos gêneros textuais é de fundamental importância para o desenvolvimento dos sujeitos que vivem em sociedade, pois, por meio deles, se materializa a linguagem. É importante saber que eles estão divididos em dois eixos: gêneros escritos e gêneros orais. No entanto, os gêneros escritos têm tido grande destaque ao longo da história e, por esse motivo, alguns autores vêm alertando para a valorização da oralidade no contexto escolar, pois, para eles, a fala é de suma importância para o desenvolvimento da capacidade de interação humana. Portanto, seu ensino deve dar-se de forma sistemática, para uma melhor compreensão e apreensão dos alunos.

Para Magalhães e Cristóvão (2018), a escola é um espaço privilegiado para o ensino da oralidade, sendo o professor o agente principal dessa mediação. A inclusão do gênero seminário como objeto de ensino permite ao aluno compreender a estrutura do discurso oral formal, refletir sobre os elementos que compõem a exposição e desenvolver habilidades como entonação, articulação de ideias, uso de expressões de transição e gestualidade.

3 METODOLOGIA

Este estudo configurou-se como uma pesquisa etnográfica, de abordagem qualitativa, com caráter exploratório e natureza aplicada, desenvolvida no contexto escolar com 30 estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental, em uma escola pública localizada em Belém (PA). Teve como objetivo investigar a eficácia de uma proposta didática voltada ao aprimoramento da oralidade formal, por meio do trabalho com o gênero seminário.

A sequência didática (SD) tem função integradora na aprendizagem e, sobretudo, instrumentaliza o educando a entender e dominar melhor um gênero de texto, proporcionando uma estabilidade na escrita e na fala em várias situações de comunicação. A SD, portanto, permite ao aluno o acesso às práticas de linguagem:

novas, e as que são mais difíceis de dominar. Ademais, podemos a definir como um “Conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito” (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 97).

O esquema abaixo, apresentado por Dolz e Scheneulwy (2004), é uma representação do processo de trabalho enquanto estrutura de base:

(DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 98).

É importante ressaltar que, em todo o processo, o professor assume um papel primordial, pois, a partir das observações do trabalho feito em sala e da evolução de cada aluno, inclusive de sua fala e de seus textos, ele deverá diagnosticar o que deve melhorar e, assim, buscar meios de alcançar suas expectativas.

Dessa forma, considerando o que foi exposto anteriormente e visando promover a interdisciplinaridade com as outras áreas do conhecimento, especialmente a Matemática, os estudantes elaboraram um gráfico com o propósito de mensurar tanto o conhecimento prévio sobre o Gênero Seminário quanto a frequência com que os professores o utilizam como método de avaliação.

O gráfico apresentou os resultados da pesquisa realizada com 30 alunos e 10 professores. Logo, os dados revelaram que apenas 10 estudantes afirmaram conhecer o gênero seminário, enquanto 20 demonstraram desconhecimento. No que se refere à prática docente, apenas 3 professores — das áreas de História, Geografia e Literatura — utilizavam o gênero como método avaliativo.

A construção desse gráfico pelos próprios alunos integrou uma proposta de trabalho interdisciplinar com a Matemática, permitindo-lhes aplicar noções de estatística e interpretação de dados a partir de uma situação real e significativa. Por meio dessa abordagem, os estudantes não apenas sistematizaram os resultados da pesquisa, como também desenvolveram habilidades de leitura crítica de gráficos, análise comparativa e organização da informação.

A interdisciplinaridade contribuiu, assim, para ampliar os sentidos da aprendizagem, proporcionando aos alunos uma visão mais integrada do conhecimento. De acordo com Vasconcelos (2002, p. 78), “a prática interdisciplinar não apenas enriquece o processo de ensino, mas também favorece a compreensão crítica da realidade e o desenvolvimento da autonomia intelectual do aluno.” Dessa forma, ao articular a produção textual com a leitura de dados e a representação gráfica, os estudantes vivenciaram um processo de aprendizagem mais dinâmico e contextualizado, em que as áreas do saber dialogam de maneira construtiva e formativa.

