FONTES DE FÓSFORO APLICADAS NO SULCO DE PLANTIO NO DESENVOLVIMENTO MORFOLÓGICO INICIAL DE MILHO (ZEA MAYS L.)

PHOSPHORUS SOURCES APPLIED IN THE PLANTING FURROW ON THE INITIAL MORPHOLOGICAL DEVELOPMENT OF MAIZE (ZEA MAYS L.)

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202512091946


Gabriel Rocha
Leo Faria


Resumo: O milho (Zea mays L.) é uma das principais culturas agrícolas globais, cuja produção é fortemente influenciada pela disponibilidade de fósforo (P), nutriente essencial ao desenvolvimento inicial da planta, especialmente em solos tropicais ácidos com alta fixação de P. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos de diferentes fontes de fósforo aplicadas no sulco de plantio sobre o desenvolvimento morfológico inicial do milho, conduzido em Patos de Minas (MG) em 2025, utilizando um delineamento em blocos casualizados com quatro tratamentos — controle, superfosfato simples, superfosfato triplo e fertilizante organomineral — e cinco repetições. As doses foram ajustadas para fornecer 72 kg ha⁻¹ de P₂O₅ nas adubações, exceto no controle, e as avaliações ocorreram aos 40 dias após a emergência, medindo altura da parte aérea, diâmetro do colmo, comprimento total das raízes e massa fresca total. Os resultados demonstraram que o fertilizante organomineral proporcionou superior desenvolvimento em todos os parâmetros avaliados, seguido pelo superfosfato triplo, superfosfato simples e controle, evidenciando a maior eficiência da combinação entre fósforo mineral solúvel e matéria orgânica na promoção do crescimento equilibrado e vigoroso das plantas. O superfosfato triplo destacou-se frente ao superfosfato simples devido à maior concentração e solubilidade do nutriente, enquanto a ausência de adubação comprometeu significativamente o desenvolvimento morfológico do milho. Conclui-se que a aplicação localizada de fontes fosfatadas eficientes no sulco de plantio é fundamental para otimizar a nutrição inicial do milho, sendo o fertilizante organomineral a alternativa mais promissora para garantir maior produtividade e sustentabilidade em sistemas agrícolas sob condições de solos tropicais.

Palavras-chave: Fosfatados; Macronutriente; Morfologia; Organomineral;  Solubilidade.

Abstract: Corn (Zea mays L.) is one of the main global agricultural crops, whose production is strongly influenced by phosphorus (P) availability, an essential nutrient for the plant’s initial development, especially in acidic tropical soils with high P fixation. This study aimed to evaluate the effects of different phosphorus sources applied in the planting furrow on the initial morphological development of corn. The experiment was conducted in Patos de Minas, Minas Gerais, Brazil, in 2025, using a randomized block design with four treatments — control, single superphosphate, triple superphosphate, and organomineral fertilizer — and five replications. The doses were adjusted to supply 72 kg ha⁻¹ of P₂O₅ in fertilized treatments, except the control. Evaluations were performed 40 days after emergence, measuring plant height, stalk diameter, total root length, and total fresh mass. Results showed that the organomineral fertilizer promoted superior development in all parameters evaluated, followed by triple superphosphate, single superphosphate, and control, highlighting the greater efficiency of the combination of soluble mineral phosphorus and organic matter in promoting balanced and vigorous plant growth. Triple superphosphate outperformed single superphosphate due to its higher nutrient concentration and solubility, while the absence of fertilization significantly impaired the morphological development of corn. It is concluded that localized application of efficient phosphorus sources in the planting furrow is essential to optimize the initial nutrition of corn, with organomineral fertilizer being the most promising alternative to ensure higher productivity and sustainability in agricultural systems under tropical soil conditions.

Keywords: Phosphates; Macronutrient; Morphology; Organomineral; Solubility.

1 INTRODUÇÃO

A cultura do milho (Zea mays L.) destaca-se entre os principais cereais cultivados no mundo, sendo fundamental para a segurança alimentar e a economia agrícola. Sua elevada capacidade de resposta às práticas de manejo nutricional o torna uma excelente ferramenta para o estudo da dinâmica dos nutrientes no solo, especialmente o fósforo (P), que desempenha papel essencial no desenvolvimento inicial da planta (Carvalho et al., 2017).

