DENGUE NAS DIFERENTES FORMAS CLÍNICAS: UM ENFOQUE NA DETECÇÃO DA GRAVIDADE

DENGUE IN ITS DIFFERENT CLINICAL FORMS: A FOCUS ON SEVERITY DETECTION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202506141458


Danielle de Sousa Ferreira Brito1; Samanntha Lara da Silva Torres Anaisse2; Marcela Flávia Lopes Barbosa3; Andreia das Graças Silva de Moraes Schneider4; Juliane Guerra Golfetto5; Dylmadson Iago Brito de Queiroz6; Myrla Emanuelle Nunes Saraiva Pinheiro7; Carolina Rocha Brito8; Isabela Saldanha de Carvalho Coutinho9; Áquilla Souza Franklin Ferreira10


RESUMO

Introdução: A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, e é uma preocupação global de saúde pública devido à sua prevalência em áreas tropicais e subtropicais. Objetivo: Diferenciar a dengue clássica e a dengue grave para melhorar o manejo clínico e reduzir a mortalidade associada à doença. Metodologia: Esta pesquisa fundamenta-se em uma revisão de literatura, realizada por meio dos bancos de dados PubMed, Scopus e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Foram selecionados e analisados 29 artigos científicos, conforme os seguintes critérios de inclusão: publicações completas, redigidas em português e inglês, indexadas nas bases mencionadas e publicadas de 2007 a 2025. Para a busca, utilizaram-se os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): infecção pelo vírus da dengue, Aedes aegypti, dengue grave e diagnóstico diferencial. Resultados e Discussão: A dengue clássica é caracterizada por sintomas como febre alta, dor de cabeça intensa, dores musculares e articulares, enquanto a dengue grave pode levar a complicações potencialmente fatais, como síndrome de choque por dengue e hemorragias graves. Identificar prontamente os sinais de alerta para dengue grave é crucial, pois permite intervenções médicas urgentes e específicas, como hidratação intravenosa e monitoramento rigoroso da função orgânica. Além da diferenciação clínica, o artigo aborda métodos laboratoriais e critérios diagnósticos utilizados para distinguir entre os dois tipos de dengue, enfatizando a importância da vigilância epidemiológica para detectar precocemente surtos de dengue grave em comunidades afetadas. Estratégias de prevenção, como o controle de vetores e educação pública sobre sintomas e medidas preventivas, também são discutidas como componentes essenciais na gestão integrada da dengue. Considerações finais: A identificação precoce e precisa da dengue clássica versus dengue grave não apenas melhora os resultados clínicos dos pacientes, mas também contribui significativamente para a mitigação do impacto socioeconômico da doença em nível global.

Palavras-chave: Dengue clássica.  Dengue grave.  Aedes aegypti.  Sintomas. Diagnóstico diferencial.

ABSTRACT

Introduction: Dengue is a viral disease transmitted by the Aedes aegypti mosquito and represents a global public health concern due to its prevalence in tropical and subtropical regions. Objective: To differentiate between classic dengue and severe dengue in order to improve clinical management and reduce mortality associated with the disease. Methodology: This research is based on a literature review conducted using the databases PubMed, Scopus, and the Scientific Electronic Library Online (SciELO). A total of 29 scientific articles were selected and analyzed based on the following inclusion criteria: full-text publications written in Portuguese or English, indexed in the mentioned databases, and published between 2007 and 2025. The search utilized Health Sciences Descriptors (DeCS): dengue virus infection, Aedes aegypti, severe dengue, and differential diagnosis. Results and Discussion: Classic dengue is characterized by symptoms such as high fever, intense headache, and muscle and joint pain, while severe dengue may lead to potentially fatal complications such as dengue shock syndrome and severe hemorrhages. Prompt identification of warning signs for severe dengue is crucial, as it allows for urgent and targeted medical interventions, including intravenous hydration and strict monitoring of organ function. In addition to clinical differentiation, this paper addresses laboratory methods and diagnostic criteria used to distinguish between the two forms of dengue, emphasizing the importance of epidemiological surveillance to detect severe dengue outbreaks early in affected communities. Preventive strategies, such as vector control and public education on symptoms and preventive measures, are also discussed as essential components in the integrated management of dengue. Final Considerations: Early and accurate identification of classic versus severe dengue not only improves patient clinical outcomes but also significantly contributes to mitigating the socioeconomic impact of the disease on a global scale.

