A URGÊNCIA DE UM NOVO OLHAR: A IMPLANTAÇÃO DE AGENTES ESPECIALIZADOS COMO ESTRATÉGIA DE APOIO PSICOSSOCIAL E PEDAGÓGICO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO DISTRITO FEDERAL

THE URGENCY OF A NEW PERSPECTIVE: THE IMPLEMENTATION OF SPECIALIZED AGENTS AS A PSYCHOSOCIAL AND PEDAGOGICAL SUPPORT STRATEGY IN PUBLIC SCHOOLS IN THE FEDERAL DISTRICT

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202508312137


Reinaldo Tavares Da Silva


Resumo 

A realidade das escolas públicas do Distrito Federal (DF) reflete desafios complexos  que transcendem a esfera pedagógica, abarcando questões psicossociais, de  violência, inclusão e evasão escolar. Docentes, sobrecarregados, nem sempre  dispõem de recursos para lidar com essa multidimensionalidade. Este artigo propõe e  fundamenta a necessidade crítica de criação de um cargo de Agente de prevenção e  mediação de conflitos escolares (homens e mulheres) com treinamento específico,  atuando como agente de apoio direto à gestão escolar, aos professores e aos alunos.  Através de uma metodologia baseada em revisão bibliográfica, análise de dados  educacionais do DF e estudo de casos de sucesso de outras localidades, argumenta se que essa figura profissional pode ser um pilar para a melhoria do clima escolar, a  mediação de conflitos, o acompanhamento individualizado de alunos em situação de  vulnerabilidade e a implementação efetiva de políticas de inclusão. Conclui-se que a  medida não é um custo, mas um investimento estratégico para a qualidade da  educação básica no DF. 

Palavras-chave: Agente Escolar, Formação de Profissionais da Educação, Apoio  Psicossocial, Gestão Escolar, Distrito Federal, Educação Básica. 

Abstract 

The reality of public schools in the Federal District (DF) reflects complex challenges  that transcend the pedagogical sphere, encompassing psychosocial issues, violence,  inclusion, and school dropout. Overworked teachers do not always have the resources  to address this multidimensionality. This article proposes and supports the critical need  to create a position for a School Conflict Prevention and Mediation Agent (male and  female) with specific training, acting as a direct support agent for school administration,  teachers, and students. Using a methodology based on a literature review, analysis of  educational data from the Federal District, and study of successful cases from other locations, it is argued that this professional role can be a pillar for improving the school  climate, conflict mediation, individualized monitoring of vulnerable students, and the  effective implementation of inclusion policies. It is concluded that this measure is not a  cost, but a strategic investment in the quality of basic education in the Federal District. 

Keywords: School Agent, Training of Education Professionals, Psychosocial Support,  School Management, Federal District, Basic Education. 

Resumen 

La realidad de las escuelas públicas del Distrito Federal (DF) refleja desafíos  complejos que trascienden el ámbito pedagógico y abarcan cuestiones psicosociales,  violencia, inclusión y deserción escolar. El profesorado, con sobrecarga de trabajo, no  siempre cuenta con los recursos para abordar esta multidimensionalidad. Este artículo  propone y defiende la urgente necesidad de crear un/a Agente de Prevención y  Mediación de Conflictos Escolares (hombre y mujer) con formación específica, que  actúe como agente de apoyo directo para la administración escolar, el profesorado y  el alumnado. Mediante una metodología basada en la revisión bibliográfica, el análisis  de datos educativos del Distrito Federal y el estudio de casos de éxito en otras  localidades, se argumenta que este rol profesional puede ser un pilar para la mejora  del clima escolar, la mediación de conflictos, el seguimiento individualizado del  alumnado vulnerable y la implementación efectiva de políticas de inclusión. Se  concluye que esta medida no representa un costo, sino una inversión estratégica en  la calidad de la educación básica en el Distrito Federal. 

Palabras clave: Agente Escolar, Formación de Profesionales de la Educación, Apoyo  Psicosocial, Gestión Escolar, Educación Básica. 

1. INTRODUÇÃO 

A educação pública no DF, apesar de possuir indicadores em alguns aspectos acima  da média nacional, enfrenta graves problemas intraescolares de violência, evasão,  déficit de aprendizagem e altos índices de estresse e adoecimento docente. A gestão  dessas complexidades recai, majoritariamente, sobre os gestores escolares, professores, orientadores e coordenadores pedagógicos, cuja formação inicial é  focada no domínio de conteúdo e metodologias de ensino, não em mediação de  conflitos ou suporte psicossocial. Essa afirmação de que a gestão das complexidades  escolares aponta para uma das disfunções centrais do sistema educacional  contemporâneo. Esta sobrecarga não é apenas quantitativa (mais trabalho), mas  qualitativa (um tipo de trabalho para o qual não foram preparados), gerando um déficit  de competência e um elevado custo humano e institucional. A Lacuna entre o Ideal e  o Real advém da formação inicial em licenciaturas que é historicamente centrada na  aquisição de conhecimento disciplinar (Matemática, História, Língua Portuguesa) e  em metodologias de ensino para transmiti-lo. O como ensinar é privilegiado em  detrimento do como gerenciar o ambiente escolar dinâmico onde se ensina e se  aprende, sempre uma via de mão dupla. As competências socioemocionais são anexas. Os tópicos como mediação de conflitos, inteligência emocional, identificação  de traumas ou dinâmicas de grupo são, quando muito, disciplinas eletivas ou tópicos superficiais em currículos já saturados. Não são tratadas como competências  nucleares para a sobrevivência e eficácia na profissão. O professor entra na sala de  aula equipado para lecionar sobre equações de segundo grau ou realismo português,  mas despreparado para mediar um conflito entre alunos que eclode durante a aula. 

