INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: COMO A TECNOLOGIA REDEFINE RELAÇÕES E ESTRUTURAS NAS EMPRESAS?

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202506051526


Carla Danielle Alencar Santos Morais1


RESUMO 

Este artigo propõe uma análise crítica sobre como a Inteligência Artificial tem transformado o comportamento organizacional, redefinindo processos, relações interpessoais e estruturas empresariais. No cenário atual, a tecnologia impulsiona a automação, inovação e eficiência, mas também levanta questões éticas e desafios sociais, exigindo um equilíbrio entre tecnologia e humanização no ambiente corporativo. A pesquisa examina os impactos positivos da Inteligência Artificial nas organizações, como a otimização do tempo e a melhoria na tomada de decisões, ao mesmo tempo em que discute desafios urgentes, incluindo a falta de regulamentação, o impacto na saúde mental dos trabalhadores e os riscos de vieses algorítmicos na perpetuação de discursos discriminatórios e práticas antiéticas. Esses obstáculos ressaltam a necessidade de políticas corporativas mais transparentes e responsáveis, garantindo que a Inteligência Artificial seja utilizada de forma ética e inclusiva. Além disso, o papel da liderança torna-se fundamental nesse novo contexto digital, exigindo visão estratégica, inteligência emocional e adaptação às novas tecnologias para garantir um ambiente organizacional saudável e sustentável. Este artigo busca consolidar conceitos essenciais, debates contemporâneos e uma análise sistemática sobre o futuro das organizações, demonstrando como a integração entre Inteligência Artificial e gestão humanizada pode impulsionar transformações positivas no mundo corporativo. 

Palavras-chave: Inteligência. Artificial. Comportamento. Organizacional.  

ABSTRACT

This article proposes a critical analysis of how Artificial Intelligence has transformed organizational behavior, redefining processes, interpersonal relationships, and corporate structures. In today’s landscape, technology drives automation, innovation, and efficiency, but also raises ethical concerns and social challenges, requiring a balance between technology and humanization in the corporate environment. The research examines the positive impacts of AI in organizations, such as time optimization and improved decision-making, while also discussing urgent challenges, including the lack of regulation, the impact on workers’ mental health, and the risks of algorithmic biases in perpetuating discriminatory discourse and unethical practices. These obstacles highlight the need for more transparent and responsible corporate policies, ensuring that Artificial Intelligence is used ethically and inclusively. Additionally, leadership plays a crucial role in this new digital context, requiring strategic vision, emotional intelligence, and adaptation to new technologies to maintain a healthy and sustainable organizational environment. This article aims to consolidate essential concepts, contemporary debates, and a systematic analysis of the future of organizations, demonstrating how the integration of AI and human-centered management can drive positive transformations in the corporate world. 

Keywords: Intelligence. Artificial. Behavior. Organizational. 

1. Introdução  

A Inteligência Artificial está transformando rapidamente o mundo corporativo, redefinindo processos, relações e estruturas organizacionais. Segundo um estudo da McKinsey, “Em 2025, cerca de 78% das organizações ao redor do mundo estarão utilizando IA em pelo menos uma área de negócio, um aumento significativo em relação aos 55% registrados em 2023” (McKinsey, 2025). Esse crescimento acelerado reflete a necessidade das empresas de se adaptarem às novas tecnologias para manterem a sua competitividade. No entanto, essa revolução digital não vem sem desafios. “A inteligência artificial está impulsionando a eficiência e a inovação nas empresas, mas também levanta desafios como a dependência tecnológica e a necessidade de requalificação profissional. Em 2025, estima-se que 67% dos líderes empresariais planejem aumentar seus investimentos em IA para manter a competitividade no mercado” (Nomus, 2024). 

A busca por eficiência e produtividade por meio da Inteligência Artificial é comparável a momentos históricos de grandes transformações no trabalho, como a Revolução Industrial. Durante esse período, a mecanização substituiu o trabalho manual, alterando as relações sociais e econômicas. “A Revolução Industrial modificou a forma de produção artesanal e manual, tornando o trabalho mais rápido e eficiente, mas também gerando preocupações sobre a substituição da mão de obra humana” (Cavalcante & Silva, 2011). Assim como naquela época, hoje enfrentamos um dilema semelhante: até que ponto a automação pode ser benéfica sem comprometer o equilíbrio entre tecnologia e humanidade? 