Keywords: Classical dengue. Severe dengue. Aedes aegypti. Symptoms. Differential diagnosis.

INTRODUÇÃO

A dengue é uma arbovirose de grande impacto global, especialmente em regiões tropicais e subtropicais, onde as condições climáticas favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, principal vetor da doença. Causada por um vírus da família Flaviviridae, a dengue apresenta quatro sorotipos distintos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), e sua infecção pode se manifestar de forma assintomática ou sintomática, variando desde a forma clássica até a forma grave da doença. É caracterizada por uma ampla gama de manifestações clínicas que podem variar de leves a severas (Brasil, 2023a). Nesse contexto, é de suma importância diferenciar com precisão entre a dengue clássica e a forma grave da doença, não apenas para um tratamento adequado, mas também para a redução significativa da mortalidade associada.

A dengue clássica é caracterizada por sintomas como febre alta, cefaleia, mialgia, artralgia e exantema, geralmente com evolução autolimitada. No entanto, em alguns casos, a infecção pode evoluir para a forma grave, anteriormente denominada dengue hemorrágica, que envolve manifestações clínicas mais severas, como extravasamento plasmático, hemorragias e, nos casos mais críticos, choque e risco de óbito.

Este estudo se dedica a explorar minuciosamente a importância da correta identificação da dengue clássica e da dengue grave, destacando suas distintas características clínicas, a necessidade de diagnóstico precoce e um manejo terapêutico eficaz.

A dengue representa um desafio significativo para a saúde pública em regiões tropicais e subtropicais ao redor do mundo, incluindo o Brasil, onde sua transmissão é endêmica. A identificação precoce da dengue grave desempenha um papel crucial na redução das complicações severas e dos óbitos relacionados à doença. Portanto, compreender as nuances que distinguem a dengue clássica da forma grave é essencial não apenas para melhorar o manejo clínico individual, para a prevenção de desfechos fatais e, também para aprimorar as estratégias epidemiológicas e direcionar políticas de saúde mais eficazes (Brasil, 2023a). Diante do aumento significativo no número de casos e da expansão geográfica da doença, torna-se imprescindível o aprofundamento do conhecimento sobre seus diferentes aspectos clínicos, epidemiológicos e patofisiológicos.

Neste ínterim, buscaram-se investigar as diferenças nas manifestações clínicas entre ambas as formas da doença, analisar os métodos diagnósticos utilizados para sua diferenciação e, avaliar as estratégias terapêuticas e de monitoramento essenciais para cada tipo de dengue, com base na literatura científica recente.

METODOLOGIA

Para atingir esses objetivos, este estudo adotou uma abordagem bibliográfica abrangente, envolvendo a revisão de literatura de artigos científicos, livros e documentos técnicos sobre dengue.

Este estudo configura-se como uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, desenvolvida por meio de uma revisão de literatura. A pesquisa exploratória é especialmente recomendada para temas pouco investigados, nos quais a formulação de hipóteses se mostra incerta ou prematura. Conforme destaca Zanella (2013), esse tipo de investigação costuma representar uma fase inicial do processo científico, proporcionando uma compreensão preliminar do fenômeno em questão.

No que diz respeito à abordagem qualitativa, seu foco recai sobre a análise aprofundada e contextualizada de fenômenos complexos. Segundo Zanella (2013), os resultados gerados por esse tipo de pesquisa são predominantemente descritivos, expressos por meio de narrativas, transcrições, análises documentais, entre outros formatos não estatísticos, o que a distingue das abordagens quantitativas.

