MINIMIZAÇÃO DE PROBLEMAS EM OBRAS COM A UTILIZAÇÃO DO BIM: ESTUDO DE CASO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202512182250


André Carvalho Pereira1
Evaristo Clementino Rezende Dos Santos Júnior2


RESUMO

A construção civil brasileira enfrenta desafios históricos relacionados a desperdícios, retrabalhos e incompatibilidades de projetos. Este trabalho analisa os problemas ocorridos durante a execução do empreendimento Green Fire, condomínio horizontal de 24 unidades executado entre 2012 e 2015 em MaritubaPA, identificando e quantificando aqueles que poderiam ter sido evitados através da metodologia Building Information Modeling (BIM). A metodologia empregou análise documental retrospectiva em três etapas: levantamento de projetos originais, planilhas e relatórios; mapeamento sistemático de problemas executivos; e simulação BIM comparativa através de modelagem tridimensional em Revit e análise de interferências em Navisworks. Foram identificados 47 problemas técnicos ao longo dos 36 meses de obra, predominando incompatibilidades de projeto (42,6%) e erros de quantificação (27,7%). A simulação BIM detectou 283 conflitos entre disciplinas, alcançando taxa de detecção de 95,8% dos problemas efetivamente registrados. A categorização revelou que 72,3% dos problemas eram totalmente evitáveis através de BIM. A economia potencial quantificada foi de R$ 347.019,00, representando 15,0% do custo total do empreendimento, com redução estimada de 12,8% no prazo de execução. A análise de viabilidade econômica demonstrou Retorno sobre Investimento (ROI) de 134,9% no cenário realista, com período de payback de 5 meses para empresas executando 2 projetos anuais similares. Os resultados confirmam que a implementação de BIM em empreendimentos residenciais horizontais de médio porte no contexto paraense é economicamente viável e apresenta potencial significativo de redução de custos e prazos, contrariando a percepção de que investimento inicial constitui barreira intransponível.

PALAVRAS-CHAVE: Building Information Modeling. Compatibilização de projetos. Condomíniohorizontal. Clash detection. Viabilidade econômica.

ABSTRACT

Brazilian civil construction faces historical challenges related to waste, rework and project incompatibilities. This study analyzes problems that occurred during the execution of Green Fire development, a horizontal condominium of 24 units built between 2012 and 2015 in Marituba-PA, identifying and quantifying those that could have been avoided through Building Information Modeling (BIM) methodology. The methodology employed retrospective documentary analysis in three stages: survey of original projects, spreadsheets and reports; systematic mapping of execution problems; and comparative BIM simulation through three-dimensional modeling in Revit and interference analysis in Navisworks. A total of 47 technical problems were identified over the 36-month construction period, predominantly project incompatibilities (42.6%) and quantification errors (27.7%). BIM simulation detected 283 conflicts between disciplines, achieving a detection rate of 95.8% of effectively registered problems. Categorization revealed that 72.3% of problems were totally avoidable through BIM. The quantified potential savings amounted to R$ 347,019.00, representing 15,0% of total project cost, with an estimated 12.8% reduction in execution time. Economic feasibility analysis demonstrated Return on Investment (ROI) of 134.9% in the realistic scenario, with a payback period of 5 months for companies executing 2 similar projects annually. Results confirm that BIM implementation in medium-sized horizontal residential developments in the Pará context is economically viable and presents significant potential for cost and time reduction, contradicting the perception that initial investment constitutes an insurmountable barrier.

KEYWORDS: Building Information Modeling. Project coordination. Horizontal condominium. Clash detection. Economic feasibility.

1- INTRODUÇÃO

A construção civil brasileira enfrenta desafios históricos relacionados a desperdícios, retrabalhos e incompatibilidades de projetos que comprometem significativamente a produtividade e lucratividade do setor. Segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, 73,2% das empresas identificam o desperdício de materiais como principal problema operacional, enquanto 90% dos projetos de infraestrutura apresentam atrasos ou custos superiores ao planejado (CBIC, 2022). Este cenário é particularmente crítico quando se considera que até 56% do orçamento de uma obra pode estar em risco devido a falhas de comunicação e incompatibilidades entre disciplinas de projeto (GASPAR, 2019). Estes números alarmantes refletem um setor que, apesar de sua importância econômica – representando aproximadamente 6,5% do PIB nacional (CBIC, 2022) – permanece entre os menos digitalizados da economia brasileira.

A fragmentação dos processos de projeto e execução perpetua um ciclo de ineficiência. As metodologias tradicionais baseadas em desenhos bidimensionais agravam esse problema, manifestando-se em todas as etapas do ciclo de vida das edificações. Estudos demonstram que aproximadamente 30% do tempo de obra é consumido em atividades que não agregam valor, incluindo retrabalhos, correções de incompatibilidades e esperas por definições de projeto que deveriam ter sido resolvidas em fases anteriores (DANTAS FILHO; BARROS NETO; ANGELIM, 2017). A problemática torna-se ainda mais evidente quando analisamos o impacto financeiro desta ineficiência sistêmica. O custo médio de correção de problemas de projeto aumenta exponencialmente conforme avança o ciclo de vida da edificação: enquanto um erro detectado na fase de projeto pode ser corrigido com custo unitário, a falha identificada durante a execução pode custar cinco vezes mais, chegando a 25 vezes o valor inicial quando descoberta apenas durante a fase de uso e manutenção. Este princípio, amplamente conhecido como Lei de Sitter, evidencia a importância crítica da detecção antecipada de problemas e da qualidade dos processos de compatibilização de projetos.

Building Information Modeling (BIM) emerge como solução tecnológica e metodológica para estes problemas estruturais. Definido pelo Decreto Federal nº 11.888/2024 como “conjunto integrado de processos e tecnologias que permite criar, utilizar, atualizar e compartilhar, colaborativamente, modelos digitais de uma construção”, o BIM transcende a simples modelagem tridimensional, representando uma mudança cultural na gestão de projetos. A metodologia fundamenta-se na criação de modelos digitais que consolidam informações geométricas, técnicas, funcionais e econômicas em ambiente único e compartilhado, permitindo simulações e análises que antecipam problemas antes que se manifestem fisicamente na obra. No Brasil, a adoção desta metodologia cresceu de 9,2% em 2018 para 20,6% em 2024, com destaque para edificações residenciais que atingem 37,2% de adoção (SENAI-PR, 2025), quase o dobro da média nacional. Este crescimento acelerado nos últimos anos decorre de múltiplos fatores convergentes: iniciativas governamentais de disseminação e obrigatoriedade progressiva em obras públicas, amadurecimento das soluções tecnológicas disponíveis no mercado, e reconhecimento por parte das empresas dos benefícios econômicos tangíveis proporcionados pela metodologia.

O marco regulatório brasileiro para BIM consolidou-se através de sucessivos decretos que estabeleceram cronograma de implementação progressiva. O Decreto nº 10.306/2020 iniciou este processo, tornando obrigatória a utilização de BIM em projetos de arquitetura e engenharia para obras públicas federais acima de determinados valores. Esta obrigatoriedade foi expandida pelo Decreto nº 11.888/2024, que instituiu a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM (Estratégia BIM BR), estabelecendo metas ambiciosas: aumento de 10% na produtividade do setor e redução de 20% nos custos de construção até 2028. A Lei de Licitações nº 14.133/2021 reforça esta tendência ao prever preferência para empresas que utilizem BIM em contratações públicas.

A relevância deste estudo fundamenta-se em três pilares principais. Primeiro, a crescente obrigatoriedade legal do BIM em obras públicas cria necessidade urgente de capacitação e preparação das empresas regionais para atendimento destas exigências, sob risco de exclusão de mercado significativo. Segundo, as metas governamentais estabelecidas na Estratégia BIM BR tornam imperativa a compreensão dos mecanismos concretos através dos quais BIM gera estes benefícios. Terceiro, a necessidade de demonstrar, através de casos reais documentados com rigor metodológico, a viabilidade econômica do BIM para empreendimentos de médio porte em contextos regionais específicos.

O objetivo deste trabalho é analisar os problemas ocorridos durante a execução de um empreendimento residencial horizontal de médio porte em Marituba-PA, identificando e quantificando aqueles que poderiam ter sido evitados ou minimizados através da implementação da metodologia BIM, demonstrando o potencial de economia em custos e prazos, contribuindo assim para a compreensão dos benefícios reais e mensuráveis da tecnologia no contexto específico da construção paraense.

2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Conceituação do BIM no Contexto Brasileiro

Building Information Modeling representa evolução fundamental na gestão de projetos de construção civil, transcendendo a mera representação gráfica tridimensional. Ruschel, Andrade e Morais (2013) definem BIM como processo integrado de criação, uso e atualização de modelos digitais que servem a todos os participantes durante o ciclo de vida da construção. Esta definição alinha-se com o marco regulatório brasileiro estabelecido pelo Decreto nº 11.888/2024, que oficializa o BIM como política pública nacional.

Manzione (2013) propõe estrutura conceitual para gestão colaborativa com BIM, introduzindo o conceito de Nível de Maturidade em substituição ao tradicional Level of Detail (LOD), argumentando que a evolução do modelo deve considerar não apenas detalhamento geométrico, mas também requisitos de gestão, medição de interferências e sistemas de planejamento adequados. Esta abordagem multidimensional caracteriza o BIM através de simulações 4D (tempo), 5D (custo), 6D (sustentabilidade) e 7D (gerenciamento de Facilities), conforme estabelecido pela norma ABNT NBR 15965.

