CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DE UM MAPA DE RISCO EM UMA OFICINA MECÂNICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202512101142


Rosany Batista Teles
Iury Luiz Lopes Silva da Costa
Lucas Daniel Reis Corrêa
Marcos Paulo Martins dos Santos
Ana Paula Mota Ferreira
Felipe Anderson Silva de Aquino
André Luís Rodrigues Mathias
Erick Barros Chaves


RESUMO

O mapa de risco é uma ferramenta essencial para promover a conscientização dos trabalhadores sobre a importância da prevenção de acidentes no ambiente de trabalho. Ele permite identificar, de maneira clara e objetiva, os potenciais riscos presentes em diversas áreas, facilitando a implementação de medidas corretivas e preventivas. O artigo vigente aborda o conceito do mapa de risco como uma ferramenta estratégica na identificação dos perigos, destacando as etapas envolvidas – incluindo a classificação dos riscos e a simbologia utilizada – sua construção, a importância de sua correta aplicação e o mapa aplicado à oficina mecânica. Sua construção envolve um processo atencioso, que leva em consideração as características específicas de cada ambiente e atividade, com o objetivo de garantir  a compreensão das informações por todos e promover um espaço de trabalho mais seguro. Como parte do estudo de caso, o artigo explora a aplicação do mapa de risco em uma oficina mecânica, detalhando os benefícios dessa prática para a empresa e seus funcionários. A implementação do mapa de risco resulta em um ambiente de trabalho mais seguro e na redução significativa da probabilidade de acidentes, beneficiando tanto os trabalhadores quanto os gestores e a organização como um todo.

Palavras-chaves: mapa de risco, prevenção, oficina mecânica.

ABSTRACT

The risk map is an essential tool for raising worker awareness about the importance of accident prevention in the workplace. It allows for the clear and objective identification of potential risks present in various areas, facilitating the implementation of corrective and preventive measures. This article addresses the concept of the risk map as a strategic tool for identifying hazards, highlighting the steps involved – including risk classification and the symbology used – its construction, the importance of its correct application, and the map applied to a mechanical workshop. Its construction involves a careful process that takes into account the specific characteristics of each environment and activity, with the aim of ensuring that everyone understands the information and promoting a safer workspace. As part of the case study, the article explores the application of the risk map in a mechanical workshop, detailing the benefits of this practice for the company and its employees. The implementation of the risk map results in a safer work environment and a significant reduction in the probability of accidents, benefiting both workers and managers and the organization as a whole.

Keywords: risk map, prevention, mechanical workshop.

1. INTRODUÇÃO

A prevenção é a melhor opção para evitar a ocorrência de acidentes em qualquer área da vida. No ambiente de trabalho têm-se diversas ferramentas que cooperam para a construção desse ambiente mais seguro, o mapa de risco é um desses importantes instrumentos, pois ele permite de forma rápida e intuitiva a compreensão dos riscos presentes. O mapa de risco é a representação gráfica dos perigos presentes no local de trabalho, sua construção gira em torno da observação de círculos no compartimento da planta baixa de um determinado local, esses que determinam o grau do risco existente e coloração de seu núcleo indica a classificação deste risco, podendo ser físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes.

Este artigo gira em torno da construção e análise de um mapa de risco em uma oficina mecânica, local esse que apresenta diversos riscos e em diferentes graus para os operadores de trabalho. Com o estudo vigente do conceito de mapa de risco, classificação dos riscos ocupacionais – denominando sua simbologia –  além do processo e detalhamento de como realizar a sua construção, a importância do mapa de risco no ambiente laboral  e a análise e desenvolvimento do mapa de risco na oficina mecânica. O objetivo do artigo em questão é passar a todos, leitores, funcionários e clientes, a visibilidade dos sensos de riscos – além de desenvolver uma consciência de prevenção – presentes no lugar apresentado para um estudo aprofundado e uma orientação assertiva a respeito de sua necessidade.

