ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: PROCESSO DE APRENDIZAGEM

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202503212247


Luzineide Rodrigues dos Santos Bastos
Ana Paula Pereira de Souza
Leila Rodrigues dos Santos
Luzia Rodrigues dos Santos Andrade
Naira Franciely Morais


RESUMO:

Ao tratar de assuntos referentes ao processo de alfabetização e letramento, percebe-se que são assuntos inseparáveis que precisam andar juntos. É importante que haja práticas de letramento o qual determina a ação educativa do uso de práticas sociais de leitura e escrita, possibilitando entender a importância e o dever em desenvolvê-las nos anos iniciais. Atualmente as crianças chegam à Escola com diversos tipos de conhecimentos, é fundamental que o professor faça uso da leitura e da escrita utilizando diversos tipos de textos, para que assim o aluno possa se relacionar com o mundo letrado no começo de sua alfabetização. Pensando nisso, o projeto de ensino em educação tem como tema alfabetização e letramento ligado para a linha de docência nos anos iniciais do ensino fundamental. A partir desse tema abordar suas definições, conceitos, significados e métodos de ensino nos anos iniciais. 

Palavras-chave: Alfabetização 1. Letramento 2. Anos iniciais 3. Práticas sociais de leitura 4. Aprendizagem 5.

ABSTRACT: 

When dealing with issues related to the literacy and literacy process, it is clear that these are inseparable issues that need to go hand in hand. It is important to have literacy practices that determine the educational action of using social reading and writing practices, making it possible to understand the importance and duty of developing them in the early years. Nowadays, children arrive at school with different types of knowledge. It is essential that the teacher uses reading and writing using different types of texts, so that the student can relate to the literate world at the beginning of their literacy. With this in mind, the teaching project in education has as its theme literacy and literacy linked to the teaching line in the early years of elementary school. Based on this theme, its definitions, concepts, meanings and teaching methods in the early years will be addressed.

Keywords: Literacy 1. Literacy 2. Early years 3. Social reading practices 4. Learning 5.

INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem como tema principal alfabetização e letramento para os anos iniciais do ensino fundamental, pois, percebe-se que a maioria das crianças passam para as etapas seguintes sem dominar bem o processo de leitura e escrita e mal interpretam e produzem pequenos textos. 

O desenvolvimento desse projeto aconteceu por meio de pesquisa bibliográfica, buscando o conceito e a importância da alfabetização e letramento para um ensino aprendizagem de qualidade e a compreensão da leitura e escrita como prática social.

Ao abordar questões relacionadas ao processo de alfabetização e letramento, entende-se que são processos inseparáveis que devem caminhar juntos. Acreditava-se que para ser alfabetizado, bastava conhecer o código linguístico, sabe-se que isso é fundamental mas não o suficiente para dominar o uso da linguagem escrita. 

A construção da linguagem escrita na criança faz parte de seu processo geral, se dá como um trabalho contínuo de elaboração cognitiva por meio de inserção no mundo da escrita pelas interações sociais e orais, considerando a significação que a escrita tem na sociedade. 

Sabemos que um dos maiores problemas do Brasil é a má qualidade na educação, e que uma boa educação começa nos anos iniciais com um ensino de qualidade. Porém, este processo na maioria das escolas brasileiras tem sido um fracasso e tem tido uma grande defasagem, afetando a aprendizagem das crianças que saem das séries iniciais do ensino fundamental. 

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO     

Por muito tempo o conceito de alfabetização ficou ligado a ideia de que para aprender ler bastava decodificar os sinais gráficos, transformando-os em sons, e para aprender a escrever bastava codificar os sons da fala transformando-os em sinais gráficos.

Este conceito teve muitas divergências a partir das pesquisas desenvolvidas na área da linguagem e na concepção de como construímos o conhecimento.

Desde a década de 80, muitos estudos provam que para a aprender a escrever não bastaria dominar a relação entre grafema e fonema (decodificação e a codificação), mas se definiria como um método ativo, por meio do qual, desde os primeiros contatos com a escrita, a criança construiria e reconstruiria suposições sobre a natureza e o desempenho da língua escrita como um sistema de representação. Segundo Apud Cagliari,

O processo de alfabetização inclui muitos fatores e, quanto mais ciente estiver o professor de como se dá o processo de aquisição do conhecimento, de como uma criança se situa em termos de desenvolvimento emocional, de como vem evoluindo o seu processo de interação social, da natureza da realidade linguística envolvida no momento em que está acontecendo a alfabetização, mais condições terá esse professor de encaminhar de forma agradável e produtiva o processo de aprendizagem, sem os sofrimentos habituais( CAGLIARI, 1998). 

