ELASTIC BANDAGE AS AN AUXILIARY RESOURSE IN THE MANAGEMENT OF BREAST ENGURGITATION
VENDA ELÁSTICA COMO RECURSO AUXILIAR EN EL MANEJO DE LA INGURGITACIÓN MAMARIA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202506062116
Amanda Pereira da Silva1; Tatiane Pina Santos Linhares2; Gilvânia Patrícia do Nascimento Paixão3; Tacila Nogueira Azevedo Rocha4; Alexsandra Rodrigues Amando5; Mayana Jambeiro de Souza6
RESUMO
Objetivo: Descrever os desfechos da utilização da bandagem elástica como proposta de intervenção para resolução do ingurgitamento mamário. Método: Estudo exploratório descritivo de abordagem qualitativa, desenvolvido com onze puérperas com ingurgitamento mamário. Utilizou-se a aplicação da bandagem elástica nas mamas ingurgitadas, além da escala de dor e da escala de ingurgitamento mamário de seis pontos para a obtenção dos dados. Os estudos envolvendo a aplicação da bandagem elástica na amamentação ainda são limitados, embora ainda não faça parte do cotidiano das práticas alternativas complementares do cuidado de enfermagem tem apresentado resultados satisfatórios na prevenção e no tratamento de lesões. Resultados: A média de tempo para o surgimento do ingurgitamento mamário foi de quatro dias pós-parto. A sintomatologia relatada pelas voluntárias no dia da aplicação da bandagem elástica inclui: dor, edema, sensibilidade, dificuldade de extração de leite, sensação de peso e mamas endurecidas. A bandagem elástica permaneceu por três dias e, após a intervenção observou-se alívio dos sintomas. Este estudo evidencia o papel do enfermeiro frente às intercorrências mamárias e corrobora no incentivo à busca por terapias alternativas eficazes para o manejo do ingurgitamento mamário.
Descritores: Enfermagem; Aleitamento materno; Transtornos de lactação; Terapias complementares; Fita atlética.
ABSTRACT
Objective: To describe the outcomes of using elastic bandages as na intervention proposal to resolve breast engorgement. Method: This is a descriptive exploratory study with a qualitative approach, developed with eleven postpartum women with breast engorgement. The application of elastic bandages to engorged breasts was used, in addition to the pain scale and the six-point breast engorgement scale to obtain the data. Studies involving the application of elastic bandages during breastfeeding are still limited, although it is not yet part of the daily complementary alternative nursing care practices, is has shown satisfactory results in the prevention and treatment of injuries. Results: The average time for breast engorgement to appear was four days postpartum. The symptoms reported by the volunteers on the day of application of the elastic bandage included: pain, edema, sensitivity, difficulty in extracting milk, sensation of heaviness and hardened breasts. The elastic bandage remained for three days and, after the intervention, breast complications and supports the search for effective alternative therapies for the management of breast engorgement.
Descriptors: Nursing; Breast feeding; Lactation disorders; Complementary therapies; Athletic tape.
RESUMEN
Objetivo: Describir los resultados del uso de vendaje elástico como propuesta de intervención para resolver la ingurgitación mamaria. Método: Estudio descriptivo exploratorio con enfoque cualitativo, desarrollado con once mujeres posparto con ingurgitación mamaria. Se aplicaron vendajes elásticos a los senos congestionados, además de la escala de dolor y la escala de congestión mamaria de seis puntos para obtener los datos. Los estudios que involucran la aplicación de vendajes elásticos durante la lactancia materna son aún limitados, si bien aún no forma parte de las prácticas diarias de cuidados alternativos de enfermería complementarios, ha demostrado resultados satisfactorios en la prevención y tratamiento de lesiones. Resultados: El tiempo promedio de aparición de la ingurgitación mamaria fue de cuatro días posparto. Los síntomas reportados por las voluntarias el día de la aplicación de la venda elástica incluyeron: dolor, edema, sensibilidad, dificultad para extraer leche, sensación de pesadez y endurecimiento de los senos. El vendaje elástico permaneció colocado durante tres días y, tras la intervención, se observó alivio de los síntomas. Este estudio destaca el papel de las enfermeras en el tratamiento de las complicaciones mamarias y apoya la búsqueda de terapias alternativas efectivas para el tratamiento de la congestión mamaria.