Não consegue identificar os sinais de depressão em um adolescente quieto no fundo  da sala, em meio a outros cinquenta e quatro barulhentos e ativos, ainda gerir sua  própria frustração e estresse perante a indisciplina. Comunicar-se de forma não violenta com um pai agressivo, pois os empréstimos bancários lhes dão munição como  um combatente em guerra. 

2. REFERENCIAL TEÓRICO 

As escolas da rede pública do DF podem construir um ambiente mais seguro,  acolhedor e propício à aprendizagem diante de desafios que exigem intervenções  especializadas que vão além da sala de aula. 

A implantação de agentes especializados, com um perfil definido e  treinamento adequado, atuando em parceria com os gestores e o corpo docente, pode  ser uma estratégia eficaz para prevenir conflitos, oferecer suporte individualizado aos  alunos e liberar os professores para ficarem em sua atividade-fim, ensinar. 

A educação na contemporaneidade é convocada a assumir um papel que  ultrapassa a transmissão de conteúdos curriculares. Libâneo (2013) já apontava para  a função sociopedagógica da escola, que deve estar articulada com as reais  necessidades da comunidade onde está inserida. Esta perspectiva é reforçada por  autores como Charlot (2020), para quem a relação com o saber é profundamente  marcada pela história de vida e pelas condições sociais do estudante. 

O conceito de Aproximação utilizado no tema remete à necessidade de criar  vínculos e diminuir distâncias. Nesse sentido, a atuação do AEAPP alinha-se às  premissas da Psicologia Escolar crítica, que propõe uma atuação não apenas  remediativa, mas sobretudo preventiva e de promoção de saúde, intervindo nos  contextos e relações (MARINHO-ARAUJO; ALMEIDA, 2018). 

A base legal para tal iniciativa encontra respaldo no Estatuto da Criança e do  Adolescente (ECA), que garante o direito à educação, cultura, esporte e lazer  (BRASIL, 1990), e nas Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos  (BRASIL, 2012), que enfatizam a formação para a cidadania e o respeito à dignidade  humana. A implantação de tais agentes configura-se, portanto, não como um favor,  mas como uma estratégia fundamental para a efetivação de direitos. 

3. REVISÃO DA LITERATURA 

a) A Crise na Escola Contemporânea: Discussão sobre como a escola se tornou um  palco de conflitos sociais (DAYRELL, 2007; ABRAMOVAY, 2003). 

b) Síndrome de Burnout em Professores: Como a sobrecarga de funções não pedagógicas contribui para o adoecimento docente (CARLOTTO, 2011). 

c) Mediação de Conflitos e Justiça Restaurativa: Fundamentos teóricos e práticos que  embasariam a atuação do agente (ZARIFIAN, 2001).

d) Experiências Bem-Sucedidas: Análise de casos como os Agentes de Proteção em  alguns estados ou os Mediadores Escolares em programas municipais, destacando  seus acertos e limitações. 

4. METODOLOGIA 

Este artigo utilizará uma abordagem qualitativa-exploratória e propositiva,  baseada em revisão Bibliográfica Sistemática nas áreas de educação, legislação  federal e local (GDF) e gestão pública. 

Esta revisão sistemática da literatura tem como objetivo sintetizar as  evidências científicas mais recentes (publicadas entre 2019-2024) sobre os desafios  da gestão escolar contemporânea e a eficácia de intervenções realizadas por  profissionais de apoio não-docentes, com foco em mediação de conflitos e suporte  psicossocial. A análise concentra-se em identificar evidências que fundamentam a  proposta de implantação de Agentes de Mediação Escolar na rede pública do Distrito  Federal. 

Análise Documental – dados da Secretaria de Educação do DF (SEEDF) sobre  índices de violência, evasão e aprovação; e de projetos de lei relacionados. Pesquisa  e análise crítica de documentos oficiais do âmbito federal e distrital, incluindo a  Constituição Federal, a LDB, o Plano Nacional de Educação (PNE), o Plano Distrital  de Educação (PDE), o Estatuto dos Profissionais da Educação do DF e o Regimento  Escolar da SEEDF. 

É importante identificar, na legislação e documentação vigente, os dispositivos  que fundamentam, permitem ou exigem a criação de uma figura profissional dedicada  à mediação de conflitos e apoio psicossocial nas escolas públicas do Distrito Federal. 

5. Análise da Legislação Federal (Base Nacional) 

a) Constituição Federal de 1988 (CF/88) 

Art. 206, VI – Estabelece a gestão democrática do ensino público como  princípio da educação. A mediação de conflitos é um instrumento fundamental para  efetivar a democracia participativa no ambiente escolar, indo além da simples eleição  de diretores. 

Art. 227 – Dispõe que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar  à criança e ao adolescente (…) o direito à dignidade, ao respeito e colocá-los a salvo  de toda forma de negligência e violência. A escola, como parte do Estado, tem o dever  de criar mecanismos para garantir esse direito, o que justifica a figura de um agente  protetivo. 

b) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/1996) 

Art. 12, VI – As escolas têm incumbência de articular-se com as famílias e a  comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola. O Agente  de Mediação atuaria como um elo formal e qualificado para essa articulação. 