A Inteligência Artificial acelera processos e melhora a tomada de decisões, mas também impõe um ritmo intenso de trabalho que pode afetar a saúde mental dos funcionários. Em um mundo onde tudo é imediato, é essencial refletir sobre como essa nova dinâmica impacta no clima organizacional, nas relações interpessoais e na motivação dos trabalhadores. A tecnologia deve ser uma aliada, não um fator de desgaste emocional. 

Como exemplo de empresa que está na corrida da Inteligência Artificial pode-se citar a gigante MICROSOFT:  “A Microsoft tem utilizado Inteligência Artificial para transformar suas operações, aprimorando a experiência do usuário e otimizando processos internos. A implementação de IA em produtos como o Microsoft 365 e o Azure AI tem permitido maior eficiência na análise de dados e na automação de tarefas, tornando a empresa um dos líderes globais na aplicação dessa tecnologia” (Luz, 2024, p. 87). 

Com esse exemplo da empresa MICROSOFT entende-se que a relação entre inteligência artificial e comportamento organizacional é um tema crucial para os dias atuais. O avanço tecnológico é inevitável, mas sua implementação precisa ser feita com equilíbrio, garantindo que as pessoas continuem sendo o centro das organizações. A história nos mostra que a adaptação às novas tecnologias pode ser desafiadora, mas também pode abrir portas para novas oportunidades. O desafio das empresas modernas não é apenas adotar Inteligência Artificial, mas sim integrá-la de forma estratégica, preservando o valor humano e promovendo um ambiente de trabalho saudável e sustentável. 

Este trabalho tem como base a pesquisa bibliográfica fundamentada nos conceitos basilares dos autores Stephen P. Robbins & Timothy A. Judge (2019) e Stuart Russell & Peter Norvig (2020) e com a busca-ativa de outros autores referências, com o objetivo de promover reflexões sobre o Comportamento Organizacional e Inteligência Artificial na era digital. A pesquisa analisará os impactos dessa relação nas organizações, identificando desafios éticos e sociais que essa integração tecnológica pode gerar. Além disso, será investigado o papel da liderança na adaptação ao meio digital e a importância das habilidades humanas nesse contexto. 

A abordagem metodológica terá início com uma análise da interseção entre comportamento organizacional e Inteligência Artificial, passando pela influência da tecnologia na cultura corporativa, na gestão de equipes e nas relações interpessoais. Posteriormente, serão discutidos os desafios éticos e sociais dessa transformação digital, e como os líderes podem equilibrar inovação e humanização no ambiente de trabalho. 

Por fim, o estudo apresentará uma reflexão sobre o futuro das organizações, considerando as tendências emergentes e as projeções para o impacto contínuo da inteligência artificial no comportamento organizacional. A conclusão sintetizará as principais afirmações discutidas, consolidando os resultados da pesquisa e evidenciando sua relevância para os estudos contemporâneos sobre gestão empresarial e tecnologia. 

2. Aprofundando o conhecimento passo a passo 

2.1 Revisando conceitos valorosos  

O Comportamento Organizacional tem como objeto de estudo os indivíduos, sejam eles atuando de forma isolada ou em grupo, e como suas interações influenciam o ambiente de trabalho. Segundo Robbins & Judge (2019), “o comportamento organizacional é o estudo do impacto que indivíduos, grupos e estruturas têm sobre o comportamento dentro das organizações, com o objetivo de melhorar a eficácia organizacional”. Esse conceito é essencial para compreender como as mudanças tecnológicas, especialmente a Inteligência Artificial, estão redefinindo papéis profissionais, influenciando a inovação e transformando as relações interpessoais no dia a dia das empresas. A Inteligência Artificial não apenas otimiza processos, mas também exige uma reconfiguração das dinâmicas organizacionais, impactando a motivação, o engajamento e a colaboração entre os profissionais. 