O conceito de letramento se inicia e abrange a percepção de alfabetização, demonstrando não apenas a competência de ler e escrever (codificar e decodificar), mas também para os usos dessas práticas sociais em que a leitura e a escrita é fundamental. Segundo Magda Soares apud (1998)

Letramento é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita; é o estado ou condição que adquire um grupo social ou indivíduo como consequência de ter se apropriado da escrita e de suas práticas sociais (SOARES, 1998).

Esse processo se inicia quando a criança passa a ter contato com as diferentes demonstrações de escrita na sociedade (rótulos, placas, revistas, entre outros) e se estende por toda vida. Com grande oportunidade de participação nas práticas sociais que cercam a língua escrita (leitura e redação de cartas, de convites, de obras literárias, por exemplo).

Alfabetização e letramento são dois termos diferentes, cada um com suas particularidades. No entanto, ambos são inseparáveis quando tem como objetivo o desenvolvimento da linguagem oral e escrita.

De acordo com Magda Soares apud (1998), a entrada da criança no mundo da escrita, ocorre simultaneamente por esses dois processos “a alfabetização e desenvolve-se no contexto de e por meio da aprendizagem das relações fonema/grafema, isto é, em dependência da alfabetização”. Indispensáveis para se garantir a inserção e a participação efetiva nas sociedades letradas, a alfabetização e letramento são, portanto, processos diferentes mas complementares e inseparáveis.

Sabendo disso, é preciso aliar a alfabetização e o letramento garantindo às crianças a adaptação do sistema da escrita e o domínio das práticas sociais de leitura e escrita. Para isso é necessário o desafio de se alfabetizar letrando, ou seja, garantir que a criança tenha contato com vários tipos de texto, ao mesmo tempo que constrói a base alfabética.

Como a criança aprende

O aspecto mais importante a ser desenvolvido está associado ao seu caráter conceitual, ou seja, a criança irá construir, por si só, como sujeito ativo e pensante, o seu conhecimento sobre leitura e escrita.

Para desenvolver esse conhecimento não é fácil. Refere-se a uma aprendizagem complexa e individual, mas não única, porque requer, ao mesmo instante, troca de informações, estímulos e motivação.

Até conseguir determinar por completo a ligação entre a linguagem oral e escrita, a criança precisa de interagir intensamente com a leitura e a escrita, enquanto vai desenvolvendo seus conhecimentos sobre o que ler e escrever, apoiando-se nos modelos que a sociedade dispõe.

Ao se apropriar da linguagem oral e escrita a criança cria hipóteses e as relaciona com sua construção pessoal e a escrita alfabética que descobre no ambiente escolar e comunitário.

Para Vygotski a aprendizagem está relacionada ao desenvolvimento e só acontece quando o sujeito está envolvido num grupo ou meio cultural. A partir das experiências vivenciadas por cada indivíduo, o significado de uma palavra pode carregar sentidos diferentes a partir de uma situação que ela vivencia, a experiência individual é mais complexa do que a generalização que se apresenta nos signos.

Neste processo de alfabetização, o sujeito-alfabetizando precisa ser permeado por situações de conflitos singulares que para uns poderá ser essencial, enquanto outros o consideram desnecessário, pois não há uma linearidade e uma uniformidade nas vivências e na identidade de cada sujeito.

A estas inquietações podemos agregar os estudos da Psicogênese da Língua Escrita de Emília Ferreiro (1985), que vieram estabelecer níveis progressivos para o desenvolvimento da escrita e que ajudam a melhor identificar a etapa vivenciada por cada sujeito em determinado espaço de tempo. O professor que reconhece estes estudos bem como, se apropriou de forma reflexiva do seu processo de alfabetização vivido enquanto aluno, pode melhor acompanhar os estágios e as individualidades de seus alunos, pelo fato de ver em seus educandos a sua experiência replicando-se. Essa situação de atualização de experiências vividas é explicada pela Psicologia, que menciona o fato do sujeito comumente poder transferir para uma situação ativa o que viveu em situação passiva, de modo que boas experiências de aprendizagem revertem numa possível relação amistosa para o aprender, e seu inverso também.   

