AVALIAÇÃO CITOTÓXICA E GENOTÓXICA DO PARACETAMOL EM IDOSOS: UMA REVISÃO DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202506052258


Ana Beatriz Monteiro Gomes
Geovanna Dos Santos Almeida
Orientador: Romer Antônio Carneiro De Oliveira Junior


Resumo:

Este projeto de revisão sistemática tem como objetivo avaliar os efeitos citotóxicos e genotóxicos do paracetamol em idosos. O paracetamol é um analgésico e antipirético amplamente utilizado, mas seu uso crônico e em doses elevadas pode levar a efeitos adversos, especialmente em idosos, devido às alterações fisiológicas e farmacocinéticas relacionadas ao envelhecimento. A revisão busca analisar criticamente os estudos existentes sobre a toxicidade do paracetamol nessa população, identificar lacunas no conhecimento e fornecer subsídios para a prática clínica e futuras pesquisas.

Palavras-chave: Paracetamol, Idosos, Citotoxicidade, Genotoxicidade, Revisão Sistemática

1  INTRODUÇÃO

O paracetamol, analgésico e antipirético de amplo espectro, é geralmente bem tolerado quando utilizado conforme as orientações terapêuticas. No entanto, a exposição crônica a doses elevadas desse fármaco pode culminar em eventos adversos, incluindo lesão hepática. Embora a literatura científica disponha de um considerável volume de dados sobre a toxicidade do paracetamol, há uma lacuna significativa no que tange aos efeitos deste fármaco em indivíduos idosos. As peculiaridades farmacocinéticas e fisiológicas associadas ao envelhecimento justificam a necessidade de estudos mais aprofundados sobre a citotoxicidade e genotoxicidade do paracetamol nessa população, a fim de garantir a segurança e a eficácia do tratamento farmacológico.

A citotoxicidade se refere à capacidade de uma substância de causar danos ou morte às células, enquanto a genotoxicidade se refere à capacidade de causar danos ao material genético, aumentando o risco de desenvolvimento de câncer. A compreensão dos mecanismos de toxicidade do paracetamol em idosos é essencial para a otimização do tratamento farmacológico e a prevenção de efeitos adversos. Apesar da vasta literatura sobre a toxicidade do paracetamol, ainda há lacunas no conhecimento sobre os efeitos específicos desse fármaco em idosos. A maioria dos estudos sobre a toxicidade do paracetamol concentra-se em populações jovens e adultas, e há poucas evidências científicas sobre os efeitos a longo prazo do uso crônico de paracetamol em idosos.

Além disso, a avaliação da genotoxicidade do paracetamol em idosos é um aspecto pouco explorado na literatura científica. A genotoxicidade é uma preocupação particular em idosos, que geralmente apresentam uma maior carga de danos genéticos acumulados ao longo da vida. A exposição prolongada a agentes genotóxicos, como o paracetamol, pode acelerar o processo de envelhecimento celular e aumentar o risco de desenvolver doenças relacionadas à idade, como o câncer.

Nesse cenário, uma revisão sistemática acerca da avaliação citotóxica e genotóxica do paracetamol em populações idosas torna-se imprescindível para compilar as evidências científicas existentes e elucidar lacunas no saber. Esta revisão possibilitará a análise da qualidade metodológica dos estudos disponíveis, a comparação dos resultados alcançados e a discussão das suas repercussões na prática clínica.

O propósito desta revisão sistemática é identificar e examinar as pesquisas que investigaram a citotoxicidade e a genotoxicidade do paracetamol em indivíduos idosos, buscando oferecer uma visão contemporânea sobre a questão e contribuir para a fundamentação das decisões clínicas. A revisão visa identificar os fatores de risco associados à toxicidade do paracetamol em indivíduos idosos e explorar estratégias potenciais para mitigar tais riscos. Os resultados desta revisão têm o potencial de contribuir para a formulação de recomendações mais rigorosas sobre a utilização segura do paracetamol em pacientes geriátricos, além de estimular a condução de novas investigações neste domínio.