Entender o Comportamento Organizacional é o primeiro passo para analisar os efeitos da Inteligência Artificial no meio corporativo. “A inteligência artificial refere-se a sistemas computacionais que simulam capacidades humanas, como aprendizado, raciocínio e percepção, permitindo a automação de processos e a tomada de decisões baseada em dados” (Russell & Norvig, 2020, p. 27). Essa definição evidencia o impacto direto da Inteligência Artificial sobre os indivíduos e suas atividades profissionais. Ao permitir a automação de tarefas rotineiras, a tecnologia acelera processos, tornando o trabalho mais eficiente. Além disso, o acesso ampliado a informações estratégicas possibilita que gestores tenham um leque maior de opções na tomada de decisão, aumentando sua capacidade de percepção e fortalecendo sua segurança nas escolhas. A Inteligência Artificial não apenas potencializa a análise de dados, mas também aprimora a agilidade humana na resolução de problemas. 

Diante desse cenário, torna-se essencial refletir sobre como essa revolução tecnológica está redefinindo não apenas as estruturas das organizações, mas também a essência das relações humanas no ambiente corporativo. A integração entre Inteligência Artificial e comportamento organizacional não se limita apenas à otimização de processos, mas envolve uma adaptação das interações sociais, das formas de liderança e da cultura empresarial como um todo. Esse estudo permite compreender os desafios e oportunidades que surgem dessa conexão e como as empresas podem equilibrar inovação e humanização para garantir ambientes de trabalho saudáveis e produtivos. 

2.2 Entendendo a nova era com Inteligência Artificial e a analisando o Comportamento Organizacional 

O avanço da Inteligência Artificial tem transformado significativamente as dinâmicas de trabalho, exigindo que os profissionais estejam cada vez mais atentos às novas tecnologias para se manterem ativos e competitivos no mercado. Como afirmam Russell & Norvig (2020), “a introdução da IA nas empresas está alterando a forma como líderes tomam decisões e como funcionários desempenham seus papéis” (p. 107). As empresas têm investido fortemente na automação de tarefas e processos, permitindo que seus colaboradores direcionem seus esforços para atividades mais estratégicas e criativas. Essa tendência evidencia que investir em Inteligência Artificial significa, na prática, investir em eficiência, inovação e otimização do tempo de produção. 

No entanto, para compreender plenamente os impactos dessa revolução tecnológica, é essencial considerar o contexto social e educacional em que vivemos. Em 2025, a Geração Z, composta por jovens que cresceram em um mundo altamente digitalizado, onde o smartphone se tornou uma extensão natural do dia a dia – está redefinindo a maneira como o conhecimento é adquirido e aplicado. Como bem pontua Prensky (2001), “os nativos digitais possuem uma relação íntima com a tecnologia, integrando dispositivos móveis em todas as esferas de suas vidas”. Essa conexão direta com o digital molda suas expectativas em relação à educação e ao mercado de trabalho, exigindo abordagens pedagógicas inovadoras e metodologias que valorizem o aprendizado contínuo e a adaptação rápida a novos cenários tecnológicos. 

Analisando esses itens, percebe-se que as políticas públicas urgentes tornam-se fundamentais para garantir que essa crescente demanda por informação e tecnologia seja atendida de maneira equitativa. A democratização do acesso à inovação no ambiente escolar é um passo essencial para que, no futuro, todos tenham as mesmas oportunidades de concorrência no mercado de trabalho. Investir na introdução de novas tecnologias desde os primeiros anos da educação é essencial para formar cidadãos críticos e preparados para resolver desafios emergentes: como questões éticas na tecnologia da informação, o uso da Inteligência Artificial para enfrentar problemas sociais e outras questões que ainda buscam soluções e exigem um olhar inovador. O futuro depende não apenas da evolução das máquinas, mas da capacidade humana de utilizar a Inteligência Artificial de forma responsável e estratégica para o bem coletivo. 