Art. 13, VI – Atribui aos docentes a incumbência de colaborar com as  atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. A existência de um profissional de apoio específico para essa função é a materialização dessa  colaboração, aliviando a carga horária do professor. 

c) Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069/1990) 

Art. 53 – Garante o direito da criança e do adolescente à educação, visando  ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e  qualificação para o trabalho. Um ambiente escolar conflituoso e sem suporte viola  esse direito. O agente atua para garantir o pleno desenvolvimento. 

Art. 56 – Determina que os dirigentes de estabelecimentos de ensino  fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de (…) reiteração de faltas  injustificadas e de evasão escolar. O Agente de Mediação seria o profissional ideal  para identificar e fazer o primeiro acompanhamento desses casos, servindo como um  filtro qualificado antes da comunicação ao Conselho. 

d) Plano Nacional de Educação (PNE – Lei nº 13.005/2014) 

Estratégia 2.13 – Prevê a implantação de políticas de prevenção à evasão  motivada por preconceito ou violência, com ações como mediação de conflitos. Estratégia 3.6 – Propõe a formação inicial e continuada dos profissionais da  educação, incluindo capacitação em gestão de conflitos. A criação do cargo é a  contrapartida prática para que essa formação não recaia apenas sobre o professor. 

6. Análise da Legislação e Documentos Distritais (Arcabouço Local)

a) Plano Distrital de Educação (PDE – Lei Distrital nº 5.499/2015) 

Meta 6 – Oferecer educação em tempo integral. A presença de um Agente de  Mediação é ainda mais crucial em tempo integral, dada a maior convivência e  potencial de conflitos. 

Estratégia 3.12 – Prever a formação dos profissionais da educação em  mediação de conflitos. Novamente, a criação do cargo especializado operacionaliza  esta previsão. 

Estratégia 6.8 – Determina a implantação de programas de educação para a  paz e de práticas restaurativas nas escolas. Esta é talvez a mais forte e direta  fundamentação legal distrital para a proposta. O Agente de Mediação seria o executor  principal desta estratégia. 

b) Lei Complementar Distrital nº 840/2011 (Estatuto dos Profissionais da  Educação do DF) 

Art. 2º: – Define os profissionais da educação, listando cargos. A lista não é  exaustiva (entre outros), permitindo a criação de novos cargos. 

Art. 10, § 4º – Prevê a criação de planos de carreira que considerem a  introdução de novas habilitações. A mediação escolar pode ser considerada uma nova  habilitação demandada pelo sistema. 

O Estatuto atual não prevê expressamente um cargo com as atribuições  propostas. Portanto, a implantação exigiria a criação de um novo cargo na carreira  (via projeto de lei), como “Agente Educacional, com a definição de novas atribuições  e uma formação específica, por meio de portaria ou decreto da SEEDF. ou a requalificação de um cargo existente como o de monitor. O cargo de Monitor não  foi criado por uma portaria isolada, mas, sim, por um conjunto de atos legais, sendo o  principal deles a Lei Distrital nº 6.408/2020. Ele representa a principal face do  Programa Jovem Candango e foi uma das maiores contratações de estagiários para  a educação pública em um curto período no país. 

c) Regimento Escolar das Instituições Educacionais da Rede Pública de  Ensino do DF 

Este documento, embora importante para o funcionamento diário, é infralegal.  Ele define normas com base nas leis maiores (LDB, ECA, PDE). 

Uma vez criado o cargo ou definidas as atribuições por lei ou portaria, o  Regimento Escolar deverá ser alterado para incluir formalmente o Agente de  Mediação em sua estrutura organizacional, definindo seu papel nos Conselhos de  Classe e nas comissões de ética e convivência. 

Há amplo e sólido fundamento legal para a proposta, especialmente no Plano  Distrital de Educação (Estratégia 6.8), que explicitamente ordena a implantação de  práticas restaurativas. 

Não há qualquer impedimento legal. Pelo contrário, a Constituição, a LDB e o  ECA criam um dever do Estado de proporcionar um ambiente educacional seguro,  democrático e digno. 

O principal óbice não é legal, mas político-administrativo e orçamentário. A  vontade política de priorizar a medida e alocar recursos para a criação de concursos  e programas de formação é o fator decisivo. 

O caminho mais robusto é a apresentação de um Projeto de Lei na CLDF  criando o cargo de Agente de Mediação e Apoio Psicossocial ou similar, vinculado  diretamente ao cumprimento das metas do Plano Distrital de Educação. Isso daria  permanência e estabilidade à política. 

7. SÍNTESE DAS REVISÕES 

7.1 A revisão identificou consistente evidência sobre: 

a) A sobrecarga docente decorrente da gestão de conflitos escolares

b) A eficácia de programas de mediação na redução da violência escolar

c) A melhoria do clima escolar através da atuação de profissionais especializados O impacto positivo no desempenho acadêmico através da redução de suspensões 

7.2 As evidências científicas reforçam a urgência da implantação de Agentes de  Mediação Escolar como medida efetiva para: 

a) reduzir a sobrecarga docente 

b) melhorar o clima escolar 

c) prevenir a violência 

d) potencializar o aprendizado

Esta revisão sistemática confirma que a proposta de criação de Agentes de  Mediação Escolar no DF está alinhada com as melhores evidências científicas  internacionais e nacionais, representando uma intervenção baseada em evidências  para os desafios educacionais contemporâneos. 

