IMPLANTES SUBPERIOSTEAIS PERSONALIZADOS COMO ALTERNATIVA VIÁVEL PARA A REABILITAÇÃO DE ATROFIAS ÓSSSEAS SEVERAS: APLICAÇÃO, LIMITAÇÃO E ATUALIDADE.

CUSTOM SUBPERIOSTEAL IMPLANTS AS A VIABLE ALTERNATIVE FOR THE REHABILITATION OF SEVERE BONE ATROPHIES: APPLICATION, LIMITATIONS AND CURRENT STATUS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202504251848


Ailton Cândido de Oliveira Júnior
Artur Guilherme Cândido de Oliveira


Resumo

A reabilitação oral de pacientes com atrofias ósseas severas representa um desafio significativo para a implantodontia moderna, sobretudo diante das limitações dos métodos convencionais como enxertos ósseos e implantes zigomáticos. Neste contexto, os implantes subperiósticos personalizados ressurgem como alternativa viável, impulsionados por avanços em tecnologias digitais. O presente estudo tem como objetivo geral analisar a viabilidade clínica desses implantes na reabilitação de maxilas e mandíbulas severamente atróficas, destacando sua eficácia, limitações e inovações envolvidas. Trata-se de uma revisão de literatura conduzida nas bases PubMed e BVS, com seleção de estudos publicados entre 2015 e 2025, conforme protocolo PRISMA. Foram incluídos 19 artigos que abordam aspectos clínicos, biomecânicos e tecnológicos da técnica. Os resultados evidenciam altas taxas de sucesso, com sobrevida de até 97,8% em curto e médio prazo, especialmente quando há adaptação passiva da estrutura e integração do planejamento protético e cirúrgico. Apesar das vantagens como menor morbidade, tempo reduzido de tratamento e aplicabilidade em pacientes com contra indicações cirúrgicas, complicações como exposições mucosas e infecções locais ainda são frequentes. A conclusão indica que os objetivos da pesquisa foram plenamente alcançados, confirmando a técnica como uma alternativa segura e eficaz em casos complexos. No entanto, ressalta-se a necessidade de estudos clínicos longitudinais e padronizados para validar sua aplicação em larga escala.

Palavras-chave: Implante Dentário Subperiósteo. Reabilitação Bucal. Implantes Absorvíveis. Implante Dentário. Desenho Assistido por Computador

1  INTRODUÇÃO

A reabilitação oral de pacientes com perda óssea severa continua sendo um dos maiores desafios enfrentados pela implantodontia contemporânea e a ausência de volume ósseo suficiente inviabiliza a instalação de implantes endósseos convencionais e, com frequência, demanda procedimentos invasivos de enxertia óssea (ANITUA et al., 2024). No entanto, tais técnicas apresentam alta morbidade, maior tempo de tratamento e nem sempre são aceitas pelos pacientes, especialmente quando envolvem múltiplas cirurgias ou doações ósseas extraorais (ÂNGELO & FERREIRA, 2020; ANITUA et al., 2024).

Historicamente, os implantes subperiósticos surgiram como alternativa à instalação de implantes em regiões com disponibilidade óssea reduzida, embora tenham sido utilizados entre as décadas de 1940 e 1980, foram gradualmente abandonados devido à alta incidência de complicações como infecções, mobilidade da estrutura e falhas protéticas (RANCAÑOÁLVAREZ & SALGADO-PERALVO, 2019). Contudo, os recentes avanços tecnológicos, principalmente nas áreas de planejamento digital, modelagem tridimensional e manufatura aditiva, permitiram o ressurgimento dos implantes subperiósticos personalizados (ESPINOZA et al., 2023).

Esses implantes são desenvolvidos de maneira totalmente customizada, adaptando-se com precisão à anatomia óssea remanescente de cada paciente (NEDELCU et al., 2024). Através de tomografias computadorizadas de feixe cônico (TCFC), softwares Computer Aided Design/Computer-Aided Manufacturing (CAD/CAM) e impressão tridimensional (3D), é possível projetar dispositivos com excelente adaptação passiva, promovendo melhor distribuição de tensões mastigatórias e possibilitando a instalação de próteses fixas com carga imediata (ALTIPARMAK, POLAT & ONAT, 2023; NEDELCU et al., 2024). Além disso, estudos têm mostrado que essa abordagem apresenta menor morbidade cirúrgica, tempo de tratamento reduzido e alta taxa de sucesso clínico, mesmo em casos considerados inoperáveis por métodos convencionais (CEREA & DOLCINI, 2018; GARRIDO MARTÍNEZ et al.,2023).

Segundo Cebrián Carretero et al. (2022), os implantes subperiósticos personalizados têm se mostrado especialmente úteis na reabilitação de pacientes submetidos a ressecções oncológicas ou com defeitos ósseos complexos. Em casos como esses, a reconstrução com enxertos ósseos ou retalhos microvascularizados pode não ser viável e a personalização do implante oferece uma solução anatômica e funcional eficaz (CEBRIÁN CARRETERO et al., 2022).

