A TECNOLOGIA EM SALA DE AULA: METODOLOGIAS ATIVAS E ENSINO HÍBRIDO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202511092139


Jonatan da Silva Nunes
Amanda Moreira da Rocha Pimenta


RESUMO

O presente artigo, objetiva mostrar como as tecnologias podem ser inseridas como recursos na educação: analisando o seu uso nas práticas pedagógicas e identificando as metodologias ativas a serem utilizadas no contexto em questão. Ao questionarmos como as tecnologias podem ser utilizadas como recursos na educação, podemos constatar que as metodologias ativas, em destaque o ensino híbrido, e a remodelagem das práticas pedagógicas nos mostram o caminho a ser percorrido para essa indagação. A tecnologia tem facilitado a vida em sociedade e na educação não pode ser diferente. Pode-se dizer que, ao introduzirmos os recursos tecnológicos na educação, favorecemos o aluno no sentido de que ele se torne cada vez mais ativo no processo de sua aprendizagem, deixando para trás o sistema de transmissão bancária. 

Palavras-chave: Tecnologia. Metodologias Ativas. Ensino Híbrido. Prática Pedagógica. 

ABSTRACT

This article aims to show how technologies can be inserted as resources in education: analyzing their use in pedagogical practices and identifying the active methodologies to be used in the context in question. When we question how technologies can be used as resources in education, we can see that active methodologies, in particular hybrid teaching, and the reshaping of pedagogical practices show us the path to be taken for this question. Technology has made life easier in society and education cannot be different. It can be said that, when introducing technological resources in education, we favor the student in the sense that he becomes increasingly active in the process of his learning, leaving behind the banking transmission system.

Keywords: Technology. Active Methodologies.  Hybrid Teaching.  Pedagogical Practice.

1. INTRODUÇÃO

Desde o início do séc. XXI, podemos observar diversas mudanças, em especial no que dizem respeito a avanços tecnológicos, tais avanços favoreceram para a denominação deste século como Era Digital, Era da Informação ou Sociedade do Conhecimento. Deste modo entendemos que as mudanças tendem a tomar um ritmo cada vez mais acelerado e que influenciam na sociedade como um todo.

Nesse contexto, é visível que haja mudanças nas práticas pedagógicas. Revisar os métodos, a sala de aula, o papel do professor, do aluno, da escola, é fundamental para que a educação possa acompanhar as mudanças e conseguir continuar atendendo a demanda do seu contexto. Mas, o que temos observado é a manutenção de práticas tradicionais de ensino, onde o foco está no professor que é um transmissor de informações e o aluno é um receptor das mesmas, e passivo na construção de seu conhecimento. As mudanças que vemos são na forma de como continuar transmitindo o conteúdo para o aluno que continua sendo passivo nesse processo. A utilização de aparelhos tecnológicos, como data show, aparelhos de som, celulares, notebooks, etc., para continuar reproduzindo a mesma prática, não se configura de fato em um avanço na educação.

Com certeza é necessário que as práticas pedagógicas devam ser revisadas para que favoreça o aluno de forma que o mesmo se torne cada vez mais ativo na construção de seu conhecimento. O professor precisa ter uma postura mais flexível em todos os âmbitos de sua atuação, na sua organização, no seu planejamento, em suas estratégias didáticas, no modo de avaliar seus alunos, sempre pensando em centrar a aprendizagem no aluno. Apesar de ser um grande desafio para professores, alunos, escolas e instituições de ensino acompanhar e se adaptar às mudanças que lhes são impostas, vemos que mesmo a passos lentos e de forma tímida o professor vai deixando de ser o foco e passa a ser um mediador do conhecimento e os alunos começam a atuar de forma mais ativa nesse processo.

Nesse contexto, as tecnologias em conjunto com as metodologias ativas têm tido um destaque no processo da educação, pois facilitam para a atuação ativa do aluno, não descartando o papel do professor que apesar de não ser o foco do processo é de suma importância para orientar os mesmos. Desta forma o objetivo deste estudo é mostrar como as tecnologias podem ser inseridas como recursos na educação, identificando e definindo as metodologias ativas como facilitadoras desse processo, destacando o ensino híbrido. Para a elaboração deste trabalho, utilizou-se de pesquisa bibliográfica, buscamos na literatura embasamento para nosso questionamento.   Nas leituras realizadas, há uma conformidade de opiniões, entre os autores, de que as tecnologias combinadas com as metodologias ativas, são fortes ferramentas para uma aprendizagem mais ativa. Portanto, é necessário utilizá-las no contexto em questão, para que os alunos sejam mais ativos na construção de seu conhecimento.