7.3 Sobrecarga Docente e Saúde Mental 

– CARLOTTO et al. (2021) identificou que 68% dos professores brasileiros  apresentavam sintomas de Burnout, sendo a “sobrecarga emocional” o principal fator  associado ao adoecimento profissional. 

– SANTOS et al. (2023) demonstrou que professores gastam em média 34%  do tempo em aula gerenciando conflitos entre alunos, reduzindo significativamente o  tempo dedicado ao conteúdo pedagógico. 

– WILLIAMS et al. (2023) mostrou que a falta de suporte especializado para  questões socioemocionais contribui para a rotatividade docente em escolas públicas  americanas. 

7.4 Eficácia das Intervenções de Mediação 

– GONZATTI & SCHWONKE (2022) documentou uma redução de 40% nas  suspensões por violência em escolas brasileiras que implementaram programas de  justiça restaurativa. 

– VIVOLO et al. (2021) constatou, através de meta-análise, que a presença de  profissionais não-docentes especializados em mediação melhorou significativamente  o clima escolar em 78% dos casos estudados. 

– O estudo de Oakland (EUA) mostrou que escolas com coordenadores de  justiça restaurativa tiveram redução de 50% nas suspensões entre 2011-2014. 

7.5 Impacto no Desempenho Acadêmico 

a) LACOE & STEINBERG (2020) evidenciou que a redução de suspensões  através de métodos restaurativos correlacionou-se com aumento de 15% no  desempenho em testes padronizados. 

b) Estudos finlandeses demonstraram que o modelo de equipes  multiprofissionais está associado à redução da evasão escolar e melhoria nos  indicadores de aprendizado. 

8. Estudos de Casos 

8.1 Nacional – Mediadores Escolares – Rio de Janeiro/RJ 

Breve análise de modelos análogos implementados em outras redes de  ensino (ex.: Programa de Mediadores Escolares no Rio de Janeiro). Existem diversos estudos de caso nacionais e internacionais que demonstram  o sucesso da implementação de figuras semelhantes ao “Agente de Mediação” ou  “Monitor Especializado” em escolas. Essas experiências servem como forte evidência  para embasar a proposta para o DF. 

Programa implementado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de  Janeiro em 2013, inicialmente em 155 escolas.

Profissionais com perfil específico (formação em áreas humanas,  preferencialmente), treinados em mediação de conflitos, justiça restaurativa e  primeiros socorros. Sua função era atuar nos espaços de convívio (pátios, corredores,  refeitórios) para prevenir e mediar conflitos, melhorando o clima escolar. 

Resultados e Evidências de Sucesso: 

a) Queda na Violência: Um estudo publicado na Revista Ensaio: Avaliação e  Políticas Públicas em Educação (Silva & Cury, 2017) apontou que as escolas com  mediadores registraram uma redução de até 22% nas ocorrências de conflitos  violentos comparadas às que não tinham o programa. 

b) Melhoria do Clima Escolar: Pesquisas qualitativas relataram que alunos e  professores se sentiam mais seguros e acolhidos. Os mediadores tornaram-se  referência para os estudantes, que passaram a levar pequenos conflitos a eles antes  que escalassem. 

c) Alívio da Pressão Docente: Professores relataram poder focar mais no  conteúdo pedagógico, já que a mediação de brigas e desentendimentos era feita pelo  mediador. 

d) Desafios – A continuidade do programa enfrentou oscilações com mudanças  de gestão política, um desafio comum a políticas públicas inovadoras. 

8.2 Estudo de Caso Internacional: Restorative Practices – Oakland Unified  School District (Califórnia, EUA) 

O Programa Oakland Unified School District (OUSD) implementou um  abrangente programa de Práticas Restaurativas (Restorative Justice – RJ) para  substituir políticas de tolerância zero (suspensões e expulsões). 

a) Definição 

Envolve a contratação e treinamento de Coordenadores de Justiça  Restaurativa (Restorative Justice Coordinators). Estes profissionais não são meros  mediadores; facilitam círculos de diálogo para construir comunidade, resolver conflitos  de forma profunda e reintegrar alunos que cometeram infrações, abordando a causa  raiz do comportamento. 

b) Resultados e Evidências de Sucesso 

c) Redução Drástica de Suspensões: Entre 2011 e 2014, o distrito registrou uma  queda de 50% nas suspensões escolares, com algumas escolas reduzindo suas taxas  em mais de 80%. Isso foi particularmente impactante para alunos afro-americanos,  que eram desproporcionalmente suspensos. 

d) Melhoria Acadêmica: Escolas que implementaram profundamente as práticas  restaurativas viram aumentos significativos na taxa de graduação e no desempenho  acadêmico, conforme relatórios do próprio distrito. 

e) Mudança Cultural O programa transformou a cultura escolar, focando na  reparação de danos e no fortalecimento de relacionamentos, em vez da punição. 

f) Fonte Informações e dados são amplamente documentados no site do Oakland  Unified School District e em relatórios de organizações como o Learning Policy  Institute e a WestEd.

A experiência do Rio de Janeiro demonstra a viabilidade e efetividade em um  contexto brasileiro similar ao do DF, mostrando reduções concretas na violência. Já o  caso de Oakland fornece um modelo mais profundo e transformador, mostrando que  investir em profissionais para gestão positiva de conflitos não apenas melhora o clima,  mas também impacta diretamente indicadores acadêmicos cruciais, como evasão e  conclusão de estudos. 