Além da viabilidade clínica, os estudos destacam que os materiais utilizados influenciam diretamente no desempenho biomecânico dos implantes, segundo Altıparmak, Polat & Onat (2023), que também demonstraram que o uso de olieteretercetona reforçado com fibra de carbono (Cfr-PEEK), por ter módulo de elasticidade mais próximo ao do osso cortical, reduz significativamente o efeito de “stress shielding” quando comparado ao titânio, o que pode favorecer a longevidade da estrutura. Oberoi et al. (2024) também exploraram a utilização de zircônia estabilizada com ítria como alternativa cerâmica de alta resistência e estética superior.

Do ponto de vista técnico, a integração entre o planejamento protético reverso e o cirúrgico é considerada fundamental para o sucesso do tratamento, conforme explicam González, Gao & Gálvez (2018). Os mesmos autores ainda ressaltam que a correta definição da posição dos pilares protéticos durante o planejamento digital permite um alinhamento funcional adequado e facilita a reabilitação estética (GONZÁLEZ, GAO & GÁLVEZ, 2018). Vaira et al. (2025) também destacam que os implantes seccionais podem ser utilizados em reabilitações parciais, com excelente estabilidade e adaptação óssea.

Por outro lado, ainda existem limitações e incertezas que cercam a aplicação clínica dos implantes subperiósticos personalizados, de acordo com Herce-López et al. (2024), que afirmam que as principais complicações envolvem exposição da estrutura, inflamações periimplantares e dificuldades na manutenção da higiene, especialmente quando há falhas na integração mucosa. Onică et al. (2024), em um acompanhamento de seis anos, relataram que, embora os resultados funcionais sejam positivos, a taxa de complicações ainda é significativa, exigindo critérios rígidos de seleção de pacientes.

Dessa forma, observa-se que, apesar dos resultados promissores e da crescente aplicação clínica, há necessidade de estudos longitudinais complementares, com amostras maiores e protocolos padronizados (ANITUA et al., 2024). A heterogeneidade dos desenhos metodológicos e o tempo limitado de acompanhamento em muitos estudos impedem a formulação de recomendações definitivas (ANITUA et al., 2024).

A presente pesquisa tem como objetivo geral analisar a viabilidade dos implantes subperiósteos na atualidade, considerando sua eficácia clínica, benefícios e limitações no tratamento de pacientes com atrofia óssea severa (RANCAÑO-ÁLVAREZ & SALGADOPERALVO, 2019; ÂNGELO & FERREIRA, 2020; ANITUA et al., 2024; ONICĂ et al., 2024). Os objetivos específicos incluem: (1) investigar a evolução dos implantes subperiósteos ao longo do tempo; (2) comparar a técnica subperióstea com outros métodos de reabilitação oral; (3) avaliar as principais inovações tecnológicas aplicadas a esse tipo de implante; (4) analisar a taxa de sucesso e as complicações relatadas em estudos recentes (RANCAÑO-ÁLVAREZ & SALGADO-PERALVO, 2019; ÂNGELO & FERREIRA, 2020;ANITUA et al., 2024; ONICĂ et al., 2024).

Justifica-se a realização deste estudo pela crescente demanda por soluções menos invasivas, mais eficazes e com menor tempo de tratamento para pacientes com perdas ósseas avançadas (GONZÁLEZ, GAO & GÁLVEZ, 2018; CEBRIÁN CARRETERO et al., 2022; ANITUA et al., 2024). Além disso, a personalização do tratamento odontológico por meio de tecnologia digital representa um avanço significativo na prática clínica, ampliando as possibilidades de reabilitação em casos antes considerados inviáveis. Assim, esta pesquisa pretende contribuir com a consolidação do conhecimento técnico-científico sobre os implantes subperiósticos personalizados, ampliando suas possibilidades de aplicação segura e eficaz na implantodontia moderna (OBEROI et al., 2024).

2  FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1  Evolução histórica dos implantes subperiosteais

A trajetória dos implantes subperiostais no campo da implantodontia é marcada por fases distintas de ascensão, abandono e resgate, refletindo a evolução das tecnologias e do entendimento clínico ao longo das décadas (ŁOGINOFF, MAJOS & ELGALAL, 2024). Introduzidos inicialmente na década de 1940 por Dahl, Goldberg e Gershkoff, os implantes subperiostais surgiram como uma resposta ao desafio de reabilitar pacientes edêntulos com severa atrofia óssea, para os quais os implantes endósseos convencionais não eram indicados devido à escassez de tecido ósseo disponível (ŁOGINOFF, MAJOS & ELGALAL, 2024).

Nesse primeiro período, os implantes eram fabricados artesanalmente com ligas metálicas como Vitallium (cobalto-cromo), por meio de técnicas rudimentares, como moldagens diretas da crista óssea exposta, o que implicava incisões extensas e alto risco de complicações, incluindo infecções, mobilidade do implante, dores crônicas e falhas protéticas (GOH et al., 2025). As dificuldades técnicas, somadas à baixa previsibilidade dos resultados, culminaram em altas taxas de falha a longo prazo, com sobrevida que, em alguns estudos, caía para 50% após 15 anos de uso (GOH et al., 2025).