1.1  PROBLEMA

A avaliação da citotoxicidade e genotoxicidade do paracetamol em idosos é de fundamental importância, uma vez que a população idosa apresenta características fisiológicas e farmacocinéticas distintas, que podem influenciar a resposta a medicamentos. A compreensão dos mecanismos de toxicidade do paracetamol nessa população é essencial para a otimização do tratamento farmacológico e a prevenção de efeitos adversos.

Apesar da vasta literatura sobre a toxicidade do paracetamol, ainda há lacunas no conhecimento sobre os efeitos específicos desse fármaco em idosos. A maioria dos estudos sobre a toxicidade do paracetamol concentra-se em populações jovens e adultas, e há poucas evidências científicas sobre os efeitos a longo prazo do uso crônico de paracetamol em idosos.

2  OBJETIVOS

2.1  OBJETIVO GERAL

Avaliar as evidências científicas disponíveis sobre os efeitos citotóxicos e genotóxicos do paracetamol em idosos, com o objetivo de avaliar a segurança e eficácia deste fármaco nessa população específica.

2.2.  OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar os estudos que analisaram a citotoxicidade e a genotoxicidade do paracetamol em idosos, publicados em bases de dados científicas relevantes.

avaliar a qualidade metodológica dos estudos que foram incluídos na revisão, utilizando instrumentos de avaliação reconhecidos. Comparar os diferentes estudos revelaram as principais diferenças e acordos entre eles.

avaliar os fatores que podem influenciar a citotoxicidade e a genotoxicidade do paracetamol em idosos, tais como: idade, sexo, comorbidades, dose e duração do tratamento.

3  JUSTIFICATIVA

A avaliação da citotoxicidade e genotoxicidade do paracetamol em idosos é de fundamental importância para a prática clínica, uma vez que permite identificar os indivíduos mais vulneráveis e estabelecer estratégias de monitoramento e prevenção de eventos adversos. Além disso, os resultados dessa revisão poderão contribuir para a elaboração de recomendações mais precisas para o uso seguro do paracetamol em idosos e estimular a realização de novas pesquisas nessa área.

4  FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O paracetamol, também conhecido como acetaminofeno, é um dos analgésicos e antipiréticos mais utilizados no mundo, indicado para o tratamento de diversas condições, incluindo dor leve a moderada e febre (Perrot,2019). Pode causar efeitos colaterais graves, principalmente no fígado, órgão responsável pelo metabolismo. A toxicidade hepática associada ao paracetamol tem sido amplamente estudada, no entanto, o estudo dos seus potenciais efeitos citotóxicos e genotóxicos, especialmente nos grupos mais vulneráveis, como os idosos, requer cada vez mais atenção (ANDERSON , 2020).

Os idosos, devido às alterações fisiológicas causadas pelo envelhecimento, como diminuição da função hepática e renal, podem correr maior risco de efeitos colaterais dos medicamentos. Além disso, tomar vários medicamentos simultaneamente (polifarmácia), comum nesta faixa etária, aumenta o risco de interações medicamentosas que podem aumentar a toxicidade do paracetamol (SMITH,2021). Neste contexto, este guia teórico pretende abordar a questão. Os mecanismos de citotoxicidade e genotoxicidade do paracetamol em idosos, tendo em conta as características desta população e os desafios clínicos da sua administração.

O metabolismo do paracetamol ocorre principalmente no fígado, onde o medicamento é conjugado com compostos não tóxicos, como glicuronídeos e sulfatos. No entanto, uma pequena fração é convertida pelo citocromo P450 em um metabólito reativo, denominado N-acetil-p-benzoquinona imina (NAPQI), que geralmente é desintoxicado pela glutationa (McGill, 2018). Em situações de sobredosagem ou redução dos níveis de glutationa, o NAPQI pode acumular-se e ligar-se covalentemente às proteínas do fígado, conduzindo a stress oxidativo e danos celulares(McGill, 2018).