Ambos os casos reforçam que a inserção de um profissional com esse perfil  não é um gasto, mas um investimento de alto retorno em segurança, aprendizagem e  equidade. Você pode utilizar esses casos para argumentar que a proposta para o DF  é baseada em evidências e em experiências de sucesso, e não em meras suposições. 

8.3 Outras Experiências Relevantes 

a) Reino Unido – Learning Mentors – Figuras comuns nas escolas britânicas, os  Learning Mentors focam em remover barreiras à aprendizagem, trabalhando com  alunos em questões pessoais, emocionais e sociais. Eles são uma peça chave no  sistema de apoio pastoral das escolas. 

b) Finlândia – Equipes Multidisciplinares – A famosa educação finlandesa não possui  um agente específico, mas cada escola é obrigatoriamente apoiada por uma equipe  multidisciplinar (PT – Pupil’s Welfare Team), composta por enfermeira, psicólogo,  assistente social e professor especial. Esta equipe se reúne regularmente para discutir  e planejar suporte para alunos com dificuldades, atuando de forma preventiva. É um  modelo de suporte institucionalizado que inspira a proposta de um agente escolar  como parte de uma rede. 

Ao observar as experiências nacionais e internacionais, verifica-se que a  figura do agente de mediação escolar—ou “mediador”—consolidou-se em países  como USA, Reino Unido e finlândia como um pilar estratégico para a gestão de  conflitos, a inclusão de comunidades migrantes e a promoção da cultura de paz,  atuando de forma proativa e preventiva. No cenário nacional, embora iniciativas  pontuais e programas governamentais começam a esboçar essa prática, como é o  caso dos agentes de aproximação no Distrito Federal, ainda prevalece um caráter  mais reativo, frequentemente sobrecarregado pela demanda por intervenção em  crises já instaladas.  

Essa dissonância entre a prática internacional, estruturada em marcos legais  sólidos e com foco na mediação sistêmica, e a realidade brasileira, muitas vezes  marcada pela improvisação e pela escassez de recursos, evidencia a urgência de se  transpor não apenas o modelo, mas a filosofia por trás dele: a de que o agente de  mediação deve ser um elo integrador e permanente dentro da comunidade escolar, e  não um recurso emergencial, constituindo-se, assim, como peça fundamental para a  efetivação de uma política educacional que vise equidade e diálogo. 

9. Áreas de Atuação Prática do Agente de Mediação e Apoio Psicossocial (AMAP) 

A atuação do AMAP deve ser estratégica, proativa e integrada ao projeto  político-pedagógico da escola. Suas funções, detalhadas abaixo, são fundamentadas  em evidências nacionais e internacionais que demonstram a eficácia de intervenções  não-punitivas e de suporte socioemocional (VIVOLO et al., 2021; GONZATTI &  SCHWONKE, 2022).

a) Apoio em Espaços de Convívio (Atuação Preventiva):

Atuação proativa nos pátios, refeitórios, corredores e outros espaços comuns  durante os intervalos e trocas de turno. O foco é na observação das dinâmicas sociais,  na construção de relações positivas com os alunos e na intervenção imediata em  situações de tensionamento, antes que escalem para conflitos físicos ou verbais. 

Estudos como o de Vivolo et al. (2021) demonstram que a presença de um  adulto de referência, não vinculado à aplicação de punições, nesses espaços  invisíveis da escola, é crucial para a redução do bullying e a promoção de um clima  de segurança e pertencimento. O AMAP atua como uma figura de termômetro do clima  escolar. 

b) Acompanhamento Individualizado (Atuação de Suporte):

Identificação e acompanhamento de alunos que demonstram sinais de  isolamento, dificuldades de socialização, queda abrupta no rendimento, alterações de  comportamento ou que estão em situação de vulnerabilidade psicossocial. O AMAP  oferece escuta qualificada, acolhimento e, quando necessário, encaminha o aluno  para os serviços especializados da rede de saúde (CAPS, por exemplo), atuando  como um ponto de apoio constante e acessível. 

Esta prática direta responde aos achados de Santos et al. (2023) sobre a  incapacidade da estrutura atual de oferecer suporte individualizado. Corrobora  também com a meta-análise de Vivolo et al. (2021), que associa a presença de um  adulto de confiança na escola à melhoria da saúde mental e à redução de indicadores  de risco entre adolescentes. 

c) Ponte com a Comunidade e a Rede de Proteção (Atuação de Articulação):

O AMAP atuará como elo de ligação sistemático entre a escola, as famílias e  a rede intersetorial de proteção (Conselho Tutelar, CRAS, CREAS, delegacias  especializadas). Será responsável por mapear os serviços disponíveis no território,  facilitar a comunicação e acompanhar os casos encaminhados, assegurando que o  aluno e sua família recebam o suporte adequado. 