A partir da década de 1980, com o advento dos implantes osseointegrados de titânio propostos por Brånemark, a técnica subperiosteal entrou em desuso, sendo considerada obsoleta frente à previsibilidade e aos bons índices de sucesso dos implantes endósseos (ŁOGINOFF, MAJOS & ELGALAL, 2024). Contudo, mesmo nessa fase de declínio, houve tentativas de aprimoramento, como a introdução de revestimentos com hidroxiapatita para melhorar a resposta tecidual e a utilização de tomografia computadorizada para o planejamento prévio (ŁOGINOFF, MAJOS & ELGALAL, 2024).

Nas últimas duas décadas, impulsionado pelo desenvolvimento de tecnologias digitais, como a TCFC, o planejamento tridimensional e a manufatura aditiva (DMLS), observou-se uma retomada do interesse pelos implantes subperiostais (GOH et al., 2025). A combinação de escaneamentos de alta precisão com softwares CAD/CAM permitiu a confecção de implantes personalizados com altíssimo grau de adaptação à anatomia óssea remanescente, eliminando a necessidade de moldagens invasivas e múltiplas cirurgias (GOH et al., 2025).

Esses avanços tornaram os implantes subperiostais modernos uma opção viável e menos invasiva para pacientes com severa reabsorção óssea, nos quais enxertos ósseos ou implantes zigomáticos seriam contraindicados ou tecnicamente inviáveis (MAIA et al., 2023; GOH et al., 2025). A literatura recente destaca ainda o uso crescente dessas estruturas em contextos oncológicos e traumáticos, onde a anatomia maxilofacial foi comprometida e a reconstrução com implantes endósseos não é possível (MAIA et al., 2023; GOH et al., 2025).

2.2  Aplicações clínicas e indicações

Com os recentes avanços em tecnologias digitais, como o planejamento cirúrgico virtual e a manufatura aditiva, os implantes subperiósticos personalizados ampliaram suas indicações clínicas, indo além da reabilitação de maxilas atróficas (ARSHAD, KHORAMSHAHI & SHIRANI, 2023; ONICĂ et al., 2024). Atualmente, eles são aplicados em cenários mais complexos, incluindo defeitos orofaciais, condições sistêmicas limitantes e anatomias ósseas incompatíveis com implantes endósseos convencionais e sua utilização é especialmente relevante em pacientes com contraindicações absolutas a enxertos ósseos ou histórico de falhas em reabilitações tradicionais (ARSHAD, KHORAMSHAHI & SHIRANI, 2023; ONICĂ et al., 2024).

Arshad, Khoramshahi & Shirani (2023) demonstraram sua viabilidade em pacientes jovens com periodontite agressiva, nos quais o insucesso precoce de implantes endósseos levou à adoção dos subperiósticos como alternativa reabilitadora. Já Onică et al. (2024) abordaram seu uso em idosos com edentulismo prolongado e falhas protéticas anteriores, ressaltando a menor morbidade cirúrgica e a manutenção funcional satisfatória mesmo com complicações em tecidos moles, desde que haja rigor nos cuidados pós-operatórios.

Outras aplicações incluem a reabilitação de sequelas infecciosas graves. ParrasHernández et al. (2024) relataram seu uso bem-sucedido como suporte de obturadores em pacientes com comunicação oronasal pós-mucormicose, revelando sua utilidade mesmo na ausência de substrato ósseo adequado. Além disso, têm sido propostos como alternativa menos invasiva aos implantes zigomáticos, oferecendo fixação segura em áreas como rebordo nasal, zigoma e palato duro, com menor risco de complicações (POVEDANO et al., 2023).

No âmbito protético, os implantes subperiósticos permitem um planejamento reverso mais preciso, com melhor distribuição de forças e estética previsível, como apontado por González, Gao e Gálvez (2018), sendo ideais em reabilitações anteriores da maxila. Sua aplicação também se destaca em casos de deformidades craniofaciais sindrômicas, oferecendo soluções individualizadas em ambientes hospitalares multidisciplinares (OREN et al., 2021).

Assim, sua reversibilidade é uma vantagem importante em pacientes imunocomprometidos ou oncológicos, pois, diferentemente dos implantes osseointegrados, podem ser removidos com menor impacto estrutural (CEBRIÁN CARRETERO et al., 2023). Embora apresentem desafios, estudos como o de Garrido Martínez et al. (2023) reforçam que, com protocolos rigorosos, esses dispositivos oferecem resultados clínicos superiores, especialmente com carga imediata. Assim, os implantes subperiósticos personalizados se consolidam como alternativa versátil e promissora na reabilitação oral contemporânea (CEBRIÁN CARRETERO et al., 2023).

2.3  Avanços tecnológicos e inovações

A evolução dos implantes subperiósticos personalizados nas últimas décadas está diretamente relacionada ao avanço das tecnologias digitais aplicadas à odontologia, especialmente no que diz respeito ao planejamento cirúrgico virtual, à manufatura aditiva e à simulação biomecânica, que permitiram resgatar uma técnica anteriormente abandonada devido às altas taxas de complicações, reposicionando-a como uma alternativa segura e eficaz para a reabilitação de maxilas e mandíbulas severamente atróficas (VANACLOCHA et al., 2025).