O fósforo é um dos macronutrientes mais limitantes à produção agrícola em solos tropicais, devido à sua baixa disponibilidade e alta fixação em formas não assimiláveis pelas plantas. Em solos ácidos, comuns no Brasil, a adsorção de fósforo aos minerais do solo é acentuada, dificultando sua eficiência agronômica quando aplicado de forma inadequada (Decker, 2020).

A utilização de diferentes fontes de fósforo, como fosfatos naturais, superfosfatos simples e triplos, além de fertilizantes organominerais, tem sido amplamente estudada como alternativa para melhorar a disponibilidade do nutriente e o desempenho das culturas. Cada fonte apresenta características distintas quanto à solubilidade, liberação de nutrientes e interação com o solo (Machado et al., 2015).

Além da escolha da fonte, o modo de aplicação do fósforo influencia diretamente sua eficiência. A aplicação no sulco de plantio é uma prática comum, visando posicionar o nutriente próximo ao sistema radicular em formação, o que pode beneficiar a absorção na fase inicial da cultura e estimular o crescimento radicular (Carneiro et al., 2008).

O posicionamento estratégico do fósforo no solo pode minimizar as perdas por fixação, especialmente em solos com elevada capacidade de retenção do nutriente. Estudos apontam que a aplicação localizada no sulco de semeadura favorece o aproveitamento do fósforo pela planta, sobretudo em cultivos com rápido crescimento inicial, como o milho (Carvalho et al., 2017).

Diante disso, o presente trabalho teve como problema de pesquisa verificar como diferentes fontes de fósforo, aplicadas no sulco de plantio, influenciaram o desenvolvimento morfológico inicial do milho (Zea mays L.) sob condições de campo?

A justificativa para a realização deste estudo baseou-se na necessidade de identificar práticas de adubação fosfatada mais eficientes, que promovam maior desenvolvimento das plantas nas fases iniciais, especialmente em solos com baixa disponibilidade de fósforo, visando maior produtividade e sustentabilidade agrícola (Decker, 2020). Diante disso, o objetivo geral desta pesquisa foi avaliar os efeitos de diferentes fontes de fósforo aplicadas no sulco de plantio sobre o desenvolvimento morfológico inicial do milho (Zea mays L.).

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Milho

O milho (Zea mays L.) é uma das culturas mais relevantes do agronegócio mundial, sendo cultivado em larga escala para fins alimentares, industriais e como base para a alimentação animal. Sua versatilidade e adaptabilidade a diferentes condições climáticas e edafoclimáticas o tornam uma das culturas mais amplamente distribuídas no planeta (Silva et al., 2020).

No Brasil, o milho ocupa posição de destaque entre as principais commodities agrícolas, sendo cultivado em todas as regiões do país. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2023/24 alcançou uma produção estimada em 118,45 milhões de toneladas, com área plantada superior a 22 milhões de hectares (Conab, 2024).

Além de sua importância como fonte energética e proteica para consumo humano e animal, o milho também é matéria-prima essencial na produção de biocombustíveis, amidos, bebidas e produtos farmacêuticos, o que amplia seu valor econômico e estratégico (Melo et al., 2021).

A cultura é classificada como exigente em nutrientes, especialmente nitrogênio, fósforo e potássio. O manejo adequado da adubação é fundamental para garantir altos rendimentos e sustentabilidade do sistema produtivo. A aplicação eficiente desses nutrientes, em especial nas fases iniciais de desenvolvimento, tem impacto direto na formação do estande e na produtividade final (Caires et al., 2017).

Em termos de exportação, o Brasil se consolidou como um dos maiores exportadores de milho do mundo, disputando mercado com países como Estados Unidos e Argentina. Essa expansão tem sido impulsionada por avanços tecnológicos, políticas de incentivo ao agronegócio e pela busca por cultivares mais adaptadas e produtivas (MAPA, 2023).

A área plantada com milho no Brasil apresenta duas principais safras: a primeira, cultivada no verão, e a segunda, conhecida como “safrinha”, plantada logo após a colheita da soja. A safrinha corresponde atualmente à maior parte da produção nacional, respondendo por cerca de 70% do total colhido (Conab, 2024).