Machado, Ruschel e Scheer (2017) analisaram a produção científica brasileira. sobre BIM entre 2000 e 2015, identificando crescimento exponencial de publicações a partir de 2010, coincidindo com primeiros movimentos governamentais de disseminação da tecnologia. Os autores destacam concentração de pesquisas em universidades do Sul e Sudeste, com foco predominante em interoperabilidade e gestão de processos.

2.2.  Benefícios do BIM na Construção Civil Brasileira

Os benefícios quantificáveis do BIM no contexto brasileiro são extensivamente documentados. Miceli Junior, Pellanda e Reis (2023), em revisão sistemática de 34 artigos brasileiros publicados entre 2011 e 2021, identificaram redução média de 22% nos custos de construção e 33% no tempo de projeto e execução. Os autores destacam que a extração automática de quantitativos e melhor visualização espacial são os benefícios mais citados na literatura nacional.

Miranda et al. (2023) demonstraram através de modelagem comparativa que projetos desenvolvidos em BIM apresentam redução de 44% em retrabalhos quando comparados a metodologias CAD tradicionais. O estudo, realizado em edificação de pequeno porte, identificou 186 conflitos através de clash detection que não foram detectados no processo bidimensional, dos quais 37% exigiriam intervenção de responsável técnico caso descobertos durante execução.

Dantas Filho, Barros Neto e Angelim (2017) aplicaram mapeamento de fluxo de valor em processos BIM, demonstrando redução de 38% em atividades que não agregam valor e aumento de 25% a 50% na produtividade das equipes de projeto. Os autores da Universidade Federal do Ceará enfatizam que ganhos são amplificados quando BIM é implementado desde fases iniciais do empreendimento.

2.3. Como o BIM Auxilia na Execução de Obras

A prevenção de problemas através do BIM ocorre por mecanismos específicos documentados na literatura brasileira. Gaspar (2019) identifica que incompatibilidades de projeto, responsáveis por 45% das patologias construtivas segundo levantamento em 50 obras brasileiras, são drasticamente reduzidas através de detecção antecipada de interferências. O autor demonstra que ferramentas de clash detection podem identificar até 95% dos conflitos físicos antes da execução.

Baia (2015) analisou aplicação de ferramentas BIM no planejamento de obras na Amazônia, destacando importância da modelagem 4D para gestão de cronogramas em regiões com desafios logísticos. A pesquisa demonstrou que simulações de sequenciamento construtivo reduziram em 30% o tempo de paralização por falta de materiais ou incompatibilidades de frentes de trabalho.

Delatorre (2019) propõe modelo conceitual integrando BIM nas fases iniciais de projeto, argumentando que 80% das decisões críticas de custo são tomadas nas primeiras 20% do desenvolvimento do projeto. A autora demonstra através de estudos de caso que detecção precoce de problemas através do BIM segue a Lei de Sitter, onde cada real investido em prevenção na fase de projeto economiza R$ 5,00 na execução, R$ 25,00 em manutenção preventiva e R$ 125,00 em manutenção corretiva.

2.4. Contexto Regional Paraense e Apresentação do Estudo de Caso.

2.4.1.  CARACTERÍSTICA DO MERCADO DE CONSTRUÇÃO NA REGIÃO PARAENSE

O contexto paraense apresenta particularidades que tornam o estudo do BIM especialmente relevante e amplificam tanto os desafios quanto os benefícios potenciais da metodologia. Com Custo Unitário Básico (CUBPA) de R$ 2.224,98/m² em 2025, superior à média nacional de R$ 1.987,43/m², a região enfrenta custos de construção elevados devido a desafios logísticos inerentes à Amazônia: distâncias significativas, infraestrutura viária limitada, menor disponibilidade de materiais e equipamentos especializados, e sazonalidade climática que impacta cronogramas. Estes fatores amplificam proporcionalmente o custo de erros, retrabalhos e desperdícios, tornando a otimização de processos construtivos não apenas desejável, mas imperativa para viabilidade econômica dos empreendimentos.

Rocha, Cândido e Barros Neto (2024), em survey com 144 profissionais brasileiros de 14 estados, identificaram que apenas 31,9% das empresas paraenses utilizam alguma tecnologia digital avançada, percentual significativamente inferior à média nacional de 42,3%. Este dado evidencia tanto o desafio quanto a oportunidade de modernização no mercado regional, especialmente considerando que empresas com maior maturidade digital reportam margens de lucro 18% superiores. Este contexto torna a região paraense particularmente relevante para estudos sobre potencial de implementação BIM em mercados com baixa adoção tecnológica.

2.4.2.  CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS COMO TIPOLOGIA DE ANÁLISE

Condomínios horizontais, tipologia crescente na região metropolitana de Belém, apresentam complexidades específicas que justificam sua seleção como objeto de estudo. Esta tipologia apresenta desafios adicionais devido à necessidade de infraestrutura individualizada para múltiplas unidades, maior área de implantação, coordenação de atividades simultâneas em diferentes frentes de trabalho, e multiplicidade de interfaces entre sistemas construtivos, fatores que amplificam os impactos de erros de projeto e execução. 

O 16° Censo Imobiliário da CBIC (2022) registrou lançamento de 611 unidades em condomínios horizontais na região metropolitana de Belém, com velocidade de vendas de 8,2% ao mês, evidenciando aquecimento significativo deste segmento de mercado.

Torres (2020) destaca que obras de infraestrutura horizontal, categoria que inclui condomínios, apresentam complexidades específicas para implementação BIM devido à distribuição espacial e necessidade de coordenação entre múltiplas unidades repetitivas. O autor argumenta que benefícios são proporcionalmente maiores neste tipo de empreendimento devido à possibilidade de padronização e replicação de soluções, características alinhadas ao perfil dos condomínios horizontais que predominam no mercado paraense.

Sauer (2020) propõe integração entre gestão de custos e planejamento baseado em localização com suporte BIM, metodologia particularmente aplicável a condomínios horizontais onde localização física de cada unidade influencia sequenciamento construtivo e alocação de recursos. A autora demonstra que esta abordagem pode reduzir em até 25% os custos indiretos através de otimização de canteiro e logística.

2.4.3.     APRESENTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO GREEN FIRE

O empreendimento Green Fire, localizado em Marituba-PA, constitui exemplo representativo da realidade regional e das tipologias predominantes no mercado paraense. Executado entre 2012 e 2015 pela empresa Totalconstructions utilizando metodologia tradicional CAD 2D, o condomínio de 24 casas de 72m² cada enfrentou diversos problemas típicos de obras desenvolvidas sem BIM, incluindo incompatibilidades entre projetos de diferentes disciplinas, retrabalhos significativos que consumiram recursos financeiros e temporais, e atrasos no cronograma que impactaram a entrega final do empreendimento.

A análise retrospectiva deste caso real permite identificar e quantificar com precisão problemas que poderiam ter sido evitados com a adoção do BIM, fornecendo evidências concretas e mensuráveis dos benefícios da metodologia no contexto específico da construção paraense.

Borazanian et al. (2024) analisam desafios contemporâneos de implementação BIM no Brasil, identificando que empresas de médio porte, categoria típica de construtoras regionais atuantes no Pará como a executora do empreendimento Green Fire, enfrentam barreiras relacionadas a investimento inicial, capacitação de equipes e mudança cultural. Os autores propõem modelo de implementação gradual que minimiza resistências e maximiza retorno sobre investimento, abordagem adequada ao contexto paraense de baixa maturidade digital.

Amorim e Santos (2025), em estudo recente sobre integração de Inteligência Artificial com BIM, projetam que combinação destas tecnologias pode elevar reduções de custo para patamares de 30-40% em médio prazo. Os autores da UFRJ argumentam que análise retrospectiva de obras executadas sem BIM fornece base de dados valiosa para treinamento de algoritmos preditivos, reforçando importância de estudos de caso regionais como o proposto para o contexto paraense.

3- METODOLOGIA

3.1. Caracterização do Objeto de Estudo

O empreendimento Green Fire constitui condomínio horizontal residencial multifamiliar localizado na Rua Uriboca Velho, bairro Uriboca, Marituba-PA, CEP 67105-070. O projeto compreende 24 unidades habitacionais de 72m² cada, totalizando 1.728m² de área construída residencial, acrescida de áreas comuns incluindo churrasqueira, playground, piscina, deck solarium, praça, pórtico de entrada e guarita de segurança. Cada unidade possui 3 quartos (sendo 1 suíte), 2 banheiros e garagem para 1 veículo. A obra foi executada pela empresa Totalconstructions utilizando metodologia tradicional com projetos em CAD 2D, iniciada em 2012 e concluída em 2015, totalizando 36 meses de execução.

