TUMORES CEREBRAIS PEDIÁTRICOS: AVANÇOS E DESAFIOS NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

PEDIATRIC BRAIN TUMORS: ADVANCES AND CHALLENGES IN DIAGNOSIS AND TREATMENT

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202512211404


Rafael Ramos Teles¹; Laysla Tamyres de Oliveira Borges¹; Natalia Maria Valeriano da Silva¹; Natália Letícia da Silva¹; Bruna Rodrigues Luminato¹; Jaime Natrodt da Mota Silveira¹; José Gilberto de Oliveira Junior¹; Victor Buarque Ribeiro de Siqueira¹; Ana Paula Fernandes da Silva².


Resumo

Os tumores cerebrais pediátricos constituem a neoplasia sólida mais frequente na infância e representam importante causa de morbimortalidade, exigindo abordagens diagnósticas e terapêuticas que considerem o cérebro em desenvolvimento. A compreensão dessas neoplasias passou por mudanças significativas com a incorporação de biomarcadores moleculares e perfis epigenéticos, permitindo estratificações mais precisas de risco e maior refinamento prognóstico. A classificação molecular adotada pela OMS em 2021 transformou o manejo clínico ao diferenciar subgrupos biológicos que, apesar de semelhantes histologicamente, apresentam comportamentos distintos. No diagnóstico, a ressonância magnética multiparamétrica, incluindo técnicas como difusão, perfusão e espectroscopia, ampliou a capacidade de caracterização não invasiva dos tumores. No entanto, limitações como a necessidade de sedação em crianças pequenas e a dificuldade em distinguir subtipos histológicos reforçam a importância da biópsia e da análise molecular para confirmação definitiva. Clinicamente, os tumores manifestam-se por sinais inicialmente inespecíficos, como cefaleia persistente, vômitos e alterações comportamentais, contribuindo para atrasos na suspeita diagnóstica. Os avanços terapêuticos incluem aprimoramento de tecnologias cirúrgicas voltadas para ressecção máxima segura, uso mais preciso da radioterapia conformada e evolução dos protocolos quimioterápicos. Apesar disso, efeitos tardios sobre cognição, crescimento e endocrinologia permanecem desafios relevantes, especialmente com o uso da radiação em crianças pequenas. Inovações como terapias alvo, imunoterapia e estratégias com células CAR-T vêm demonstrando potencial, embora ainda restritas a ensaios clínicos e centros especializados. Barreiras como heterogeneidade tumoral, dificuldade de penetração na barreira hematoencefálica e escassez de estudos pediátricos limitam sua ampla utilização. A revisão da literatura evidencia que, embora os avanços diagnósticos e terapêuticos tenham ampliado o entendimento e o manejo dos tumores cerebrais pediátricos, persistem desafios significativos, sobretudo em contextos com recursos limitados. Torna-se essencial fortalecer o acesso a exames moleculares, otimizar protocolos de cuidado e investir em terapias menos tóxicas, visando melhorar a sobrevida e qualidade de vida das crianças acometidas.

Palavras-chave: Neoplasia do Sistema Nervoso Central, Diagnóstico Diferencial, Pediatria.

Abstract

Pediatric brain tumors are the most common solid neoplasms in childhood and represent a major cause of morbidity and mortality, requiring diagnostic and therapeutic approaches that consider the developing brain. The understanding of these neoplasms has evolved significantly with the incorporation of molecular biomarkers and epigenetic profiles, enabling more accurate risk stratification and refined prognostic assessment. The molecular classification adopted by the WHO in 2021 transformed clinical management by distinguishing biological subgroups that, although histologically similar, exhibit distinct behaviors. In diagnostic practice, multiparametric magnetic resonance imaging—including diffusion, perfusion, and spectroscopy techniques—has expanded the noninvasive characterization of tumors. However, limitations such as the need for sedation in young children and the difficulty in differentiating some histological subtypes reinforce the importance of biopsy and molecular analysis for definitive confirmation. Clinically, these tumors often present with initially nonspecific signs, such as persistent headache, vomiting, and behavioral changes, contributing to delays in diagnostic suspicion. Therapeutic advances include improvements in surgical technologies aimed at maximizing safe resection, greater precision in conformal radiotherapy, and refinements in chemotherapy protocols. Nonetheless, late effects on cognition, growth, and endocrine function remain significant challenges, particularly with radiation use in young children. Innovations such as targeted therapies, immunotherapy, and CAR-T cell strategies have shown promise, although they remain restricted to clinical trials and specialized centers. Barriers including tumor heterogeneity, limited penetration across the blood–brain barrier, and scarcity of pediatric-focused studies hinder broader implementation. The literature review demonstrates that, although diagnostic and therapeutic advances have enhanced the understanding and management of pediatric brain tumors, substantial challenges persist, especially in resource-limited settings. Strengthening access to molecular testing, optimizing care protocols, and investing in less toxic therapies are essential for improving survival and quality of life in affected children.