De acordo com estudos recentes, a citotoxicidade induzida pelo paracetamol não se limita ao fígado. Estudos in vitro e in vitro demonstraram que o paracetamol pode causar morte celular de outros tipos de células, como células renais e neurônios, através de mecanismos semelhantes de estresse oxidativo e inflamação (LIU,2020).A citotoxicidade induzida pelo paracetamol causa danos genéticos, levando a mutações e quebras simples e duplas de DNA, especialmente em situações de exposição crônica (LIU , 2020).Além disso, há evidências crescentes de que o paracetamol pode causar danos genéticos, como mutações. Quebras simples e duplas de DNA, especialmente em situações de exposição crônica (LIU, 2020).

A genotoxicidade é a capacidade de uma substância danificar material genético, o que pode levar a mutações, doenças carcinogênicas ou morte celular. Embora o paracetamol seja considerado um medicamento com baixo risco genotóxico, estudos recentes sugerem que, sob certas condições, pode causar danos genéticos significativos. Estudos em culturas celulares e modelos animais demonstraram que a exposição ao paracetamol pode causar quebras no DNA e alterações cromossômicas, principalmente quando os mecanismos antioxidantes das células estão comprometidos (SANTOS , 2020).

Nos idosos, a suscetibilidade aos danos genotóxicos pode aumentar devido à diminuição da eficiência dos mecanismos de reparação do ADN, um processo natural do envelhecimento (ROBINSON, 2019). Isto significa que mesmo em doses terapêuticas, o paracetamol pode causar um risco aumentado. De danos genéticos nesta população. Além disso, fatores como  polifarmácia, morbidade e exposição prolongada a produtos químicos podem aumentar os efeitos tóxicos do paracetamol em idosos (LÓPEZ-OTIN, 2018).

A citotoxicidade causada pelo paracetamol tem sido amplamente documentada, sendo o fígado o órgão mais afetado. Contudo, nos idosos, muitos fatores podem exacerbar a citotoxicidade. Alterações na função hepática, como diminuição do fluxo sanguíneo hepático e da atividade enzimática, podem afetar a capacidade de metabolizar o paracetamol, resultando na produção e acúmulo de NAPQI (MITCHELL , 2019).

Além do fígado, o paracetamol pode causar citotoxicidade em outros tecidos. Estudos demonstraram que as células renais e os neurônios estão sujeitos ao estresse oxidativo e à inflamação causada pelo paracetamol. Nos idosos, que muitas vezes apresentam problemas de função renal, o risco de toxicidade é maior, principalmente com o uso contínuo ou em altas doses (Williams, 2020).

Nos idosos, muitos fatores podem aumentar a toxicidade do paracetamol. Além das alterações fisiológicas citadas acima, a polifarmácia constitui um dos principais fatores de risco para toxicidade medicamentosa nesta população. O uso concomitante de medicamentos que interferem no metabolismo hepático, como os inibidores do CYP450, pode aumentar a produção de NAPQI, aumentando assim a toxicidade do paracetamol (THOMPSON, 2021)

Além disso, o consumo (álcool, comum em algumas populações idosas), também pode aumentar a vulnerabilidade do fígado à lesão induzida pelo paracetamol (SCHMIDT, 2021). Outro fator importante é a presença de doenças concomitantes, como doenças hepáticas e renais existentes, que podem impedir a capacidade do organismo de lidar com os efeitos tóxicos do paracetamol. É, portanto, essencial que os idosos sejam cuidadosamente monitorizados, com ajustes de dose e monitorização regular da função hepática e renal (KAUR, 2020).

5 METODOLOGIA

Esta revisão sistemática tem como objetivo identificar e analisar pesquisas que examinaram os efeitos citotóxicos e genotóxicos do paracetamol em idosos. A pesquisa foi conduzida nas bases de dados PubMed, SciELO e Google Acadêmico, empregando os termos “paracetamol”, “idosos”, “citotoxicidade”, “genotoxicidade” e suas combinações, em português e inglês. Foram considerados estudos de revisão sistemática, metanálise, ensaios clínicos randomizados e pesquisas observacionais publicadas entre 2018 e 2024. A seleção dos artigos foi realizada de maneira independente por dois revisores, utilizando critérios de inclusão e exclusão predefinidos. Os dados coletados dos estudos selecionados foram organizados em um formulário padrão e analisados qualitativamente.