2. O USO DAS TECNOLOGIAS NAS ESCOLAS

2.1 O uso das tecnologias nas metodologias ativas 

No mundo atual, temos visto constantes mudanças, vemos um mundo mais tecnológico e conectado. Porém quando lançamos olhar para a educação, notamos que as mudanças não têm sido tão constantes assim e em alguns casos nem se nota. Segundo Moran (2018) o ensino tem tido a predominância de metodologias dedutivas: onde a princípio há a transmissão da teoria por parte do professor e, por conseguinte o aluno aplica a mesma em eventos mais específicos. Sendo assim, reafirmamos o fato de que na educação as mudanças seguem a passos lentos. O autor ainda destaca que “a aprendizagem por meio da transmissão é importante, mas a aprendizagem por questionamento e experimentação é mais relevante para uma compreensão mais ampla e profunda” (MORAN, 2018, p. 35). Desta forma, constatamos que o protagonismo do aluno nesse processo é fundamental, mas a presença do professor é de suma importância, seja orientando ou supervisionando.

Nesse contexto, destacamos as metodologias ativas como importantes “estratégias pedagógicas que colocam o foco do processo de ensino e aprendizagem no aprendiz, contrastando com a abordagem pedagógica do ensino tradicional, centrada no professor, que transmite informações aos alunos” (VALENTE; ALMEIDA; GERALDINI apud LEITE, 2018, p. 05). Desta forma, ao contrário da metodologia dedutiva (tradicional) onde o foco está no professor e o aluno é passivo na construção de seu conhecimento, as metodologias ativas tem o foco no aluno, o mesmo poderá aprender de forma individual, grupal e tutorial.

Nesse sentido Moran afirma:

[…] na construção individual, a responsabilidade principal é de cada um, da sua iniciativa, do que é previsto pela escola e do que o aluno constrói nos demais espaços e tempos. O mesmo acontece na construção colaborativa ou grupal: nela, a aprendizagem depende muito – mesmo havendo supervisão – da qualidade, riqueza e iniciativas concretas dos grupos, dos projetos que desenvolvem, do poder de reflexão e da sistematização realizada a partir das atividades desenvolvidas. O papel principal do especialista ou docente é o de orientar, tutor dos estudantes individualmente e nas atividades em grupo, nas quais os alunos são sempre protagonistas (MORAN, 2018, p. 40).

Segundo Leite (2018) existe vários modelos de metodologias ativas, essas metodologias fazem com que os alunos tenham mais responsabilidade na administração do seu processo de aprendizagem, ocorrendo o uso das mesmas na educação, algumas destas são: método de caso, sala de aula invertida (SAI), ensino híbrido, instrução por pares ( Peer Instriction), aprendizagem baseada em problemas (PBL), projetos (PBL), equipes (TBL), games (GBL). Dessas propostas, neste artigo destacamos uma – Ensino Híbrido – que tem forte contribuição das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC).

Em um mundo tecnológico e conectado, as metodologias ativas são como um elo entre a educação formal e o mundo digital, pois facilitam o uso das TDIC nas práticas pedagógicas. A esse respeito Moran (2018, p. 49) afirma que “as tecnologias digitais trazem inúmeros problemas, desafios, distorções e dependências que devem ser parte do projeto pedagógico de aprendizagem ativa e libertadora”, que é justamente o que as metodologias ativas visam proporcionar. Porém, a aprendizagem por meio desta combinação entre metodologias ativas e tecnologias digitais deve ir para além da sala de aula, ocupando os espaços não formais e informais, pois tanto dentro como fora da escola, há a facilidade de comunicação entre os colegas, a troca de informações, a participação de atividades em conjunto, a resolução de desafios, a realização de projetos e a avaliação mútua. Onde por meio de redes sociais os indivíduos podem compartilhar interesses, vivências, pesquisas, aprendizagens (MORAN, 2018). 

O uso das tecnologias digitais de informação e comunicação nas metodologias ativas favorece para o processo de aprendizagem individual, colaborativa e por tutoria. Pois através de aplicativos, recursos gratuitos, on-line, colaborativos, sociais e outros materiais que permitam o acontecimento de desafios, atividades, histórias, jogos que os mobilizem em cada etapa, os ajudam a percorrer esse processo sozinhos e em grupos (MORAM, 2018), também auxiliam o professor como mediador desse processo de aprendizagem.