Keywords: Central Nervous System Neoplasms, Differential Diagnosis, Pediatrics.

1 INTRODUÇÃO

Os tumores cerebrais em crianças configuram-se como um problema central da neuro-oncologia pediátrica. Entre as neoplasias sólidas, são os que mais contribuem para morbidade e mortalidade na infância, exigindo condutas diagnósticas e terapêuticas que considerem o cérebro em desenvolvimento e as consequências a longo prazo do tratamento. Sendo assim, a transição de uma classificação puramente histológica para uma taxonomia que incorpora marcadores moleculares mudou profundamente a forma como pensamos esses tumores, permitindo estratificações mais precisas de risco e abrindo caminho para abordagens terapêuticas dirigidas (Melo et al., 2021). 

Nos últimos anos, estudos convergiram para três tendências que marcam o campo: (1) a incorporação rotineira de análises moleculares e perfis epigenéticos na rotina diagnóstica, com impacto direto no prognóstico e na escolha terapêutica; (2) o refinamento das modalidades locais de controle (cirurgia guiada por imagem e radioterapia conformada) para minimizar dano ao tecido saudável; e (3) o desenvolvimento de terapias biológicas e imunoterapias (como terapias CAR-T e abordagens alvo-específicas) que começam a mostrar respostas promissoras em tumores até então refratários. Essas inovações, no entanto, convivem com desafios clínicos e estruturais importantes, desde heterogeneidade tumoral que dificulta a aplicação de alvos únicos até limitações de acesso a testes moleculares em contextos com menos recursos (Kulubya et al., 2022). 

Ademais, terapias imunológicas dirigidas, em especial estudos recentes com infusões locais ou combinadas de CAR-T, trouxeram resultados inéditos em alguns casos de gliomas difusos midline, demonstrando redução volumétrica tumoral e benefício neurológico em coortes iniciais, achados que apontam para um potencial terapêutico real, embora ainda restrito a centros de pesquisa e ensaios clínicos. Ao mesmo tempo, a radioterapia permanece um pilar terapêutico essencial. Contudo, seus efeitos tardios sobre cognição, crescimento e endocrinologia infantil ressaltam a necessidade de alternativas menos tóxicas e de estratégias de reabilitação e seguimento de longo prazo (Teixeira et al., 2022).

Diante desse cenário, colocam-se perguntas centrais que motivam a presente investigação: em que medida os avanços diagnósticos moleculares já se traduziram em mudanças práticas no manejo clínico pediátrico? Quais barreiras, científicas, tecnológicas e de saúde pública, ainda impedem a adoção ampla de terapias de precisão? E como equilibrar eficácia antitumoral com preservação da qualidade de vida e do desenvolvimento neurocognitivo das crianças tratadas? A problematização desta pesquisa busca, portanto, mapear as lacunas entre o conhecimento emergente e sua aplicação clínica, especialmente em contextos com recursos limitados, e identificar caminhos para melhorar diagnóstico, equidade de acesso e desfechos funcionais (Raitez et al., 2023).

A relevância do estudo é, teoricamente, sintetizar e analisar criticamente os avanços fornece um panorama que orienta pesquisas futuras; praticamente, entender onde estão os gargalos permite propor intervenções, seja para ampliar a disponibilidade de exames moleculares, otimizar protocolos cirúrgicos/ radioterápicos, ou priorizar ensaios clínicos promissores, com impacto direto na assistência às crianças e suas famílias. Assim, este trabalho se justifica pela urgência em traduzir descobertas científicas em práticas clínicas que reduzam mortalidade e sequelas, ao mesmo tempo em que promovam equidade no acesso a cuidados especializados.