REFERÊNCIAS

BONO-LUNN, D. et al. Prevalence of paracetamol use during early development and the need for interventional safety studies. Preprints, 2020. Artigo 2020110224. Disponível em: preprints.org/manuscript/202011.0224/v1?specify=. Acesso em: 29 nov. 2024.

BORGES, Rosivaldo S. et al. Estudo teórico e experimental de estrutura e reatividade relacionado ao metabolismo e toxicidade do paracetamol. Química Nova, v. 45, p. 1160-1166, 2022. Disponível em: scielo.br/j/qn/a/nLhjPVmPLgxb45hSPkmh5kr/?format=html&lang=p.

CHIDIAC, A. S. et al. Overdose de paracetamol (acetaminofeno) e hepatotoxicidade: mecanismo, tratamento, medidas de prevenção e estimativas da carga da doença.Expert Opinion on Drug Metabolism & Toxicology, v. 19, n. 5, p. 297-317, 2023. DOI: 10.1080/17425255.2023.2223959. Disponível em: pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37436926/.

DE ARAÚJO, Ronaldo Kanopf; WOLFF, Delmira Beatriz; CARISSIMI, Elvis. Fármacos em águas residuárias: efeitos ambientais e remoção em wetlands construídos. Revista DAE, v. 67, p. 144, 2019. Disponível em: revistadae.com.br/downloads/edicoes/Revista-DAE-218.pdf#page=137. Acesso em: 29 nov. 2024.

FERRAZ, C. R. et al. Potencial terapêutico dos flavonoides na dor e inflamação: mecanismos de ação, dados pré-clínicos e clínicos e desenvolvimento farmacêutico. Molecules, v. 25, n. 3, p. 762, 2020. Disponível em: doi.org/10.3390/molecules25030762.

LÓPEZ ZAVALA, Miguel Ángel; JABER LARA, Camila Renee. Degradation of paracetamol and its oxidation products in surface water by electrochemical oxidation. Environmental Engineering Science, v. 35, n. 11, p. 1248-1254, 2018. Disponível em: liebertpub.com/doi/full/10.1089/ees.2018.0023.

MALKO, Philippa; JIANG, Lin-Hua. TRPM2 channel-mediated cell death: an important mechanism linking oxidative stress-inducing pathological factors to associated pathological conditions. Redox Biology, v. 37, p. 101755, 2020. Disponível em: sciencedirect.com/science/article/pii/S2213231720309605.

MCGILL, M.; JAESCHKE, H. Biomarcadores de lesão hepática induzida por drogas: progresso e utilidade em pesquisa, medicina e regulamentação. Expert Review of Molecular Diagnostics, v. 18, n. 9, p. 797-807, 2018. Disponível em: doi.org/10.1080/14737159.2018.1508998.

NUNES OLIVEIRA, C.; ANDRADE COSTA, B. Hepatotoxicidade causada pelo uso excessivo do paracetamol. Revista de Inovação e Tecnologia – RIT, São Paulo, Brasil, v. 11, n. 2, p. 02–13, 2022. Disponível em: rit.openjournalsolutions.com.br/index.php/rit/article/view/47.

PERROT, S.; ESCHALIER, A.; DESMEULES, J.; LANTERI-MINET, M.; ATTAL, N. Diretrizes de prática para o tratamento de enxaqueca aguda e osteoartrite crônica do joelho com paracetamol: uma avaliação especializada sobre a evolução ao longo do tempo entre sociedades científicas. Current Medical Research and Opinion, v. 38, n. 9, p. 1579-1585, 2022. Disponível em: doi.org/10.1080/03007995.2022.2076475.