REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202512072307
Bianca Brasileiro Rodrigues
Orientador(a): Prof(a) Paola Almeida de Araujo Goes
RESUMO
A equoterapia é uma prática terapêutica interdisciplinar que utiliza o cavalo como recurso para promover benefícios motores, cognitivos, emocionais e sociais. Este estudo apresenta uma revisão bibliográfica acerca da evolução histórica da equoterapia, seus fundamentos biomecânicos, indicações terapêuticas e evidências científicas disponíveis na última década. A literatura destaca que o movimento tridimensional do cavalo favorece ajustes posturais, reorganização neuromotora e melhora do equilíbrio, além de contribuir para o desenvolvimento psicossocial dos praticantes. Conclui-se que a equoterapia apresenta resultados positivos consistentes.
Palavras-chave: Equoterapia; Hipoterapia; Reabilitação; Terapias Assistidas por Animais; Medicina Veterinária.
1. INTRODUÇÃO
A equoterapia é uma prática na medicina veterinária, instituída como terapêutica, interdisciplinar, que se utiliza de cavalos para promoção de benefícios físicos, emocionais, cognitivos e sociais a quem os beneficiariam (SILVA, 2021). De acordo com estudos de Ferreira (2020), esse uso de cavalos na intervenção de saúde, baseia-se no movimento tridimensional do cavalo, onde exista a proporcionalidade do praticante, exercer estímulos sensoriais-motores, capaz de favorecimento, reorganização neurológica, controle postural e melhora de equilíbrio do indivíduo (FERREIRA, 2020).
Por outro lado, a interação que existe em afeto com o animal, existe o favorecimento psicológico, social e comportamental nessa troca (FERREIRA, 2020). Nos últimos anos, segundo Barros (2019), a equoterapia está sendo mais utilizada em reabilitações com pessoas cujo patologias estejam enquadradas em paralisia cerebral, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Síndrome de Down, dificuldades motoras, sensoriais e até transtornos emocionais e condições que enquadram em psiquiatria (SILVA, 2012).
O seu uso em caráter interdisciplinar, faz envolvimento profissional entre saúde, educação e médicos veterinários, o que assegura o tratamento a seguridade, planejamento e eficácia (BARROS, 2019). Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre equoterapia, reunindo e discutindo os principais estudos publicados sobre o tema. Buscase apresentar uma evolução da prática, associado aos fundamentos biomecânicos, como também, indicações terapêuticas e seus benefícios comprovados na literatura científica.
2. METODOLOGIA
Esta revisão bibliográfica foi constituída a partir da busca de materiais publicados nos últimos 10 (dez) anos. As principais bases consultadas foram Scielo, Pubmed, Google acadêmico e o Portal Capes. Foram utilizadas como distratores principais: equoterapia, hipoterapia, intervenções assistidas por cavalos, reabilitação motora. Foram incluídos os artigos científicos, diretrizes institucionais, livros acadêmicos e trabalho de conclusão de curso, com relevância para área de corte transversal de (cinco) anos. Foram excluídos os materiais sem rigor metodológico ou que não apresentassem relação direta com a equoterapia. A análise dos textos, seguiuse critérios de seleção, leitura crítica, organização temática e síntese dos resultados esperados, conforme modelo proposto em metodologias de revisões de literatura.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 EVOLUÇÃO DA EQUOTERAPIA
A equoterapia, embora tenha se consolidado no Brasil nas últimas décadas, possui origem antiga, com registros históricos que datam da Grécia Antiga, quando o movimento de cavalos era utilizado para melhoramento de mobilidade e equilíbrio (SANTOS, 2018). Com o avanço científico, a prática ficou formal, associando a intervenção terapêutica estruturada, especialmente após estudos neurológicos realizados na Europa no século 20 (SILVA, 2021).
No Brasil, a ANDE BRASIL (Associação Nacional de Equoterapia), regulamenta-se e sistematiza protocolos de atendimentos, com garantia de qualidade e segurança de manejo (SANTOS, 2018). O movimento do cavalo transmite ao praticante um padrão tridimensional semelhante ao da marcha humana, estimulando mecanismos neuromotores e ajustes posturais automáticos. Pesquisas mostram que o cavalo gera entre 90 e 110 impulsos motores por minuto, ativando musculatura estabilizadora do tronco e favorecendo controle de cabeça, equilíbrio e coordenação (SILVA, 2021). A temperatura corporal mais elevada do cavalo auxilia no relaxamento muscular, sendo benéfica para pacientes com espasticidade (BARROS, 2019).
3.2 INDICAÇÕES PARA TERAPIAS
A literatura mostra que a equoterapia pode beneficiar indivíduos com diversas condições, entre elas:
- Paralisia cerebral: melhora no controle de tronco, equilíbrio e coordenação (LIMA, 2017).
- Transtorno do Espectro Autista (TEA): avanços em comunicação, interação social e redução de estereotipias (BARROS, 2019).
- Síndrome de Down: auxílio no desenvolvimento psicomotor, força e organização sensorial (FERREIRA, 2020).
- Déficits motores e sensoriais: melhora do esquema corporal, lateralidade e percepção vestibular (SILVA, 2021)
- Transtornos emocionais: aumento da autoconfiança, motivação e redução de ansiedade (BARROS, 2019).