Nesse contexto, compreender como esses avanços têm sido incorporados à prática clínica e quais desafios ainda se impõem na implementação de estratégias diagnósticas e terapêuticas mais precisas torna-se fundamental para orientar o cuidado em neuro-oncologia pediátrica. Considerando essas questões, este estudo busca analisar criticamente os progressos recentes e as dificuldades persistentes no diagnóstico e no tratamento dos tumores cerebrais em crianças, situando-os à luz das evidências atuais e das necessidades clínicas que ainda demandam respostas.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os tumores cerebrais pediátricos constituem a neoplasia sólida mais comum na infância e representam uma das principais causas de morbimortalidade em crianças e adolescentes. Diferentemente das neoplasias do adulto, apresentam comportamento biológico próprio, marcado por padrões específicos de crescimento, heterogeneidade molecular e localização preferencial na fossa posterior (Melo et al., 2021). 

Louis et al. (2021) destacam a relevância da classificação baseada em biomarcadores moleculares, incorporada pela OMS em 2021, que revolucionou a compreensão dessas neoplasias ao permitir distinguir subgrupos biológicos com implicações diretas no prognóstico e na conduta terapêutica. Dessa forma, a literatura contemporânea aponta que o entendimento genômico passou a ser tão essencial quanto a morfologia histopatológica para o manejo clínico.

No campo diagnóstico, houve avanços significativos graças à evolução das neuroimagens. A ressonância magnética (RM) multiparamétrica, com técnicas como difusão, perfusão e espectroscopia, tornou-se fundamental para a caracterização inicial dos tumores, possibilitando a avaliação não invasiva de agressividade tumoral, delimitação de margens e relação com estruturas críticas. No entanto, a variabilidade fenotípica dos tumores, a necessidade de sedação em crianças pequenas e as limitações em distinguir alguns subtipos histológicos apenas por imagem evidenciam barreiras ainda presentes. Assim, mesmo com o uso de tecnologias sofisticadas, a biópsia e a análise molecular permanecem indispensáveis para o diagnóstico definitivo (Resende; Alves, 2023).

No tratamento, observa-se um cenário marcado pelo progresso técnico, mas também por desafios complexos. A cirurgia continua sendo o pilar terapêutico, com a busca constante por ressecção máxima segura, impulsionada por tecnologias como neuronavegação, monitorização neurofisiológica intraoperatória e microscopia avançada. A radioterapia, embora eficaz, enfrenta limitações importantes na população pediátrica devido aos efeitos deletérios no desenvolvimento neurocognitivo e endócrino, especialmente em crianças pequenas. Já a quimioterapia desempenha papel central em protocolos combinados, podendo adiar ou até reduzir a necessidade de radiação em alguns grupos etários. Apesar disso, muitos tumores apresentam resistência terapêutica, e a toxicidade cumulativa permanece uma preocupação relevante na literatura (Lassaletta et al., 2023).

Os avanços recentes na biologia tumoral abriram caminhos promissores, incluindo terapias alvo, imunoterapia e medicina de precisão, ampliando as expectativas de resultados mais eficazes e menos tóxicos. Estudos envolvendo inibidores de vias de sinalização, terapias baseadas em CAR-T cells e modulação do microambiente tumoral demonstram potencial, embora ainda encontrem desafios como penetração na barreira hematoencefálica, heterogeneidade intratumoral e escassez de ensaios clínicos robustos em crianças. Assim, a revisão da literatura evidencia que, embora exista progresso substancial no diagnóstico e tratamento, os tumores cerebrais pediátricos ainda exigem esforços contínuos de pesquisa. A complexidade biológica desses tumores e o impacto das terapias no desenvolvimento infantil justificam a necessidade de abordagens inovadoras e de estudos que aprofundem a compreensão da doença, permitindo avanços que conciliam maior sobrevida com melhor qualidade de vida (Antoniades et al., 2025).