Descriptores: Enfermería; Lactancia materna; Transtornos de la lactancia; Terapias complementarias; Cinta atlética.
INTRODUÇÃO
A importância do aleitamento materno é amplamente difundida nas discussões sobre o desenvolvimento infantil. Sabe-se que leite materno é o alimento ideal para suprir todas as necessidades nutricionais dos bebês durante a fase inicial da vida. Nesse sentido, o Ministério da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, e que ele continue de forma complementar até os dois anos. Estima-se que cerca de 820 mil mortes em crianças menores de 5 anos por causas preveníveis, poderiam ser evitadas em todo o mundo por meio da amamentação. Isso porque o aleitamento materno exclusivo promove proteção contra diarreias e infecções, previne a asma, reduz a ocorrência de alergias e o desenvolvimento de doenças como hipertensão, diabetes e obesidade ao longo da vida (Brasil, 2024).
Verhasselt (2015) evidencia que a amamentação oferece proteção contra doenças infecto contagiosas nos primeiros meses de vida, pois a transmissão de imunoglobulinas maternas através do leite materno garante imunidade passiva ao recém nascido, uma vez que o seu sistema imunológico encontra-se imaturo.Trata-se de uma intervenção eficaz no que diz respeito à redução da morbimortalidade infantil. Porém, apesar de ser um processo fisiológico natural, a amamentação pode ser desafiadora para muitas mulheres, especialmente diante do surgimento de intercorrências como dor, lesões mamilares, mastite e ingurgitamento mamário (Brasil 2015).
Diante da amplitude das intercorrências frequentemente presentes no período inicial da lactação, o foco do presente estudo é o ingurgitamento mamário. Nessa perspectiva o ingurgitamento mamário, caracteriza-se pelo aumento da vascularização mamária, retenção do leite nos alvéolos mamários, e edema decorrente da obstrução da ductal. Essa obstrução ocasiona a compressão dos ductos lactíferos e impede ou dificulta a ejeção do leite do interior dos alvéolos, gerando sintomas como edema das mamas, elevação da temperatura corporal e mamária, sensibilidade e dor.A consequência gerada pelo aumento da pressão intraductal é o acúmulo de leite, que sofre modificação molecular tornando-se mais viscoso (Brasil, 2015; Mitchell e Jhonson, 2021).
O ingurgitamento mamário é uma condição comum. Cerca de 75% das puérperas apresentarão essa condição ainda nas primeiras semanas pós-parto, com pico de incidência por volta do quinto dia, sendo um evento subsequente à lactogênese II, evento fisiológico onde há aumento do fluxo sanguíneo para as mamas e consequentemente, edema intersticial. Diante disso, a sintomatologia do ingurgitamento mamário causa grande desconforto na amamentação, sendo a dor referenciada como principal fator que compromete as expectativas pela nutriz em relação ao aleitamento materno, e contribui para o desmame precoce.Além disso, o ingurgitamento mamário pode evoluir para um quadro de mastite aguda inflamatória, posteriormente mastite infecciosa e por fim abscesso mamários, manifestações clínicas com febre, calafrios e mal-estar geral (Michel e Jhonson, 2021; Brasil 2015).
Evidenciamos que todos esses sintomas devem ser observados pelos profissionais de saúde envolvidos na assistência pós-parto, sobretudo pelo enfermeiro que possui autonomia para a tomada de decisões, compreende a complexidade que envolve a amamentação e, com base em conhecimentos científicos, deve buscar alternativas eficazes para a resolução do quadro clínico de ingurgitamento mamário, uma vez que essa condição pode comprometer a amamentação gerando impactos à saúde materna e infantil (Brasil, 2015).
Nessa perspectiva, destaca-se o uso da bandagem elástica que, embora ainda não faça parte do cotidiano das práticas alternativas complementares do cuidado de enfermagem, tem apresentado resultados satisfatórios na prevenção e no tratamento de lesões. A bandagem elástica Kinesio Taping é um recurso terapêutico utilizado em diferentes condições de saúde, especialmente, para reduzir e prevenir lesões, pois, o estímulo sensorial ofertado, estimula as vias sensoriais do sistema nervoso central, favorecendo o alívio da dor, melhorando a circulação, reduzindo edemas locais e proporcionando estabilidade ao tecido.Trata-se de um recurso terapêutico inovador, amplamente difundido no tratamento de lesões na área esportiva, e que recentemente vem sendo utilizado como alternativa terapêutica para lactantes com ingurgitamento mamário (Silva, Souza e Lima, 2022; Artiolli e Bertolin, 2014).