Figura 1: Mapa do empreendimento

Fonte: Google Earth (2025)

Figura 2: Fotografia da obra 

Fonte: Registo de obra Green Fire, semana 2 (maio/2012)

3.2. Procedimentos de Coleta de Dados

A coleta de dados foi estruturada em três etapas complementares:

  • Primeira etapa – Levantamento documental: Análise de projetos arquitetônicos, estruturais e complementares originais em formato DWG, exame de planilhas orçamentárias e cronogramas físicofinanceiros, revisão de relatórios de fiscalização e diários de obra; identificação de aditivos contratuais e suas justificativas técnicas. Os documentos foram obtidos junto à construtora mediante termo de confidencialidade e anonimização de dados sensíveis.
  • Segunda etapa – Mapeamento de problemas executivos: Catalogação sistemática de todos os retrabalhos documentados nos diários de obra, identificação de paralisações e suas causas registradas; quantificação de desperdícios de materiais através de notas fiscais e requisições extras; análise de não conformidades registradas pela fiscalização. Utilizou-se planilha estruturada, com categorização por tipo de problema, fase da obra, disciplina afetada e impacto financeiro.
  • Terceira etapa – Simulação BIM comparativa: Modelagem tridimensional do projeto em software Autodesk Revit 2024 utilizando projetos originais, execução de análise de interferências através do Navisworks Manage, geração de quantitativos automatizados para comparação com planilhas originais; simulação 4D do cronograma para identificação de conflitos de sequenciamento. O nível de desenvolvimento (LOD – Level of Development) adotado seguiu as diretrizes estabelecidas pela American Institute of Architects (AIA) no documento G202-2013 e pela norma brasileira ABNT NBR 15965. Adotou-se LOD 300 para todos os elementos estruturais (fundações, vigas baldrame VB-01 a VB-05, pilares, lajes), caracterizado por geometria específica, dimensões precisas, localização e orientação exatas, além de informações não-geométricas associadas através de parâmetros (materiais, resistências características, volumes, custos unitários). Para as vigas baldrame, o LOD 300 significou modelagem com seção transversal de 20x40cm, espaçamento de 1,5m entre eixos, concreto fck 25MPa, cobrimento de 3cm conforme NBR 6118, e volume calculado automaticamente (0,68m³ por viga de 8,5m). Esta precisão dimensional foi fundamental para detecção da interferência crítica com tubulação de esgoto Ø100mm, cuja altura de instalação (-1,65m) coincidiu exatamente com altura das vigas. Para acabamentos e elementos arquitetônicos não-estruturais, adotou-se LOD 200, caracterizado por representação genérica com geometria aproximada: revestimentos como camadas de 1,5cm sem detalhamento de juntas, forros como planos horizontais sem estrutura de sustentação, rodapés como elementos lineares sem arremates. Esta diferenciação, recomendada por Manzione (2013), adequou o nível de desenvolvimento ao propósito específico da análise, evitando super-detalhamento que consumiria recursos desproporcionais aos benefícios. A estratégia permitiu conclusão da modelagem em 18 horas (6h arquitetura + 8h estrutura + 4h instalações), totalizando R$ 2.160,00 considerando R$ 120,00/hora para profissional BIM qualificado no mercado paraense. Adoção de LOD 300 também para acabamentos elevaria tempo para aproximadamente 30 horas (acréscimo de 67%) sem incremento significativo na taxa de detecção de interferências críticas, uma vez que os 47 problemas documentados se relacionavam predominantemente a incompatibilidades entre sistemas principais (estrutura, hidráulica, elétrica), não a acabamentos, conforme demonstrado por Ruschel, Andrade e Morais (2013).

3.2.1.  PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE INTERFERÊNCIAS (CLASH DETECTION)

A detecção de interferências foi realizada através do software Autodesk Navisworks Manage 2024, utilizando os modelos federados exportados do Revit em formato. Navisworks. O processo seguiu quatro etapas estruturadas: Etapa 1 – Configuração de regras de detecção: Foram estabelecidas regras de clash detection para identificar sobreposições físicas entre elementos de diferentes disciplinas. As combinações analisadas foram:

  • Estrutura × Hidráulica
  • Estrutura × Elétrica
  • Estrutura × Arquitetura
  • Hidráulica × Elétrica
  • Hidráulica × Arquitetura
  • Elétrica × Arquitetura

Etapa 2 – Execução da análise: Utilizou-se a ferramenta “Clash Detective” do Navisworks com tolerância de detecção de 1mm, identificando todas as intersecções geométricas entre elementos das disciplinas especificadas. A análise foi configurada para detectar conflitos do tipo “hard clash” (sobreposição física direta entre elementos sólidos).

Etapa 3 – Classificação por criticidade: Os 283 conflitos detectados foram classificados manualmente em três categorias segundo critérios de impacto na execução e operação:

  • Críticos: Interferências que impossibilitam execução conforme projetado, exigindo alteração de projeto ou relocação de elementos. Exemplos: tubulação atravessando viga estrutural, eletroduto conflitando com elemento estrutural, sobreposições que exigem demolição parcial.
  • Moderados: Interferências que dificultam execução, mas podem ser resolvidas em campo através de pequenos ajustes sem comprometer integridade estrutural ou funcional. Exemplos: proximidades críticas entre elementos (<5cm), conflitos em áreas de fácil modificação, interferências entre instalações não estruturais.
  • Menores: Interferências de baixo impacto que não comprometem execução, geralmente relacionadas a folgas insuficientes ou conflitos em elementos secundários. Exemplos: sobreposições apenas em acabamentos, conflitos em áreas não-críticas, proximidades que não impedem instalação.

Etapa 4 – Validação e correlação com problemas reais: Os conflitos críticos identificados foram confrontados com os 47 problemas documentados nos registros da obra real para calcular a taxa de detecção da metodologia BIM. Foram considerados “detectáveis por BIM” apenas os problemas que apresentavam correspondência direta com conflitos identificados na simulação.

Figura 3: Vista explodida da unidade habitacional do Empreendimento Green Fire evidenciando interferência crítica entre tubulação de esgoto Ø100mm e vigas baldrame VB-02 e VB-05

Fonte: Elaborado pelo autor através de modelagem BIM em Autodesk Revit 2024 (2025).

3.3. Análise dos Dados

A análise dos dados seguiu abordagem mista integrando técnicas quantitativas e qualitativas conforme metodologia de Yin (2015).

  • Análise quantitativa: O custo total dos retrabalhos foi calculado através de três componentes: (1) materiais desperdiçados, quantificados pela comparação entre consumo previsto em planilha orçamentária original e consumo efetivo registrado em notas fiscais de aquisições extras – exemplos incluem 45,2m³ de concreto além da previsão (Notas Fiscais NF-4521 a NF-4589 da Concreteira Pará Ltda, junho/2012 a março/2013), 2.023kg de aço CA-50 adicionais (NFs 7834 a 7912 da Distribuidora de Aços Norte S.A.), e 890m² de revestimento cerâmico excedente (NFs Cerâmica Paraense, novembro/2013 a abril/2014); (2) horas-homem de retrabalho, documentadas nos Diários de Obra DO001 a DO-780, incluindo 156 horas de engenharia para resolução da interferência crítica (DO-087 a DO102, maio/junho 2012) e 892 horas-homem de equipes para demolição/reexecução, valoradas pelo CUBPA médio 2012-2015 (R$ 89,43/h-h); (3) custos indiretos de paralização, calculados pelo Relatório Mensal de Custos Indiretos (RMCI) que registrou R$ 7.420,00/dia de despesas fixas, multiplicados por 18 dias de paralisação documentados, totalizando R$ 133.560,00. A estimativa de impacto no prazo utilizou análise de caminho crítico (CPM) aplicada ao cronograma original em Microsoft Project, identificando 4,6 meses de atraso atribuíveis a problemas evitáveis: 45 dias para interferência nas fundações, 28 dias em retrabalhos de instalações, 14 dias de replanejamento, e 52 dias em correções pontuais documentadas em 23 Relatórios de Não-Conformidade (RNC-012 a RNC-089). A projeção de economia potencial com BIM adotou percentual conservador de 15% baseado em Miceli Junior, Pellanda e Reis (2023), aplicado sobre R$ 2.313.462,68 documentados na Ficha Resumo do Empreendimento (FRE) da Caixa Econômica Federal (junho/2014).
  • Análise qualitativa: Categorização temática segundo framework de Dantas Filho et al. (2017) identificou incompatibilidades de projeto (20 ocorrências, exemplificadas por RNC-012 de 18/05/2012 sobre interferência tubulação/vigas), erros de quantificação (13 ocorrências, desvios >10% entre Planilha Orçamentária Original versão 2.1 e Planilha de Medições Executadas), problemas de sequenciamento (9 ocorrências) e falhas de comunicação (5 ocorrências, como divergência de esquadrias na ARC-023 de 14/11/2013). 
  • Análise comparativa BIM: Classificou problemas em totalmente evitáveis (34, 72,3% incompatibilidades detectáveis por clash detection), parcialmente evitáveis (9, 19,1% – comunicação/sequenciamento otimizáveis), e não relacionados ao BIM (4, 8,5% – eventos externos documentados em DO-234, DO-267, DO-445 e Termo Aditivo 02). Estimativa conservadora considerou taxa de detecção de 80% (versus 95% da literatura madura), refletindo implementação BIM básica típica de empresas regionais em estágios iniciais de adoção tecnológica.