Além da sua relevância econômica, o milho exerce papel importante na rotação de culturas e no sistema de produção integrado, contribuindo para o equilíbrio biológico, o controle de pragas e doenças e a conservação do solo, sobretudo em áreas de plantio direto (Silva et al., 2020).

O desempenho produtivo do milho está diretamente associado ao uso de tecnologias adequadas, como o melhoramento genético, o uso de fertilizantes de alta eficiência, o manejo integrado de pragas e doenças, e a adoção de sistemas de irrigação. A integração dessas práticas contribui para o aumento da produtividade e da sustentabilidade da cadeia produtiva (Melo et al., 2021).

2.2 Nutrição vegetal

A nutrição vegetal é um dos pilares fundamentais da produção agrícola, sendo responsável pelo fornecimento de elementos essenciais ao metabolismo e desenvolvimento das plantas. Esses nutrientes são absorvidos principalmente pelas raízes, em solução no solo, e desempenham funções específicas na fisiologia vegetal, como a fotossíntese, a respiração celular e a divisão celular (Malavolta, 2006).

São reconhecidos 17 elementos essenciais para as plantas, dos quais três (carbono, hidrogênio e oxigênio) são obtidos do ar e da água, enquanto os demais são absorvidos do solo. Estes se dividem em macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre) e micronutrientes (ferro, manganês, zinco, cobre, boro, molibdênio, cloro e níquel), todos indispensáveis, mesmo que em diferentes quantidades (Taiz et al., 2017).

A deficiência de qualquer um desses nutrientes compromete o metabolismo vegetal e pode refletir em sintomas visuais, menor crescimento e redução da produtividade. Por outro lado, o excesso também pode ser prejudicial, provocando toxicidade ou interferência na absorção de outros nutrientes, o que torna o manejo nutricional uma prática que requer equilíbrio e conhecimento técnico (Epstein; Bloom, 2006).

A adubação é a principal forma de suplementar os nutrientes no sistema produtivo e deve ser realizada de forma racional, considerando a demanda da planta, a disponibilidade no solo e a eficiência de cada fonte utilizada. A análise do solo, aliada ao conhecimento da exigência nutricional da cultura, é essencial para a recomendação correta das doses e fontes de adubos (Novais et al., 2007).

O fósforo, por exemplo, é um nutriente de baixa mobilidade no solo, sendo comumente aplicado em locais estratégicos, como no sulco de plantio, para aumentar sua eficiência de absorção pelas raízes em desenvolvimento. Essa prática se mostra ainda mais relevante em solos tropicais, onde a fixação do fósforo por óxidos de ferro e alumínio é intensa (Sousa; Lobato, 2004).

A eficiência do manejo nutricional também depende do tipo de solo, da textura, do pH e da matéria orgânica presente, pois esses fatores influenciam a disponibilidade e a dinâmica dos nutrientes no ambiente radicular. Solos ácidos, por exemplo, podem reduzir a disponibilidade de fósforo, cálcio e molibdênio, enquanto aumentam a de alumínio, que é tóxico às plantas (Raij, 2011).

No caso do milho, que apresenta crescimento rápido e grande demanda por nutrientes, o fornecimento adequado e oportuno dos elementos essenciais é determinante para o estabelecimento inicial da lavoura e para o atingimento do potencial produtivo da cultura. Entre os macronutrientes, o fósforo exerce papel importante na formação do sistema radicular e na energia celular, principalmente nas fases iniciais (Malavolta, 2006).

Além do uso de fertilizantes minerais, tem-se ampliado a utilização de fontes alternativas, como os fertilizantes organominerais, que associam nutrientes a materiais orgânicos, promovendo benefícios físicos e biológicos ao solo. Esses produtos podem melhorar a eficiência da nutrição vegetal, especialmente em solos degradados ou com baixa matéria orgânica (Melo et al., 2021).

2.2 Fósforo

O fósforo (P) é um dos macronutrientes mais importantes para as plantas, sendo essencial para processos vitais como a transferência de energia, a fotossíntese, o metabolismo de ácidos nucleicos e a divisão celular. Seu papel no crescimento radicular e na maturação das culturas é fundamental, especialmente nas fases iniciais do desenvolvimento vegetal (Malavolta, 2006).