O enfermeiro deve estar atento à busca por intervenções atuais e eficazes que possam beneficiar os pacientes. Desse modo, o presente estudo tem como objetivo; descrever os desfechos da utilização da bandagem elástica como proposta de intervenção para resolução do ingurgitamento mamário.
MÉTODO
Tipo do estudo
Trata-se de um estudo exploratório descritivo de abordagem qualitativa. Dentro da perspectiva qualitativa encontramos as pesquisas exploratórias, que visam conhecer um fenômeno no seu contexto, fornecendo informações para maiores investigações. Enquanto os estudos descritivos possibilitam descrever de forma detalhada provendo informações adicionais sobre o tema pesquisado. Esse tipo de estudo pode ser utilizado quando se pretende familiarizase com um assunto e formular hipóteses, utilizando a abordagem qualitativa para explorar, descrever e analisar as características e padrões encontrados (Gil, 2017).
População e amostra
O estudo foi realizado com mulheres que estavam no puerpério e apresentaram ingurgitamento mamário. As voluntárias foram identificadas por meio das consultorias de amamentação realizadas pelo projeto de extensão Grupo de Apoio ao Aleitamento Materno (GAAM) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus VII. Como critérios de inclusão considerou-se: ser puérpera e estar com ingurgitamento mamário. Já os critérios de exclusão foram: ter idade inferior a 18 anos e não apresentar os sintomas de ingurgitamento mamário. Diante disso, vinte e oito puérperas foram monitoradas. A amostra final foi composta por onze voluntárias, na faixa etária entre 19 e 35 anos, que atenderam aos critérios de inclusão e receberam aplicação da bandagem elástica.
Local do estudo
O estudo foi desenvolvido na maternidade pública de Senhor do Bonfim, município situado na região centro-norte do estado da Bahia, pertencente no território de identidade Piemonte Norte do Itapicuru, localizada a 389,4 km de Salvador.
Coleta de dados
A coleta dos dados ocorreu entre outubro de 2023 e julho de 2024. A pesquisa foi composta por três etapas. Na primeira etapa foram realizadas consultorias de amamentação através do projeto de extensão GAAM/UNEB na maternidade pública. Esse momento contemplou ações de educação em saúde relacionadas à amamentação, esclarecimento de dúvidas existentes e levantamento de informações como identificação da idade, realização do pré-natal, via de parto e, o esclarecimento dos sintomas de ingurgitamento mamário.
A segunda etapa consistiu no monitoramento individual de vinte e oito puérperas que aceitaram participar da pesquisa. Esse monitoramento foi realizado por meio de contato pessoal pelo aplicativo WhatsApp, com objetivo de identificar sintomas característicos de ingurgitamento mamário, como dor aguda, edema e sensibilidade nas mamas. Na terceira etapa, identificamos onze puérperas que atenderam aos critérios de inclusão e receberam a aplicação da bandagem elástica nas mamas.
Em relação ao método de aplicação, o estudo realizado por Dogan, Eroglu e Akbayrak (2021) posicionou a bandagem elástica próximo ao linfonodo axilar para auxiliar a drenagem.Corroborando esse método, o estudo conduzido por Pop, Borowska, Tymczak et al (2014) comparou duas técnicas distintas de aplicação da bandagem elástica em pacientes com linfedema decorrente de mastectomia, e concluiu que a variação da técnica utilizada não interferiu no resultado.O local ou tecido no qual se aplica a tensão das fitas é definido por Silva AP, Carvalho, Sassi et al (2019) como zona terapêutica, que neste estudo, correspondeu às mamas ingurgitadas.A porção âncora, ponto onde a tensão das fitas é de 0%, foi posicionada na área próxima ao linfonodo axilar. Assim, a técnica utilizada consistiu na estimulação dos linfonodos axilares bilaterais, promovendo o direcionamento dos fluidos das mamas para os linfonodos axilares (Figura 1).
O corte utilizado na bandagem elástica foi o corte em leque (Figura 1). Visto que o estiramento dos fios de elastano da bandagem elástica promove maior estímulo sensorial na região que recebe menos tensão, a tensão aplicada na zona terapêutica variou entre 10% a 15% da tensão existente na bandagem elástica (Silva, Carvalho, Sassi et al, 2019).