3.4. Avaliação Econômica

A avaliação econômica foi estruturada em três componentes:

  • Custo dos problemas identificados: Quantificação direta através de notas fiscais de materiais extras, horas-homem de retrabalho valoradas pelo CUB-PA 2012-2015, custos indiretos de paralização calculados por rateio de despesas fixas, penalidades contratuais por atraso quando aplicáveis. Valores foram atualizados pelo INCC-M para permitir comparação em valores presentes.
  • Investimento necessário em BIM: Estimativa baseada em valores de mercado 2024 incluindo licenças de software (Revit, Navisworks, QiBuilder), hardware adequado (estações de trabalho com especificações para modelagem), capacitação da equipe (40 horas de treinamento básico), consultoria de implementação para primeiro projeto. Considerou-se cenário de pequena empresa com 3 estações de trabalho.
  • Análise de viabilidade: Cálculo do Retorno sobre Investimento (ROI) através da fórmula determina o período de payback simples análisa de sensibilidade variando percentual de economia entre 10% (conservador) e 25% (otimista) e considera os benefícios intangíveis como melhoria de imagem e competitividade.

3.5. Limitações Metodológicas

Reconhecem-se as seguintes limitações inerentes ao método adotado: análise retrospectiva impede experimentação controlada com e sem BIM no mesmo projeto; estimativas de redução de prazo baseiam-se em dados teóricos da literatura, não em medição direta; alguns problemas podem não ter sido adequadamente documentados na época da execução; generalização dos resultados limita-se a empreendimentos de características similares, não foi possível simular aspectos colaborativos do BIM devido à natureza retrospectiva do estudo.

3.6. Aspectos éticos

A pesquisa foi conduzida seguindo princípios éticos de confidencialidade e anonimização. Dados sensíveis da empresa foram omitidos ou modificados sem comprometer a validade científica. Resultados foram apresentados de forma agregada, impossibilitando identificação individual de responsabilidades por problemas identificados.

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Caracterização dos Problemas Identificados no Empreendimento Green Fire

A análise documental do empreendimento Green Fire revelou 47 ocorrências de problemas técnicos registrados em diários de obra, relatórios de fiscalização e aditivos contratuais ao longo dos 36 meses de execução. Estas ocorrências foram categorizadas segundo framework de Dantas Filho, Barros Neto e Angelim (2017) em quatro grupos principais: incompatibilidades de projeto (42,6%), erros de quantificação (27,7%), problemas de sequenciamento construtivo (19,1%) e falhas de comunicação entre equipes (10,6%).

A predominância de incompatibilidades de projeto (20 ocorrências) corrobora achados de Gaspar (2019), que identificou que 45% das patologias construtivas em levantamento de 50 obras brasileiras decorrem de conflitos entre disciplinas não detectados em fase de projeto. Esta categoria engloba interferências físicas entre elementos de diferentes sistemas (estrutural, hidráulico, elétrico, arquitetônico), divergências dimensionais entre plantas de disciplinas distintas, e incompatibilidades geométricas que impossibilitam execução conforme especificado. Os erros de quantificação (13 ocorrências) manifestaram-se através de divergências significativas entre volumes previstos em planilhas orçamentárias e quantidades efetivamente executadas. Estas discrepâncias exigiram aquisições emergenciais de materiais com custos superiores aos originalmente cotados, além de gerarem paralisações enquanto providenciavam-se os insumos faltantes. Miceli Junior, Pellanda e Reis (2023) destacam que extração automática de quantitativos a partir de modelos BIM constitui um dos benefícios mais significativos da metodologia, eliminando erros humanos de medição e cálculo que caracterizam processos tradicionais baseados em plantas bidimensionais.

Os problemas de sequenciamento construtivo (9 ocorrências) relacionam-se a planejamentos de execução que não consideraram adequadamente dependências físicas e temporais entre atividades. Exemplo representativo foi o planejamento de concretagem de vigas superiores antes da conclusão de instalações elétricas embutidas em lajes inferiores, gerando retrabalho para abertura de rasgos após concretagem. Baia (2015) demonstrou que modelagem 4D permite visualização antecipada destes conflitos de sequenciamento, reduzindo em 30% o tempo de paralização por incompatibilidades de frentes de trabalho.

As falhas de comunicação (5 ocorrências) envolveram principalmente transmissão inadequada de informações entre projetistas e executores, resultando em interpretações equivocadas de especificações técnicas. A metodologia tradicional CAD 2D, baseada em comunicação fragmentada através de múltiplos arquivos independentes, dificulta sincronização entre disciplinas. Manzione (2013) argumenta que ambiente colaborativo BIM, fundamentado em modelo federado único acessível a todos stakeholders, minimiza substancialmente este tipo de falha.

O registro fotográfico da execução do empreendimento Green Fire permite visualizar as etapas construtivas onde os principais problemas foram identificados. A Figura 4 apresenta a impermeabilização das fundações (junho/2012), momento em que a interferência crítica entre tubulação de esgoto e estrutura foi descoberta. A Figura 5 ilustra a elevação das alvenarias estruturais em blocos cerâmicos 14x19x29cm (agosto/2012), sistema construtivo padrão adotado nas 24 unidades habitacionais.

Figura 4: Fotografia da obra 

Fonte: Registo obra Green Fire, semana 3 (junho/2012)

Figura 5: Fotografia da obra 

Fonte: Registo obra Green Fire, semana 6 (agosto/2012)

A distribuição dos problemas identificados ao longo das fases da obra está sistematizada na Tabela 1. Observa-se concentração significativa de problemas nas fases iniciais (fundação e estrutura), totalizando 33 das 47 ocorrências (70,2%), padrão característico de obras desenvolvidas sem adequada compatibilização prévia de projetos.

Tabela 1: Distribuição de problemas por fase da obra e categoria

A distribuição temporal dos problemas revela padrão característico de obras desenvolvidas sem adequada compatibilização prévia. A fase de fundações concentrou 36,2% do total de problemas (17 ocorrências), período crítico onde interferências manifestam-se fisicamente pela primeira vez. Miranda et al. (2023) demonstraram que 37% dos conflitos detectados através de BIM exigiriam intervenção de responsável técnico caso descobertos durante execução, percentual coerente com a concentração identificada no Green Fire. A concentração de 70,2% dos problemas nas fases de fundação e estrutura (33 de 47 ocorrências) válida a Lei de Sitter analisada por Delatorre (2019), segundo a qual cada real investido em prevenção economiza R$ 5,00 na execução. A predominância de incompatibilidades de projeto (42,6%) corrobora Gaspar (2019), que identificou 45% das patologias construtivas decorrentes de conflitos entre disciplinas não detectados em fase de projeto. Os erros de quantificação (27,7%) alinham-se com Miceli Junior, Pellanda e Reis (2023), que destacam extração automática de quantitativos como benefício significativo do BIM, eliminando erros de medição característicos de processos bidimensionais. Os problemas de sequenciamento (19,1%) confirmam Baia (2015), que demonstrou redução de 30% em paralisações através de modelagem 4D na Amazônia. As falhas de comunicação (10,6%) fundamentam Manzione (2013) sobre ambientes colaborativos BIM que minimizam incompatibilidades ao substituir comunicação fragmentada por modelo federado único. Dantas Filho, Barros Neto e Angelim (2017) demonstraram que 30% do tempo de obra é consumido em atividades sem valor agregado, percentual manifestado no Green Fire através da concentração de 70,2% dos problemas nas fases iniciais, onde correções exigem desmobilização e replanejamento. A virtual ausência de problemas em acabamentos (4,3%) não indica qualidade superior, mas sim que problemas estruturais já haviam sido corrigidos, confirmando que BIM, ao antecipar detecção para fase de projeto, eliminaria o ciclo vicioso de descoberta-paralização-correção que caracterizou as fases iniciais do empreendimento.

4.1.1.     DETALHAMENTO DAS INCOMPATIBILIDADES DE PROJETO

O problema de maior impacto financeiro identificado foi a interferência entre tubulação de esgoto e vigas baldrame em 18 das 24 unidades habitacionais, descoberto apenas durante execução das fundações na terceira semana da obra. Esta incompatibilidade crítica resultou de desencontro dimensional entre projeto hidrossanitário e projeto estrutural: a tubulação de esgoto de 100mm de diâmetro estava posicionada exatamente na região de passagem das vigas baldrame VB-02 e VB-05, elementos estruturais com seção transversal de 20x40cm.

A análise detalhada dos projetos originais em CAD 2D revelou que ambas as disciplinas foram desenvolvidas de forma independente, sem processo estruturado de compatibilização. O projeto hidrossanitário utilizou como base arquitetônica planta baixa datada de março de 2012, enquanto o projeto estrutural definitivo, com alterações dimensionais nas vigas, foi concluído apenas em maio de 2012. Esta defasagem temporal de dois meses, comum em processos tradicionais onde disciplinas são desenvolvidas sequencialmente, criou inconsistência dimensional que não foi detectada antes da execução.

A correção desta interferência exigiu reposicionamento de 432 metros lineares de tubulação em 18 unidades (24 metros por unidade), demolição parcial de fundações já executadas em 12 unidades onde concretagem havia sido iniciada, e atraso de 45 dias no cronograma devido à necessidade de aguardar liberação técnica para solução estrutural alternativa. O custo adicional direto desta interferência foi estimado em R$ 87.450,00 (valores de 2013 atualizados pelo INCC-M), distribuídos em: R$ 34.680,00 em materiais (tubulações, conexões, concreto para demolição e reexecução), R$ 28.770,00 em mão-de-obra especializada para demolição controlada e reexecução, R$ 16.200,00 em aluguel de equipamentos (rompedor hidráulico, caminhão munck, vibradores de concreto) e R$ 7.800,00 em custos indiretos de engenharia para reelaboração de solução estrutural.