Esta função operacionaliza o previsto no Art. 56 do ECA, que muitas vezes  não se concretiza por falta de um profissional dedicado. A eficácia dessa articulação  como fator de proteção é amplamente documentada em políticas públicas de  educação integral e proteção à criança e ao adolescente. Condução de círculos  restaurativos para resolver conflitos grupais e de assembleias escolares para pactuar  regras de convivência, fortalecendo a gestão democrática (GONZATTI &  SCHWONKE, 2022). 

c) 4. Apoio à Inclusão (Atuação Colaborativa):

Em estreita colaboração com o professor da sala de aula regular e com o  Atendimento Educacional Especializado (AEE), o AMAP auxiliará no  acompanhamento de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento  ou outras necessidades específicas. Sua atuação focará na facilitação da interação social, na mediação de conflitos envolvendo o aluno e na implementação de  estratégias de inclusão social, não assumindo funções de ensino específicas. Esta proposta alinha-se às Diretrizes Nacionais para a Educação Especial  (2021), que preconizam um apoio multidimensional ao aluno. O AMAP atuaria no eixo  da inclusão social, complementando o trabalho pedagógico do AEE e aliviando a  demanda sobre o professor regente, conforme a necessidade identificada por Carlotto  et al. (2021). Realização de escutas qualificadas e acompanhamento de alunos em  situação de vulnerabilidade ou com dificuldades de socialização, atuando como um  ponto de apoio e encaminhando casos para a rede especializada quando necessário.  Esta função alivia a pressão sobre orientadores educacionais e professores (SANTOS  et al., 2023). 

d) Mediação de Conflitos e Práticas Restaurativas (Atuação Resolutiva):

Condução de processos de mediação para conflitos interpessoais de menor  complexidade (desentendimentos, brigas verbais) e facilitação de círculos de  conversa e práticas restaurativas. Para conflitos mais complexos ou envolvendo  infrações graves, o AMAP realizará a primeira acolhida e encaminhará o caso à  coordenação pedagógica, fornecendo um relatório detalhado que auxilie na tomada  de decisão. Atuação preventiva nos pátios, corredores e refeitórios, identificando e  mediando tensionamentos antes que se tornem conflitos. Esta prática é apontada por  Vivolo et al. (2021) como uma das mais efetivas para melhorar o clima escolar. 

Esta é a área central da proposta, fundamentada no sucesso de programas  como o do Rio de Janeiro (GONZATTI & SCHWONKE, 2022) e de Oakland (EUA). A  mediação feita por um par não-docente e não-punitivo mostra-se significativamente  mais eficaz na resolução genuína de conflitos e na redução da reincidência, conforme  meta-análise de Vivolo et al. (2021). 

Esta estrutura de atuação prática posiciona o AMAP como um agente  multifacetado, cujo trabalho preventivo e de suporte libera os professores e a gestão  para focarem em suas funções-fim, criando um ecossistema escolar mais saudável,  integrado e eficiente. 

10. A Proposta: O Perfil do agente Especializado no DF 

10.1 Perfil e Seleção do Agente 

a) Requisitos Mínimos de Formação: Curso superior em andamento ou completo em  áreas como Pedagogia, Psicologia, Serviço Social, Direito ou Ciências Sociais. Este  requisito é respaldado pela necessidade de um embasamento teórico-prático para  compreender a complexidade do desenvolvimento infanto-juvenil e das relações  sociais no ambiente escolar, conforme demonstram estudos sobre a  profissionalização de funções de apoio educacional (VIVOLO et al., 2021; BRASIL,  2021 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especial). 

b) Processo Seletivo Diferenciado: O processo deve incluir: Prova de Conhecimentos Específicos: Avaliando noções de legislação educacional  (ECA, LDB), psicologia do desenvolvimento, mediação de conflitos e diversidade. Este  conhecimento é considerado essencial para uma atuação qualificada (GONZATTI &  SCHWONKE, 2022).

Avaliação de Perfil Comportamental e Habilidades Socioemocionais: Utilizando  metodologias como dinâmicas de grupo, entrevistas por competência e estudos de  caso para identificar resiliência, empatia, comunicação não-violenta, capacidade de  escuta ativa e neutralidade em situações de conflito. A literatura internacional é  unânime em apontar que as competências interpessoais são tão ou mais importantes  quanto as técnicas para o sucesso dessa função (VIVOLO et al., 2021; WILLIAMS et  al., 2023). 

10.2 Matriz de Formação Técnica e Continuada 

A formação, com carga horária mínima de 120 horas, deve ser prática e centrada nas  reais demandas escolares, abrangendo: 

a) Módulo I: Fundamentos Legais e Éticos (20h) – Legislação educacional (LDB, ECA,  Estatuto do Servidor do DF), ética profissional e proteção de dados (LGPD). Baseia-se na necessidade de atuação dentro de parâmetros legais seguros, conforme orienta  o Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 2021). 

b) Módulo II: Mediação de Conflitos e Justiça Restaurativa (40h) – Teoria e prática da  comunicação não-violenta (Rosenberg), facilitação de círculos de diálogo e processos  restaurativos. Esta é a espinha dorsal da atuação, com eficácia comprovada em  reduzir a reincidência de conflitos (GONZATTI & SCHWONKE, 2022; experiência de  Oakland/EUA). 

c) Módulo III: Saúde Mental e Vulnerabilidades (30h) – Identificação de sinais de  ansiedade, depressão, automutilação e ideação suicida; noções de primeiros socorros  psicológicos; mapeamento da rede de proteção local (CRAS, CREAS, CAPS).  Diretamente alinhado aos achados de Carlotto et al. (2021) sobre a sobrecarga mental  docente e a necessidade de suporte especializado. 

d) Módulo IV: Diversidade e Inclusão (30h) – Práticas anti-bullying, educação para as  relações étnico-raciais, apoio à população LGBTQIAP+ e inclusão de pessoas com  deficiência. Atende às diretrizes nacionais e promove um ambiente verdadeiramente  acolhedor (BRASIL, 2004 – Diretrizes Curriculares para Educação das Relações  Étnico-Raciais). 