Este artigo utiliza uma abordagem qualitativa, visto que usa de uma análise mais aprofundada, sem o uso de métricas numéricas, além de apresentar uma pesquisa descritiva e bibliográfica, pois comenta e expõem dados e informações de artigos, livros e sites publicados anteriormente. Vale destacar também que o estudo gira em torno de uma oficina mecânica existente, no entanto, o local é utilizado apenas para observação e análise, sem a necessidade de aplicação de questionário ou entrevista e descarta qualquer intervenção no local. 

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a construção e a aplicação do mapa de risco em uma oficina mecânica, identificando os perigos presentes no ambiente de trabalho e avaliando sua contribuição para a prevenção de acidentes e para a promoção de um ambiente laboral mais seguro.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Apresentar os fundamentos teóricos do mapa de risco, destacando sua finalidade, importância e utilização no contexto da segurança e saúde no trabalho.
b) Descrever as etapas de elaboração do mapa de risco, incluindo critérios de observação, classificação dos riscos, simbologia empregada e interpretação das informações representadas.
c) Identificar, no ambiente da oficina mecânica analisada, os riscos existentes, considerando suas características, causas e graus de intensidade.
d) Construir o mapa de risco da oficina mecânica, representando de forma gráfica e sistematizada os perigos levantados durante o processo de observação.
e) Analisar os impactos e benefícios da implementação do mapa de risco para trabalhadores e gestores, enfatizando a promoção da conscientização e a redução da probabilidade de acidentes.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 CONCEITO DE MAPA DE RISCO

O mapa de risco é uma ferramenta de prevenção amplamente utilizada na área de Segurança do Trabalho. Ele consiste em uma representação gráfica que identifica e comunica, de forma simples e visual, os riscos existentes em um ambiente laboral. Segundo a NR-5, o mapa de risco deve ser construído pelos membros da CIPA, com participação dos trabalhadores, garantindo uma visão realista da exposição aos perigos ocupacionais. Essa ferramenta permite que colaboradores compreendam rapidamente onde estão os principais riscos, contribuindo para atitudes preventivas e tomada de decisões mais seguras.  

O mapa utiliza círculos coloridos de diferentes tamanhos para indicar a natureza e a intensidade de cada risco. Tal abordagem facilita a interpretação mesmo por pessoas com pouca familiaridade técnica, tornando o mapa de risco uma ferramenta democrática e acessível. Além disso, sua aplicação se mostra eficiente em diferentes setores industriais e de serviços, permitindo adaptar o modelo a cada realidade organizacional. 

3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RISCO OCUPACIONAIS 

A classificação dos riscos no mapa segue um padrão nacional que categoriza cinco grupos: riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Cada grupo é representado por uma cor específica, padronizada para garantir compreensão universal.

Os riscos físicos representados pela cor verde, incluem ruído, vibração, calor, frio, radiações e pressão anormal. São frequentes em ambientes industriais e oficinas mecânicas, onde máquinas e equipamentos geram exposição intensa ao ruído e ao calor.  Os riscos químicos com simbologia vermelha envolvem poeiras, fumos, gases, vapores e substâncias tóxicas. Em oficinas mecânicas, é comum a presença de solventes, combustíveis e óleos lubrificantes.

Os riscos biológicos retratados pela cor marrom são relacionados à exposição a vírus, bactérias, fungos e outros agentes infecciosos. Embora menos comuns em oficinas, podem ocorrer devido ao contato com resíduos ou ambientes úmidos contaminados.  Os riscos ergonômicos configuram a cor amarela e referem-se a postura inadequada, esforço repetitivo, levantamento de peso e organização do trabalho. São determinantes para a saúde física do trabalhador, impactando diretamente no surgimento de lesões ocupacionais. Por fim, tem-se os riscos de acidentes especificados pela cor azul que englobam quedas, cortes, atropelamentos, choques elétricos, explosões, entre outros. Em oficinas mecânicas, representam um dos maiores perigos devido ao uso constante de máquinas e ferramentas.  Um ponto a ser destacado é que essa classificação é padronizada, o que possibilita uma análise ampla e imediata das condições de trabalho, facilitando o entendimento e a priorização de ações corretivas e preventivas.