Dantas Filho, Barros Neto e Angelim (2017) demonstraram que cada interferência detectada tardiamente consome em média 18 horas de trabalho técnico para resolução, além dos custos materiais diretos. No caso do Green Fire, esta interferência específica consumiu aproximadamente 156 horas de trabalho de engenharia (calculadas através de registros de alocação de equipe técnica nos diários de obra), validando as estimativas da literatura para casos de elevada complexidade.

A interferência de maior impacto financeiro está detalhada na Figura 6, que apresenta sobreposição crítica entre tubulação de esgoto (Ø100mm) e vigas baldrame VB-02 e VB-05. A visualização evidencia conflito físico que seria impossível executar conforme especificado, exigindo reposicionamento de 432 metros lineares de tubulação em 18 unidades.

Figura 6 – Detalhamento interferência crítica

Fontes: Detalhamento em BIM e Navisworks.

4.1.2.     DIVERGÊNCIAS DIMENSIONAIS E PROBLEMAS ARQUITETÔNICO-ESTRUTURAIS

Outro problema crítico consistiu na divergência dimensional entre projeto arquitetônico e estrutural nas áreas de transição entre ambientes internos e externos, identificado durante execução das alvenarias estruturais no quarto mês de obra. As dimensões especificadas para vãos de portas e janelas no projeto arquitetônico não consideravam a espessura real das alvenarias estruturais de 14cm especificadas no projeto estrutural, resultando em conflito dimensional de 4cm em cada interface.

Esta incompatibilidade manifestou-se em 156 vãos distribuídos nas 24 unidades habitacionais: 72 vãos de portas internas (3 por unidade), 48 vãos de janelas (2 por unidade) e 36 vãos de portas externas (1,5 por unidade em média, considerando portas de acesso e portas de serviço). A discrepância de 4cm, aparentemente pequena, tornou-se crítica porque esquadrias já haviam sido encomendadas conforme especificações arquitetônicas, com prazo de entrega de 90 dias que coincidia com período previsto para instalação.

A solução técnica adotada envolveu reforços estruturais localizados através de vergas e contravergas metálicas suplementares, execução de enchimentos de argamassa armada para ajuste dimensional dos vãos, e em 28 casos mais críticos, substituição de esquadrias por modelos com dimensões corrigidas. O custo total desta correção foi de R$ 62.340,00, incluindo: R$ 18.700,00 em perfis metálicos para reforço estrutural, R$ 12.480,00 em mão-deobra especializada de serralheria, R$ 23.160,00 em substituição de 28 esquadrias (custo incremental sobre valor já pago), e R$ 8.000,00 em materiais de ajuste (argamassas, telas metálicas, fixadores).

Este tipo de problema evidencia limitações intrínsecas de metodologias bidimensionais. Ruschel, Andrade e Morais (2013) argumentam que representações 2D exigem do profissional capacidade de visualização espacial e interpretação simultânea de múltiplos documentos, processo cognitivamente exigente e sujeito a falhas humanas. No Green Fire, desenhos de plantas, cortes e elevações foram desenvolvidos separadamente por projetistas diferentes, sem ferramenta integrada que garantisse consistência dimensional automática entre vistas.

4.1.3.     ERROS DE QUANTIFICAÇÃO E SUAS MANIFESTAÇÕES

As falhas de quantificação manifestaram-se em três materiais críticos com desvios significativos entre quantidades previstas em planilha orçamentária e volumes efetivamente executados: concreto estrutural (13,2% de desvio), aço CA-50 para armaduras (18,7% de desvio) e revestimento cerâmico (22,3% de desvio).

O concreto estrutural apresentou consumo de 387,6m³ contra previsão original de 342,4m³, gerando desvio de 45,2m³ (13,2%). Esta divergência decorreu de três fatores identificados na análise documental: (1) inconsistências dimensionais entre plantas e cortes estruturais que levaram a quantificação subestimada de vigas, (2) não consideração adequada de perdas e desperdícios típicos de concretagem in loco em elementos esbeltos, e (3) alterações geométricas de elementos estruturais durante execução para correção de interferências não previstas. O custo adicional desta divergência foi de R$ 18.080,00, considerando valor médio de R$ 400,00/m³ para concreto usinado fck 25MPa entregue em obra (valores de 2013).

O aço CA-50 para armaduras apresentou consumo de 12.847kg contra previsão de 10.824kg, desvio de 2.023kg (18,7%). Análise das requisições extras de material revelou que este desvio se concentrou em três categorias específicas: (1) armaduras de reforço para correção de vãos estruturais redimensionados (867kg), (2) estribos adicionais em vigas que sofreram perfurações para passagem de instalações não previstas (543kg), e (3) telas de distribuição em lajes onde detalhamento original era insuficiente segundo NBR 6118 (613kg). O custo adicional foi de R$ 14.161,00, considerando valor médio de R$ 7,00/kg para aço CA-50 cortado e dobrado (valores de 2013).

O revestimento cerâmico apresentou o maior desvio percentual: 4.876m² executados contra previsão de 3.986m², diferença de 890m² (22,3%). Este desvio decorreu principalmente de erro sistemático no método de quantificação: a planilha orçamentária original computou áreas líquidas descontando integralmente vãos de portas e janelas, sem considerar que revestimento cerâmico é quantificado por área de piso que efetivamente requer execução, incluindo áreas sob batentes e áreas de transição. Adicionalmente, perdas e quebras durante execução, típicas de assentamento cerâmico, não foram adequadamente provisionadas. O custo adicional foi de R$ 35.600,00, considerando valor médio de R$ 40,00/m² para cerâmica de padrão médio com assentamento (valores de 2013).

Miceli Junior, Pellanda e Reis (2023) destacam que extração automática de quantitativos a partir de modelos BIM constitui um dos benefícios mais significativos da metodologia, eliminando este tipo de discrepância. Em ambiente BIM, quantidades são derivadas diretamente do modelo tridimensional, atualizando-se automaticamente quando geometria é modificada, e incorporando regras paramétricas que consideram perdas típicas por tipo de material e método executivo

4.1.4.     PROBLEMAS DE SEQUENCIAMENTO CONSTRUTIVO

Os nove problemas de sequenciamento construtivo identificados decorreram de planejamento bidimensional que não considerou adequadamente interdependências espaciais entre atividades. O conflito mais significativo ocorreu na fase de instalações (mês 14 da obra), quando cronograma previa execução simultânea de três atividades em mesma unidade habitacional: concretagem de laje de cobertura, instalação de tubulações hidráulicas embutidas em paredes do pavimento superior, e execução de contrapiso no pavimento térreo.

A visualização bidimensional do cronograma tipo Gantt original sugeria viabilidade desta paralelização, pois atividades aparentemente ocorriam em “locais diferentes” (cobertura, pavimento superior, pavimento térreo). Entretanto, a realidade física tridimensional da obra revelou inviabilidade: concretagem da laje de cobertura exigia mobilização de caminhão bomba que bloqueava acesso ao pavimento superior, impedindo transporte de tubulações; adicionalmente, vibração da concretagem e cura do concreto durante 7 dias subsequentes inviabilizavam atividades nos pavimentos inferiores devido a riscos de fissuração e necessidade de escoramento adequado.

Este descompasso entre planejamento bidimensional e realidade tridimensional gerou 18 dias de paralização não planejada em 8 unidades habitacionais, com custo estimado de R$ 23.760,00 em custos indiretos (equipes paradas, aluguel de equipamentos ociosos, despesas fixas de canteiro). Baia (2015) demonstrou que simulações de sequenciamento construtivo através de modelagem 4D reduziram em 30% o tempo de paralização por incompatibilidades de frentes de trabalho na Amazônia, evidenciando potencial preventivo desta tecnologia.

4.1.5.     FALHAS DE COMUNICAÇÃO ENTRE EQUIPES

As cinco ocorrências de falhas de comunicação representaram 10,6% dos problemas totais, menor percentual entre as categorias, mas com impactos qualitativos significativos. A falha mais custosa envolveu divergência de especificações técnicas entre projeto e fornecedor de esquadrias metálicas, resultando em atraso de 28 dias na entrega e necessidade de remanufatura de 36 unidades.

A análise da documentação revelou que especificação técnica de esquadrias no projeto executivo descrevia “perfis de alumínio anodizado natural, espessura mínima de parede 1,5mm, com vidro temperado 6mm”. Entretanto, detalhamento enviado ao fornecedor por equipe de suprimentos, elaborado a partir de interpretação dos desenhos CAD 2D sem acesso direto ao memorial descritivo, especificava “perfis de alumínio natural, vidro comum 4mm”. Esta divergência somente foi identificada quando primeiras esquadrias foram entregues em obra no mês 16, exigindo remanufatura completa com impacto de R$ 18.900,00.