Após o monitoramento, foi agendado o dia e horário de preferência de cada voluntária, para receber a pesquisadora. Na data acordada a pesquisadora compareceu ao domicílio para avaliação das mamas, e posteriormente, a intervenção. Nesta pesquisa, foi utilizada a bandagem elástica da marca Aktive Kinesiology Sport Tape, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sob o registro 81208470002. Uma vez aplicada, a bandagem elástica permaneceu por um período de três dias.
Análise dos dados
As avaliações foram realizadas no primeiro, segundo e terceiro dia após a aplicação da bandagem elástica. As voluntárias foram avaliadas e questionadas quanto à presença de lesões, estado de lactação e intensidade dos sintomas do ingurgitamento mamário. Para avaliar a eficiência da intervenção, foram utilizados dois parâmetros: Escala Visual Analógica de Dor (EVA) e escala de seis pontos de ingurgitamento mamário, ambas aplicadas antes e após a intervenção.
A escala de ingurgitamento de seis pontos é uma escala padronizada; e sua confiabilidade é atribuída aos testes realizados por Hill e Humerick (1994).Foi solicitado que as voluntárias autoavaliassem as mudanças ocorridas nas suas mamas de acordo com a seguinte descrição: grau 1, mamas macias, sem alterações e com leite fluindo livremente; grau 2 pequena mudança; grau 3 mamas duras, porém, sem sensibilidade; grau 4 mamas duras e com início de sensibilidade; grau 5 mamas muito duras e com muita sensibilidade; grau 6 mamas muito duras, com dor e sem ejeção de leite (Hill e Humerick, 1994). (Tabela 1).
Tabela 1. Escala de ingurgitamento de seis pontos.
Grau 1: mamas macias, sem alterações e com leite fluindo livremente. | Grau 4: mamas duras e com início de sensibilidade. |
Grau 2: pequena mudança. | Grau 5: mamas muito duras e com muita sensibilidade. |
Grau 3: mamas duras, porém, sem sensibilidade. | Grau 6: mamas muito duras, com dor e sem ejeção de leite. |
Após a avaliação do ingurgitamento mamário, foi realizada a avaliação do nível de dor. As voluntárias atribuíram o valor de 0 a 10 conforme a escala EVA, onde 0 representava ausência de dor e 10 uma dor insuportável. A avaliação foi complementada com a palpação das mamas, permitindo a identificação dos quadrantes ingurgitados. Antes da aplicação da bandagem elástica, foram fornecidas orientações sobre seu mecanismo de ação e esclarecimento de dúvidas. No terceiro dia, após a retirada das fitas, as escalas de ingurgitamento de seis pontos e EVA foram reaplicadas. Os resultados foram analisados por meio da comparação dos dados obtidos antes e após a intervenção.
Aspectos éticos
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado da Bahia/Campus VII, através do número de CAAE: 68186123.4.0000.0057 e seguiu as normas preconizadas pela Resolução n° 466/2012; do Conselho Nacional de Saúde, referente à pesquisa envolvendo seres humanos. As imagens da aplicação da bandagem elástica nas mamas ingurgitadas de todas as voluntárias dessa pesquisa foram registradas mediante autorização escrita do uso das imagens e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O sigilo e o anonimato foram assegurados.
Resultados
Participaram do estudo onze puérperas com idades entre 19 e 35 anos. A faixa etária predominante foi de 30 a 35 anos de idade. Em relação à via de parto, 63,6% das participantes tiveram parto vaginal, enquanto 36,4% foi cesáreo. O principal local de acompanhamento do pré-natal foi a Estratégia de Saúde da Família (72,7%), seguido por clínicas particulares (27,3%). Neste último caso, as consultas foram realizadas de forma simultânea, na Atenção Básica e na rede privada. Todas as participantes do estudo afirmaram ter recebido poucas orientações no pré-natal e no pós-parto sobre os problemas que podem surgir durante a amamentação, o manejo correto desses problemas, as formas de prevenção e como evitar o agravamento das complicações.