A manufatura aditiva, com destaque para a sinterização seletiva a laser (SLM) e a fusão de leito de pó a laser (LPBF), possibilitou a produção de implantes com altíssima precisão, segundo Cerea e Dolcini (2018), afirmando que a tecnologia DMLS proporcionou um ajuste passivo preciso à anatomia óssea, reduzindo falhas relacionadas à má adaptação. Paralelamente, a análise por elementos finitos (FEA) passou a ser empregada para prever o desempenho mecânico dos implantes sob diferentes cargas, como demonstrado por Vanaclocha et al. (2025), permitindo ajustes estruturais e maior segurança clínica.

A otimização topológica também contribuiu para o avanço, reduzindo a massa das estruturas sem comprometer a resistência, como no estudo de Oberoi et al. (2024), que usou zircônia estabilizada com ítria em design em malha, aumentando a área superficial e favorecendo a osseointegração. Além do titânio, novos materiais vêm sendo testados, como o Cfr-PEEK, cuja elasticidade semelhante ao osso cortical diminui o risco de reabsorção óssea (ALTIPARMAK, POLAT & ONAT, 2023).

O planejamento reverso, integrado aos softwares CAD/CAM, tomografias e escaneamentos intraorais, permite alinhar o implante à posição ideal da prótese (GONZÁLEZ, GAO & GÁLVEZ, 2018). Guias cirúrgicas estereolitográficas, como as descritas por Povedano et al. (2023), aumentam a precisão cirúrgica, enquanto pilares protéticos integrados às estruturas metálicas otimizam o alinhamento e a distribuição de cargas mastigatórias. A adaptação à mucosa com abutments de alturas variadas melhora o conforto e a estética (VAIRA et al., 2025).

Outros aprimoramentos incluem parafusos de menor diâmetro para reduzir a tensão óssea (KUNDAKCIOGLU & GEDIK, 2024), fluxos digitais com scanners intraorais para eliminar moldagens invasivas (NEDELCU et al., 2024) e estruturas seccionais para reabilitações parciais (VAIRA et al., 2025). Esses avanços consolidam os implantes subperiósticos como alternativa personalizada e tecnologicamente avançada na reabilitação oral complexa (VAIRA et al., 2025).

2.4  Resultados clínicos, taxas de sucesso e complicações

Estudos recentes evidenciam altas taxas de sucesso clínico com implantes subperiósticos personalizados, embora as complicações, sobretudo relacionadas a tecidos moles, ainda representem desafio relevante, demonstrando o potencial da técnica, mas também reforçam a necessidade de planejamento rigoroso e seleção criteriosa dos casos (VAIRA et al., 2024).

Em estudo multicêntrico, Vaira et al. (2024) analisaram 36 pacientes com maxilas totalmente atróficas reabilitados com 72 implantes subperiósticos. A taxa de sucesso foi de 90,3% em até quatro anos, sem perdas de implantes e com reabsorção óssea média inferior a 0,2 mm em um ano. Exposições leves da estrutura foram registradas em 9,7% dos casos, todas manejadas conservadoramente (VAIRA et al., 2024).

Cerea & Dolcini (2018) avaliaram 70 pacientes tratados com implantes de titânio produzidos por sinterização a laser, registrando apenas três falhas infecciosas em dois anos. As complicações incluíram fraturas de prótese provisória e lascamentos cerâmicos, destanco a importância da adaptação passiva para o sucesso clínico (CEREA & DOLCINI, 2018).

Anitua et al. (2024), em revisão sistemática com 227 pacientes, apontaram taxa de sobrevivência de 97,8% em média de 21,4 meses. Contudo, observaram-se 25,6% de exposição parcial da estrutura, 5,3% de infecções e 5,2% de fraturas protéticas. Os autores ressaltaram a necessidade de padronização metodológica para estudos futuros (ANITUA et al., 2024).

Com foco de longo prazo, Onică et al. (2024) acompanharam 36 pacientes por seis anos e observaram 27 eventos adversos, como mobilidade, exposição e infecção. A má adaptação da estrutura e a fragilidade da mucosa foram os principais fatores associados às falhas (ONICĂ et al., 2024).

Garrido Martínez et al. (2023) relataram bons resultados em dois anos com carga imediata em todos os casos, fixação em regiões ósseas densas e apenas uma exposição leve. Já Povedano et al. (2023) mostraram que melhorias no design — como eliminação de braços na pré maxila — reduziram complicações vestibulares.

Nedelcu et al. (2024) relataram sucesso em um caso isolado sem intercorrências, destacando os benefícios do fluxo digital. Herce-López et al. (2024), em consenso baseado em seis estudos, apontaram taxas de complicações biológicas de 5,7% a 43,8%, com destaque para deiscências mucosas, frequentemente manejáveis sem remoção do implante.