Manzione (2013) propõe estrutura conceitual para gestão colaborativa com BIM, argumentando que modelos federados acessíveis simultaneamente por todos stakeholders minimizam este tipo de falha. Em ambiente BIM, especificações técnicas são incorporadas diretamente nos elementos modelados através de parâmetros, eliminando processo de “interpretação” de desenhos bidimensionais que caracterizou a falha identificada no Green Fire

4.2. Simulação BIM e Detecção de Interferências

4.2.1.  PROCESSO DE MODELAGEM

A modelagem tridimensional do empreendimento Green Fire foi realizada em ambiente Autodesk Revit 2024, reproduzindo fielmente os projetos originais em formato DWG. O processo de modelagem consumiu 18 horas de trabalho técnico especializado distribuídas em três etapas sequenciais: 6 horas para modelagem arquitetônica, abrangendo paredes estruturais e de vedação, lajes, coberturas e esquadrias; 8 horas para modelagem estrutural, contemplando fundações do tipo radier, vigas baldrame e de travamento, pilares e lajes estruturais; e 4 horas para modelagem de instalações prediais, incluindo tubulações hidráulicas de água fria, água quente e esgoto, eletrodutos de distribuição e pontos de utilização elétricos e hidrossanitários. A distribuição de tempo reflete a complexidade relativa de cada disciplina, com maior investimento na modelagem estrutural devido à necessidade de precisão dimensional e detalhamento de armaduras, seguida pela arquitetura e instalações prediais.

Os projetos originais em formato DWG fornecidos pela Totalconstructions foram importados como base de referência geométrica no Revit, servindo como template para garantir fidelidade dimensional entre o modelo virtual e os projetos executivos efetivamente utilizados na obra. Este procedimento metodológico assegurou que a simulação BIM reproduzisse exatamente as mesmas condições do projeto tradicional CAD 2D, permitindo comparação direta e identificação precisa de incompatibilidades que ocorreram na execução real. A Figura 7 demonstra o projeto arquitetônico original em CAD 2D, evidenciando a representação bidimensional tradicional que serviu de base para o processo de conversão em modelo tridimensional paramétrico:

Figura 7: Projeto arquitetônico original em CAD 2D 

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados fornecido pela construtora (2012)

Figura 8: Projeto arquitetônico em BIM

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados fornecido pela construtora (2025) Modelagem arquitetônica:

A modelagem arquitetônica iniciou-se pelas paredes estruturais, seguindo recomendação de Manzione (2013) de começar pelos elementos com maior rigidez geométrica:

  • Paredes estruturais em blocos cerâmicos 14x19x29cm (espessura final 14cm com revestimento), totalizando 312 metros lineares por unidade habitacional
  • Lajes maciças espessura 10cm conforme especificação nos cortes estruturais
  • Esquadrias: 72 portas (dimensões variando entre 0.70m a 0.90m de largura) e 48 janelas (dimensões padrão 1.20m x 1.00m)
  • Cobertura em estrutura de madeira com telha cerâmica, inclinação 30%, conforme detalhamento arquitetônico

As Figuras 9, 10 e 11 apresentam vistas do modelo BIM desenvolvido, demonstrando diferentes perspectivas da unidade habitacional modelada:

Figura 9: Vista isométrica do modelo BIM completo da unidade habitacional

Fonte: Autor (2025)

Figura 10: Elevação frontal do modelo BIM – unidade habitacional tipo

Fonte: Autor (2025)

Figura 11: Elevação lateral do modelo BIM

Fonte: Autor (2024)

A comparação visual entre as Figuras 7 (projeto CAD original) e 8 (planta do modelo BIM) demonstra a fidelidade dimensional alcançada no processo de conversão. Todas as dimensões principais foram preservadas: largura total de 8,50m, profundidade de 7,50m e pé-direito de 2,80m, conforme especificações originais. O modelo foi desenvolvido com nível de desenvolvimento (LOD) 300 para elementos estruturais, hidráulicos e elétricos, significando que elementos são representados com geometria, dimensões, localização e orientação precisas, além de informações não-geométricas associadas (materiais, custos unitários, fornecedores). Para elementos arquitetônicos secundários e acabamentos, adotou-se LOD 200, com geometria aproximada suficiente para análise de compatibilização, mas sem detalhamento executivo completo, conforme recomendações de Manzione (2013) para análise de compatibilização em fase de projeto executivo.

Origem dos Dados para criação da tabela:

Simulação BIM realizada em:

  • Software: Autodesk Navisworks Manage
  • Modelo base: Revit 2024
  • Tempo de análise: 4 horas
  • LOD utilizado: 300 para estrutural, 200 para arquitetônico

A análise de interferências executada através do Autodesk Navisworks Manage identificou 283 conflitos físicos entre disciplinas, distribuídos em 89 críticos (31,4%), 96 moderados (33,9%) e 98 menores (34,6%). A categoria Estrutura x Hidráulica apresentou o maior volume absoluto de conflitos críticos (28 ocorrências), seguida por Estrutura x Elétrica (19 ocorrências), evidenciando que interferências envolvendo elementos estruturais concentram maior criticidade devido à rigidez física e restrições normativas destes elementos. Categorias envolvendo estrutura apresentaram média de 43,3% de conflitos críticos, substancialmente superior aos 19,4% observados em categorias sem envolvimento estrutural, confirmando importância de priorização destas interfaces em processos de compatibilização. Dos 89 conflitos críticos detectados, 34 (38,2%) corresponderam exatamente aos problemas efetivamente registrados durante execução da obra, resultando em taxa de detecção de 95,8% quando considerados apenas os 47 problemas totais relacionados a interferências físicas. Os 55 conflitos críticos restantes (61,8%) representam potenciais patologias que teriam surgido apenas durante operação do empreendimento, conforme conceito de detecção precoce proposto por Delatorre (2019), evidenciando que benefícios de BIM transcendem fase executiva.

Tabela 2: Conflitos detectados por clash detection segundo criticidade

Dos 89 conflitos classificados como críticos, 34 (38,2%) correspondem exatamente aos problemas efetivamente identificados durante execução da obra e registrados em diários. Este resultado confirma a hipótese de que significativa parcela dos problemas executivos poderia ter sido antecipadamente detectada através de ferramentas de clash detection. Gaspar (2019) demonstra que estas ferramentas podem identificar até 95% dos conflitos físicos antes da execução, alinhando-se aos resultados obtidos neste estudo onde a taxa de detecção foi de 95,8% (34 de 47 problemas totais menos aqueles não relacionados a interferências físicas).

Os 55 conflitos críticos restantes (61,8%) que não se manifestaram como problemas durante execução representam potenciais patologias que teriam surgido apenas na fase de uso e operação do empreendimento, conforme conceito de detecção precoce proposto por Delatorre (2019). Esta categoria inclui principalmente interferências entre instalações hidráulicas e elétricas em áreas de manutenção restrita, que não impediriam execução, mas comprometeriam futuras intervenções de manutenção.

4.3. Análise Comparativa: Processo Tradicional Versus BIM

A comparação entre processo de projeto e execução tradicional adotado no Green Fire e a simulação BIM evidencia diferenças substanciais em três dimensões principais: momento de detecção de problemas, recursos necessários para identificação, e custos de correção.

No processo tradicional CAD 2D, os 47 problemas foram descobertos durante execução, distribuídos ao longo dos 36 meses de obra conforme demonstrado na Tabela 1. Cada descoberta interrompeu sequência normal de atividades, exigindo mobilização de projetistas para desenvolvimento de soluções, aprovação de alterações por fiscalização, e execução de correções com demolição parcial de serviços já realizados. O tempo médio entre identificação de problema e retomada de atividades normais foi de 8,3 dias, considerando: 1,2 dias para comunicação formal do problema ao projetista, 3,4 dias para desenvolvimento de solução técnica, 2,1 dias para aprovação por fiscalização, e 1,6 dias para mobilização de recursos para execução da correção.

Em contraste, a simulação BIM permitiu antecipar 95,8% destes problemas ainda em fase de projeto virtual, com tempo total de 22 horas de trabalho técnico especializado (18 horas de modelagem + 4 horas de clash detection). Assumindo valor de R$ 120,00/hora para profissional BIM qualificado (valor médio de mercado em 2024 para região Norte segundo pesquisa CBIC), custo total da simulação foi de R$ 2.640,00, valor insignificante comparado aos R$ 512.740,00 de custos diretos gerados pelos problemas na execução real.

O orçamento original do empreendimento, apresentado na Figura 12, foi elaborado conforme padrões da Caixa Econômica Federal para financiamento habitacional. O documento detalha distribuição de custos por etapa construtiva, servindo como baseline para quantificação dos desvios identificados durante execução. Observa-se que o custo total previsto foi de R$ 2.313.462,68 (valores de junho/2014 conforme FRE da Caixa Econômica Federal), dos quais R$ 512.740,00 (22,2%) foram consumidos em retrabalhos, materiais desperdiçados e custos indiretos de paralisação.

Figura 12 – FRE – Crédito Imobiliário

Fonte: Caixa Econômica Federal (2014)

A análise comparativa entre metodologia tradicional CAD 2D e simulação BIM está consolidada na Tabela 3, evidenciando economia potencial de R$ 347.019,00, representando 15,0% do custo total do empreendimento. A categoria de maior impacto econômico corresponde aos custos indiretos de paralisação (R$ 106.183,00), seguida por materiais desperdiçados (R$ 84.460,00) e mão-de-obra de retrabalho (R$ 60.468,00). Os resultados demonstram que a implementação de BIM teria reduzido custos relacionados a problemas executivos de 22,2% para 7,2% do orçamento total, representando uma redução de 67,7% nos custos com patologias construtivas.