- A presença do cavalo como ser vivo e responsivo é apontada como fator terapêutico diferencial (SANTOS, 2018)
3.3 BENEFÍCIOS FÍSICOS
Dentre eles, descrevem-se como aumento do tônus muscular ao animal, melhora da postura e alinhamento corporal, desenvolvimento do equilíbrio dinâmico e estático; ganho de força muscular, facilitação da marcha e estímulo da mobilidade pélvica (FERREIRA, 2020).
3.4 BENEFÍCIOS CONGNITIVOS E PSICOLÓGICOS
Segundo Ferreira (2020), em suas pesquisas, a equoterapia contribui para aumentar atenção e concentração, associado a melhora de desenvolvimento e da memória operacional, c posteriormente redução de comportamento agressivo e fortalecimento de vínculo terapêutico.
4. DISCUSSÃO
A equoterapia tem sido amplamente reconhecida como uma abordagem terapêutica interdisciplinar capaz de promover benefícios motores, cognitivos e emocionais em pacientes com diferentes condições clínicas. Estudos recentes apontam que o movimento tridimensional do cavalo favorece ajustes posturais, melhora do equilíbrio e estímulo proprioceptivo, atuando diretamente na organização neuro motora do praticante (autor, ano). Diversas pesquisas convergem ao indicar que a dinâmica do passo do cavalo se assemelha ao padrão fisiológico da marcha humana, o que justifica sua eficácia em programas de reabilitação física para crianças, adultos e idosos (autor, ano).
Além dos ganhos motores, a literatura também destaca efeitos positivos nos aspectos psicossociais. A interação com o animal, o ambiente ao ar livre e a relação de confiança estabelecida durante as sessões contribuem para o desenvolvimento de autonomia, autoestima e autorregulação emocional (autor, ano). Em indivíduos com transtorno do espectro autista, por exemplo, diversos autores descrevem avanços na comunicação, na atenção compartilhada e na redução de comportamentos estereotipados após a inserção da equoterapia no plano terapêutico (autor, ano). Tais evidências reforçam o caráter integrativo da prática, que não se limita à reabilitação física, mas alcança dimensões afetivas e comportamentais.
Outro ponto discutido na literatura refere-se à importância de equipes multiprofissionais. A equoterapia exige atuação conjunta de fisioterapeutas, médicos veterinários, psicólogos, terapeutas ocupacionais e instrutores de equitação, o que amplia a abordagem terapêutica e possibilita intervenções mais abrangentes e individualizadas (autor, ano). Estudos mostram que programas conduzidos por equipes multidisciplinares apresentam resultados superiores em comparação a intervenções isoladas, sobretudo quando o plano terapêutico considera simultaneamente aspectos motores, cognitivos e socioemocionais (autor, ano). A organização do espaço, a escolha adequada do cavalo, a cadência do passo e a adaptação de materiais também são fatores determinantes para a eficácia do tratamento.
Por fim, observa-se que a evolução histórica da equoterapia contribuiu para sua regulamentação e expansão institucional. Nos últimos anos, a prática consolidou-se em diferentes países e passou a ser incorporada por centros de reabilitação, instituições públicas e entidades especializadas. Segundo autores contemporâneos, esse avanço está associado ao aumento de evidências científicas e ao fortalecimento de diretrizes técnicas, que tornaram a intervenção mais segura e reconhecida profissionalmente (autor, ano). Assim, a literatura atual aponta a equoterapia como uma prática terapêutica em franca expansão, respaldada por pesquisas que demonstram benefícios consistentes em múltiplas áreas da saúde.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão bibliográfica realizada permite concluir que a equoterapia é uma intervenção eficaz e amplamente respaldada pela literatura científica, apresentando benefícios que abrangem componentes motores, cognitivos, emocionais e sociais. Os estudos analisados demonstram que o movimento do cavalo proporciona estímulos fundamentais para o desenvolvimento neuro motor, ao mesmo tempo em que favorece a autonomia, a autoestima e a integração social dos praticantes. Esses achados reforçam o caráter interdisciplinar da prática e evidenciam seu potencial terapêutico em diferentes contextos clínicos.
Observou-se também que a evolução histórica da equoterapia contribuiu para sua regulamentação, ampliação e aceitação dentro das ciências da saúde. O fortalecimento das evidências científicas tem permitido maior padronização dos métodos, qualificação das equipes e expansão de centros especializados. Contudo, a literatura destaca a necessidade de novos estudos que aprofundem parâmetros de avaliação, escalas de evolução terapêutica e protocolos mais homogêneos, a fim de fortalecer ainda mais o corpo de conhecimento disponível.
De maneira geral, a equoterapia se consolida como uma abordagem segura, efetiva e cientificamente fundamentada, capaz de promover melhorias significativas na qualidade de vida de indivíduos com diversas necessidades terapêuticas. Assim, o presente estudo contribui para a compreensão ampliada da prática e reforça sua importância como recurso complementar no campo da reabilitação e do cuidado interdisciplinar.
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA (ANDE-BRASIL). Manual de Práticas em Equoterapia. 3. ed. Brasília: ANDE-Brasil, 2021.
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