3.3 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO MAPA DE RISCO

A elaboração do mapa de risco deve seguir etapas estruturadas para garantir precisão e representatividade. Primeiramente, realiza-se uma visita técnica ao local, na qual são observados as condições ambientais, máquinas, fluxos de trabalho e comportamentos operacionais. Em seguida, procede-se à identificação dos riscos, onde trabalhadores desempenham papel fundamental, pois conhecem a rotina diária e percebem perigos que nem sempre são registrados formalmente.

Após a coleta de dados, os riscos são classificados conforme a natureza e intensidade. O tamanho dos círculos representa o grau do risco, podendo ser pequeno, médio ou grande. Posteriormente, os elementos gráficos são dispostos sobre a planta baixa do ambiente. O resultado final deve ser revisado pela CIPA, pelo setor de Segurança do Trabalho e pelos operadores do local para validação. 

3.4 IMPORTÂNCIA DO MAPA DE RISCO NO AMBIENTE LABORAL

O mapa de risco exerce papel essencial na prevenção de acidentes e na promoção da saúde ocupacional. Sua principal função é aumentar a percepção de risco dos trabalhadores, estimulando condutas mais seguras e responsáveis. Ele também serve como base para o desenvolvimento de programas como PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) – era um programa obrigatório previsto na NR-9, voltado à identificação, avaliação e controle dos riscos ambientais dentro do ambiente de trabalho (riscos físicos, químicos e biológicos) – e PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) – que é um programa previsto na NR-7, obrigatório para todas as empresas, e trata da avaliação médica da saúde dos trabalhadores, por meio de exames clínicos e complementares – e para ações de treinamento e capacitação.

Além disso, o mapa contribui para o diagnóstico situacional da empresa, indicando áreas que necessitam de melhorias estruturais, atualização de equipamentos ou intervenções organizacionais. Em oficinas mecânicas, onde há intensa movimentação de pessoas, máquinas, ferramentas e produtos químicos, o mapa de risco se torna indispensável para reduzir a probabilidade de acidentes, queimaduras, intoxicações, quedas e problemas ergonômicos.

3.5 APLICAÇÃO DO MAPA DE RISCO EM OFICINAS MECÂNICAS

As oficinas mecânicas apresentam um conjunto diversificado de riscos ocupacionais devido à natureza de suas atividades. A presença de elevadores automotivos, ferramentas cortantes, motores, óleos, combustíveis e peças em movimento exige atenção constante. O mapa de risco, quando aplicado nesses locais, oferece uma visão clara sobre onde se concentram os principais perigos, como áreas próximas a máquinas, armazenamento de substâncias químicas e setores com baixa ventilação.  

A análise detalhada permite implementar medidas preventivas adequadas, como treinamento de uso de EPIs, reorganização do layout, manutenção preventiva dos equipamentos, controle adequado de inflamáveis e orientação ergonômica. Como resultado, há melhora significativa na segurança, produtividade e qualidade de vida dos colaboradores.

Na oficina do estudo em questão apresenta quatro compartimentos: a recepção, o salão da oficina, o depósito de peças e o banheiro. Observou-se que na recepção apresenta risco ergonômico de caráter pequeno, no cômodo da oficina constata-se os riscos ergonômicos, químicos, de acidentes e físicos, todos em alto grau, no depósito de peças compreendeu-se riscos ergonômico e químico, em alto grau e risco físico em caráter médio, por fim, no banheiro destaca-se os riscos biológico em alto grau e o risco químico em caráter pequeno.

3.6 CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO  

A fundamentação teórica apresentada reforça a relevância do mapa de risco como ferramenta indispensável para ambientes de trabalho seguros. Ao aplicar o modelo em uma oficina mecânica, o estudo demonstra sua utilidade prática e seu impacto direto na proteção dos trabalhadores e na eficiência operacional da empresa.  O aprofundamento teórico oferece suporte para análise detalhada do estudo de caso e fundamenta a necessidade contínua de ações preventivas nas organizações modernas.