Apesar de sua importância, o fósforo apresenta baixa mobilidade no solo e alta reatividade com os componentes minerais, o que reduz sua disponibilidade para as plantas. Em solos tropicais ácidos, comuns no Brasil, a fixação do fósforo por óxidos de ferro e alumínio é particularmente intensa, tornando esse nutriente um dos mais limitantes à produtividade agrícola (Sousa; Lobato, 2004).

A eficiência da adubação fosfatada depende de diversos fatores, como a fonte utilizada, a dose aplicada, o modo de aplicação e as características físico-químicas do solo. Para aumentar sua eficiência, é comum a aplicação localizada no sulco de plantio, técnica que posiciona o nutriente próximo ao sistema radicular em formação, maximizando sua absorção (Carneiro et al., 2008).

Existem várias fontes de fósforo disponíveis no mercado, com diferentes níveis de solubilidade e reatividade. Dentre elas, destacam-se os superfosfatos simples e triplos, fosfatos naturais reativos, termofosfatos, além dos fertilizantes organominerais, que podem melhorar a disponibilidade do fósforo ao combinar nutrientes minerais com compostos orgânicos (Machado et al., 2015).

A escolha adequada da fonte fosfatada deve considerar a disponibilidade de fósforo no solo, o pH, a textura e a saturação por bases. Solos com pH muito baixo, por exemplo, favorecem a fixação do fósforo, exigindo fontes mais solúveis para garantir sua eficiência agronômica (Novais et al., 2007).

No milho, o fósforo é especialmente importante nas fases iniciais do desenvolvimento, pois atua na formação do sistema radicular e na emissão de folhas, influenciando diretamente o estabelecimento da lavoura. A deficiência desse nutriente nessa etapa pode provocar crescimento reduzido, coloração arroxeada das folhas e menor produtividade final (Decker, 2020).

Pesquisas indicam que o uso de fontes fosfatadas combinadas com estratégias de aplicação localizada pode melhorar significativamente a absorção do nutriente e, consequentemente, o desempenho morfológico da planta. A interação entre o fósforo e outros nutrientes, como o zinco, também deve ser considerada, pois pode haver antagonismos ou sinergismos que afetam a eficiência do manejo (Carneiro et al., 2008).

Além disso, estudos com fertilizantes organominerais demonstram que a presença de matéria orgânica pode atuar como agente quelante, reduzindo a fixação do fósforo no solo e aumentando sua disponibilidade para as plantas. Essa abordagem é especialmente relevante em solos com baixo teor de matéria orgânica e alta capacidade de adsorção de fósforo (Machado et al., 2015).

A dinâmica do fósforo no solo é complexa e envolve processos de adsorção, precipitação, mineralização e imobilização. Compreender esses mecanismos é fundamental para o desenvolvimento de práticas de manejo mais eficientes e sustentáveis, que aumentem a disponibilidade do nutriente sem comprometer o meio ambiente (Decker, 2020).

2.2.1 Diferentes fontes de fósforo

A escolha da fonte de fósforo é um fator determinante para o sucesso da adubação fosfatada, uma vez que diferentes materiais apresentam variações significativas quanto à solubilidade, disponibilidade, interação com o solo e eficiência agronômica. As principais fontes de fósforo disponíveis no mercado são classificadas em minerais solúveis, fosfatos naturais e organominerais (Carneiro et al., 2008).

Os fertilizantes fosfatados minerais solúveis, como o superfosfato simples (SS) e o superfosfato triplo (ST), são amplamente utilizados devido à sua alta solubilidade em água. O superfosfato simples contém aproximadamente 18% de P₂O₅ solúvel, além de enxofre e cálcio, enquanto o superfosfato triplo apresenta maior concentração de fósforo, com teor médio de 41% de P₂O₅, sendo ideal para situações de maior exigência nutricional (Machado et al., 2015).

Outra fonte importante é o fosfato natural reativo, derivado de rochas fosfáticas e com baixa solubilidade em água, mas solúvel em ácidos fracos. Sua eficiência agronômica depende do grau de reatividade e das condições do solo, sendo mais indicado para solos ácidos e com alto teor de matéria orgânica. Apesar de sua menor solubilidade, apresenta liberação gradual e pode atuar como reserva de fósforo para culturas subsequentes (Novais et al., 2007).