2.2 O ensino híbrido como modelo de educação

Conforme Moran (2014) Híbrido significa misturado, mesclado, blended. A educação sempre foi misturada, hibrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, metodologias, públicos. Esse processo, agora com a mobilidade e a conectividade, e muito mais perceptível, amplo e profundo: é um ecossistema mais aberto e criativo. Podemos ensinar e aprender de inúmeras formas, em todos os momentos, em múltiplos espaços. Híbrido é um conceito rico, apropriado e complicado. Tudo pode ser misturado, combinado, e podemos, com os mesmos ingredientes, preparar diversos “pratos”, com sabores muitos diferentes. 

Moran (2014, p.27) diz que ensino hibrido não se reduz ao que planejamos institucional. Aprendemos por meio de processos organizados, junto com processos abertos, informais. Aprendemos quando estamos com um professor e aprendemos sozinhos, com colegas, com desconhecidos. Aprendemos de modo intencional e espontâneo, quando estudamos e nos divertimos. 

Nesse contexto, as instituições educacionais atentas às mudanças escolhem fundamentalmente dois caminhos, um mais suave – alterações progressivas – e o outro mais amplo, com mudanças profundas. No caminho mais suave, elas mantêm o modelo curricular predominante – disciplinar -, mas priorizam o envolvimento maior do aluno, com metodologias ativas, como ensino por projetos de forma mais interdisciplinar, o ensino híbrido ou blended e a sala de aula invertida que propõem o aluno como protagonista na busca de seus conhecimentos.

Lévy (2000) tais tecnologias e suas aplicações nessa mudança. O autor diz que as tecnologias digitais proporcionam acesso rápido a uma grande quantidade de informação, modificando as formas de pensar e de construir conhecimentos, e que, por isso, seu papel deve ser pensado em relação às modificações que causam nas formas de pensar, bem como nas alterações comportamentais de quem as utiliza ou está cercado por elas. Pela facilidade de acesso à informação, novas formas de aprendizagem surgem, com conhecimentos sendo construídos coletivamente e compartilhados com todos a partir de um clique no mouse.

Com as diferentes realidades educacionais em nosso país e com dificuldade que o professor poderia encontrar para adaptar suas aulas, as “[…] novas tecnologias têm facilitado a coleta e a análise das informações sobre aprendizagem e possibilitando a sua adoção em maior escala” (POVIR, 2014, p.1). Assim, personalizar significa que as atividades a serem desenvolvidas devem considerar o que o aluno está aprendendo, suas necessidades, dificuldades e evolução – ou seja, significa centrar o ensino no aprendiz.

O modelo híbrido misturado com foco em valores, competências amplas, projeto de vida, metodologias ativas, com tecnologias digitais: aprendemos melhor por meio de práticas, atividades, jogos, problemas, projetos relevantes do que da forma convencional, combinado colaboração (aprender juntos) e personalização (incentivar e gerenciar os percursos individuais).

2.3 Motivando professores a utilizar tecnologia como prática pedagógica

As tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) estão cada vez mais reconfigurando a forma de educar, podemos dizer que deram um impulso na revisão dos métodos utilizados em sala de aula, não é exagero afirmar que, também deram impulso para repensarmos a própria sala de aula. Nesse sentido, fizeram-se necessárias diversas mudanças no âmbito educacional, e nesse contexto têm o professor com o grande desafio de reconfigurar sua forma de ensinar, uma vez que desde o início da história está acostumado a ser o foco do processo, a transmitir o conteúdo em formato de palestras, a avaliar o aluno de forma mecânica. Mas, segundo Coll e Monereo apud BECICH (2018, P 237) “a imagem de um professor transmissor de informação, protagonista central das trocas entre seus alunos e guardião do currículo, começa a entrar em crise em um mundo conectado pelas telas de computadores”. 

Contudo, podemos afirmar que, o papel do professor continua sendo de suma importância, mas as suas práticas devem ser repensadas. As tecnologias estão cada vez mais presentes em seu contexto e o professor precisa utilizá-las se quiser continuar atendendo a demanda do mesmo. Perante esse desafio, como já mencionamos anteriormente, o professor conta com o auxílio das metodologias ativas, e com modelos de ensino, como o ensino híbrido, como aliados nesse processo de transição. 