3 METODOLOGIA 

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, método de pesquisa que possibilita a síntese de resultados de estudos relevantes, com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre determinado fenômeno ou problema. A revisão integrativa foi escolhida por ser um tipo de revisão ampla, que permite incluir pesquisas com diferentes delineamentos metodológicos, proporcionando uma visão abrangente sobre os tumores cerebrais pediátricos, com ênfase no diagnóstico e tratamento dessas neoplasias.

A condução desta revisão seguiu as diretrizes metodológicas descritas por Sousa & Bezerra (2023), sendo estruturada em seis etapas fundamentais: (1) identificação do problema e elaboração da questão norteadora; (2) definição dos critérios de inclusão e exclusão e seleção dos estudos; (3) categorização e extração dos dados; (4) avaliação crítica dos estudos incluídos; (5) interpretação dos resultados; e (6) apresentação da síntese do conhecimento. 

Na primeira etapa, foi elaborada a questão norteadora da pesquisa com base no modelo PICo (População, Interesse e Contexto), adequado à natureza qualitativa da temática: “Quais são os avanços e desafios atuais no diagnóstico e tratamento dos tumores cerebrais pediátricos?”

A etapa subsequente envolveu a definição dos critérios de inclusão, os quais foram: artigos publicados entre os anos de 2020 e 2025, nos idiomas inglês, português ou espanhol, que abordassem especificamente a temática dos tumores cerebrais na população pediátrica, com foco em diagnóstico, terapêutica ou inovações tecnológicas aplicadas ao cuidado. Foram incluídos artigos científicos revisados por pares, documentos técnicos, relatórios e diretrizes oficiais de órgãos governamentais. Foram excluídos da análise os materiais repetidos em mais de uma base, editoriais, artigos de opinião e resenhas sem fundamentação teórica, bem como publicações cujo conteúdo não apresentava relação direta com a temática dos tumores cerebrais pediátricos.

A busca incluiu a utilização de bases científicas indexadas, como PubMed/MEDLINE, além de documentos institucionais disponíveis nos portais oficiais do Ministério da Saúde e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), bem como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Utilizaram-se descritores e palavras-chave definidos a partir dos vocabulários controlados DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e MeSH (Medical Subject Headings), como: “Brain Neoplasms”, “Child”, “Diagnosis”, “Therapeutics”, “Pediatric Brain Tumors”, combinados por operadores booleanos AND e OR.

Após a aplicação dos critérios estabelecidos na PubMed, foram inicialmente identificados 95 estudos. Após a triagem e aplicação dos critérios de elegibilidade, 20 artigos científicos atenderam aos objetivos propostos pela pesquisa. Não foram incluídas publicações institucionais nesta revisão, uma vez que o foco recaiu sobre evidências oriundas da literatura científica indexada.

Os estudos identificados foram triados com base nos títulos e resumos. Aqueles que atenderam aos critérios foram lidos na íntegra e submetidos à extração dos dados, por meio de instrumento padronizado contendo: autores, ano, periódico, objetivo, tipo de estudo, principais resultados e contribuições para a temática. Após a extração, realizou-se a análise crítica da qualidade metodológica e validade dos estudos, com base em critérios de rigor, clareza e coerência interna.

Os dados foram organizados e analisados por meio de abordagem qualitativa, com identificação de categorias temáticas emergentes que possibilitaram a síntese e a discussão dos achados à luz da literatura científica e das diretrizes internacionais sobre tumores do sistema nervoso central na infância. A apresentação dos resultados foi estruturada de modo a destacar os principais avanços diagnósticos, as inovações terapêuticas e os desafios persistentes no cuidado às neoplasias cerebrais pediátricas. A metodologia realizada está esquematizada na Figura 1.

Figura 1: Fluxograma de seleção dos artigos desta revisão integrativa (2020-2025).

Fonte: Autores (2025).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 

4.1 Perfil Clínico e Epidemiológico dos Pacientes

Os tumores cerebrais pediátricos apresentam um comportamento clínico bastante distinto das neoplasias que ocorrem em adultos, sobretudo pela influência do desenvolvimento neurobiológico e pela variedade de subtipos histológicos presentes na infância. As manifestações clínicas geralmente surgem de forma progressiva, muitas vezes iniciadas por sinais inespecíficos como cefaleia persistente, irritabilidade, letargia ou alterações no padrão de sono. Esses sinais podem ser interpretados pelos familiares como sintomas comuns da infância, o que contribui para atrasos no reconhecimento da gravidade. Em bebês e crianças muito pequenas, sintomas como macrocefalia progressiva, irritabilidade intensa e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor podem ser os primeiros indicativos de doença expansiva intracraniana (Melo et al., 2024).