Esses resultados evidenciam uma lacuna significativa na formação dos estudantes no que diz respeito à oralidade formal e ao trabalho com gêneros orais, como o seminário. A partir dessa constatação, justifica-se a implementação de propostas didáticas voltadas ao desenvolvimento dessas competências, promovendo maior domínio da linguagem oral em situações formais de comunicação. Logo, pensar nos problemas que podem surgir a partir de um tema abordado é uma maneira de instigar os discentes para o processo de investigação. Segundo Borges (2012), o papel do professor pode variar conforme as características dos alunos e o tema abordado; no entanto, independentemente da intensidade de sua atuação, é fundamental que ele se coloque como orientador do processo de aprendizagem. O papel do professor nesse contexto vai ser maior ou menor em função das características dos alunos e do tema tratado. Independente da maior ou menor intensidade da sua ação, o professor deve se posicionar como um orientador da aprendizagem, ou seja, deve-se deixar claro que a responsabilidade pela pesquisa e pelo material de apoio é dos alunos. No entanto, o professor deve auxiliá-los nessa busca por informações.

Ainda no primeiro momento, foram formadas as equipes e realizada a distribuição dos temas, os quais foram escolhidos pelos próprios alunos. Em grupo, eles discutiram para definir o assunto que seria abordado. Nesse processo, o professor atuou como mediador, orientando os estudantes sobre a importância da escolha temática. O tema escolhido esteve em evidência na sociedade, de modo a fomentar o debate e estimular o desenvolvimento do pensamento crítico. Ao deixar os temas em aberto, foi possível estabelecer conexões com outras áreas do conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade e a transversalidade.

Em seguida, foi feito o estudo conceitual do Gênero Seminário. O professor propôs atividades que serviram de base para o desenvolvimento da oralidade formal, auxiliando os alunos a superarem a timidez e a adotarem, desde o início, uma postura coerente com o gênero em questão. Com o consentimento dos alunos, as apresentações foram filmadas, o que permitiu o acompanhamento da própria evolução ao longo do processo. Além disso, realizou-se uma pesquisa de sondagem sobre o conhecimento prévio dos estudantes quanto ao Gênero estudado e se os professores o utilizavam como método avaliativo.

Os grupos tiveram um tempo adequado para realizar suas pesquisas e esclarecer dúvidas com o professor. O produto final do trabalho foi a realização do seminário. Após cada apresentação, houve um momento de debate, no qual todos os alunos puderam expressar suas opiniões sobre o conteúdo exposto.

Por fim, foi realizada uma análise coletiva das apresentações, com destaque para os aspectos positivos e os pontos que poderiam ser aprimorados. Essa reflexão foi enriquecida pela exibição dos vídeos gravados, promovendo uma avaliação formativa e consciente do desempenho de cada grupo.

Os recursos materiais utilizados foram Datashow, computador, pincel, quadro, cópias de materiais para leitura, aparelho de som e celular (tanto para pesquisas como para filmagens).

Vale ressaltar, a importância do gênero estudado para o uso em contexto social, uma vez que ele não é ensinado apenas nas escolas e universidades, mas em empresas, palestras, entre outros. Tal inserção não se dá de forma neutra, mas tem como propósito levar o aluno a lançar mão da sua competência comunicativa nas práticas corriqueiras do dia a dia. Ademais, os discentes poderão se apropriar dessa estrutura ensinável, para utilizá-la, quando necessária, como por exemplo, em uma apresentação de trabalho, em palestras, eventos de exposição, sobretudo, em espaços onde irá precisar da oralidade mais formal.

O gênero seminário se realiza predominantemente na modalidade oral da língua e tem como suporte, entre outros fatores, a voz dos expositores (exceto em casos de alunos surdos), que podem até usar outros recursos (datashow, cartazes, etc). Para efeito de análise, é interessante que o gênero seminário escolar seja filmado.

Também de acordo com Chaves (2008), o seminário escolar é um gênero que se divide em três etapas articuladas: uma etapa pré-expositiva, também dividida em dois momentos – a preparação/habilitação do especialista e o/a planejamento/organização da exposição oral – a etapa da exposição, propriamente dita, e uma etapa pós-expositiva, de intervenção do auditório, de apresentação dos comentários apreciativos do(s) professor (es) e de contra argumentação dos expositores.

Chaves trata da estrutura do gênero, de acordo com o procedimento formal e segundo Dolz (1994/2004, apud Chaves 2008):

Abertura: o professor (ou outra pessoa) apresenta o aluno como expositor ou especialista ao auditório ou plateia.