Não podemos colocar toda essa expectativa de mudança apenas no professor, ele precisa de auxílio e suporte para que consiga atender a este objetivo, de inserir as tecnologias em suas práticas, para que o aluno seja o protagonista na construção de seu conhecimento e ele (o professor) venha continuar desempenhando o seu importante papel nesse processo, mas atuando como “mediador, facilitador, incentivador, desafiador, investigador do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual e grupal” (ALMEIDA apud BECICH, 2018, p. 237). Nesse sentido, a formação inicial dos novos professores deve embasar bem essa temática, para que os mesmo iniciou sua carreira consciente de seu papel nesse processo. Do mesmo modo, aos professores que já atuam na área, a formação contínua também deverá abordar bem o assunto, para que gradativamente estes sejam empoderados a utilizarem as TDIC em conjunto com as metodologias ativas e novos modelos de ensino em suas práticas. 

O segredo não está em dar fórmulas mágicas ou receitas milagrosas para este profissional, mas sim empoderá-lo para esse processo, torná-lo confiante no que está fazendo, ensiná-lo a utilizar as ferramentas que estão a sua disposição e prepará-lo para o uso das mesmas. Deste modo, podemos dizer que a formação dos mesmos tem um importante papel nesse processo, além disso, o professor deve ter uma busca constante em se manter atualizado perante as transformações de seu contexto, um professor que não se renova, não é curioso, que fica estagnado no tempo, é um perigo para as novas gerações.

3. METODOLOGIA

Esta pesquisa caracteriza-se bibliográfica, pois foi elaborada exclusivamente do levantamento de referências teóricas. Procuramos na literatura já existente reunir informações e conhecimentos para dar fundamento a este trabalho.

Após determinarmos o tema desta pesquisa, escolhemos as palavras-chave para a busca de referências. Utilizamos a lógica booleana de pesquisa, ligamos as palavras-chave ao conectivo “e” para que a ação da pesquisa seja mais restrita, tendo em vista que a temática deste trabalho é muito vasto, tal lógica nos ajudou na seleção de material a serem utilizados no mesmo. Tivemos como resultado a priorização da leitura de materiais que correspondessem ao tema.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As metodologias ativas, em destaque o método híbrido de aprendizagem, favorecem para o uso das TDIC nas escolas. Como foi observado neste trabalho, o aluno nesse modelo de educação não pode ser passivo nesse processo e o professor não pode continuar sendo o foco do mesmo. Assim, para que seja possível a transição do método tradicional para o método de aprendizagem ativa, é necessária uma inversão nos papeis, o aluno se torna protagonista de sua aprendizagem e o professor um mediador da mesma. Desta forma, será mais viável a inserção das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) como recursos na educação. 

Podemos ressaltar que cada aluno desenvolve um percurso mais individual e participa em determinados momentos de atividades de grupo. Todos os processos de organização do curriculum, das metodologias, dos tempos e espaços precisam ser revistos. É importante que cada instituição escolar defina um plano estratégico para tais mudanças, apoiando professores, gestores e alunos e também os pais que estão motivados e tem experiência em integrar o presencial e o virtual. Capacitar coordenadores, professores e alunos para trabalhar com metodologias ativas, com flexibilidade, com inversões de atividades on-line e depois atividades em sala de aula.

Por fim, constatamos que na aprendizagem ativa é indispensável o uso das TDIC, pois esse modelo abrange as tecnologias digitais e as metodologias ativas na educação, fazendo com que o aprendizado seja mais personalizado e ativo por parte dos alunos e possibilitando mais comunicação entre alunos e alunos, alunos e professor. É importante ressaltar que investigações futuras e estudos posteriores serão de extrema relevância para aprofundamento deste estudo.

REFERÊNCIAS

BACICH, Lilian. Formação contínua de professores para uso de metodologias ativas. In: Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico – prática. 13. ed. Porto Alegre: Penso, 2018, parte II, p. 233-266. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/76239397/metodologias-ativas-para-uma-educaçao-inovadora> acesso em: 11 mai. 2020.

LEITE, Bruno Silva. Aprendizagem tecnológica ativa. Revista internacional de educação              superior. v.7, n.1, p. 580-609, 2018. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7008029> acesso em: 09 mai. 2020.

LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2000.

MORAN, José. A educação que desejamos: novos desafios e como chega lá. S. ed. Campinas: Papirus, 2014.

MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico – prática. 13. ed. Porto Alegre: Penso, 2018, parte I, p. 34-72. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/76239397/metodologias-ativas-para-uma-educaçao-inovadora> acesso em: 11 mai. 2020.

PORVIR: O futuro se aprende. Personalização. [2014]. Disponivel em <http/download.uol.com.br/educação/coleção_educadores/mariamontessori.pdf>. Acesso em 8 ago. 2014