A revisão de literatura, por sua parte, tem como propósito oferecer uma visão abrangente das produções acadêmicas já desenvolvidas sobre o tema. De acordo com Lakatos e Marconi (2017), essa etapa envolve a identificação, seleção e análise crítica de fontes escritas, orais ou audiovisuais, com o objetivo de reunir subsídios teóricos que fundamentem e orientem a investigação.

A pesquisa aconteceu entre os meses de janeiro e junho de 2025 e foi conduzida em plataformas reconhecidas como PubMed, Scopus e SciELO, utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): infecção pelo vírus da dengue, Aedes aegypti, dengue grave e diagnóstico diferencial. A análise crítica e a síntese das informações obtidas serão cruciais para alcançar os objetivos propostos e proporcionar uma visão abrangente e fundamentada sobre o tema.

Como critérios de elegibilidade, foram considerados estudos publicados entre 2007 e 2025, nos idiomas português e inglês, com acesso gratuito e integral ao conteúdo, além de estarem indexados nas bases mencionadas. Foram excluídas as obras que não atendiam ao objetivo proposto.

Após a leitura exploratória dos resumos dos 107 trabalhos inicialmente selecionados, foram escolhidos 29 artigos científicos que compõem o referencial teórico desta pesquisa e são discutidos nas seções seguintes.

DESENVOLVIMENTO

A Dengue e suas Manifestações Clínicas

A dengue é uma doença viral transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, amplamente reconhecido como seu vetor. Segundo Piroli (2022), a doença é endêmica em várias regiões tropicais e subtropicais ao redor do mundo, incluindo o Brasil, onde representa um sério problema de saúde pública. O histórico epidemiológico da dengue remonta a décadas atrás, com surtos frequentes que impactam significativamente a saúde coletiva (Santos et al., 2022).

As manifestações clínicas da dengue podem variar desde formas leves, conhecidas como dengue clássica, até formas graves. A dengue clássica é caracterizada por sintomas como febre alta, dor de cabeça intensa, dor retroorbital, dores musculares e articulares, além de erupções cutâneas. Já a dengue grave se manifesta com sinais de hemorragia, queda abrupta de plaquetas e alterações na permeabilidade vascular, podendo levar à síndrome de choque dengue e, consequentemente, a um maior risco de óbito (Burmann, 2024).

A patogenia da dengue envolve a entrada do vírus no organismo humano através da picada do mosquito infectado. O vírus se replica inicialmente nas células do sistema imunológico, como os macrófagos, antes de disseminar-se para outros tecidos e órgãos. Conforme explicado por Instituto Butantan (2024), os mecanismos imunológicos desempenham um papel crucial na progressão da doença, onde a resposta imune exacerbada pode contribuir para complicações graves, como o aumento da permeabilidade vascular e o desenvolvimento de manifestações hemorrágicas. A análise crítica desses estudos contribui para um melhor entendimento da complexidade dessa doença viral e para orientar estratégias eficazes de prevenção e tratamento, alinhadas com as diretrizes da saúde pública internacional.

Patogenia e Ciclo de Infecção

Na patogenia da dengue, o ciclo de infecção pelo vírus se inicia com a picada do mosquito Aedes aegypti, que introduz os sorotipos virais 1 a 4 do vírus da dengue na corrente sanguínea do hospedeiro humano. Conforme descrito por Gubler (2010), após a inoculação, o vírus se replica inicialmente nas células dendríticas da pele, migrando em seguida para os macrófagos e células mononucleares presentes nos gânglios linfáticos e tecidos linfoides.

Os mecanismos imunológicos desempenham um papel crítico na progressão da doença para formas mais graves. Segundo Whitehorn e Simmons (2011), a resposta imunológica inicial envolve a produção de anticorpos neutralizantes específicos para o sorotipo viral infectante. No entanto, em alguns casos, a resposta imunológica pode facilitar a entrada viral nas células, exacerbando a replicação viral e levando à resposta inflamatória sistêmica característica da dengue grave.