O processo de alfabetização depende também das experiências prévias de cada alfabetizando, que acontecem antes mesmo da educação escolar, através das atividades não-formais que as crianças vivenciam e, assim, podem criar estratégias para tentar identificar, interpretar o que está no texto codificado pelas letras. Verificamos que as crianças quando estão mediante um texto, elaboram hipóteses e tem critérios investigativos, para descobrir e desvendar as informações que os jornais, os livros, as revistas, os outdoors, as placas, os rótulos comportam. Utilizam informações prévias como: tipo e tamanho de letra, se é colorida ou discreta, retiram indícios das gravuras que o texto traz e, assim, elaborando uma possível representação da mensagem. Todo este repertório de investigação está num processo mental reflexivo elaborado desde as primeiras noções que podem construir em torno da leitura, esse conjunto é o que constitui o contexto do universo de letramento, numa mútua implicação com a alfabetização.

Utilizamos a concepção teórica de Soares, para identificar as características do ato de ler:

Dessa forma, ler entende-se desde a habilidade de simplesmente traduzir em sons sílabas isoladas, até habilidades de pensamento cognitivo e meta-cognitivo; inclui, entre outras habilidades, a habilidade de decodificar símbolos escritos; a habilidade de captar o sentido de um texto escrito; a capacidade de interpretar sequência de ideias ou acontecimentos, analogias, comparações, linguagem figurada e relações complexas, anáforas; e ainda habilidade de fazer predições iniciais sobre o significado do texto, de construir o significado combinando conhecimentos prévios com informações do texto, de controlar a compreensão e modificar as predições iniciais, quando necessário, de refletir sobre a importância do que foi lido, tirando conclusões e fazendo avaliações. (2004, p.31).

Da mesma forma, ao escrever percorremos o caminho das predições, de interpretar e combinar significados, na tentativa de decifrar e se apropriar deste código escrito, o mais semelhante possível ao modelo convencional. É importante que estes passos iniciais ocorram com situações significativas, a exemplo da escrita do seu nome próprio e de seus familiares, amigos e colegas, palavras e textos de seu interesse. Utilizando a abordagem teórica de Ferreiro, descrita por Kato, encontramos quatro diferentes níveis de escrita.

 No nível Pré Silábico a escrita não apresenta nenhuma correspondência sonora, isto é, que não fazem correspondência entre grafia e som. […] No nível Silábico, a criança procura efetuar correspondência entre grafia e sílaba, geralmente uma grafia para cada sílaba, o que não exclui alguns casos problemáticos derivados de exigências de quantidade mínima de letras. […] No nível Silábico-Alfabético a sistematicidade da tarefa executada pela criança se dá no sentido de que cada grafia corresponde a um som. […] No nível Alfabético, a escrita é organizada com base na correspondência entre grafias e fonemas. (FERREIRO, apud KATO, 1994, p. 55).

Na passagem de um nível de entendimento para outro superior está a essência da aprendizagem que, acompanhada pela reconstrução de novas estruturas, novas hipóteses e esquemas de compreensão fazem do aprender um processo contínuo, infindo em suas possibilidades, até mesmo, no processo de alfabetizar-se permanentemente em outros/novos textos e contextos. 

É indispensável que a partir desta concepção suponhamos que quanto maiores as vivências e mais qualitativas forem as interações com materiais escritos – o que compreende a construção de um mundo letrado de significado – maior facilidade terá a criança para compreender a alfabetização. Como também, se para a família a leitura e a escrita são atividades cotidianas, maior desejo terá a criança de construir este processo para compartilhar deste conhecimento comum na família. Caso contrário, a alfabetização poderá ser um processo lento, difícil que envolverá até “sofrimento” para reconhecer o valor e a função da leitura e da escrita como formas prazerosas de comunicação.

Conforme Freire e Macedo, “alfabetização significa adquirir língua escrita através de um processo de construção do conhecimento, dentro de um contexto discursivo de interlocuções e interação, com uma visão crítica da realidade”. (1990, p. 17).

É importante valorizar o envolvimento que o aluno deseja de aprender dá ao processo de conhecimento, feito pela escolarização. Porque, ao reconhecer a alfabetização como processo que lhe permite autonomia no ser, fazer, conhecer e conviver, fica a possibilidade de associar-se à descoberta do prazer em aprender. Se o sujeito escolar aprender a conhecer, conseguirá de modo autônomo, aprender a aprender. Quando conseguir aprender a fazer, terá uma competência em experiências práticas.