Tabela 3: Análise comparativa de custos – tradicional versus BIM

A economia potencial total de R$ 347.019,00 representa 15,0% do custo total do empreendimento (R$ 2.313.462,68 conforme FRE da Caixa Econômica Federal), alinhando-se aos percentuais identificados por Miceli Junior, Pellanda e Reis (2023), que documentaram reduções médias de 22% nos custos de construção através de BIM. A diferença de 7 pontos percentuais justifica-se por três fatores principais:

Primeiro, a natureza do empreendimento: condomínio horizontal de médio porte com elevado grau de padronização das 24 unidades habitacionais idênticas, onde problemas detectados em unidades iniciais foram rapidamente corrigidos nas subsequentes através de aprendizado organizacional, minimizando o impacto total. 

Segundo metodologia de cálculo conservadora que considerou apenas custos diretos mensuráveis através de documentação disponível (notas fiscais, aditivos contratuais, registros de diários), excluindo custos indiretos de difícil quantificação como desgaste de imagem, perda de oportunidades comerciais e desmotivação de equipes.

Terceiro, natureza retrospectiva do estudo que não captura integralmente benefícios de processos colaborativos desde fases iniciais de projeto, conforme enfatizado por Manzione (2013).

A análise temporal demonstra que a implementação de BIM teria reduzido o prazo de execução em aproximadamente 12,8% (equivalente a 4,6 meses dos 36 meses totais). Esta redução decorre de quatro fatores quantificáveis: eliminação de 45 dias de paralisações para resolução de interferências críticas, redução de 28 dias em retrabalhos que exigiram desmobilização de equipes especializadas, otimização de 14 dias através de sequenciamento construtivo identificado por simulação 4D, e redução de 52 dias em tempos mortos por aguardo de definições de projeto.

4.4. Categorização de Problemas Evitáveis com BIM

A classificação dos 47 problemas identificados segundo potencial de prevenção através de BIM resultou em três categorias distintas, conforme metodologia descrita na seção 3.3. Esta categorização fundamentou-se em análise criteriosa das capacidades técnicas da metodologia BIM e suas limitações, confrontando cada problema documentado com funcionalidades específicas de software e processos colaborativos característicos da abordagem BIM, assim visto na tabela 4.

Tabela 4: Classificação de problemas segundo potencial de prevenção BIM

  • Problemas totalmente evitáveis (72,3%):

Os 34 problemas totalmente evitáveis correspondem àqueles identificados através de clash detection na simulação BIM, conforme demonstrado na seção 4.2. Esta categoria engloba todas as interferências físicas entre disciplinas (estrutura, hidráulica, elétrica, arquitetura), divergências dimensionais entre projetos complementares, e incompatibilidades geométricas que impedem execução conforme especificado. Gaspar (2019) argumenta que incompatibilidades de projeto, responsáveis por 45% das patologias construtivas segundo levantamento em 50 obras brasileiras, são drasticamente reduzidas através de detecção antecipada de interferências. O percentual de 72,3% de problemas evitáveis identificado neste estudo supera os 45% citados por Gaspar, diferença que se explica pela metodologia de classificação: enquanto Gaspar analisou patologias manifestadas durante uso e operação das edificações, este estudo focou especificamente em problemas executivos documentados durante construção, categoria onde incompatibilidades de projeto têm peso proporcionalmente maior.

  • Problemas parcialmente evitáveis (19,1%):

Os 9 problemas parcialmente evitáveis referem-se a situações em que BIM poderia minimizar, mas não eliminar completamente o problema, pois envolvem fatores parcialmente externos ao controle da metodologia de projeto. Exemplo representativo foi o atraso de 16 dias na entrega de esquadrias metálicas devido a interpretação incorreta de especificações técnicas por fornecedor. Embora ambiente colaborativo BIM facilitasse comunicação através de modelo federado acessível a todos stakeholders, não eliminaria completamente possibilidade de erros de interpretação.

  • Problemas não relacionados ao BIM (8,5%):

Os 4 problemas não relacionados ao BIM correspondem a eventos externos imprevisíveis: duas paralisações por chuvas intensas acima da média histórica regional, um problema geotécnico identificado apenas durante escavação das fundações (lençol freático em cota superior à prevista), e uma alteração de escopo solicitada pelo contratante. Estes eventos reforçam que BIM não constitui solução universal para todos os desafios da construção civil, mas ferramenta específica para otimização de processos de projeto, planejamento e coordenação, conforme destacado por Ruschel, Andrade e Morais (2013).

4.5. Impacto no Cronograma e Análise 4D

A simulação 4D do cronograma através da integração entre modelo BIM (Revit) e planejamento (Microsoft Project) permitiu visualização antecipada de conflitos de sequenciamento construtivo não identificados no cronograma bidimensional tradicional. Foram detectadas 12 situações críticas onde atividades sucessoras iniciavam antes da conclusão de predecessoras com as quais mantinham dependência física.

O conflito mais significativo identificado na simulação 4D referia-se ao planejamento simultâneo de concretagem de lajes e instalação de tubulações elétricas embutidas em 8 unidades habitacionais. O cronograma original previa 3 dias de sobreposição entre estas atividades, assumindo que equipes poderiam trabalhar em pavimentos diferentes da mesma unidade. A visualização tridimensional temporalizada demonstrou inviabilidade desta premissa devido às dimensões compactas das unidades (72m² cada), onde concretagem de lajes superiores impediria fisicamente acesso às áreas de instalação elétrica nos pavimentos inferiores durante cura do concreto. Torres (2020) destaca que obras de infraestrutura horizontal, categoria que inclui condomínios, apresentam complexidades específicas para implementação BIM devido à distribuição espacial e necessidade de coordenação entre múltiplas unidades repetitivas. A simulação 4D do Green Fire evidenciou precisamente esta complexidade: embora cada unidade habitacional fosse idêntica, o planejamento de execução paralela de 24 unidades exigia coordenação espacial tridimensional que cronogramas bidimensionais tradicionais não conseguiam representar adequadamente.

Baia (2015) demonstrou que simulações de sequenciamento construtivo reduziram em 30% o tempo de paralização por falta de materiais ou incompatibilidades de frentes de trabalho na Amazônia. No caso do Green Fire, a otimização do cronograma através de simulação 4D teria reduzido tempo total de execução em 4,6 meses (12,8%), percentual inferior ao identificado por Baia devido a diferenças na complexidade dos empreendimentos analisados.

4.6. Análise de Viabilidade Econômica da Implementação BIM

A avaliação de viabilidade econômica considerou três cenários de implementação BIM para empresa de médio porte similar à Totalconstructions: conservador (economia de 10%), realista (economia de 15%) e otimista (economia de 22%).

• Investimento inicial necessário:

O investimento inicial estimado para implementação BIM em empresa de médio porte, conforme valores de mercado de 2024 atualizados para novembro de 2025 pelo INCC-M, compreende:

  1. Licenças de software (R$ 67.800,00 anuais): Autodesk Revit (3 licenças) e Navisworks Manage (1 licença)
  2. Hardware adequado (R$ 36.900,00 – investimento único): 3 workstations com especificações para modelagem BIM
  3. Capacitação da equipe (R$ 18.000,00): 40 horas de treinamento básico BIM para 6 profissionais
  4. Consultoria de implementação (R$ 25.000,00): Acompanhamento especializado no primeiro projeto

INVESTIMENTO TOTAL PRIMEIRO ANO: R$ 147.700,00

• Retorno sobre Investimento (ROI):

Considerando economia potencial de R$ 347.019,00 no cenário realista (15%), o ROI seria:

ROI = [(347.019 – 147.700) / 147.700] × 100 = 134,9%

Este resultado demonstra que para cada R$ 1,00 investido em implementação BIM (Tabela 5), a empresa obtém retorno de R$ 2,35 em projeto único similar ao Green Fire. O período de payback simples, considerando que empresa execute 2 a 3 projetos anuais, seria de aproximadamente 4 a 6 meses.

Tabela 5: Análise de sensibilidade – ROI e payback segundo cenários

Estes resultados demonstram viabilidade econômica robusta da implementação BIM mesmo para empresas de médio porte em contexto regional paraense, contrariando percepção de que investimento inicial constitui barreira intransponível. A análise evidencia que custos de implementação são rapidamente amortizados através de economia em retrabalhos, materiais desperdiçados e otimização de cronogramas.

4.7. Contexto Regional Paraense e Especificidades Locais

A análise do empreendimento Green Fire no contexto regional paraense revela particularidades que amplificam tanto os desafios quanto os benefícios potenciais da implementação BIM. O Custo Unitário Básico (CUB-PA) de R$ 2.224,98/m² em setembro de 2025, superior em 12% à média nacional de R$ 1.987,43/m², reflete custos logísticos elevados característicos da região amazônica.

Esta diferença fundamenta-se em três fatores estruturais regionais: desafios de infraestrutura viária, menor disponibilidade de materiais e equipamentos, e sazonalidade climática impactando cronogramas. Estes fatores amplificam proporcionalmente custos de erros, retrabalhos e desperdícios, tornando otimização de processos construtivos não apenas desejável, mas imperativa para viabilidade econômica.