Durante a fase febril da doença, há uma cascata de eventos que contribuem para os sintomas clínicos, como febre alta, dor de cabeça intensa e dores musculares. A fase crítica ocorre tipicamente após a diminuição da viremia, quando os mecanismos imunológicos desregulados podem desencadear complicações como síndrome de choque e hemorragias, conforme detalhado por Halstead (2007).

Adicionalmente, estudos de Rothman (2011) ampliam nosso entendimento sobre a atuação dos linfócitos T e citocinas pró-inflamatórias na modulação da resposta imune durante a infecção por dengue, destacando como esses elementos podem tanto proteger quanto contribuir para a patogênese da doença.

Assim, compreender a interação complexa entre o vírus da dengue e o sistema imunológico humano é crucial para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais eficazes e para a prevenção de complicações graves associadas à doença. O conhecimento detalhado desses processos não só orienta o manejo clínico adequado, mas também direciona esforços na busca por vacinas e terapias que possam mitigar o impacto da dengue nas populações afetadas.

Diagnóstico e Diferenciação entre Dengue Clássica e Grave

Para iniciar, é fundamental uma revisão abrangente dos critérios diagnósticos, englobando aspectos clínicos, laboratoriais e epidemiológicos. Conforme destacado por Piroli (2022), essa abordagem inicial não apenas permite a identificação precisa da dengue, mas também orienta a conduta médica desde os estágios iniciais da doença, sendo essencial para mitigar sua progressão para formas mais graves. A triagem inicial e a monitorização contínua são práticas cruciais no manejo de pacientes com dengue, pois permitem identificar precocemente sinais de gravidade — incluindo taquicardia, pressão arterial instável, perfusão periférica comprometida ou sintomas de alerta — e garantir o encaminhamento adequado para internação ou UTI quando necessário, conforme recomendam diretrizes recentes da OMS em atenção primária e emergência (Feitosa et al., 2020).

No contexto dos exames laboratoriais específicos para dengue — antígeno NS1, anticorpos IgM e PCR — esses testes exercem papel central no diagnóstico diferencial. O antígeno NS1 pode ser detectado por ELISA ou testes rápidos de 1 a 10 dias após o início dos sintomas, apresentando sensibilidade de aproximadamente 91 % e especificidade de 96 %, segundo meta-análises recentes. O PCR (RT‑PCR), particularmente na fase aguda, apresenta alta sensibilidade (até 100 %) e permite a identificação de sorotipos virais. Já a detecção de IgM surge a partir do 5.º dia, com sensibilidade variando entre 75 % e 90 %, embora seu uso isolado apresente menor acurácia. A combinação de NS1 + IgM maximiza a acurácia, reduzindo casos perdidos. Apesar disso, há limitações: NS1 pode gerar falso-negativos em fases tardias ou infecções secundárias; PCR exige infraestrutura e janela estreita; e IgM sofre reatividade cruzada, sobretudo com Zika e COVID‑19 (Jang et al., 2019; Mata et al. 2020).

Portanto, a combinação criteriosa de critérios clínicos e laboratoriais, aliada a uma abordagem contínua de monitorização, é crucial para garantir um diagnóstico oportuno e preciso da dengue. Isso não apenas orienta o tratamento adequado dos pacientes, mas também contribui significativamente para a redução das complicações severas e dos impactos socioeconômicos associados à doença.

Diferenciação Clínica

Para abordar a diferenciação clínica entre a dengue clássica e as formas graves da doença, é essencial compreender as características distintivas que influenciam no diagnóstico e no manejo clínico. A dengue clássica apresenta sintomas que surgem de forma súbita, como febre alta, dor de cabeça intensa, dor retroorbital, dores musculares e nas articulações, cansaço extremo, náuseas, vômitos, perda de apetite e manchas vermelhas na pele (exantema). Esses sintomas geralmente duram de 5 a 7 dias e, na maioria dos casos, evoluem para a cura sem complicações quando há hidratação adequada e acompanhamento médico (Brasil, 2023b).