Além disso, 20% das voluntárias buscaram informações na internet para aliviar os sintomas do ingurgitamento mamário, e 80% delas recorreram ao uso de compressas quentes. O tempo médio para o surgimento do ingurgitamento mamário foi de quatro dias pós-parto. A sintomatologia relatada por todas as voluntárias no dia da aplicação da bandagem elástica foi: dor, edema, sensibilidade, dificuldade de extração de leite, sensação de peso e mamas endurecidas, além da presença de fissuras mamilares. Após a intervenção, observou-se alívio dos sintomas relatados.
Discussão
A faixa etária predominante de 30 a 35 anos está associada ao período de maior fertilidade da mulher e mais favorável à gestação. Um estudo, sobre as dificuldades enfrentadas na amamentação, revelou que ao comparar a faixa etária das mulheres entrevistadas, observouse que aquelas que possuíam idade mais avançada relataram com maior frequência dificuldades na amamentação quando comparadas com mulheres mais jovens. De acordo com esse estudo, as mães com mais idade possuem melhor percepção e identificação das dificuldades na amamentação, enquanto as mais jovens e primíparas, frequentemente não conseguem assimilar essas dificuldades por não possuírem experiências prévias e ter muita insegurança. Assim, essas mães mais jovens são mais suscetíveis às dificuldades para amamentar e às intercorrências mamárias (Marques, Cunha , Aragón et al, 2008).
Sousa , Martins e Strada (2014) consideram que a via de parto cesariana é um fator que pode dificultar o início do aleitamento materno. A anestesia utilizada, a recuperação pós-parto, as dores e os desconfortos provenientes da cirurgia interferem na mobilidade materna dificultando o posicionamento adequado do bebê para amamentação.Isso pode resultar em uma pega inadequada e extração de leite ineficaz. O Ministério da Saúde (2015) adverte que a pega inadequada expõe as mamas a intercorrências como fissuras, dor e mastite, além de interferir na disposição da mulher para amamentar e na descida do leite.Desse modo, as dificuldades na amamentação não ocorrem de forma isolada, mas, muitas vezes surgem como conseqüência umas das outras, é importante destacar que à medida que as fissuras e o ingurgitamento mamário surgem, desenvolve-se um quadro álgico significativo, que dificulta a amamentação.Juntos esses fatores assumem um importante papel nas causas do abandono da amamentação (Guzman, Salviano et al, 2024).
No âmbito da Atenção Primária, a Estratégia de Saúde da Família, é a porta de entrada das gestantes no sistema público de saúde. A assistência prestada deve acolher as necessidades por meio de um acompanhamento longitudinal e intermitente. No pré-natal, as consultas são realizadas de forma intercalada entre os profissionais médico e enfermeiro. É imprescindível que durante todo pré-natal, os profissionais envolvidos na assistência estimulem e orientem sobre o aleitamento materno, esclareçam as principais dúvidas e prepare a mulher para identificar e lidar com possíveis problemas durante a amamentação. O papel do enfermeiro é de extrema importância, pois esse profissional deve oferecer suporte adequado e contínuo para o binômio mãe/bebê, garantindo uma assistência qualificada (Brasil, 2012).
No que diz respeito à atuação da enfermagem, as dificuldades de amamentação devem ser prevenidas, identificadas e solucionadas, e para isso a educação em saúde é um instrumento essencial.É imprescindível que haja um olhar atento às necessidades maternas durante os primeiros dias da amamentação, uma vez que problemas que envolvem a anatomia mamilar, pega inadequada, presença de fissuras, descida do leite e dor; tendem a ocorrer ainda durante a hospitalização.A identificação precoce desses problemas permite que sejam solucionados, garantindo uma amamentação eficaz (Brasil, 2015; Bicalho, Martins, Friche et al, 2021).
Todas as participantes deste estudo afirmam ter recebido poucas orientações no prénatal e pós-parto sobre os problemas que podem surgir durante a amamentação, o manejo correto desses problemas, as formas de prevenção e principalmente, como evitar o agravamento das complicações. O uso de compressas quente para aliviar os sintomas do ingurgitamento mamário foi identificado nessa pesquisa. No entanto, Sousa, Sousa, Ferreira et al (2022) evidenciam que apesar de o calor ofertado pela vasodilatação promover conforto, é a vasoconstrição ocasionada pelo frio que possibilita a redução do metabolismo e do fluxo sanguíneo. Isso favorece a drenagem do edema local, delimitando-o e reduzindo-o.Além disso, aplicar compressas frias reduz a estimulação nervosa local, o que resulta em analgesia. Estudos realizados por Grkovic e Fiona (2020) e Alshakhs , Katooa , Badr et al (2024) demonstram que o benefício terapêutico associado à vasoconstrição pelo frio, proporciona impacto positivo na redução da dor, e na diminuição da produção de leite ao ser aplicado em mamas com ingurgitamento, sendo eficaz no alívio da dor mamária.