A epidemiologia revela que os tumores cerebrais são a segunda neoplasia maligna mais frequente em pediatria, perdendo apenas para as leucemias (Figura 2) . A distribuição por idade é bastante variável, mas há predominância em crianças menores de 10 anos, especialmente quando se trata de tumores embrionários como meduloblastomas e ependimomas. Além disso, a localização anatômica influencia a prevalência: tumores da fossa posterior, particularmente cerebelo e tronco encefálico, são muito mais comuns em crianças, enquanto tumores supratentoriais tendem a predominar em adolescentes. Apesar de grande parte dos casos ser esporádica, síndromes genéticas como neurofibromatose, Li-Fraumeni e esclerose tuberosa elevam o risco da doença (Resende; Alves, 2021).

Figura 2: Características e epidemiologia dos principais tumores cerebrais pediátricos.

Fonte: Autores (2025).

O curso clínico também sofre influência do padrão de crescimento tumoral e da obstrução da circulação do líquor. Muitas crianças apresentam sinais de hipertensão intracraniana, como vômitos em jato, piora matinal dos sintomas e papiledema, o que reforça a necessidade de acompanhamento oftalmológico rotineiro nos casos suspeitos. Além disso, manifestações neurológicas focais, como crises convulsivas, paralisias, alterações de marcha e déficits visuais ou auditivos, podem refletir a localização estratégica do tumor e sua interação com estruturas sensíveis do sistema nervoso central (Resende; Alves, 2021).

Compreender o perfil epidemiológico e clínico permite que profissionais de saúde, especialmente aqueles da atenção primária, desenvolvam maior sensibilidade para reconhecer sinais de alarme. Quanto mais precoce for a suspeita, menor será o avanço tumoral no momento do diagnóstico, aumentando significativamente a chance de sobrevida e reduzindo sequelas neurológicas. Esse cenário reforça a importância de educação continuada e protocolos de referência e contrarreferência bem estruturados (Resende; Alves, 2021).

4.2 Fisiopatologia dos Tumores Cerebrais Pediátricos

A fisiopatologia dos tumores cerebrais pediátricos envolve uma série de mecanismos celulares, moleculares e microambientais que diferem significativamente dos tumores que acometem adultos. A infância é um período marcado por intensa proliferação neuronal e glial, além de processos contínuos de migração celular, mielinização e remodelação sináptica. Esse cenário biológico cria um ambiente particularmente suscetível ao surgimento de mutações e desregulações em vias responsáveis pelo desenvolvimento neural. Muitos tumores pediátricos são considerados “embriológicos” por se originarem de células progenitoras que mantiveram características imaturas e capacidade proliferativa elevada. Essas células, quando sofrem mutações específicas, podem adquirir potencial neoplásico e dar origem a tumores como meduloblastomas, ependimomas e gliomas de alto grau (Gonçalves; Alves; Voussogh, 2020).

Um dos pilares da fisiopatologia tumoral é a disfunção das vias de sinalização que regulam crescimento celular e diferenciação. Alterações em vias como SHH, WNT, MAPK e PI3K/AKT são frequentemente observadas e determinam não apenas o comportamento biológico, mas também o subtipo molecular e a agressividade. No caso dos meduloblastomas, por exemplo, subgrupos moleculares distintos apresentam ativações específicas que influenciam a capacidade de invasão e metástase leptomeníngea. Já nos gliomas de baixo grau frequentemente observados na infância, mutações em genes como BRAF levam a ativação descontrolada de mecanismos proliferativos gliais. Essa diversidade molecular reforça que tumores aparentemente semelhantes ao microscópio podem ter comportamentos completamente diferentes devido à origem celular e ao padrão de mutação presente (Nafe et al., 2023).