4. METODOLOGIA

4.1 TIPO DE PESQUISA

Este artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica e de caráter descritivo, fundamentada em materiais científicos e informativos relevantes ao mapa de risco de uma oficina mecânica, onde são encontradas várias ferramentas para desenvolvimentos das atividades rotineiras dos funcionários chaves, alicates, macaco hidráulico, graxas e outros diversos itens que podem ser usados de forma indevida e que geram riscos de acidentes.

4.2 LEVANTAMENTO DE DADOS

Para iniciar a pesquisa foi necessário antes de tudo fazer um levantamento das NR’s e materiais que abordassem a temática escolhida. Posteriormente foram realizadas visitas ao campo, para obtenção das informações referente ao espaço: tamanho, riscos presentes, quantidades de funcionários e outras informações julgadas necessárias, em seguida a equipe criou um mapa de risco baseado nas necessidades do local para garantir uma melhor organização e segurança dos funcionários da oficina em questão. 

A captação de dados para estudo está pautada em uma oficina mecânica real, entretanto, a edificação serviu apenas para observação e análise, no entanto, foram utilizadas bases de dados para satisfazer a pesquisa acadêmica, tais como: google acadêmico e a NR-5 (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA). 

4.3 ANÁLISE DE DADOS

a) Prevenção de acidentes e doenças relacionadas à uma oficina mecânica.
b) Identificar perigos e avaliação de riscos.
c) Verificar o ambiente e as possíveis condições de trabalho para que preservem a integridade física e mental do colaborador.
d) Esta análise de dados segue uma abordagem descritiva condensando as fontes de informações levantadas.

5. RESULTADOS

Para a elaboração do mapa de risco, certas informações se fazem necessárias como: os riscos, grau de risco e a planta baixa do local. Devido às análises in loco e pesquisas, identificou-se que os riscos mais corriqueiros nesses estabelecimentos são os de categorias físicas devido ao calor e ruídos excessivos podendo ocasionar dores de cabeça e estresse; agentes químicos favorecendo danos respiratórios, neurológicos e cardiovasculares; agentes ergonômicos, a longo prazo desencadeiam problemas como DORT/LER (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho/Lesões por Esforços Repetitivos) e os riscos de acidentes de trabalho que estão associados à lesões físicas. A partir desses dados, foi realizada a confecção do mapa em forma de tabela e concomitantemente, a elaboração da planta baixa destacando os tipos de risco que podem estar presente em cada ambiente da empresa, conforme ênfase na imagem abaixo.

6. CONCLUSÃO

Com a realização dessa pesquisa foi possível identificar a importância de um mapa de risco no ambiente e o quanto a construção desse mapa pode contribuir para a prevenção de acidentes dentro da oficina mecânica. O mapa de risco construído propiciou uma visão mais ampla do ambiente do trabalho, onde não se limita apenas em máquinas, mas o que tem por trás da utilização delas. Durante a realização da pesquisa foi possível identificar riscos que muitas vezes são ignorados ou passam despercebidos, mas que devem ser considerados quando se trata da segurança e saúde do trabalhador, que no caso do espaço escolhido existe um grande fluxo de pessoas. 

Diante disso, conclui-se que o mapa de risco é uma ferramenta essencial para a segurança e saúde de todos os operantes na oficina, acredita-se que a pesquisa tem um teor informativo de grande importância para a empresa estudada, podendo inspirá-la a estar melhor organizada, trazendo melhorias para benefício coletivo.

REFERÊNCIAS

FUNDACENTRO. Mapeamento de Riscos nos Locais de Trabalho. São Paulo: Ministério do Trabalho, 1998.

MENDES, René. Patologia do Trabalho. 3. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2019.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2021.

MOTA, T. T.; FROTA, O. P. A implantação do mapa de riscos no ambiente de trabalho: revisão integrativa acerca de técnicas inovadoras. Saúde e Pesquisa, v. 6, n. 3, 2013.

Brasil. Ministério do Trabalho e Previdência. Norma Regulamentadora n. 5 (NR-5): Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Versão atualizada.