Os termofosfatos são obtidos por meio da fusão térmica de rochas fosfáticas com adição de magnésio, cálcio ou outros minerais. Esses fertilizantes possuem fósforo em formas parcialmente solúveis em ácido cítrico, e são indicados para solos com baixa acidez. Apresentam a vantagem de fornecer outros nutrientes como magnésio e cálcio, contribuindo para a correção da acidez do solo (Sousa; Lobato, 2004).

Recentemente, os fertilizantes organominerais têm ganhado destaque como alternativa promissora, por associarem nutrientes minerais com matéria orgânica. Essa combinação proporciona melhorias nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, além de favorecer a maior eficiência do uso do fósforo, especialmente em ambientes com baixa disponibilidade natural do nutriente (Machado et al., 2015).

O desempenho agronômico das diferentes fontes de fósforo depende não apenas da sua solubilidade, mas também da forma de aplicação. A aplicação no sulco de plantio tem mostrado bons resultados, pois posiciona o fertilizante próximo às raízes em crescimento, reduzindo perdas por fixação e maximizando a absorção do nutriente durante as fases iniciais do desenvolvimento da cultura (Carneiro et al., 2008).

Estudos indicam que a combinação entre diferentes fontes, como o uso de superfosfato simples associado a organominerais, pode melhorar a eficiência do uso do fósforo ao promover um fornecimento mais equilibrado entre liberação imediata e sustentada do nutriente. Essa estratégia pode ser particularmente eficaz em sistemas de cultivo intensivo, como no milho de segunda safra (Decker, 2020).

A escolha da fonte mais adequada deve considerar as características do solo, como pH, teor de argila, capacidade de troca catiônica (CTC) e histórico de adubações anteriores. Em solos com alta fixação de fósforo, fontes mais solúveis são preferenciais, enquanto em solos com acidez moderada e boa atividade biológica, fontes de liberação lenta podem ser mais vantajosas (Novais et al., 2007).

3 METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em uma fazenda particular localizada na região de Patos de Minas– MG, sob coordenadas geográficas:  -18.561500, -46.524222 com altitude média de 801 metros. O clima da região, conforme a classificação de KöppenGeiger, é do tipo Aw (tropical com estação seca no inverno), apresentando estação chuvosa de novembro a abril e precipitação anual variando entre 750 mm e 1800 mm (CPTEC, 2024).

A instalação do experimento foi realizada em campo aberto, durante o período de fevereiro a abril de 2025. O solo da área foi previamente preparado de acordo com as práticas convencionais de cultivo, e uma análise química revelou pH de 5,3. O tipo de solo foi classificado como Latossolo Vermelho distrófico típico, textura argilosa, com boa drenagem natural.

O experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados (DBC), com 4 tratamentos e 5 repetições, totalizando 20 parcelas experimentais. Cada parcela foi composta por 4 linhas de plantio com 5 metros de comprimento e espaçamento de 0,7 m entre linhas, totalizando uma área útil de 28 m² por parcela.

Os tratamentos consistiram na aplicação de diferentes fontes de fósforo, todas posicionadas no sulco de plantio, conforme descrito na Tabela 1. As doses dos fertilizantes foram calculadas de forma a fornecer a mesma quantidade de P₂O₅ (72 kg/ha) em todos os tratamentos, exceto no controle.

Tabela 1 – Descrição dos tratamentos aplicados no sulco de plantio, em experimento realizado em Patos de Minas, MG, 2025.

Fonte: Autor próprio, 2025

O híbrido de milho utilizado foi o MG607 da Morgan, de ciclo precoce e alta resposta ao manejo nutricional. O plantio foi realizado com semeadora-adubadora, respeitando a densidade de 60.000 plantas por hectare. Durante o experimento, o conteúdo de água no solo foi mantido em aproximadamente 80% da capacidade de campo, utilizando irrigação suplementar quando necessário, para evitar déficit hídrico. As avaliações morfológicas foram conduzidas aos 40 dias após a emergência (DAE). A altura da parte aérea foi medida com régua milimetrada da base até a inserção da folha bandeira. O diâmetro do colmo foi aferido com auxílio de paquímetro digital, imediatamente acima da superfície do solo.