Neste estudo, a média de tempo para o surgimento do ingurgitamento mamário foi de 4 dias. Este achado corrobora a revisão sistemática de literatura de Sousa, Haddad, Nakano et al (2012) onde aponta que os sintomas de ingurgitamento mamário estão presentes em 89% das puérperas sendo que 20% desses casos ocorrem ainda na primeira semana pós-parto.Nesse sentido, as intervenções para o manejo do ingurgitamento mamário envolvem a terapia farmacológica por meio do uso de analgésicos e antiinflamatórios, que podem ser benéficos, porém, mas apresentam efeitos colaterais que, em alguns casos, podem superar os benefícios; e as terapias não farmacológicas que além de poder serem utilizadas a longo prazo, tendem a gerar efeitos colaterais mínimos, além de serem financeiramente viável ( Rondanelli, Fossari, Vecchio et al, 2020; Zagloul, Naser, Hassan, 2020).
O estudo de Cipriano e Claudia (2012) aponta resultados satisfatórios em relação a eficácia da bandagem elástica na redução da dor, e demonstra que a sua utilização, tanto de forma isolada ou associada a outros tratamentos, melhora a dor e a funcionalidade em gestantes. O ensaio clínico randomizado de Chamnankrom, Manimmanakorn, Manimmanakorn et al (2021) avaliou a dor lombar em um grupo de gestantes e concluiu que a dor foi significativamente reduzida no grupo que fez uso da bandagem elástica. Isso ocorre porque o contato da pele com a bandagem elástica permite o alívio da dor e do desconforto muscular devido a tensão aplicada no deslizamento das fitas. Ao se aplicar a tensão nas fitas, a comunicação entre a pele e os mecanorreceptores é otimizada, ampliando o número de unidades motoras recrutadas durante a contração muscular.
Além disso, Xue, Yang, Deng et al (2022) expõem que a tensão das fitas aplicadas sob a pele promove aumento da circulação sanguínea e do refluxo linfático, acelerando a recuperação do local lesionado, esse mecanismo permite a fluidez das vias linfáticas e favorece o fluxo linfático devido a melhora da microcirculação, direcionando a linfa até o local desejado. De acordo com Thomaz, Dias e Rezende (2018) trata-se de um método seguro e bem tolerado, pois sua ação aumenta o espaço entre a pele e o músculo, favorecendo a absorção do líquido intersticial e a melhora do fluxo linfático, seguramente, o uso da bandagem elástica pôde ser somado ao método padrão ouro para tratamento de linfedema secundário ao câncer de mama.Nessa mesma perspectiva a bandagem elástica também age no ingurgitamento mamário, reduzindo o edema nas mamas e consequentemente, a dor.
A escala de ingurgitamento de seis pontos, utilizada antes e após a aplicação da bandagem elástica demonstrou resultados satisfatórios na redução dos sintomas presentes nas mamas ingurgitadas. A sintomatologia relatada por todas as voluntárias no dia da intervenção foi: dor, edema, sensibilidade, dificuldade de extração de leite, sensação de peso e mamas endurecidas (Figura 2). A bandagem elástica permaneceu por três dias e, após esse período todas as voluntárias relataram alívio dos sintomas existentes (Figura 3).


Inicialmente, na autoavaliação pela escala de ingurgitamento de seis pontos antes da intervenção, sete voluntárias se identificaram com o grau 5, e quatro com o grau 6. Após a intervenção, o grau 1 esteve presente na autoavaliação de nove voluntárias, e o grau 2 em duas voluntárias.Paralelamente, a autoavaliação na escala EVA, revelou que antes da intervenção, o valor 8 foi presente entre nove voluntárias, e o valor 9 em duas voluntárias, evidenciando que todas relataram sentir dor intensa. Após a intervenção, o valor 1 foi atribuído por todas as voluntárias. Um aspecto fundamental evidenciado neste estudo foi que, após a aplicação da bandagem elástica, houve o alívio significativo da dor (Dogan, Eroglu e Akbayrak, 2021).