Nesse ensejo, os implantes subperiósticos mostram desempenho promissor, mesmo em pacientes com atrofia severa e a precisão na adaptação, o uso de tecnologia digital e o monitoramento contínuo são essenciais para minimizar riscos e potencializar resultados (CEREA & DOLCINI, 2018; GARRIDO MARTÍNEZ et al., 2023; POVEDANO et al., 2023; ONICĂ et al., 2024; NEDELCU, et al., 2024).

3  METODOLOGIA 

Este estudo consistiu em uma revisão de literatura, cujo objetivo foi analisar a viabilidade clínica dos implantes subperiósteos personalizados como alternativa para a reabilitação de pacientes com atrofias ósseas severas. O foco da análise recaiu sobre aspectos como eficácia, benefícios, limitações e inovações tecnológicas associadas a essa técnica implantológica.

As buscas bibliográficas foram conduzidas nas bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Para garantir a precisão e relevância dos resultados, os descritores utilizados foram selecionados a partir dos vocabulários controlados dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH). Os termos empregados incluíram: Implante Dentário Subperiósteo (Subperiosteal Dental Implant), Reabilitação Bucal (Oral Rehabilitation), Implantes Absorvíveis (Absorbable Implants), Implante Dentário (Dental Implan) e Desenho Assistido por Computador (Computer-Aided Design). As combinações entre os descritores seguiram a lógica dos operadores booleanos, com destaque para o uso do operador “AND”.

Foram incluídos artigos publicados entre 2015 e 2025, disponíveis na íntegra, redigidos em português, inglês ou espanhol e que abordassem direta ou indiretamente os implantes subperiósteos personalizados em estudos clínicos, revisões sistemáticas, ensaios clínicos ou pesquisas experimentais. Foram excluídos artigos duplicados, estudos que não versassem diretamente sobre o tema, bem como resumos de congressos, dissertações e teses.

A seleção dos artigos obedeceu ao protocolo Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA), sendo realizada em quatro etapas: identificação, triagem, elegibilidade e inclusão. Na etapa de identificação, foram encontrados 142 artigos. Após a remoção de 20 duplicatas, restaram 122 estudos. A triagem foi feita pela leitura de títulos e resumos, resultando em 30 artigos elegíveis. Por fim, 19 estudos atenderam plenamente aos critérios estabelecidos e foram selecionados para compor a base da revisão.

Os dados extraídos desses estudos foram organizados em tabelas e gráficos, possibilitando uma análise comparativa entre os diferentes enfoques, resultados clínicos, complicações relatadas e taxas de sucesso. Os registros foram categorizados de acordo com a abordagem metodológica, tempo de acompanhamento, perfil dos pacientes, tipo de implante utilizado, complicações observadas e taxa de sobrevivência dos dispositivos.

4  RESULTADOS E DISCUSSÕES 

4.1  Visão geral dos estudos incluídos

A presente seção reúne e analisa os principais achados extraídos dos 19 estudos selecionados na revisão de literatura, os quais abordam diferentes aspectos clínicos, técnicos e biomecânicos relacionados ao uso de implantes subperiósticos personalizados na reabilitação de maxilas e mandíbulas severamente atróficas. A análise contemplou desde ensaios clínicos e

revisões sistemáticas até estudos de caso e investigações in silico, permitindo uma visão abrangente sobre a eficácia, as taxas de sucesso, as principais complicações relatadas e os avanços tecnológicos que têm influenciado diretamente a evolução dessa técnica. 

Os dados obtidos foram organizados em tabelas e categorizados por tipo de estudo, características dos implantes, local de instalação, tempo de acompanhamento e desfechos clínicos, de modo a facilitar a comparação entre os resultados e a identificação de padrões consistentes que fundamentem a aplicabilidade dos implantes subperiósticos na prática clínica contemporânea (Quadro 1).

Quadro 1 – Síntese dos estudos selecionados sobre Implantes Subperiósticos Personalizados