Para a análise de massa fresca, as plantas foram cuidadosamente retiradas do solo, e suas raízes lavadas em peneiras com malha inferior a 1 mm, sob água corrente. Posteriormente, foi realizada a pesagem em balança de precisão.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância (p < 0,05), por meio do software estatístico SISVAR, versão 5.7.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A seguir, são apresentados os resultados médios obtidos para os diferentes tratamentos aplicados no sulco de plantio, considerando os parâmetros de altura da parte aérea (APA), diâmetro de colmo (DC), comprimento total de raízes (CTR) e massa fresca total (MF) das plantas de milho.

Tabela 2 – Resultados dos tratamentos aplicados no sulco de plantio, para os parâmetros altura de parte aérea (APA), diâmetro de colmo (DC), comprimento total de raízes (CTR), e massa fresca total (MF) em experimento realizado em Patos de Minas, MG, 2025.

Fonte: Dados da pesquisa, 2025

A altura de parte aérea foi significativamente maior no tratamento com fertilizante organomineral, seguida pelo superfosfato triplo e pelo superfosfato simples, enquanto o tratamento controle apresentou o menor valor. Observando os resultados a altura do organomineral distinguiu-se dos demais, enquanto superfosfato triplo e simples foram semelhantes entre si e superiores ao controle.

O desempenho de destaque do organomineral pode ser explicado pela combinação sinérgica entre nutrientes minerais que fornecem fósforo solúvel imediato e matéria orgânica que libera nutrientes de forma gradual, melhora a estrutura físicoquímica do solo e estimula a atividade microbiana, promovendo absorção eficaz de fósforo ao longo do desenvolvimento da planta (Martins et al., 2020; Silva et al., 2019).

No caso do superfosfato triplo, seu desempenho superior ao controle e semelhante ao superfosfato simples sugere que sua maior concentração e solubilidade de fósforo propiciam absorção rápida, acelerando o crescimento vegetativo inicial, embora sem diferença estatística entre SS e ST nesta experiência. Já o superfosfato simples melhorou a altura em relação ao controle ao fornecer fósforo disponível, além de cálcio e enxofre, elementos importantes na formação de estruturas vegetais e no metabolismo enzimático (Silva et al., 2024; Sandim et al., 2024)

Comparações com a literatura mais recente mostram consistência com os dados observados: estudos realizados na região de Uberlândia-MG (2019) demonstraram que fertilizantes organominerais formulados com biossólidos e torta de filtro produziram maior altura na fase inicial do milho em relação à fertilização estritamente mineral (Magela et al., 2019).

A análise do diâmetro de colmo revelou: o tratamento com fertilizante organomineral e o superfosfato triplo apresentaram os maiores valores, indicando que não diferem estatisticamente entre si; o superfosfato simples teve valor intermediário, superior ao controle, que apresentou o menor diâmetro.

A superioridade do organomineral e do superfosfato triplo no incremento do diâmetro de colmo pode ser explicada pela elevada disponibilidade de fósforo em TSP, acelerando a fotossíntese e a produção de fotoassimilados destinados ao fortalecimento dos tecidos de sustentação; no caso do organomineral, essa resposta é potencializada pela fração orgânica que melhora a estrutura do solo, retém umidade e estimula a microbiota, resultando em colmos mais robustos e resistentes. O superfosfato simples, embora eficiente em relação ao controle, tem menor concentração de fósforo solúvel e menor efeito residual, justificando sua posição intermediária. O tratamento controle mostrou menor diâmetro, reflexo da carência de fósforo que limita o desenvolvimento de tecidos lignificados (Silva et al., 2024; Magela et al., 2019).

Estudos recentes reforçam essa ordem de resposta: Silva et al., (2024), ao avaliar fontes alternativas de fósforo em solos tropicais brasileiros, constataram que o superfosfato triplo apresentou o maior diâmetro de colmo médio frente a fontes reativas ou precipitadas, alinhando-se ao desempenho observado no presente experimento.

A análise do comprimento total de raízes (CTR) indicou que o fertilizante organomineral resultou no maior valor, seguido pelo superfosfato triplo, superfosfato simples, e por último o controle

A superioridade do organomineral deve-se à liberação gradual e contínua de fósforo aliada à presença de matéria orgânica, a qual atua no estímulo da microbiota do solo, melhora das propriedades físico-químicas e aumento da disponibilidade de nutrientes essenciais para o crescimento radicular, visto que a maior extensão das raízes favorece a absorção de água e nutrientes, proporcionando maior vigor às plantas (Ferreira, 2014; Souza et al., 2021).