11. Modelo de Governança e Supervisão 

Para garantir eficiência, propõe-se 

a) Vinculação Administrativa: O AMAP deve estar lotado na coordenação pedagógica,  trabalhando em estreita colaboração com orientadores educacionais, professores e  direção. 

b) Supervisão Técnica: Deve receber supervisão periódica de um profissional de nível  superior (psicólogo ou assistente social) para discussão de casos complexos e  cuidado com sua própria saúde mental, prevenindo a síndrome de Burnout também  nessa nova função. Esta recomendação segue modelos bem-sucedidos de  supervisão em outras áreas da saúde psicossocial. 

c) Contato frequente com a delegacia da criança e do adolescente e Conselho Tutelar:  Deve haver uma cooperação e troca de informações que agilizem os trâmites internos  de cada instituição.

Esta proposta, ao detalhar o perfil, a formação e as atribuições, busca criar uma  função viável, baseada em evidências e com impacto mensurável na realidade escolar  do DF, respondendo aos desafios documentados na literatura nacional e internacional.  A introdução do AMAP representaria um alívio significativo para a direção e  coordenação pedagógica, reconfigurando suas funções. 

12. Impactos com a instituição do AMAP 

12.1 Ambiente da gestão escolar 

A atuação do agente escolar em colaboração direta com os gestores  potencializa significativamente a eficácia do ambiente educacional. Essa parceria  estratégica permite que a gestão, responsável pela dimensão administrativa e  pedagógica, seja amplamente apoiada por um profissional que atua na linha de frente  das relações socioemocionais. Enquanto o gestor define as diretrizes e a visão macro,  o agente escolar opera como um elo vital, implementando essas políticas no cotidiano,  mediando conflitos, identificando vulnerabilidades e acionando redes de apoio. Essa  sinergia transforma a gestão escolar de uma função predominantemente burocrática  em uma liderança mais presente e conectada com a realidade da comunidade,  resultando em um ambiente mais acolhedor, organizado e propício para a  aprendizagem. 

a) Gestão de Crises – Gestão Estratégica – A direção escolar passaria de uma atuação  majoritariamente reativa (apagando incêndios diários) para proativa e estratégica,  podendo focar no planejamento pedagógico, na formação de professores e na  articulação com a comunidade em um nível macro. 

b) Filtragem e Qualificação das Demandas – A coordenação pedagógica teria no  AMAP um filtro qualificado. Em vez de ser a primeira instância para qualquer conflito,  receberia apenas os casos de maior complexidade, já com um relatório preliminar e  uma tentativa de mediação realizada, agilizando e qualificando a tomada de decisão. 

c) Inteligência de Campo – O AMAP forneceria dados concretos e relatórios  sistemáticos sobre o clima escolar, mapeando focos de conflito, vulnerabilidades e até  mesmo casos de bullying não denunciados, permitindo à gestão intervenções  baseadas em evidências. 

12.2 Corpo Docente 

A colaboração entre o agente escolar e o corpo docente opera como uma  força multiplicadora no processo educativo, impactando diretamente a qualidade do  ensino e a gestão da sala de aula. Enquanto o professor concentra seus esforços na  transmissão do conhecimento e na didática, o agente atua como um suporte essencial  na mediação de conflitos, no acompanhamento individualizado de estudantes com  dificuldades socioemocionais e na implementação de estratégias de inclusão. Essa  parceria libera o docente para focar em sua expertise pedagógica, ao mesmo tempo  que garante que as demandas afetivas e comportamentais dos alunos sejam  acolhidas e trabalhadas de forma integrada. O impacto mais imediato e sentido seria  na redução da carga psicossocial que hoje recai sobre os professores, conforme  amplamente documentado por Carlotto et al. (2021) e Santos et al. (2023). O resultado é uma equipe coesa, que transforma o ambiente da sala de aula em um espaço mais  harmonioso, seguro e propício para a aprendizagem integral. 

a) Redução da Sobrecarga – O professor teria um parceiro para lidar com problemas  de indisciplina, conflitos entre alunos e situações socioemocionais, podendo recuperar  o tempo dedicado ao planejamento e à execução das aulas. 

b) Maior Eficácia Pedagógica – Com um ambiente mais pacificado e com suporte  disponível, o docente pode exercer sua função primordial de ensinar, levando a uma  maior realização profissional e redução dos índices de Burnout. 

c) Suporte Imediato – Em situações de conflito em sala, o professor teria um protocolo  claro para acionar o AMAP, sentindo-se apoiado e não abandonado para resolver  questões fora de sua alçada. 

12.3 Impacto para os Alunos 

Os alunos seriam os principais beneficiários, experimentando uma mudança  radical no ambiente escolar. A presença do agente escolar na unidade de ensino  impacta profundamente a experiência discente, funcionando como um pilar de apoio  socioemocional e um facilitador do vínculo com a instituição. Para os alunos, esse  profissional representa um adulto de referência acessível, que os escuta de forma não  punitiva, media conflitos de forma pacificadora e os orienta em desafios que  extrapolam o conteúdo curricular.  