2.3 E os impactos da Inteligência Artificial no Comportamento Organizacional? 

A Inteligência Artificial está provocando uma transformação profunda no ambiente corporativo, gerando impactos que vão desde a automação de tarefas até mudanças nas relações entre colaboradores e tecnologia. Um dos primeiros efeitos visíveis é a automação e otimização dos processos, que possibilita uma gestão do tempo mais eficiente e uma tomada de decisão mais segura. Como afirmam Coutinho e logo em seguida Silva, “a inteligência artificial está transformando a forma como as empresas operam, permitindo que funcionários se concentrem em funções mais estratégicas e criativas, enquanto tarefas repetitivas são automatizadas” (Coutinho, 2025, p. 87) e “a IA está liberando funcionários de atividades operacionais, permitindo que se foquem em funções mais criativas e analíticas” (Silva, 2025, p. 143). Essas mudanças fomentam uma cultura organizacional voltada para a inovação, estimulando os colaboradores a desenvolverem novas habilidades e a se adaptarem ao avanço tecnológico. 

Outro impacto significativo da Inteligência Artificial no comportamento organizacional é a redefinição de papéis no ambiente de trabalho. A crescente digitalização exige que profissionais adquiram novas competências para operar sistemas inteligentes e interpretar grandes volumes de dados, tornando-se peças-chave na integração entre tecnologia e estratégia empresarial. No entanto, investir apenas em tecnologia sem investir na capacitação dos funcionários pode comprometer a eficácia das ferramentas adotadas. Como destaca Duarte, “com a automação de processos, as organizações estão redefinindo papéis e exigindo que os profissionais desenvolvam habilidades voltadas para a colaboração com a tecnologia, tornando a interação humano-máquina essencial para o sucesso empresarial” (Duarte, 2025, p. 45). Essa adaptação não apenas melhora a eficiência interna, mas também fortalece a competitividade das empresas no mercado. 

Apesar dos benefícios, um dos maiores desafios enfrentados pelas organizações na implementação da Inteligência Artificial é o impacto psicológico e emocional sobre os funcionários. O receio da substituição por máquinas, a insegurança em relação à necessidade de constante adaptação e o medo de não conseguir acompanhar o ritmo acelerado da transformação tecnológica podem gerar um clima organizacional negativo. Como aponta a ONU News (2023), “embora a IA traga eficiência e inovação, sua rápida implementação pode gerar insegurança e ansiedade nos funcionários, que temem a substituição de seus cargos e a necessidade de adaptação constante”. Diante desse cenário, é essencial que o processo de integração da Inteligência Artificial seja feito de maneira estratégica e transparente, garantindo que os colaboradores compreendam seu papel na nova estrutura organizacional e se sintam valorizados. 

Portanto, a implementação da Inteligência Artificial deve ser acompanhada por políticas de gestão que priorizem a clareza, ética e respeito no ambiente corporativo. Uma organização só prospera verdadeiramente quando suas relações internas são pautadas na confiança, na comunicação aberta e no reconhecimento do valor humano. Ignorar esses fatores pode resultar em desmotivação, aumento dos índices de esgotamento mental e, consequentemente, impacto na produtividade e no desempenho geral da empresa. Para que a Inteligência Artificial seja um elemento de progresso e não de instabilidade, é fundamental que líderes, gestores e empresários desenvolvam estratégias bem estruturadas para equilibrar inovação tecnológica e humanização das relações de trabalho. 

2.4 Citando desafios dessa nova Era. 

Um dos desafios do uso da Inteligência Artificial nas empresas é a crescente dependência dessa tecnologia na gestão corporativa, tornando essencial o desenvolvimento de protocolos éticos e rigorosos para garantir a proteção dos dados sensíveis dos funcionários. A falta de regulamentação adequada pode facilitar o uso indevido dessas informações e aumentar os riscos de vazamentos, contribuindo para a impunidade em crimes cibernéticos. Portanto, é fundamental que organizações e legisladores implementem diretrizes claras para assegurar a segurança digital e a transparência no uso da Inteligência Artificial no ambiente corporativo. 

Um dos desafios éticos mais preocupantes na adoção da Inteligência Artificial é a falta de regulamentação no uso dos algoritmos, o que pode permitir, de maneira velada, a perpetuação de discriminação racial e desigualdade social. Sem auditoria e controle adequados, os sistemas de Inteligência Artificial podem ser configurados para reproduzir preconceitos existentes, favorecendo determinados grupos e excluindo outros, impactando diretamente processos como recrutamento, promoção profissional e acesso a oportunidades. 