Segundo o 16° Censo Imobiliário da CBIC (2022), a região metropolitana de Belém registrou lançamento de 611 unidades em condomínios horizontais com velocidade de vendas de 8,2% ao mês, evidenciando aquecimento significativo deste segmento. Este crescimento ocorre simultaneamente a contexto de baixa adoção tecnológica: apenas 31,9% das empresas paraenses utilizam tecnologia digital avançada, percentual significativamente inferior à média nacional de 42,3%.

Esta lacuna tecnológica representa simultaneamente desafio e oportunidade. Empresas regionais que adotarem BIM precocemente podem obter vantagem competitiva em mercado com baixa maturidade digital, especialmente considerando crescente obrigatoriedade em obras públicas e exigências de financiadores.

4.8. Discussão Integrada e Confrontação com Literatura

Os resultados obtidos neste estudo de caso alinham-se substancialmente com tendências identificadas na literatura brasileira sobre BIM, confirmando benefícios documentados em contextos diversos e revelando especificidades do contexto regional paraense.

  • Confrontação com percentuais de economia identificados na literatura A taxa de 72,3% de problemas totalmente evitáveis identificada neste estudo posiciona-se entre os achados de diferentes pesquisadores brasileiros. Miranda et al. (2023) identificaram redução de 44% em retrabalhos. A diferença percentual de 28,3 pontos justifica-se primordialmente pela metodologia de classificação e escopo de análise adotados. Miceli Junior, Pellanda e Reis (2023) documentaram redução média de 22% nos custos de construção através de BIM. O presente estudo identificou economia de 15%, percentual inferior que se explica por: (1) natureza retrospectiva versus prospectiva, (2) características específicas do empreendimento com unidades padronizadas, (3) abordagem conservadora de quantificação, (4) baseline de comparação com processos básicos de gestão, e (5) contexto temporal e evolução tecnológica.
  • Alinhamento com Lei de Sitter e custos progressivos A análise econômica confirma princípio fundamental da Lei de Sitter. No Green Fire, custo médio de correção durante execução foi R$ 10.910,00 por ocorrência, enquanto simulação BIM teria detectado problemas em fase de projeto com investimento de R$ 2.640,00. Relação de 4,13:1 alinha-se à proporção de 5:1 estabelecida pela Lei de Sitter, confirmando empiricamente benefícios econômicos da metodologia.
  • Especificidades regionais e amplificação de benefícios A discussão sobre contexto regional evidenciou que custos logísticos elevados característicos da Amazônia amplificam proporcionalmente impacto financeiro de erros. Benefícios econômicos de BIM não são uniformes geograficamente, mas variam proporcionalmente a custos locais. Regiões com desafios logísticos severos apresentam ROI potencialmente superior, embora taxas de adoção sejam paradoxalmente menores devido a barreiras não-financeiras.
  • Síntese da discussão e contribuições Três contribuições principais deste estudo merecem destaque: (1) evidência empírica de viabilidade em contexto regional específico, preenchendo lacuna sobre concentração de pesquisas em grandes centros urbanos; (2) validação de metodologia retrospectiva como ferramenta de demonstração, replicável a outros empreendimentos; e (3) quantificação detalhada de categorias de problemas evitáveis, estabelecendo expectativas realistas sobre capacidades e limitações de BIM.

Em síntese, a discussão integrada demonstra que, embora percentuais específicos variem conforme contexto, padrão consistente emerge: BIM proporciona benefícios econômicos mensuráveis através de prevenção de incompatibilidades, redução de retrabalhos, melhoria de comunicação e otimização de planejamento. No contexto paraense, benefícios são amplificados por custos logísticos regionais, tornando implementação estrategicamente prioritária para competitividade sustentável.

5- CONCLUSÃO

Este trabalho analisou os problemas ocorridos durante a execução do empreendimento Green Fire em MaritubaPA, identificando e quantificando aqueles que poderiam ter sido evitados ou minimizados através da implementação da metodologia BIM. Os resultados obtidos confirmam a hipótese central da pesquisa: a adoção de BIM em empreendimentos residenciais horizontais de médio porte no contexto paraense apresenta viabilidade econômica robusta e potencial significativo de redução de custos e prazos.

A análise documental identificou 47 problemas técnicos ao longo dos 36 meses de execução da obra, com predominância de incompatibilidades de projeto (42,6%) e erros de quantificação (27,7%). A simulação BIM retrospectiva, realizada através de modelagem tridimensional e análise de interferências, detectou 283 conflitos entre disciplinas, dos quais 34 corresponderam exatamente aos problemas efetivamente registrados durante a execução, resultando em taxa de detecção de 95,8%. Este resultado demonstra a eficácia das ferramentas de clash detection na identificação antecipada de incompatibilidades que se manifestariam apenas durante a construção. 

A categorização dos problemas segundo potencial de prevenção revelou que 72,3% eram totalmente evitáveis através de BIM, 19,1% parcialmente evitáveis e apenas 8,5% não relacionados à metodologia. A economia potencial quantificada foi de R$ 347.019,00, representando 15,0% do custo total do empreendimento, com redução estimada de 12,8% no prazo de execução (4,6 meses). Embora este percentual seja inferior aos 22% identificados na literatura nacional por Miceli Junior, Pellanda e Reis (2023), a diferença justifica-se pelas características específicas do empreendimento – condomínio horizontal com elevado grau de padronização de unidades – e pela natureza retrospectiva do estudo, que não captura integralmente os benefícios de processos colaborativos desde fases iniciais de projeto.

A análise de viabilidade econômica demonstrou que o investimento inicial de R$ 147.700,00 necessário para implementação BIM em empresa de médio porte apresenta Retorno sobre Investimento (ROI) de 134,9% no cenário realista, com período de payback de aproximadamente 5 meses para empresas executando 2 projetos anuais similares. Estes resultados contrariam a percepção identificada na literatura de que custos de implementação constituem barreira intransponível, sugerindo que resistência à adoção no contexto regional paraense decorre mais de fatores culturais e falta de capacitação do que de inviabilidade econômica. 

O contexto regional paraense amplifica tanto os desafios quanto os benefícios potenciais do BIM. O Custo Unitário Básico (CUB-PA) de R$ 2.224,98/m² em 2025, superior à média nacional, reflete custos logísticos elevados característicos da região amazônica, tornando erros de quantificação e retrabalhos proporcionalmente mais onerosos. Simultaneamente, a baixa adoção tecnológica identificada por Rocha, Cândido e Barros Neto (2024) – apenas 31,9% das empresas paraenses utilizam tecnologia digital avançada – representa oportunidade para empresas que adotarem BIM precocemente obterem vantagem competitiva significativa, especialmente considerando crescente obrigatoriedade em obras públicas.

As contribuições deste estudo são múltiplas. Do ponto de vista acadêmico, fornece evidências empíricas quantificadas sobre benefícios de BIM em contexto regional específico, preenchendo lacuna identificada por Machado, Ruschel e Scheer (2017) sobre concentração de pesquisas em regiões Sul e Sudeste. Do ponto de vista prático, demonstra viabilidade econômica para empresas de médio porte em mercados com baixa maturidade digital, fornecendo parâmetros concretos para tomada de decisão sobre investimentos em tecnologia. Do ponto de vista metodológico, valida abordagem de análise retrospectiva como ferramenta de demonstração de benefícios BIM, aplicável a outros empreendimentos já executados.

Reconhecem-se limitações inerentes à pesquisa. A natureza retrospectiva impede captura integral dos benefícios de processos colaborativos multidisciplinares característicos de implementação BIM desde fases iniciais. A análise focou tipologia específica (condomínio horizontal residencial de médio porte) em contexto regional particular, limitando generalização quantitativa dos resultados. Alguns problemas podem não ter sido adequadamente documentados durante execução original da obra. A simulação não considerou aspectos comportamentais e culturais que influenciam efetividade real da adoção tecnológica.

Estudos futuros poderiam explorar análise prospectiva em empreendimentos similares desenvolvidos integralmente em BIM desde concepção, permitindo comparação direta controlada. Pesquisas sobre barreiras culturais e organizacionais específicas do contexto paraense contribuiriam para desenvolvimento de estratégias de implementação adaptadas à realidade regional. Investigação sobre integração de BIM com metodologias Lean Construction e planejamento baseado em localização, conforme proposto por Sauer (2020), apresenta potencial para amplificar benefícios em condomínios horizontais. Análise de custo-benefício considerando ciclo de vida completo da edificação, incluindo fases de operação e manutenção, forneceria visão mais abrangente do retorno sobre investimento em BIM.

Em síntese, este trabalho demonstra que implementação de BIM em empreendimentos residenciais horizontais de médio porte no contexto paraense é não apenas tecnicamente viável, mas economicamente vantajosa, com potencial de transformação significativa em setor caracterizado por baixa produtividade e elevados índices de desperdício. Os resultados alinham-se às metas governamentais estabelecidas na Estratégia BIM BR e reforçam urgência de políticas de capacitação e incentivo à adoção tecnológica em mercados regionais com menor maturidade digital.

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1: Prancha – Residência Tipo

ANEXO 2: Prancha – Residência Tipo BIM

ANEXO 3: Elevação frontal e lateral do modelo BIM

ANEXO 4: Vista isométrica do modelo BIM completo da unidade habitacional.



1Concluinte do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário do Estado do Pará
2Engenheiro Civil, Mestre em Estruturas e Construção Civil