A interação entre o tumor e o microambiente cerebral também desempenha papel fundamental no avanço fisiopatológico. O cérebro infantil possui características únicas, como barreira hematoencefálica mais permeável, maior plasticidade e ambiente metabólico altamente ativo, favorecendo tanto o crescimento tumoral quanto a infiltração em estruturas vizinhas. Além disso, a angiogênese é um fenômeno essencial à expansão da massa tumoral. Tumores pediátricos frequentemente secretam fatores que estimulam a formação de novos vasos sanguíneos, garantindo suprimento contínuo de oxigênio e nutrientes. Contudo, esses novos vasos tendem a ser disfuncionais, com permeabilidade aumentada, contribuindo para edema e maior pressão intracraniana. Esse processo também facilita a entrada de células tumorais na superfície meníngea, possibilitando disseminação pelo líquor (Rameh et al., 2025).

Outro aspecto crítico da fisiopatologia é a capacidade de evasão imunológica. O sistema imune ainda em maturação das crianças pode ter dificuldade em reconhecer células tumorais como anormais, permitindo proliferação sem controle. Células neoplásicas utilizam mecanismos para modular a resposta inflamatória local, reduzindo a vigilância imunológica e favorecendo o crescimento silencioso por longos períodos. Além disso, mutações que afetam mecanismos de reparo de DNA contribuem para maior instabilidade genômica, acelerando o acúmulo de alterações que aumentam a agressividade tumoral. Em tumores mais invasivos, como os gliomas difusos, essa instabilidade é considerada chave para o rápido comprometimento de estruturas vitais e para a dificuldade terapêutica observada clinicamente (Karsonovich; Ahma, 2025).

Por fim, a fisiopatologia dos tumores cerebrais pediátricos se completa com os efeitos secundários que a expansão tumoral provoca no sistema nervoso. O crescimento da massa tumoral comprime estruturas adjacentes, obstrui a circulação do líquor, causa hidrocefalia, aumenta a pressão intracraniana e compromete vias neurais essenciais para funções motoras, sensoriais e cognitivas (Shoufy et al., 2025). 

A localização tumoral define manifestações clínicas: lesões na fossa posterior afetam equilíbrio e coordenação; tumores supratentoriais frequentemente provocam convulsões; já os que acometem o tronco encefálico alteram funções vitais como respiração e deglutição. Esses efeitos não são apenas consequências mecânicas, mas também derivam de moléculas inflamatórias e metabólicas produzidas pelo tumor, que alteram sinapses, neurotransmissão e metabolismo neuronal. Assim, a fisiopatologia dos tumores cerebrais pediátricos é resultado de um conjunto articulado de eventos celulares, moleculares e anatômicos, que influenciam diretamente o comportamento clínico e o prognóstico (Shoufy et al., 2025).

4.3 Principais Desafios Diagnósticos

O diagnóstico dos tumores cerebrais pediátricos é um processo complexo que envolve múltiplas etapas e exige integração entre clínica, neuroimagem e, frequentemente, análise histopatológica (Figura 3). Um dos grandes desafios é que os sintomas iniciais são sutis e frequentemente confundidos com condições benignas, como enxaqueca, sinusite, viroses comuns ou distúrbios escolares. Em crianças pequenas, o diagnóstico é ainda mais difícil pela incapacidade de relatar sintomas com clareza. Essa inespecificidade contribui para atrasos que podem chegar a meses, aumentando o risco de progressão tumoral e de danos estruturais irreversíveis (Ullah et al., 2023).

Figura 3: Diagnóstico e Tratamento dos Tumores Neurológicos na Pediatria.

Fonte: Autores (2025).

A ressonância magnética é o padrão-ouro da neuroimagem, permitindo avaliar localização, extensão, características morfológicas e possível infiltração. Entretanto, o acesso a essa tecnologia ainda é limitado em muitas regiões, especialmente considerando a necessidade frequente de sedação ou anestesia em crianças pequenas. A tomografia pode ser utilizada como método inicial em situações emergenciais, mas sua sensibilidade é inferior para tumores pequenos ou lesões em áreas de difícil visualização, além de envolver radiação ionizante, algo sempre preocupante em pediatria (Abib et al., 2022).