Em contraste, a dengue grave pode apresentar manifestações mais severas, incluindo hemorragias graves, manifestações neurológicas, insuficiência hepática e síndrome de choque, conforme descrito pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2020).

As complicações sistêmicas na forma grave da doença podem levar a um quadro de hipotensão, extravasamento capilar e disfunção de múltiplos órgãos, exigindo uma intervenção médica imediata para evitar complicações mais sérias (Organização Mundial da Saúde – OMS, 2009). O diagnóstico diferencial entre dengue clássica e grave baseia-se em critérios clínicos específicos, exames laboratoriais como a contagem de plaquetas e hematócrito, além da avaliação criteriosa dos sinais de alerta, conforme diretrizes da OMS (OMS, 2009).

Portanto, a identificação precoce das características distintas entre dengue clássica e formas graves é crucial para direcionar o tratamento adequado e reduzir a morbimortalidade associada à doença, como enfatizado pela OMS (2009).

Manejo Clínico e Terapêutico da Dengue

Para casos leves e moderados de dengue clássica, as diretrizes recomendam o tratamento ambulatorial, visando a gestão dos sintomas através de repouso, hidratação oral adequada e monitoramento regular. No entanto, pacientes com dengue grave requerem critérios de internação rigorosos, incluindo avaliação contínua dos sinais vitais, hematócrito, e plaquetas, conforme descrito por Verdeal et al. (2011).

O tratamento da dengue clássica é sintomático, visando essencialmente o alívio dos sintomas e a prevenção de complicações: o controle da febre e das dores deve ser feito com antipiréticos e analgésicos como o paracetamol, que não afeta a função plaquetária, ao contrário de anti-inflamatórios não esteroides que devem ser evitados, conforme literatura (Almeida et al., 2025; Martins, Prata-Barbosa; Cunha, 2020).

Estratégias preventivas focam na detecção precoce de complicações graves como a síndrome de choque, hemorragias e disfunções orgânicas múltiplas. Embora o uso de corticosteroides seja muitas vezes controverso e não recomendado pela OMS devido à falta de evidência científicas de benefícios na redução de mortalidade ou progressão da doença, podem ser considerados em situações muito específicas como, por exemplo, em casos de miocardite grave associada à dengue (Tejo et al., 2023).

A abordagem multidisciplinar no tratamento da dengue também enfatiza a necessidade de monitoramento constante dos pacientes, especialmente aqueles em estado grave, para ajustes rápidos e precisos no plano terapêutico. A literatura destaca a importância da equipe de saúde estar preparada para identificar precocemente sinais de alarme, como queda abrupta na contagem de plaquetas ou aumento significativo no hematócrito, indicativos de evolução para formas mais graves da doença (Guazelli, et al., 2025).

Além das intervenções farmacológicas, a terapia de suporte desempenha um papel fundamental no manejo da dengue, incluindo o suporte nutricional adequado e a monitorização rigorosa dos fluidos corporais. Estas medidas visam não apenas mitigar os sintomas agudos, mas também reduzir a incidência de complicações tardias que podem prolongar a recuperação do paciente (Silva; Xavier, 2023).

Diante dos desafios clínicos e epidemiológicos apresentados pela dengue, é crucial que os profissionais de saúde estejam atualizados com as mais recentes diretrizes e pesquisas científicas. A contínua educação médica e a conscientização pública são essenciais para aprimorar o manejo clínico, fortalecer a vigilância, reduzir complicações graves e mitigar o impacto da doença na saúde coletiva (Ribeiro, 2024).

Portanto, este estudo não apenas delineia as estratégias terapêuticas fundamentais para o tratamento da dengue, mas também destaca a importância de uma abordagem holística e integrada no cuidado aos pacientes, visando não apenas a cura, mas também a prevenção de complicações graves e a promoção da recuperação plena da saúde.