Como alerta Hoffman (2024), “Os algoritmos de IA podem perpetuar vieses históricos se não forem devidamente auditados, comprometendo a equidade em processos como recrutamento e promoção profissional”. 

Esse problema se agrava quando consideramos que os responsáveis pela configuração dos sistemas de Inteligência Artificial podem influenciar suas decisões, intencionalmente ou não, conforme seus próprios interesses e visões de mundo. Caso um desenvolvedor ou organização tenha um viés inconsciente (ou até deliberado), o algoritmo pode reforçar estereótipos e dificultar a representatividade de grupos historicamente marginalizados. Por isso, a transparência no desenvolvimento da Inteligência Artificial e a implementação de mecanismos de revisão ética são fundamentais para garantir que a tecnologia sirva ao interesse coletivo, e não apenas a interesses individuais ou corporativos. Sem essas diretrizes claras, o uso da Inteligência Artificial pode ampliar desigualdades e intensificar barreiras sistêmicas, tornando-se uma ferramenta de exclusão, em vez de inclusão. 

Um dos desafios mais urgentes no contexto do comportamento organizacional é a preservação da saúde mental e do bem-estar dos trabalhadores. A rápida implementação da inteligência artificial nas empresas exige que os profissionais se adaptem constantemente a novas tecnologias, o que pode gerar estresse e insegurança. Como destaca Susskind (2023), “A pressão por adaptação tecnológica pode aumentar os níveis de estresse dos trabalhadores, exigindo que as empresas desenvolvam estratégias para equilibrar inovação e qualidade de vida”. Diante desse cenário, as políticas de gestão precisam evoluir, deixando de ser apenas estratégias de marketing e passando a investir, de forma concreta, na qualidade de vida dos colaboradores. Proporcionar um ambiente de trabalho saudável e prazeroso gera benefícios para todos, empresa e funcionário, resultando em maior produtividade, engajamento e satisfação profissional. 

Além disso, o medo da substituição do homem pela máquina tem se tornado uma questão crítica para a saúde mental dos trabalhadores. A incerteza sobre o futuro da empregabilidade e a exigência de adaptação constante podem provocar ansiedade, desgaste emocional e até quadros incapacitantes. Como aponta FDR (2025), “Nos últimos anos, a saúde mental dos trabalhadores se tornou uma pauta urgente no ambiente de trabalho. Em 2024, os transtornos mentais chegaram a uma situação incapacitante de forma inédita, refletindo a pressão do mercado de trabalho e as cicatrizes da pandemia”. Diante disso, é essencial que as empresas e governos tratem essa questão como um problema de saúde pública, criando políticas que ofereçam suporte psicológico aos trabalhadores e incentivem um ambiente de trabalho equilibrado e sustentável. 

Além dos desafios mencionados, o acesso à tecnologia da informação continua sendo um obstáculo significativo. Escolas com infraestrutura avançada, alto investimento e qualidade ideal ainda não representam a realidade em todas as esferas do governo, e mesmo instituições particulares enfrentam limitações. Dessa forma, um desafio crucial é garantir equidade no acesso às tecnologias, permitindo que os alunos de hoje se tornem profissionais preparados para o mercado de amanhã, onde a inteligência artificial exige qualificação e agilidade. 

Como destacam Acemoglu & Restrepo (2025), “A implementação da IA não pode ser um privilégio restrito a grandes corporações; políticas públicas devem garantir que pequenas empresas e profissionais tenham oportunidades iguais de inovação”. Para que esse avanço tecnológico seja democrático, é imprescindível o investimento desde cedo na educação digital, capacitando os futuros profissionais a interagir com sistemas inteligentes de maneira eficiente. As empresas do futuro não terão tempo para ensinar conceitos básicos de tecnologia – essa competência será um pré-requisito. Os treinamentos corporativos estarão focados no aprimoramento organizacional, exigindo profissionais ágeis, estratégicos e altamente qualificados para lidar com desafios dinâmicos e inovadores. 