Outro desafio é diferenciar tumores malignos de lesões benignas ou pseudotumorais. Alguns tumores apresentam aparência semelhante em exames de imagem, exigindo biópsia para confirmação. A realização de biópsia, porém, nem sempre é simples: tumores de tronco encefálico, por exemplo, podem representar risco elevado de lesões neurológicas devido à profundidade e à localização crítica. Nessas situações, decisões terapêuticas precisam ser feitas com base em critérios clínicos e radiológicos, o que pode gerar dúvidas e divergências entre equipes (Izquierdo et al., 2021).

Além disso, o diagnóstico molecular tornou-se essencial na classificação dos tumores. No entanto, muitos centros ainda não dispõem de recursos para análises genômicas avançadas, dificultando a correta subtipagem e, consequentemente, a escolha terapêutica mais apropriada. Essa limitação reforça a desigualdade no acesso à saúde e evidencia a necessidade de ampliação de laboratórios especializados e parcerias interinstitucionais que permitam diagnóstico mais rápido, preciso e acessível (Nassiri et al., 2020).

4.4 Estratégias Terapêuticas e Avanços Tecnológicos

O tratamento dos tumores cerebrais pediátricos evoluiu com a integração de abordagens cirúrgicas, radioterápicas e farmacológicas, além de novas tecnologias que ampliaram as possibilidades de intervenção. A cirurgia permanece como o principal método inicial para muitos tumores, sendo o objetivo ideal a ressecção completa. No entanto, fatores como localização anatômica e infiltração tumoral frequentemente limitam a remoção total. Técnicas modernas, como neuronavegação, ressonância intraoperatória, monitorização neurofisiológica e fluorescência tumoral, aumentaram a segurança e a precisão, reduzindo sequelas neurológicas e melhorando o prognóstico (Pastorino et al., 2022).

A radioterapia também passou por grandes avanços, especialmente com o uso de técnicas conformacionais, radiocirurgia e terapia com prótons. Essas técnicas permitem doses mais altas diretamente no tumor enquanto protegem estruturas delicadas ao redor, fundamentais em cérebros em desenvolvimento. Em crianças pequenas, no entanto, a radioterapia ainda é usada com cautela devido ao risco de efeitos tardios severos, incluindo déficit cognitivo, endocrinopatias e alterações de crescimento craniano. Por isso, terapias substitutivas e estratégias que adiam ou reduzem a necessidade de radiação possuem enorme relevância clínica (Magalhães et al., 2023).

A quimioterapia desempenha papel essencial, especialmente em tumores de alto grau e nos casos em que a radioterapia precisa ser postergada. Protocolos combinados incluem múltiplas drogas com ações complementares, buscando aumentar a eficácia e diminuir a resistência tumoral. Contudo, os efeitos adversos permanecem um grande desafio, e a individualização da dose com base em características genéticas e metabólicas da criança tornou-se uma estratégia importante para reduzir toxicidade. Novas drogas, moduladores de vias moleculares específicas e imunoterapias estão em desenvolvimento, trazendo esperança para tumores tradicionalmente resistentes, como gliomas difusos (Benzo et al.,2020).

Outra linha de avanço é o uso de terapias-alvo, que identificam mutações específicas e atuam diretamente nelas, oferecendo abordagens mais precisas e com menos efeitos colaterais. Diagnósticos moleculares detalhados permitem distinguir subgrupos tumorais que antes eram tratados de forma homogênea, mas hoje se sabe que possuem comportamentos e respostas terapêuticas diferentes. Essa nova era da oncologia pediátrica reforça a necessidade de integração entre neurocirurgiões, oncologistas, geneticistas e equipes multidisciplinares especializadas (Melo et al., 2024).

4.5 Impacto Psicossocial e Qualidade de Vida

O impacto de um tumor cerebral pediátrico transcende o aspecto biológico e afeta diretamente a vida emocional, social e familiar das crianças. O processo de diagnóstico costuma ser marcado por incerteza, medo e ruptura da rotina, já que famílias inteiras precisam reorganizar sua vida ao redor de consultas, exames e internações. Muitas crianças apresentam interrupção escolar prolongada, o que pode afetar seu desenvolvimento cognitivo e habilidades sociais, reforçando a necessidade de suporte educacional diferenciado após o diagnóstico (Melo et al., 2024).