Autores (Ano)Tipo de EstudoTipo de ImplanteLocal de InstalaçãoAcompanhamentoPrincipais Achados
Altıparmak,Polat & Onat(2023)Estudo in silicoTitânio vs. Cfr-PEEKMaxilaSimulado (FEA)Cfr-PEEK mostrou menor stress shiel-ding. Recomendado,mas requer validação clínica.
Ângelo &Ferreira(2020)Caso clínicoTitânio customizado(SLM)MandíbulaN/ASucesso estético e funcional. Alternativa viável a enxertos ósseos.
Anitua et al. (2024)Revisão sistemáticaTitânio personalizado (3D)MaxilaMédia: 21,4 mesesSobrevivência 97,8%; 25,6% com exposição parcial; necessidade de estudos robustos.
Arshad et al. (2023)Caso clínicoTitânio impresso em 3DMaxila3 anosSem complicações; alta precisão e estética.
Cebrián Carretero et al.(2022)Série de casosImplante maxilar de titâ-nio subperiosteal personalizado(CSTMI) em titânioMaxila9 a 38 mesesReabilitação eficaz pós-oncológica. Estabilidade funcional e estética.
Cerea & Dolcini (2018)Estudo retrospectivoTitânio(DMLS)Maxila/Mandíbula24 meses3 infecções leves; alta satisfação estética; boa estabilidade.
Espinoza et al. (2023)Caso clínicoTitânio (SLM)Maxila24 mesesSem falhas; leve deiscência. Boa estética.
Garrido Martínez et al.(2023)Série de casosTitânio personalizadoMaxila12 a 24 mesesNenhuma falha; boa integração; carga imediata.
González,Gao & Gálvez (2018)Caso clínicoTitânio(CAD/CAM)Maxila12 mesesSucesso funcional e estético.
Herce-López et al. (2024)Revisão + consensoTitânio implantes subperiosteais personalizados(CSIs)Maxila/Mandíbula≥6 mesesComplicações biológicas (5,7–43,8%); alta previsibilidade.
Kundakcioglu& Gedik(2024)Estudo in silicoParafusos de1,5 mm vs. 2 mmMaxilaSimulado (FEA)Parafusos de 2 mm apresentam melhordistribuição de estresse.
Nedelcu et al. (2024)Caso clínicoTitânio(DMLS)MaxilaN/ASem complicações; ótima cicatrização e estabilidade.
Oberoi et al. (2024)Estudo experimentalZircônia esta-bilizada comítriaMaxila (simulado)In silicoVersão lattice melhorou a distribuição deforças; alta biocompatibilidade.
Onică et al. (2024)Estudo longitudinalTitânio(DMLS)Maxila6 anos27 complicações leves/moderadas; técnica promissora complanejamento rigoroso.
Oren et al. (2021)Caso clínicoTitânio 3D (DMLS)Maxila/Mandíbula36 mesesSucesso funcional em paciente com condição genética rara.
Parras-Hernández et al. (2024)Caso clínicoTitânio personalizado (PSI)Maxila18 mesesSuporte eficaz para obturador; sem complicações.
Pons et al. (2021)Série de casosTitânio (SLM)Maxila6 a 24 mesesSem falhas; exposição leve em 3 casos.
Povedano et al. (2023)Série de casosTitânio implantes subperiósticospersonaliza-dos (ISP comdesign modificado)Maxila12 mesesRedução de complicações com novo design (sem braços na pre-maxila).
RancañoÁlvarez &Salgado(2019)Estudo clínicoTitânio personalizado(CAD/CAM)MaxilaN/ABons resultados clínicos; carga imediata viável.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.2  Taxas de sucesso e sobrevivência dos implantes

A análise dos estudos selecionados evidencia que os implantes subperiósticos personalizados apresentam taxas de sucesso e sobrevivência elevadas, mesmo em pacientes com atrofias ósseas severas e contra indicações a técnicas reconstrutivas convencionais. Tais resultados reforçam a viabilidade clínica dessa modalidade terapêutica, sobretudo quando associada a recursos tecnológicos como planejamento digital, manufatura aditiva e carga imediata. As evidências podem ser vistas no Quadro 2.

Quadro 2 – Comparação entre taxas de sucesso e tempo de acompanhamento

EstudoTempo de Acompanhamento(meses)Taxa de Sucesso (%)Observações Relevantes
Vaira et al. (2024)4890,3Nenhuma perda de implantes; 9,7% com exposição leve da estrutura.
Anitua et al. (2024)21,4 (média)97,8Alta taxa de sobrevivência; 25,6% com exposições parciais; revisão sistemática.
Onică et al. (2024)7275Longo seguimento; 27 casos de complicações, maioria sem perda definitiva.
Garrido Martínez et al. (2023)24100Ausência de falhas; boa integração tecidual; carga imediata em todos os casos.
Espinoza et al. (2023)24100Sem falhas; apenas deiscência leve da mucosa, resolvida sem intervenção invasiva.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os dados revelam variações importantes entre os estudos, influenciadas principalmente pelo tempo de acompanhamento e pelos critérios metodológicos adotados. No estudo multicêntrico de Vaira et al. (2024), envolvendo 72 implantes instalados em 36 pacientes com maxilas severamente atróficas, a taxa de sucesso foi de 90,3% após até quatro anos de acompanhamento, sem registros de perdas de implantes. Por sua vez, Anitua et al. (2024), em revisão sistemática com 227 pacientes, reportaram uma taxa de sobrevivência global de 97,8%, embora com seguimento médio mais curto, de 21,4 meses. Já Onică et al. (2024), em estudo longitudinal com seguimento de seis anos, observaram complicações em 75% dos casos, embora a maioria tenha sido manejada conservadoramente, sem perda definitiva dos dispositivos.

Essas variações indicam que, embora os índices sejam promissores, a duração do acompanhamento influencia diretamente a taxa de sobrevida relatada, sendo esperadas maiores incidências de complicações em análises de longo prazo. Além disso, fatores como adaptação passiva da estrutura ao osso remanescente, uso de abutments integrados, planejamento reverso baseado na posição protética ideal e aplicação de carga imediata são apontados como elementos críticos para o sucesso clínico. Tais estratégias, quando corretamente implementadas, favorecem a estabilidade primária, reduzem o tempo cirúrgico e minimizam o risco de insucesso mecânico ou biológico.