Tomada da palavra: o expositor inicia seu contato verbal, cumprimenta a plateia, criando uma expectativa quanto à exposição.

Introdução ao tema: o expositor informa a plateia sobre o que vai falar.

Apresentação do plano da exposição: o expositor repassa para o auditório o roteiro que seguirá.

Desenvolvimento do tema: o expositor expõe seu trabalho, seguindo o tópico por ele desenvolvido.

Recapitulação e síntese: o expositor retoma os argumentos que justificarão a conclusão, sinaliza a conclusão e a finalização da exposição.

Conclusão: o expositor pode dar o assunto como concluído ou deixá-lo aberto para debates futuros, o que é mais recomendável.

Encerramento: como na abertura, o expositor informa que terminou sua apresentação, agradece aos ouvintes e se dispõe a responder perguntas.

Em relação às características linguísticas, Chaves (2008) afirma que o gênero seminário permite trabalhar com os alunos a reflexão e os recursos linguísticos que sinalizam os seguintes aspectos:

A articulação e organização das ideias quanto ao seu grau de importância: principalmente, sobretudo, em particular.

A introdução, o desenvolvimento e a conclusão da exposição: temos a intenção de falar, nesse sentido, enfim, para lembrar, para fechar, comecemos por, primeiramente, em seguida, depois, finalmente, por último, neste momento.

Os tempos verbais: futuro (antes do desenvolvimento: falaremos, mostraremos, vamos apresentar), imperativo (durante o desenvolvimento: falemos agora, vejamos então, passemos para o próximo tópico); pretérito (depois do desenvolvimento, como acabamos de expor, neste momento),

Passagem da fala para outro expositor: vejamos com a Maria quais os cuidados que devemos ter, mas isso nós vamos conhecer com o Marcelo, o Carlos vai explicar agora.

A introdução dos recursos ilustrativos: como ilustração, num exemplo disso, para exemplificar, podemos comprovar essa informação com esta foto poderá.

A reformulação por meio de paráfrase: ou melhor, quer dizer, ou seja, isto é, melhor dizendo, dito de outro modo, em outras palavras.

Esses recursos linguísticos precisam ser bem exercitados, treinados pelos alunos, pois não se pode esquecer que o orador tem um tempo limite para concluir sua exposição.

Os instrumentos utilizados para coleta de dados incluíram: fichas de observação, gravações em vídeo das exposições orais, textos teóricos e registros escritos elaborados pelos alunos. O desenvolvimento das atividades envolveu momentos de sondagem diagnóstica, estudo estruturado sobre o gênero seminário, planejamento colaborativo, treinamentos orais e apresentações finais com posterior avaliação crítica.

O trabalho foi estruturado a partir de uma sequência didática composta por oito módulos, totalizando 16 horas-aula:

SEQUÊNCIA DIDÁTICA
MódulosAPRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO
Objetivos Motivar a turma. Criar uma representação geral do gênero.
AtividadesApresentação do projeto didático. Divisão dos temas. Divisão das equipes. Enquete de sondagem sobre o conhecimento prévio dos estudantes sobre o gênero e quantos professores o utilizam como método de avaliação (Montar um gráfico com os resultados/interdisciplinaridade com a matemática) Exibição de um vídeo (seminário).
RecursosPincel; Quadro; Caderno de anotação; Material bibliográfico; Ficha de registro dos alunos; Computador; Caixa de som; Datashow;
Duração 2h/ aula
MódulosEXPOSIÇÃO INICIAL
Objetivos Observar as capacidades e as potencialidades que os alunos já possuem, bem como as suas dificuldades mais acentuadas.
AtividadesExposição inicial do seminário escolar pelas equipes.
RecursosPincel; Quadro; Caderno de anotação; Material bibliográfico; Ficha de registro dos alunos; Computador; Caixa de som; Datashow.
Duração 2h/ aula
MódulosVERTICALIZAÇÃO DO ESTUDO
Objetivos Estudar de forma detalhada como se estrutura o gênero seminário escolar (partes internas).
AtividadesEstudo da estrutura do gênero. Exibição de um vídeo de um seminário escolar. Análise do vídeo exibido (ficha de observação).
RecursosPincel; Quadro; Caderno de anotação; Material bibliográfico; Ficha de registro dos alunos; Computador; Caixa de som; Datashow.
Duração 2h/ aula
MódulosVERTICALIZAÇÃO DO ESTUDO (continuação)
ObjetivosEstudar de forma detalhada como se estrutura o gênero seminário escolar (partes internas).
AtividadesEstudo da estrutura do gênero.    Análise do vídeo exibido (ficha de observação).
RecursosPincel; Quadro; Caderno de anotação; Material bibliográfico; Ficha de registro dos alunos; Computador; Caixa de som; Datashow.
Duração2h/ aula
MódulosPLANEJAMENTO DA EXPOSIÇÃO
Objetivos  Conhecer as características linguísticas do gênero.
AtividadesLeitura de texto que tratam sobre o gênero em questão. Exibição e análise de um vídeo de uma exposição oral. Condensação dos dados coletados sobre o conhecimento dos estudantes e aplicação do gênero pelos professores enquanto método avaliativo.
RecursosCaderno de anotação; Material bibliográfico; Ficha de registro dos alunos; Caixa de som;
Duração 2h/ aula
MódulosPLANEJAMENTO DA EXPOSIÇÃO (continuação)
Objetivos Conhecer os   elementos prosódicos e cinésicos importantes para a exposição oral.
AtividadesExemplificação dos elementos em slides (gestos, movimentos, postura, etc.). Realização de leitura em voz alta de textos específicos para   treinar a entonação vocal. Representação teatral de textos para trabalhar a gesticulação.
RecursosPincel; Quadro; Caderno de anotação; Material bibliográfico; Ficha de registro dos alunos; Computador; Caixa de som; Datashow; Textos.
Duração 2h/ aula
MódulosPLANEJAMENTO DA EXPOSIÇÃO (continuação)
Objetivos Organizar os recursos matérias da exposição oral.
AtividadesOrganização das formas de exposição material (transparências, datashow, fotografias, mapas, gráficos, vídeos, áudios, etc.). Preparação dos recursos materiais da exposição.
RecursosPincel; Quadro; Caderno de anotação; Material bibliográfico; Ficha de registro dos alunos.
Duração 2h/ aula
MódulosPREPARAÇÃO DA EXPOSIÇÃO
Objetivos Preparar o roteiro de apresentação.
AtividadesPreparação do roteiro. Orientação para exposição final e gerenciamento de possíveis conflitos.
RecursosPincel; Quadro; Caderno de anotação; Material bibliográfico; Ficha de registro dos alunos.
Duração 2h/ aula
MódulosEXPOSIÇÃO FINAL
Objetivos Pôr em prática os conhecimentos aprendidos nos módulos.
AtividadesExposição dos seminários pelas equipes.
RecursosPincel; Quadro; Caderno de anotação; Material bibliográfico; Ficha de registro dos alunos; Computador; Caixa de som; Data show.
Duração 2h/ aula
MódulosAPRECIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO FINAL
Objetivos Avaliar a aprendizagem da turma quanto ao que foi tratado nas oficinas (professor e alunos) Observar o desenvolvimento de suas habilidades orais e de trabalhar em equipe.
AtividadesExibição da exposição para a turma. Avaliação.
RecursosPincel; Quadro; Caderno de anotação; Material bibliográfico; Ficha de registro dos alunos; Computador; Caixa de som; Data show.
Duração 2h/ aula
Fonte: Elaborado pelo autor.

Sob essa perspectiva, realizou-se uma pesquisa de satisfação para saber o quanto os estudantes acreditaram que houve mudança na postura, oralidade, timidez, capacidade de investigação criticidade e se foi atendido todos os critérios da estrutura do gênero estudado e das características linguísticas referenciadas anteriormente:

A análise dos dados ocorreu por meio de observações sistemáticas e comparativas entre as apresentações iniciais e finais dos alunos, utilizando critérios baseados nas propostas de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), com foco na progressão das competências linguísticas, discursivas e paralinguísticas dos estudantes. 

A aplicação da sequência didática revelou avanços significativos no desempenho oral dos alunos. No diagnóstico inicial, observou-se insegurança, falta de planejamento e ausência de elementos estruturantes do gênero. Ao final da sequência, os alunos demonstraram maior organização na exposição das ideias, uso adequado de expressões de transição, controle da entonação e melhor interação com a audiência.