As sequelas físicas e cognitivas do tumor ou do tratamento são variáveis e influenciam significativamente a qualidade de vida. Crianças submetidas à cirurgia podem enfrentar déficits motores, dificuldades de coordenação ou alterações comportamentais. Aquelas expostas à radioterapia podem desenvolver problemas cognitivos tardios, como dificuldades de memória, atenção e aprendizagem. Esses impactos exigem intervenção prolongada com equipes de reabilitação, incluindo fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e acompanhamento neuropsicológico (Oztek et al., 2023).

O suporte psicológico é indispensável durante todas as fases, desde o diagnóstico até o tratamento e o acompanhamento pós-terapêutico. Crianças frequentemente vivenciam medo, isolamento social, alterações corporais e sensação de perda de controle sobre a própria vida. Da mesma forma, pais e cuidadores experimentam sentimentos intensos de culpa, ansiedade e sobrecarga emocional. Estratégias de acolhimento, sessões terapêuticas e grupos de apoio ajudam a reduzir o sofrimento psicológico e fortalecem a capacidade de enfrentamento familiar (Medina; Wrede; Schulz-Schaeffer, 2023).

Promover qualidade de vida significa olhar além da lesão tumoral e considerar o desenvolvimento global da criança, sua inserção social, autonomia e identidade. A reintegração escolar deve ser planejada em parceria com educadores e profissionais de saúde. Além disso, garantir acompanhamento a longo prazo é crucial, já que muitas sequelas surgem anos após o término do tratamento. Assim, um cuidado integral, contínuo e interdisciplinar é a base para que essas crianças não apenas sobrevivam, mas possam viver de forma plena e funcional (Magalhães et al., 2023).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo demonstra que os avanços no diagnóstico molecular ampliam a precisão das estratificações de risco e orientam condutas terapêuticas mais individualizadas, fortalecendo o manejo dos tumores cerebrais pediátricos. Evidencia-se também que as barreiras de acesso a tecnologias avançadas permanecem limitando a aplicação uniforme dessas estratégias, o que impede a consolidação plena das terapias de precisão. 

Ademais, verifica-se que o equilíbrio entre eficácia oncológica e preservação do neurodesenvolvimento se configura como eixo central das decisões clínicas, orientando a escolha de cirurgias menos agressivas, o refinamento da radioterapia e a incorporação progressiva de abordagens biológicas. Esse achado confirma a hipótese de que a proteção funcional passa a integrar, de forma estruturada, os critérios de tomada de decisão.

Dessa forma, as análises confirmam que os objetivos propostos são efetivamente atingidos, ao demonstrar como os progressos diagnósticos e terapêuticos se traduzem em benefícios clínicos concretos, ao mesmo tempo em que revelam os desafios que ainda restringem sua implementação ampla. O estudo evidencia a relação direta entre avanços científicos e desigualdades assistenciais, oferecendo fundamentos teóricos e práticos para aprimorar fluxos de cuidado, qualificação profissional e políticas de acesso. A pesquisa, portanto, apresenta como novas contribuições a explicitação do papel central da biologia molecular nas decisões clínicas e a identificação dos fatores estruturais que condicionam a efetividade desses avanços.

Contudo, é explícito que a heterogeneidade dos tumores, a limitação de dados longitudinais e a disparidade tecnológica entre centros especializados constituem limitações do estudo e apontam caminhos para investigações futuras, especialmente no que diz respeito à padronização diagnóstica e ao acompanhamento prolongado dos desfechos funcionais. Essas limitações reforçam a necessidade de investigações multicêntricas, com seguimento ampliado e integração padronizada de biomarcadores.

Portanto, o campo da neuro-oncologia pediátrica avança de maneira consistente, embora ainda enfrente obstáculos significativos para que as inovações se convertam em cuidado equitativo, integral e orientado à qualidade de vida das crianças. Sugerem-se, para estudos futuros, a ampliação das coortes analisadas, o aprofundamento da avaliação funcional pós-tratamento e a investigação de estratégias que reduzam desigualdades no acesso às tecnologias emergentes.

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¹Discente do Curso Superior de Medicina da AFYA Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão dos Guararapes. E-mail: rafael.ramos1999@gmail.com;
²Docente do Curso Superior de Medicina da AFYA Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão dos Guararapes.