Ferreiro apud aborda que “aprender a ler e a escrever, em uma sociedade letrada, tem o significado de apropriação de poder, de um instrumento que permite participar na sociedade como um cidadão pleno, e não como cidadão pela metade”. (1990, p. 69).

 Este pensamento enfatiza o processo de autoria e de identidade que a alfabetização traz, que se opõem ao preconceito com os analfabetos, de serem sujeitos constituídos como sem identidade, “sem plenitude”, tidos como submissos, incapazes, à mercê da sociedade, sem condições de participar desta conquista comunicativa.

De acordo com a concepção de Teberosky e Cardoso, “criar situações de aprendizagem significativas, partindo do nível conceitual real de cada criança, de seus conhecimentos, com o objetivo de que seja a própria criança quem elabore e desenvolva seu projeto, quem planifique e regule sua atividade”. (1993, p. 234).  

De acordo com Bizotto et al cada alfabetizando torna-se protagonista de sua construção, mas ao alfabetizador é dado o papel não de simples coadjuvante, porém de alguém que deve possuir competência para cumprir a tarefa de planejar, inventar situações e atividades a fim de que haja aprendizagem.  

Para melhor entender como acontece o desenvolvimento do conhecimento da leitura e da escrita o professor deve colocar-se no lugar do aluno para compreender como e porque ele pensa e faz sua escrita, procurando saber o que é fundamental e o que é irrelevante na leitura, para decidir o que deve ser central no seu trabalho pedagógico.

E a partir dessa interação o papel do professor se sobressai como mediador entre o aluno e o texto (objeto do conhecimento). Nessa mediação, o educador deixa de ser o único detentor e transmissor do conhecimento. Seu planejamento é feito para beneficiar a ação do aluno sobre o texto.

O professor necessita conhecer as teorias e propiciar uma contínua ligação entre conhecimento teórico e práticas pedagógicas. Nesta prática o professor precisa compreender o conteúdo teórico, o que abrange, além do conhecimento da psicogênese da leitura e da escrita e suas ligações com outras ciências, um conhecimento de língua portuguesa. 

O professor mediador tem consciência que seu papel não é apenas passar atividades e corrigi-las, mas também observar o desenvolvimento das crianças em assimilar ou não uma informação, ou de entender a correção de um erro, para então saber o momento certo de intervir no processo através de uma problematização.

Esta mediação exige um profissional seguro de suas ações, e capaz de orientar os alunos a descobrir suas próprias conquistas e desenvolver sua autonomia. Assim a criança desenvolve sua autoconfiança e aprende através de suas próprias ideias e construções.

Para a criança desenvolver sua aprendizagem de língua escrita, é necessário que o professor trabalhe com objetos significativos, pois, contribui para a alfabetização de qualidade. A partir do momento que a criança percebe que os textos estão ligados com suas vivências, seu interesse é estimulado e passa a ter a compreensão da importância da língua escrita na sua vida. O espaço oferecido pelo professor também deve propiciar o interesse do aluno para que assim ocorra a aprendizagem.

A aprendizagem da língua escrita, não é apenas um processo em que as crianças irão passar.

“Aprender a ler como se a leitura fosse um ato mecânico, separado da compreensão, é um desastre que acontece todos os dias. Estudar palavras soltas, sílabas isoladas, ler textos idiotas e repetir sem fim exercícios de cópia, resulta em desinteresse e rejeição em relação à escrita.” Apud (Carvalho,2002).

Para se conceituar leitura e escrita, pode-se dizer de forma sintética, que ler é conceituar um texto e interpretar a ideia escrita, e escrever é ter contato com o texto, é produzir uma ideia com conceitos e definições. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais,

Um leitor competente só pode constituir-se mediante uma prática constante de leitura de textos de fato, a partir de um trabalho que deve se organizar em torno da diversidade de textos que circulam socialmente. Esse trabalho pode envolver todos os alunos, inclusive aqueles que ainda não sabem ler convencionalmente (Apud, PCN- LP, 1997, P.54).

 Conhecer as letras e combiná-las não significa, saber ler, embora essas práticas são fundamentais na leitura e escrita.

O aluno pode reproduzir as conhecidas famílias silábicas, e mesmo assim, não saber ler, se não compreender o significado de um texto. Pode até copiar um texto sem erros ortográficos e não saber o que escreveu. Por outro lado, a criança pode ler a mensagem de vários textos interpretando-as, sem saber os códigos e as normas de escrita. Um exemplo é quando a criança vai ao supermercado e se depara com um produto de seu cotidiano e sabe dizer o que está escrito como o nome de um chocolate, de um refrigerante, quanto custa, onde comprar, se conhece a cor, o sabor etc.