Essa figura é crucial para a construção de um sentimento de pertencimento e  segurança, criando um ambiente acolhedor que reduz a evasão e indisciplina. Ao  identificar e acolher vulnerabilidades de forma individualizada, o agente atua  diretamente na promoção do desenvolvimento integral do estudante, assegurando  que barreiras emocionais e sociais não impedem seu pleno engajamento e  aproveitamento acadêmico. 

a) Melhoria do Clima Escolar: A presença de um adulto acessível e não punitivo gera  um ambiente de maior confiança e respeito, conforme evidenciado por Vivolo et al. (2021). A figura do agente deve ser criada como alguém do sistema escolar, mas  distante dele no aspecto de notas, faltas, concorrência e etc., próprios da intimidade  corriqueira da sala de aula. É imprescindível o distanciamento do profissional. A  redução de situações de bullying e violência torna a escola um lugar seguro. 

b) Fortalecimento do Sentimento de Pertencimento: O acompanhamento  individualizado e a escuta qualificada fazem com que o aluno se sinta visto, ouvido e  valorizado como indivíduo, aumentando seu vínculo com a instituição. A convivência  com um agente preparado, instruído permite aos usuários escolares a convivência  pacífica. A realização das suas demandas torna-se mais exequível, pois o retorno é  melhor, mais imediato e mais favorável com poucas restrições ou quase nenhuma. O  sentimento de pertencimento à escola se consolida, concedendo movimentos de  proatividade, reconhecimento e finalização. 

c) Desenvolvimento de Competências Socioemocionais: Ao participarem de círculos  de conversa e processos de mediação, os alunos aprendem, na prática, a resolver  conflitos por meio do diálogo, da empatia e da responsabilidade, habilidades  essenciais para a vida.

d) Prevenção de Danos: A identificação precoce de vulnerabilidades (psicológicas,  sociais) permite intervenções tempestivas, podendo prevenir desde a evasão escolar  até problemas de saúde mental mais graves. 

13. Viabilidade Orçamentária e Fontes de Recursos 

A criação do cargo de AMAP é um investimento de alto retorno social e  educacional. As principais fontes de recursos viáveis. A viabilidade orçamentária para  a criação e manutenção do cargo de agente escolar no GDF encontra amparo em  diversas fontes de recursos, demandando, contudo, vontade política para seu efetivo  financiamento. A fonte primária seria a alocação de dotações específicas no  orçamento anual da Secretaria de Estado de Educação (SEEDF), por meio de emenda  parlamentar ou proposta executiva.  

Paralelamente, é possível captar recursos extras através de convênios com o  governo federal, utilizando verbas de programas nacionais vinculados à educação  integral, saúde nas escolas e proteção social. A médio prazo, a economia gerada pela  redução de evasão escolar e repetência, que oneram os cofres públicos, pode  compensar parte do investimento inicial, transformando o agente escolar não em um  custo, mas em uma estratégia de otimização de recursos já existentes. 

a) Reprogramação Orçamentária da SEEDF – A Secretaria de Educação poderia  realocar recursos de rubricas subutilizadas ou priorizar a criação dos caros no seu  Orçamento Anual, reconhecendo a medida como estratégica para o cumprimento das  metas do Plano Distrital de Educação, em especial a Estratégia 6.8, que prevê a  implantação de práticas restaurativas. 

b) Emendas Parlamentares Destinadas – Deputados distritais poderiam destinar  emendas impositivas ao orçamento da SEEDF especificamente para a implementação  de um “Programa de Paz nas Escolas” ou “Programa de Mediação de Conflitos”,  financiando a contratação inicial via CLT ou a realização do concurso público. 

c) Convênios com o Governo Federal – O DF poderia buscar recursos de programas  federais alinhados com a proposta, como aqueles vinculados à implementação do  Novo FUNDEB, que permite o uso de recursos para ações de melhoria da  aprendizagem e redução da evasão, ou do Ministério dos Direitos Humanos e  Cidadania, que fomenta políticas de prevenção à violência contra crianças e  adolescentes. 

d) Fonte Alternativa – Economia de Escala – Um estudo de viabilidade econômica  poderia demonstrar que o custo da implantação é inferior aos gastos diretos e indiretos  gerados pela rotatividade docente (doenças, licenças, processos de demissão e  contratação), pela depredação do patrimônio e pela judicialização de conflitos  escolares. 

Conclusão 

A criação do cargo de Agente de Mediação e Apoio Psicossocial nas escolas  do Distrito Federal consolida-se não como uma medida paliativa, mas como uma  estratégia educacional inteligente e necessária para os desafios do século XXI. Esta proposta representa um avanço estruturante ao reconhecer a complexidade do  ambiente escolar contemporâneo e oferecer uma resposta concreta aos problemas  que historicamente desafiam gestores, angustiam professores e comprometem o  processo de aprendizagem dos estudantes. 

A implementação desta medida exige, evidentemente, investimento público e  vontade política. No entanto, os retornos esperados – em termos de qualidade  educacional, redução significativa de conflitos violentos, prevenção da evasão escolar  e valorização da profissão docente – justificam amplamente os recursos aplicados. O  custo da não-implementação revela-se infinitamente superior, tanto financeiramente  quanto socialmente, ao perpetuar um modelo esgotado que não responde às  demandas complexas da escola atual. 

A introdução deste profissional especializado configura-se como um  imperativo ético e pedagógico para a construção de escolas mais acolhedoras,  seguras e eficazes. Trata-se de um investimento no capital humano que transcende a  esfera educacional, projetando-se como fundamental para a formação de cidadãos  mais preparados para os desafios sociais e emocionais da vida em sociedade. O  Distrito Federal tem a oportunidade ímpar de assumir a vanguarda na transformação  da gestão escolar brasileira, tornando-se referência nacional na implementação de  políticas educacionais verdadeiramente inovadoras e humanizadas. 

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1FACULDADE INTERAMERICANA DE CIENCIAS SOCIAIS – PY
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