2.5 O papel do líder no cenário de mudança com o uso da Inteligência Artificial e a análise das habilidades humanas no Comportamento Organizacional 

“O líder é aquele que influencia pessoas e as conduz para alcançar objetivos comuns. Mais do que apenas gerenciar processos, ele deve compreender as necessidades humanas, estimular o desenvolvimento das competências individuais e promover um ambiente de trabalho colaborativo e motivador” (Chiavenato, 2014, p. 215). A afirmação do autor reforça a importância da liderança na construção de um ambiente organizacional completo, capaz de fomentar competências individuais e coletivas para garantir eficácia e eficiência. No entanto, o papel do líder se torna ainda mais relevante quando inserido em uma geração digital, na qual o uso de dispositivos móveis permeia todas as interações e decisões, ao mesmo tempo em que gestores e equipes enfrentam desafios relacionados à exposição midiática, vazamento de dados, crimes cibernéticos, subornos e assédios. 

Nesse cenário, a liderança precisa ser pautada na segurança, empatia e ética, garantindo que os colaboradores tenham um ambiente de trabalho saudável e protegido. Além disso, avaliar as habilidades humanas nesse contexto digital exige cautela, uma vez que nem sempre as pessoas correspondem à imagem que projetam nas redes sociais. Em muitos casos, as expectativas sobre determinados profissionais podem ser frustradas ou, ao contrário, superadas, tornando essencial que os líderes desenvolvam visão estratégica e inteligência emocional para lidar com esse novo paradigma. 

“Os líderes precisam adaptar suas estratégias para integrar a IA sem comprometer o equilíbrio entre eficiência e bem-estar dos colaboradores” (Reis, 2024, p. 80). A adaptação a esse novo modelo de gestão exige, além de habilidades comportamentais, disponibilidade para compreender a dinâmica de um mundo hiperconectado e acelerado. Empresas que não investem em desenvolvimento humano paralelo à implementação tecnológica correm o risco de comprometer o engajamento dos funcionários, tornando a gestão vulnerável e ineficaz. Assim, para que a inteligência artificial seja aliada do progresso organizacional, é fundamental que os líderes atuem como agentes de equilíbrio entre inovação e humanização, garantindo que a tecnologia potencialize, em vez de substituir, as competências humanas. 

2.6 O Futuro organizacional com o uso da Inteligência Artificial 

Compreender que o futuro das organizações está intrinsecamente ligado à Inteligência Artificial é essencial para que os gestores adaptem suas práticas de liderança e desenvolvam competências voltadas para a integração equilibrada entre tecnologia e habilidades humanas. A IA não deve ser vista como uma vilã, mas sim como uma aliada estratégica capaz de impulsionar a inovação, otimizar processos e fortalecer a competitividade no mercado. 

Na era digital, a conectividade se tornou um elemento fundamental para o networking e a sobrevivência empresarial diante da globalização. Como destaca Pipo Saúde (2024), “As organizações do futuro serão aquelas que conseguirem equilibrar a tecnologia com as habilidades humanas, promovendo um ambiente de inovação e colaboração” (p. 102). Nesse contexto, é imprescindível que gestores desenvolvam políticas organizacionais que garantam a coexistência entre automação e inteligência emocional, permitindo que colaboradores se adaptem ao novo cenário sem comprometer sua motivação e bem-estar. 

Portanto, o uso da Inteligência Artificial deve ser uma estratégia de gestão bem estruturada, visando a construção de um ambiente organizacional inovador e resiliente. O grande desafio dos líderes do futuro será garantir que a IA seja incorporada de maneira eficiente, sem perder de vista o fator humano, que continua sendo o principal diferencial das empresas em um mundo hiperconectado. 

3. Considerações Finais  

O uso da Inteligência Artificial tem impactado profundamente todos os setores da sociedade, desde o ambiente familiar e educacional até o meio corporativo. Os estudantes super conectados de hoje serão os trabalhadores do futuro, responsáveis por revolucionar a forma como as empresas operam. Ao longo dos séculos, diversas inovações exigiram adaptação e evolução, e a Inteligência Artificial representa mais uma transformação significativa no mundo do trabalho. 