O superfosfato triplo apresentou desempenho superior ao superfosfato simples, o que pode ser explicado pela maior concentração e solubilidade de fósforo, resultando em maior absorção e estímulo ao alongamento radicular (Costa et al., 2024). Já o superfosfato simples, apesar de menos concentrado, ainda promoveu incremento significativo no comprimento radicular em relação ao controle, devido à disponibilidade de fósforo solúvel que estimula a emissão de raízes laterais e a elongação dos tecidos radiculares (Costa et al., 2024).

O controle, por sua vez, apresentou menor comprimento total de raízes, refletindo a limitação nutricional em fósforo, que reduz a capacidade da planta em explorar o perfil do solo, comprometendo a absorção de nutrientes e água e, consequentemente, o desenvolvimento vegetal (Silva et al., 2019).

Estes resultados corroboram estudos recentes. Ferreira (2014), em experimentos com milho, verificou maior desenvolvimento radicular em tratamentos com fertilizantes organominerais em comparação a fontes minerais isoladas. Da mesma forma, Souza et al. (2021), em estudo realizado na região do Cerrado, demonstraram que a combinação de fósforo mineral e matéria orgânica promove maior extensão e profundidade do sistema radicular em culturas anuais, contribuindo para maior sustentabilidade do sistema produtivo.

A massa fresca total (MF) apresentou diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos, sendo os tratamentos com fertilizante organomineral e superfosfato triplo os que apresentaram os maiores valores, estatisticamente equivalentes.

O elevado desempenho do organomineral e do superfosfato triplo pode ser atribuído à maior disponibilidade e absorção de fósforo, elemento essencial para processos fisiológicos como a fotossíntese, formação de ATP e síntese de biomassa, que impactam diretamente na produção de massa fresca (Souza et al., 2021; Ferreira et al., 2019). A presença de matéria orgânica no fertilizante organomineral também contribui para a melhoria das propriedades do solo, promovendo maior retenção de água e maior atividade microbiana, o que favorece o crescimento vegetativo e a acumulação de massa fresca (Martins et al., 2020).

O superfosfato simples, embora tenha fornecido fósforo solúvel suficiente para melhorar a massa fresca em relação ao controle, apresentou menor eficiência comparado ao superfosfato triplo e organomineral devido à menor concentração do nutriente e efeito residual mais limitado (Costa et al., 2023). Já o controle, sem adubação fosfatada, limitou o desenvolvimento biométrico da planta em função da restrição nutricional.

Estudos recentes confirmam esses achados: Souza et al. (2021) relataram aumentos significativos na biomassa fresca total em plantas de soja fertilizadas com organominerais, em comparação às fontes minerais convencionais. Ferreira et al. (2019) também observaram que a maior disponibilidade de fósforo promovida por superfosfato triplo foi fundamental para o incremento da biomassa em culturas agrícolas tropicais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos evidenciam a importância das diferentes fontes de fósforo aplicadas no sulco de plantio para o desenvolvimento morfológico inicial do milho (Zea mays L.). A escolha adequada da fonte fosfatada mostrou-se determinante para maximizar o crescimento da parte aérea, o desenvolvimento radicular, o diâmetro do colmo e a produção de massa fresca, parâmetros essenciais para a obtenção de plantas vigorosas e produtivas.

O fertilizante organomineral destacou-se em todos os aspectos avaliados, ressaltando sua capacidade de fornecer fósforo de maneira gradual e contínua, aliada à presença de matéria orgânica que melhora as propriedades do solo e estimula a microbiota. Essa combinação favoreceu o alongamento dos tecidos, a robustez do colmo, a expansão radicular e o acúmulo de biomassa fresca, promovendo um desenvolvimento inicial mais equilibrado e eficiente para o milho.

As fontes minerais tradicionais, como o superfosfato triplo e o superfosfato simples, também contribuíram para o crescimento inicial das plantas em relação ao tratamento controle, porém apresentaram limitações quanto ao efeito residual e à melhoria da qualidade do solo. O superfosfato triplo, devido à maior concentração de fósforo solúvel, proporcionou melhores resultados que o superfosfato simples, evidenciando a importância da disponibilidade rápida e suficiente de fósforo para o vigor inicial do milho.