Estudos como os de Garrido Martínez et al. (2023) e Espinoza et al. (2023) reforçam esse entendimento ao associarem altos índices de sucesso à utilização de protocolos digitais completos e à precisão na adaptação das estruturas implantadas. Por outro lado, autores como Herce-López et al. (2024) alertam para a necessidade de monitoramento contínuo da interface mucosa-implante, uma vez que a exposição da estrutura ainda representa uma das complicações mais frequentes.

4.3  Complicações relatadas

Apesar das elevadas taxas de sucesso associadas aos implantes subperiósticos personalizados, os estudos analisados revelam que complicações clínicas ainda são frequentes, principalmente aquelas relacionadas à interface mucosa-implante. Essas intercorrências podem ser agrupadas, de forma geral, em complicações biológicas e complicações mecânicas, cada uma com características clínicas e manejos distintos (Quadro 3).

Quadro 3 – Complicações relatadas em implantes subperiósticos personalizados

Tipo de ComplicaçãoClassificaçãoFrequência (%)
Exposição da estruturaBiológica28,3
Exposição parcial da estruturaBiológica25,6
Infecção de tecidos molesBiológica5,3
Infecção leveBiológica4,3
Fratura de prótese provisóriaMecânica5,7
Lascamento cerâmicoMecânica2,9
Mobilidade do implanteMecânica8,3
Desconforto pós-operatórioBiológica
Deiscência de tecido moleBiológica5,7 a 43,8

Fonte: Elaborado pelo autor.

•        Complicações Biológicas:

As complicações biológicas mais recorrentes incluem a exposição parcial da estrutura metálica e infecções nos tecidos moles adjacentes. No estudo longitudinal de Onică et al. (2024), foram observadas 27 complicações em 36 pacientes, sendo a exposição da estrutura o evento mais prevalente, especialmente em áreas com mucosa fina ou com má adaptação do implante. Herce-López et al. (2024), ao analisarem seis estudos clínicos em um relatório de consenso, relataram que as taxas de complicações biológicas variaram entre 5,7% e 43,8%, com destaque para deiscências mucosas e infecções superficiais.

•        Complicações Mecânicas:

Entre as complicações mecânicas, destacam-se a fratura de próteses provisórias e o lascamento de revestimento cerâmico das próteses definitivas. Cerea & Dolcini (2018), em estudo com 70 pacientes, relataram três casos de infecção e quatro fraturas de próteses provisórias, além de dois episódios de falhas cerâmicas. Embora menos frequentes, esses eventos impactam diretamente a funcionalidade e estética da reabilitação, exigindo correções laboratoriais ou substituição das estruturas protéticas.

4.4  Comparação com outras técnicas de reabilitação

Os implantes subperiósticos personalizados têm se mostrado uma alternativa promissora às técnicas convencionais de enxertos ósseos e implantes zigomáticos, especialmente em pacientes com atrofia óssea severa ou comorbidades que contra indicam procedimentos invasivos. Estudos como os de Cerea & Dolcini (2018), Anitua et al. (2024) e Garrido Martínez et al. (2023) reforçam que, em comparação às abordagens construtivas tradicionais, essa técnica apresenta vantagens relevantes no que tange ao tempo de tratamento, morbidade cirúrgica e viabilidade técnica.

Enquanto os enxertos ósseos demandam múltiplas etapas cirúrgicas, períodos prolongados de cicatrização e apresentam alta morbidade associada ao sítio doador (ÂNGELO & FERREIRA, 2020), os implantes subperiósticos permitem reabilitação funcional imediata com carga protética em até 48 horas, reduzindo significativamente o tempo total de tratamento. Além disso, evitam-se complicações inerentes aos enxertos, como reabsorção óssea imprevisível e infecções em áreas doadoras, como a crista ilíaca (GONZÁLEZ, GAO & GÁLVEZ, 2018).

Comparativamente aos implantes zigomáticos, que exigem técnica operatória avançada, anestesia geral e acesso cirúrgico complexo, os subperiósticos apresentam menor risco intraoperatório, especialmente em regiões com anatomia alterada por tumores, traumas ou infecções, como documentado por Cebrián Carretero et al. (2022) e Parras-Hernández et al. (2024). A viabilidade técnica dos subperiósticos é ampliada pela integração do planejamento digital tridimensional, que garante adaptação anatômica precisa e previsibilidade dos resultados (NEDELCU et al., 2024).

Ademais, a técnica subperióstica revela-se particularmente vantajosa em pacientes com contraindicações absolutas para cirurgias reconstrutivas, como idosos com comorbidades sistêmicas, pacientes imunossuprimidos ou aqueles com histórico de falhas repetidas em tratamentos convencionais (ONICĂ et al., 2024; ARSHAD, KHORAMSHAHI & SHIRANI, 2023). Nesses casos, a possibilidade de realizar reabilitação com menor morbidade, sem necessidade de enxertia ou acesso extraoral, representa avanço significativo em termos de conforto, segurança e adesão ao tratamento.