Diversos estudos buscam compreender os fatores que dificultam a amamentação e consequentemente, levam ao desmame precoce. Entre essas causas, Macedo (2022) identificou o ingurgitamento mamário e a dor nas mamas.Neste sentido, Humphrey e Room (2010) apontam que dor nas mamas é uma das razões para a desistência da amamentação nas duas primeiras semanas pós-parto e o ingurgitamento mamário é um dos fatores que gera dor. Em suma, a dor representa um grande desafio no processo de amamentação. Através da aplicação das escalas de avaliação, foi possível observar que a dor causada pelo ingurgitamento mamário é um sintoma comum entre as puérperas.
Percebemos que a bandagem elástica produz efeito positivo na redução da dor e do edema causados pelo ingurgitamento mamário. O aleitamento materno é um processo complexo que abrange fatores culturais, sociais, biológicos e emocionais. A relevância da amamentação para a saúde materna e infantil é amplamente reconhecida pelos profissionais de saúde e, portanto, é essencial que toda nutriz tenha acesso ás informações necessárias para alcançar o sucesso na amamentação (Brasil, 2015).
Limitações do estudo
Embora existam muitos estudos envolvendo a aplicação da bandagem elástica na área esportiva, a literatura voltada para a sua aplicabilidade na amamentação ainda é limitada. Além disso, o tamanho reduzido da amostra desta pesquisa impossibilita a generalização dos resultados.
Contribuição para a Prática
Os resultados desta pesquisa expõe a importância da educação em saúde sobre amamentação no pré-natal e no pós-parto. Evidencia, também o papel do enfermeiro frente às intercorrências mamárias como o ingurgitamento mamário. Além disso, corrobora especialmente no incentivo à busca por terapias alternativas eficazes para o manejo do ingurgitamento mamário.
Considerações finais
Entendendo a complexidade do período de amamentação, especialmente, diante de intercorrências mamárias como o ingurgitamento mamário, o profissional enfermeiro tem autonomia na tomada de decisões, e deve buscar terapias assertivas baseadas em conhecimentos científicos. O ingurgitamento mamário é uma condição frequente e afeta as lactantes nos primeiros dias de amamentação, portanto, deve ser identificada e manejada de forma efetiva, visando evitar complicações e o sofrimento desnecessário.
O presente estudo demonstra que a bandagem elástica é um recurso terapêutico eficaz na redução dos sintomas gerados pelo ingurgitamento mamário, os quais ocasionam enorme desconforto na amamentação e consequentemente podem contribuir para o desmame precoce.
Recursos não farmacológicos como a bandagem elástica, devem ser melhor estudados, requisitando amostras maiores com métodos seguros de avaliação. Uma vez que este é um recurso terapêutico de baixo custo, não invasivo e incapaz de ser transportado através do leite materno para o bebê, se configura como uma ferramenta terapêutica eficaz no tratamento do ingurgitamento mamário.
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1Graduanda do curso de enfermagem da Universidade do Estado da Bahia – UNEB_ Campus VII- https://orcid.org/0000-0002-7669-5684
2Orientadora, docente do curso de enfermagem da Universidade do Estado da Bahia-UNEB-Campus VII, doutoranda em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (UNEB) – https://orcid.org/0000-0002-7082-8175
3Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia, docente do Programa de pós-Graduação Saúde Coletiva, Ecologia Humana e Ciências do Cuidar em Saúde. https://orcid.org/0000-0001-6539-482X
4Enfermeira Obstetra com Residência pela UFBa, Especialista em Saúde da Família pela UFPel, Mestranda em ciências do cuidar em saúde- UNEB – Campus VII. https://orcid.org/0009-0009-8639-404X
5Enfermeira Obstetra, Mestranda em ciências do cuidar em saúde- UNEB – Campus VII Hospital Dom Antônio Monteiro- Senhor do Bonfim -BA. https://orcid.org/0000-0002-3253-7502
6Enfermeira, Mestre em Dinâmicas e Desenvolvimento do Semiárido /UNIVASF. especialista em Gestão em Saúde pela UNEB, Saúde do Trabalhador pelo IBPEX e DST/Aids e Hepatites Virais pela UFRN/SUS/MS. https://orcid.org/0000-0002-2454-2547