É preciso entender e colocar em prática este processo, levando aos nossos alunos, leituras interessantes que produzam uma identificação com a vivência diária de cada um.

A leitura não pode ser vista unicamente limitada à transmissão de conteúdos em sala de aula, mas também visa formar o hábito como aquisição de conhecimentos constantes para a vida. É interessante que a leitura seja aplicada com encantamento. Sendo assim a criança vai buscar aprender e compreender mais e mais. Desta forma, este artigo visa contribuir com um estudo dirigido a profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem, principalmente os professores alfabetizadores, sobre a importância e construção da leitura e escrita na alfabetização.

Como a capacidade de compreensão não vem automaticamente, nem está plenamente desenvolvida, ela precisa ser exercitada e ampliada em diversas atividades, que podem ser realizadas antes que a criança tenha aprendido a decodificar o sistema de escrita.

 Os professores contribuem para o desenvolvimento dessa capacidade, quando buscam formas interessantes de ensinar aos alunos, sendo mediador do conhecimento, motivando-os cada vez mais a aprenderem. A mediação do professor é muito importante, pois favorece a compreensão das crianças. E para que esta compreensão aconteça, ele precisa oferecer tarefas prazerosas e proporcionar aos alunos a familiaridade com diversos gêneros textuais em que elas irão analisar, comparar, interpretar, sistematizar e consequentemente o aprendizado se dará de forma reflexiva.

O domínio da escrita como o da leitura abrange capacidades que são adquiridas no processo de alfabetização, incluindo desde as primeiras formas de registro alfabético até a produção autônoma de textos.

No processo de construção da aprendizagem da leitura e escrita as crianças cometem “erros”. Os erros nessa perspectiva, não são vistos como faltas ou equívocos, eles são esperados, pois se referem a um momento evolutivo no processo de aprendizagem.

Eles têm um importante papel no processo de ensino, porque informam o adulto sobre o modo próprio das crianças pensarem naquele momento. E escrever, mesmo com “erros”, permite às crianças avançarem, uma vez que só escrevendo é possível enfrentar certas contradições e com as intervenções feitas pelo professor, irá superá-las.

É importante no momento de construção da aprendizagem da criança que o ambiente sala de aula, seja atrativo e equipado de tal forma que sejam interessantes para as crianças, ativando o desejo de produzir e o prazer de estarem ali. O professor por sua vez, deverá atuar como mediador, e ser antes de tudo um leitor. Precisa ler para os alunos, ler com eles e saber ouvir com entusiasmo as leituras dos textos que eles próprios produzem e escolhem para ler.

No início da vida escolar, para que as crianças aprendam a ler e a escrever com melhor qualidade é preciso que tenham acesso a diversificados e bons modelos de leitura, observando e utilizando a escrita em diferentes contextos, com efeito, é possível afirmar que é preciso oferecer inúmeras oportunidades para que, as crianças sintam-se motivadas através da leitura e dessa maneira as diferentes formas de escrita acontecem com mais autonomia.

 Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais Apud(1997):

 O domínio da língua escrita é fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento. Por isso, ao ensiná-la, a escola tem a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos, necessários para o exercício da cidadania, direito imaleável de todos. (p. 24)

Escrever é comunicar-se com quem tem o que dizer, é um objeto que pretende alcançar através da interlocução. Embora tenha surgido das várias necessidades de comunicação, de registro e de preservação da memória, isto é, de uma necessidade sócio histórica emergente, a escrita evoluiu conforme as exigências postas pela sociedade. 

Para aprender a redigir textos, refletir sobre eles, refletir a escrita convencional, não basta memorizar definições e sequência de passos a serem desenvolvidos. É preciso exercitar essas atividades com frequência, para poder realizá-las com habilidade, com desenvoltura. Baseando na teoria de Cagliari verifica-se que:

 A presença do interlocutor no momento da fala e a inserção de falante e ouvinte em uma mesma situação comunicativa fazem com que a fala seja contextualizada pela própria situação de comunicação e pelas circunstâncias externas, presentes nessa situação. A escrita, ao contrário, geralmente tem que ser contextualizada pelo próprio discurso (l997, p. 23). 

Para Cagliari, quando a escola apresenta a escrita como um objeto estável, imutável, ela propõe à criança palavras para ler e para copiar destituída de significados, que constituem uma afronta à inteligência infantil ocultando a escrita como poderoso instrumento nas ações sociais.