Impacto Epidemiológico e Desafios Futuros

A dengue continua a representar uma preocupação significativa em nível global, com uma incidência crescente em áreas tropicais e subtropicais ao redor do mundo. Segundo Piroli (2022), a análise da incidência e prevalência da doença revela uma distribuição desigual, com áreas endêmicas como o Brasil sendo especialmente afetadas. Tendências epidemiológicas recentes demonstram um aumento nos casos em regiões como o Sul e Sudeste, acompanhado de um impacto socioeconômico substancial (OPAS, OMS, s.d.).

Os esforços para controlar a dengue enfrentam diversos desafios significativos. A erradicação do mosquito transmissor, Aedes aegypti, continua a ser uma meta elusiva devido à sua adaptação ao ambiente urbano e à resistência a inseticidas (Carvalho et al., 2021). Além das barreiras biológicas, existem desafios políticos, sociais e econômicos na implementação de estratégias eficazes de controle e prevenção da doença, como destacado por Santos (2020).

O desenvolvimento de vacinas eficazes contra a dengue representa uma das principais perspectivas para o futuro controle da doença. Avanços significativos têm sido alcançados na pesquisa e desenvolvimento de vacinas que visam proteger contra os diferentes sorotipos do vírus da dengue (Ferreira, 2023). Além disso, novas abordagens terapêuticas e estratégias integradas estão sendo exploradas para mitigar o impacto da dengue, incluindo o uso de técnicas inovadoras de controle de vetores e a educação pública para reduzir os criadouros do mosquito (Souza, 2024).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A correta identificação da dengue clássica e da dengue grave é de extrema importância para o manejo clínico eficaz e a redução significativa da morbimortalidade associada a essa doença viral. Este estudo destacou a diversidade de manifestações clínicas entre ambas as formas da doença, ressaltando a necessidade de diagnóstico precoce e de intervenções terapêuticas adequadas. A dengue clássica, caracterizada por sintomas como febre alta, dor de cabeça intensa e dores musculares, contrasta com a dengue grave, que pode evoluir para complicações sérias como hemorragias e síndrome de choque dengue.

A análise crítica das estratégias diagnósticas, incluindo exames laboratoriais específicos e critérios clínicos, foi discutida para melhor orientar o tratamento dos pacientes desde os estágios iniciais da doença. Além disso, a importância da educação pública e da implementação de medidas preventivas, como o controle do vetor Aedes aegypti, foi enfatizada como parte fundamental de estratégias integradas para o combate à dengue.

Para enfrentar os desafios contínuos apresentados pela dengue, é essencial um esforço coordenado entre profissionais de saúde, pesquisadores e gestores de políticas públicas. Avanços significativos em pesquisa, como o desenvolvimento de vacinas eficazes, oferecem perspectivas promissoras para o futuro controle da doença. No entanto, a conscientização contínua e a atualização das práticas clínicas são indispensáveis para mitigar o impacto da dengue na saúde pública globalmente.

Ao reconhecer e diferenciar adequadamente entre a dengue clássica e a forma grave, não apenas melhoramos o manejo clínico dos pacientes, mas também fortalecemos as estratégias de prevenção e controle, contribuindo para um ambiente mais saudável e seguro para as comunidades afetadas pela doença.

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1Enfermeira Assistencial da Secretaria de Saúde do Distrito Federal – DF;
2Enfermeira do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HUWC-UFC/EBSERH);
3Enfermeira do Maternidade Escola Assis Chateaubriand da Universidade Federal do Ceará / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (MEAC-UFC/EBSERH);
4Fisioterapeuta do Hospital Universitário Júlio Müller da Universidade Federal do Mato Grosso / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HUJM-UFMT/EBSERH) e Hospital e Maternidade Femina;
5Enfermeira do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Maria / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HUSM-UFSM/EBSERH)
6Discente de Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM);
7Enfermeira do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar;
8Discente de Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais;
9Enfermeira da Estratégia Saúde da Família do Município de Vespasiano – MG;
10Enfermeira do Hospital IPSEMG e Coordenadora do Curso Técnico de Enfermagem da Secretaria Estadual de Educação.