A implementação da Inteligência Artificial no ambiente organizacional otimiza processos, automatiza tarefas e permite decisões mais estratégicas e assertivas, aumentando a eficiência das empresas. No entanto, seu uso requer cautela e regulamentação, garantindo que não perpetue desigualdades sociais, vieses discriminatórios e práticas antiéticas. A equidade no acesso à tecnologia também deve ser considerada, evitando que apenas grupos privilegiados usufruam dos benefícios da Inteligência Artificial, enquanto outros enfrentam exclusão digital. 

Além disso, a rápida digitalização tem impactado a saúde mental dos trabalhadores, criando uma cultura corporativa pautada pela urgência extrema e adaptação constante. O medo da substituição da mão de obra humana por máquinas, aliado à incerteza sobre a estabilidade no emprego, pode gerar ansiedade e insegurança organizacional, afetando diretamente o clima empresarial. Para mitigar esses impactos, é essencial que os líderes atuem estrategicamente, promovendo um ambiente colaborativo e sustentável, onde a tecnologia seja vista como aliada do progresso e não como uma ameaça. 

Por fim, compreendemos que o futuro organizacional dependerá da capacidade das empresas de equilibrar inovação e gestão humanizada, garantindo que a Inteligência Artificial seja aplicada com responsabilidade e ética. O desafio não é apenas adotar novas tecnologias, mas integrá-las de forma consciente, respeitando as pessoas e suas habilidades. Assim, a Inteligência Artificial pode ser um elemento de transformação positiva, promovendo engajamento, produtividade e sustentabilidade para as organizações do século XXI. 

4. Referências Bibliográficas 

Acemoglu, D., & Restrepo, P. (2025). AI and the future of work. MIT Press. 

Cavalcante, A., & Silva, J. (2011). Impactos da Revolução Industrial no trabalho humano. Revista de História Econômica, 17(2), 45–60. 

Chiavenato, I. (2014). Gestão de pessoas: O novo papel dos recursos humanos nas organizações. Elsevier. 

Coutinho, R. L. (2025). O impacto da inteligência artificial e automação nas organizações: desafios e oportunidades para a transformação organizacional. Revista Tópicos, 12(1), 89– 102. 

Duarte, R. D. (2025). Transformação digital: integração de pessoas, processos e IA.  Acessado em 24 de maio de 2025, de https://duarte.digital/transformacao-ia 

FDR. (2025). Saúde mental no trabalho: Como equilibrar produtividade e bem-estar. Acessado em 24 de maio de 2025, de https://fdr.com.br/saude-mental-trabalho Hoffman, M. (2024). Algorithmic bias and ethical AI. Harvard Business Review, 102(5), 77–90. 

McKinsey. (2025). Relatório sobre o impacto da inteligência artificial nas empresas globais. Acesso em 24 de maio de 2025, de https://mckinsey.com/relatorio-ia-2025 

Nomus. (2024). 7 principais impactos da inteligência artificial nos negócios. Acessado em 24 de maio de 2025, de https://nomus.com.br/ia-nos-negocios 

ONU News. (2023). Incertezas trazidas pela inteligência artificial geram novo tipo de ansiedade. Acessado em 24 de maio de 2025, de https://onunews.org/ia-ansiedade 

Pipo Saúde. (2024). Saúde mental e impactos da IA no ambiente corporativo. Acessado em 24 de maio de 2025, de https://pipsaude.com.br/ia-saude-mental 

Prensky, M. (2001). Digital natives, digital immigrants. On the Horizon, 9(5), 1–6. 

Reis, B. D. (2024). Inteligência artificial aplicada ao comportamento organizacional. Revista Tópicos, 11(3), 55–72. 

Robbins, S. P., & Judge, T. A. (2019). Organizational behavior (18ª ed.). Pearson. 

Russell, S., & Norvig, P. (2020). Artificial intelligence: A modern approach (4ª ed.). Pearson. 

Susskind, R. (2023). Future of the professions: How technology will transform the work we do. Oxford University Press. 

Silva, L. (2025). Transformação digital e gestão de pessoas. SEGS. Acessado em 24 de maio de 2025, de https://segs.com.br/gestao-digital


1Graduação em Letras Espanhol. Especialização em Gestão de Pessoas. Mestrando em Administração pela Must University. E-mail. carlamorais17726@student.mustedu.com