 A escola transformou a escrita em um objeto exclusivamente escolar, descaracterizando sua função social, ofuscando ao mesmo tempo suas funções extraescolares, especificamente, àquelas que deram origem à criação das representações escritas historicamente. Ainda Cagliari (1997) afirma que, no momento do ingresso na escola, a única experiência linguística dos alunos diz respeito à modalidade oral, muito dos problemas apresentados, no momento da produção de textos escritos, podem ser compreendidos quando se tem em mente que muitas vezes, o aluno tenta transpor para a modalidade escrita as suas reflexões acerca da modalidade oral e de suas experiências com a fala.

 A autora acredita ainda que, para analisar os textos produzidos pelos alunos alfabetizados são necessários conhecimentos a respeito dos usos e da estrutura da linguagem oral, bem como da variação linguística, para tentar chegar a uma compreensão da reflexão feita por eles. Além disso, é preciso ter sempre em mente as diferenças entre as modalidades faladas e escritas, procurando levar em consideração a experiência anterior da criança, uma vez que, muitas vezes, em um país de desigualdades como o nosso, o contato com a escrita é estabelecido apenas depois que a criança ingressa na escola.

Em outras palavras, a função primária da linguagem muda à medida que aumenta a experiência educacional. Nesse sentido, a alfabetização – tomada como processo de apropriação da língua escrita – assume, na escolarização, um papel fundamental ao instrumentalizar o aluno para a inserção na cultura letrada, cria as condições de possibilidades de operação mental capaz da apreensão dos conceitos mais elaborados e complexos que vem resultando do desenvolvimento das formas sociais de produção. Assim, apreender a língua escrita é mais que aprender um instrumento de comunicação, é, sobretudo, construir estruturas de pensamento capaz de abstrações mais elaboradas. A conquista da escrita alfabética não garante ao aluno a possibilidade de compreender e produzir textos em linguagem escrita. Essa aprendizagem exige um trabalho pedagógico sistemático. Quando são lidas histórias ou notícias de jornal para crianças que ainda não sabem ler e escrever convencionalmente, ensina-se a elas como são organizados, na escrita, esses dois gêneros: desde o vocabulário adequado a cada um, até os recursos coesivos que lhes são característicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.  

Este trabalho é um conjunto de ideias que pretendeu mostrar os conceitos de alfabetização e letramento como elementos de formação da escrita.

Através das pesquisas realizadas percebeu-se que o processo de alfabetização passou por transformações ao longo de sua história, indo de um modelo tradicional de alfabetização até o modelo construtivista atualmente aplicado nas escolas.

Ao ler podemos interagir e desfrutar com criticidade do pensamento dos outros, enquanto que, ao escrever, podemos comunicar com autonomia e criatividade o próprio conhecimento, exercendo a habilidade do letramento e sua função social.

Por tudo isso, é indispensável que se alfabetize letrando, ou seja, reconstruir a leitura e a escrita a partir do mundo vivenciado, criando um agradável vínculo através de práticas reais, contextualizadas e significativas. Acreditando que todos têm possibilidades de aprimoramento e dependemos uns dos outros para nos constituirmos em uma sociedade melhor.

O estudo proporcionou a percepção de que a aprendizagem da leitura e da escrita deve ser atrelada aos contextos de letramento, percebemos a importância do educador relacionar o contexto social e o cotidiano escolar de modo a levar o aluno a refletir sobre a escrita.

Observa-se ainda que, conceito de letramento surge após a constatação pelo censo, do alto índice de pessoas “alfabetizadas”, mas que não conseguiam sequer compreender o que liam. Assim nota-se que o letramento é capacidade de ler, escrever e fazer uso desses conhecimentos em situações cotidianas.

Assim, infere-se que alfabetização e letramento são processos que se diferem muito devido às necessidades e exigências contidas em cada um deles, ser alfabetizado não significa que o indivíduo também é letrado e vice-versa, pois um indivíduo alfabetizado e letrado é aquele que além de conhecer, compreender as letras e as práticas da leitura e escrita é capaz ainda de desenvolver novas formas de compreensão e desenvolvimentos das práticas para que atenda às condições e requisitos que lhes são solicitados na sociedade em a qual convive.

No processo de alfabetização e letramento através de leitura e escrita significativa para o aluno, o educador exerce papel de fundamental importância, pois cabe a ele a adoção de métodos que proporcionem a melhor assimilação

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