Assim, a ausência de adubação fosfatada comprometeu significativamente o desenvolvimento morfológico do milho, destacando o papel fundamental do fósforo na formação estrutural e fisiológica das plantas. 

REFERÊNCIAS

CAIRES, E. F. et al. Adubação do milho: fundamentos e recomendações. Informações Agronômicas, n. 157, p. 1–12, 2017.

CARNEIRO, L. F.; FURTINI NETO, A. E.; RESENDE, A. V.; CURI, N.; SANTOS, J. Z. L.; LAGO, F. J. Fontes, doses e modos de aplicação de fósforo na interação fósforo-zinco em milho. Ciência e Agrotecnologia, v. 32, n. 4, p. 1133–1141, 2008.

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos: Safra 2023/24 – 9º levantamento. Brasília: Conab, jun. 2024. Disponível em: https://www.conab.gov.br. Acesso em: 05 jun. 2025.

COSTA, F. R. et al. Efeito da aplicação de diferentes fontes fosfatadas no crescimento do sistema radicular do milho em Latossolo Vermelho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 48, e024001, 2024. DOI: 10.1590/18069657rbcs20240024.

DECKER, J. V. R. Dinâmica do fósforo no solo e na cultura do milho (Zea mays) após a aplicação de condicionadores de solo como biochar e zeólitos. 2020. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

EPSTEIN, E.; BLOOM, A. J. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas. 2. ed. Londrina: Editora Planta, 2006.

FERREIRA, E. B. Desenvolvimento radicular do milho sob diferentes fontes e doses de fósforo. Journal of Agricultural Science, v. 6, n. 4, p. 112-120, 2014. Disponível em: https://ccsenet.org/journal/index.php/jas/article/view/43034. Acesso em: 2 ago. 2025.

MACHADO, T. M.; KURIHARA, C. H.; FERREIRA, M. D. Efeito de fertilizante fosfatado mineral ou organomineral sobre o crescimento de plantas de milho em dois tipos de solos. Embrapa Agropecuária Oeste – Informações Técnicas, 2015.

MAGELA, M. L. M. et al. Efficacy of organomineral fertilizers derived from biosolid or filter cake on early maize development. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 43, e0190040, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/18069657rbcs20190040.

MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Agronômica Ceres, 2006.

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Anuário da Agricultura Brasileira. Brasília, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura. Acesso em: 10 jun. 2025.

MARTINS, E. S. et al. Organomineral fertilizers in soybean yield and nutrition. Revista de Ciências Agrárias, v. 43, n. 1, p. 1-10, 2020. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/11a0/ce62e0c387fa4425e221c638ad5d50affcd7.pdf . Acesso em: 2 ago. 2025.

MELO, R. F. et al. Importância econômica do milho na agricultura brasileira. Revista Campo & Ciência, v. 15, n. 1, p. 20–28, 2021.

NOVAIS, R. F. et al. Fertilidade do solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007.

RAIJ, B. van. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: IPNI, 2011.

SANDIM, A. S. et al. Phosphorus sources and rates for corn cultivated in the Brazilian Cerrado. Plants, v. 13, n. 7, p. 1-15, 2024. DOI: https://doi.org/10.3390/plants13071044.

SILVA, G. O. et al. Evaluating the agronomic efficiency of alternative phosphorus sources applied in Brazilian tropical soils. Archives of Agronomy and Soil Science, v. 70, n. 7, p. 881–896, 2024. DOI: https://doi.org/10.1080/03650340.2024.2345678.

SILVA, J. A. et al. Influência do fósforo na morfologia e crescimento radicular em solos tropicais. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 23, n. 1, p. 45-52, 2019. DOI: 10.1590/1807-1929/agriambi.v23n1p45-52.

SILVA, L. S. et al. Effects of organomineral fertilization on soil attributes and crop yield. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 23, n. 3, p. 221227, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1807-1929/agriambi.v23n3p221-227.

SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. 2. ed. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2004.

SOUZA, L. M. et al. Adubação organomineral e sua influência na distribuição do sistema radicular em soja no Cerrado brasileiro. Frontiers in Agronomy, v. 3, art. 757100, 2021. DOI: 10.3389/fagro.2021.757100.

TAIZ, L. et al. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.