Portanto, os implantes subperiósticos personalizados não apenas se equiparam, mas em muitos casos superam os resultados obtidos com enxertos ósseos e implantes zigomáticos, especialmente quanto à simplicidade cirúrgica, tempo reduzido de tratamento e aplicabilidade em pacientes com limitações clínicas severas. Contudo, é necessário o acompanhamento longitudinal rigoroso, dada a maior incidência de complicações relacionadas à mucosa relatadas em estudos de longo prazo (HERCE-LÓPEZ et al., 2024).

4.5  Perfil dos pacientes e fatores influenciadores

Os estudos analisados nesta revisão indicam que o perfil dos pacientes submetidos à reabilitação com implantes subperiósticos personalizados é majoritariamente composto por indivíduos com atrofia óssea severa, geralmente classificados como Cawood & Howell classes V e VI, e com histórico de falhas em tratamentos convencionais. A idade média dos pacientes variou entre 44 e 70 anos, sendo comum a presença de comorbidades que inviabilizam abordagens reconstrutivas invasivas, como diabetes, doenças cardiovasculares, osteoporose e imunossupressão (ANITUA et al., 2024; ONICĂ et al., 2024; GARRIDO MARTÍNEZ et al., 2023).

Cebrián Carretero et al. (2022) relataram, por exemplo, a aplicação bem-sucedida da técnica em pacientes oncológicos com grandes defeitos ósseos, nos quais os enxertos microvascularizados foram contraindicados. De modo semelhante, Arshad, Khoramshahi & Shirani (2023) destacaram o uso da técnica em um paciente jovem com periodontite agressiva e recusa a enxertos ósseos, obtendo desfecho funcional e estético satisfatório após três anos de acompanhamento.

Além disso, diversos autores destacam que a severidade da reabsorção óssea e a qualidade dos tecidos moles estão diretamente relacionadas à incidência de complicações, como exposição da estrutura metálica ou inflamação peri-implantar (HERCE-LÓPEZ et al., 2024; ONICĂ et al., 2024). Assim, o sucesso clínico da técnica depende não apenas da precisão técnica, mas também da seleção criteriosa dos pacientes.

Critérios como higiene oral satisfatória, ausência de doenças sistêmicas descompensadas, mucosa espessa e adesão às orientações pós-operatórias são considerados determinantes para a viabilidade do tratamento, conforme ressaltado por Nedelcu et al. (2024) e Povedano et al. (2023). A seleção inadequada de casos ou falhas no planejamento digital pode comprometer significativamente o prognóstico, especialmente em reabilitações com carga imediata.

O Quadro 4 sintetiza os principais dados dos pacientes nos estudos analisados, permitindo visualização clara dos fatores clínicos correlacionados aos desfechos.

Quadro 4 – Perfil dos pacientes e relação com os desfechos clínicos nos estudos revisados

EstudoIdade MédiaComorbidades RelatadasTipo de AtrofiaDesfecho ClínicoComplicações Mais Comuns
Anitua et al. (2024)62,4 anosIdosos com edentulismo totalCawood VISobrevivência de 97,8%Exposição parcial (25,6%)
Onică et al. (2024)Não informado.Edêntulos, mucosa finaMaxila atrófica severaSucesso com complicaçõesem 75% dos casosExposição, mobilidade, infecção
Garrido Martínez et al.(2023)65 anosSem comorbidades relevantesMaxila classe V-VIIntegração total; carga imediataDesconforto leve e exposição limitada
Cebrián Carretero et al.(2022)66 anosRessecção oncológicaDefeitos extensosEstética e função restabelecidasNenhuma complicação relevante
Nedelcu et al. (2024)58 anosSinusite crônica, peri-implantiteMaxila atróficaEstabilidade e cicatrização adequadasNenhuma complicação relatada
Arshad et al. (2023)25 anosPeriodontite agressivaReabsorção generalizadaExcelente função e estéticaNenhuma complicação significativa

Fonte: Elaborado pelo autor.

5  CONCLUSÃO

A pesquisa confirma que os implantes subperiósticos personalizados constituem uma alternativa clínica viável e eficaz para a reabilitação de pacientes com atrofias ósseas severas.

Os objetivos propostos são integralmente atingidos, evidenciando que a técnica evolui significativamente com o uso de tecnologias digitais, como planejamento virtual e manufatura aditiva.

Verifica-se que a customização anatômica e a possibilidade de carga imediata ampliam as indicações da técnica, inclusive em casos inoperáveis por métodos convencionais. As análises demonstram que o sucesso do tratamento depende diretamente da seleção criteriosa dos pacientes, da adaptação passiva da estrutura e da integração entre o planejamento protético e cirúrgico.

O estudo contribui teoricamente ao consolidar evidências sobre o desempenho clínico da técnica subperióstica, e, do ponto de vista prático, ao apoiar sua aplicação em contextos com contraindicações a enxertos ou implantes zigomáticos. A principal limitação consiste na escassez de estudos longitudinais com grandes amostras e padronização metodológica. Sugere-se, para futuras pesquisas, a realização de ensaios clínicos controlados que avaliem a estabilidade a longo prazo e o comportamento da interface mucosa-implante.  

REFERÊNCIAS

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