Foi possível observar, ainda, que os alunos passaram a utilizar dados matemáticos com mais propriedade em suas apresentações, justificando argumentos com base em informações numéricas, o que demonstra avanço tanto na competência discursiva quanto na comunicação matemática. A interdisciplinaridade favoreceu o desenvolvimento de habilidades analíticas e promoveu uma compreensão mais ampla e crítica dos temas abordados.

As filmagens funcionaram como importante instrumento de reflexão e autoavaliação. A análise conjunta dos registros permitiu aos alunos perceberem seus avanços e pontos a melhorar, promovendo um aprendizado significativo.

A discussão dos resultados indica que a inserção do gênero seminário no currículo escolar contribui para o desenvolvimento da competência comunicativa e prepara os alunos para situações reais de uso da linguagem.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O gênero seminário, quando trabalhado de forma planejada e sistemática, favorece o desenvolvimento da oralidade em situações formais. A proposta de sequência didática aplicada demonstrou ser eficaz na promoção da competência discursiva dos alunos, que passaram a compreender e utilizar os recursos necessários à comunicação oral pública.

Constatou-se que os objetivos da pesquisa foram alcançados, uma vez que os alunos desenvolveram maior segurança e autonomia para realizar apresentações orais. A pesquisa aponta, ainda, para a necessidade de ampliação de estudos sobre o ensino de gêneros orais e de formação de professores para atuar nesse campo.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. (Org.). Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.

MAGALHÃES, T. G.; CRISTÓVÃO, V. L. L. Oralidade e ensino de Língua Portuguesa. Campinas: Pontes, 2018.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais e ensino. 3. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

VASCONCELOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-Aprendizagem e projeto político pedagógico. 10. ed. São Paulo: Libertad, 2002.

VASCONCELOS, Celso dos Santos. Educação: projeto político-pedagógico – uma construção possível. 9. ed. São Paulo: Libertad, 2002.

ÁVILA, Hilda. NASCIMENTO, Nilce. GOIS, Maria do Carmo. A linguagem oral e escrita no ensino fundamental: desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2012.

BORGES, Silvana Maria. Práticas de oralidade na escola: o papel do professor como mediador. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p. 123-141, 2012.


1Fabiana Rita de Sousa. Graduada em Licenciatura em Matemática pela Universidade Estadual de Goiás – Unidade Cora Coralina (2007). Especialista em Matemática e Educação Matemática pela Universidade Estadual de Goiás – Unidade Cora Coralina (2009) e em Matemática Financeira e Estatística pela Universidade Cândido Mendes (2014), Professora efetiva na SEDUC/TO. E-mail: fabiana.sousa@seduc.to.gov.br.

2Isabel Monteiro Botelho. Licenciada em Pedagogia pela UnirG – Campus Gurupi (TO). Professora efetiva na SEDUC-Tocantins. Pós-graduada em Orientação Educacional pela Universidade Salgado Oliveira, Goiânia, GOE-mail: sabel.botelho@seduc.to.gov.br.

3Simone da Silva Pinto. Licenciada em Pedagogia pela Fundação Universidade do Tocantins – Unitins. E-mail: simonedpinto2023@seduc.to.gov.br.

4Tatiane Cardoso de Aquino. Graduada em Letras – Alemão pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e em Comunicação Institucional pela Faculdade de Tecnologia da Amazônia. Graduanda em Letras – Português e Inglês pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia (Fibra). Especialista em Literatura em Língua Portuguesa em Sala de Aula pela UFPA. E-mail: tatianedeaquino.ufpa@gmail.com

5Tayane Sheila Borges Barroso. Graduada em Licenciatura em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e em Pedagogia pela Unicesumar. Graduanda em Teologia pela Unicesumar. Pós-graduada em Literatura e Língua Portuguesa em Sala de Aula (UFPA) e em Gestão, Coordenação e Supervisão Escolar pela Faculdade Única de Ipatinga. Professora efetiva na SEDUC/TO. E-mail: tayane.barroso@professor.to.gov.br.

6Thays Maia Rodrigues. Especialista em Gestão Escolar com Ênfase em Administração, Supervisão e Orientação Escolar pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Marabá – FACIMAB. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropedagogia e Psicanálise Infantil pela Faculdade de Tecnologia de Palmas – FTP. Professora efetiva na Prefeitura Municipal de Gurupi/To.  Email: thaysmaia17@gmail.com.