REVISÃO LITERÁRIA SOBRE PRÁTICAS EDUCACIONAIS UTILIZADAS  NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM TDAH

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202507131059


José Armando Marques de Brito1
Orientadora: Profª. Dr.:Sandra Karina M. do Vale2


RESUMO 

O objetivo deste artigo é mapear as práticas educacionais utilizadas no processo de  inclusão de alunos com TDAH visando identificar as lacunas de pesquisa e identificar as  ênfases temáticas, teóricas e metodológicas. O presente estudo utilizou-se uma revisão de  literatura, com uma abordagem qualitativa, a pesquisa foi estruturada com base nos  descritores de inclusão e exclusão, e auxiliados pelos filtros encontrados nas plataformas  SCIELO, ANPED e IBICIT/BDTD. Os termos foram conectados utilizando os  operadores booleanos “OR” e “AND”. A busca foi realizada com as palavras-chave “práticas educacionais” AND “inclusão” AND “transtorno do déficit de atenção e  hiperatividade”. Foram alisados 5 trabalhos que atendiam os critérios propostos. Os  resultados destacam que as práticas educacionais mais eficazes para a inclusão de alunos  com TDAH envolvem estratégias multifacetadas, como organização visual do ambiente,  uso de tecnologia assistiva, gamificação e flexibilização de tarefas. No entanto, a  implementação dessas práticas enfrenta desafios significativos, incluindo falta de  formação docente especializada, recursos tecnológicos insuficientes e políticas públicas  inconsistentes. 

Palavras-chaves: inclusão; gestão escolar; alunos com TDAH. 

ABSTRACT 

The objective of this article is to map the educational practices used in the process of  inclusion of students with ADHD, aiming to identify research gaps and identify thematic,  theoretical and methodological emphases. This study used a literature review, with a  qualitative approach, the research was structured based on the descriptors of inclusion  and exclusion, and aided by the filters found in the SCIELO, ANPED and IBICIT/BDTD  platforms. The terms were connected using the Boolean operators “OR” and “AND”. The  search was carried out with the keywords “educational practices” AND “inclusion” AND  “attention deficit hyperactivity disorder”. Five studies that met the proposed criteria were  smoothed. The results highlight that the most effective educational practices for the  inclusion of students with ADHD involve multifaceted strategies, such as visual  organization of the environment, use of assistive technology, gamification and task  flexibility. However, the implementation of these practices faces significant challenges,  including lack of specialized teacher training, insufficient technological resources and  inconsistent public policies. 

Keywords: inclusion; school management, students with ADHD. 

1 INTRODUÇÃO 

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), segundo Thomas  et al. (2021), continua sendo um dos distúrbios cognitivos mais comuns entre crianças e  adolescentes, com estudos recentes apontando que atinge de 5% a 7,2% das crianças em  idade escolar globalmente. 

As principais características do transtorno, afirma Coghill et al. (2021) são a  desatenção persistente, hiperatividade motora e impulsividade comportamental, geralmente causam danos consideráveis ao rendimento escolar e social. No âmbito  educacional, esses danos resultam em problemas de aprendizagem, para DuPaul et al.  (2022), afirma que os problemas de interação com colegas e professores, além de um  risco elevado de abandono escolar. A inclusão desses estudantes requer práticas  pedagógicas adaptadas, fundamentadas em evidências científicas, que promovam  equidade e desenvolvimento integral.  

A aplicação efetiva da educação inclusiva para alunos com TDAH constitui um  desafio complexo para os sistemas de ensino atuais (Ewe, 2019). Cortiella e Horowitz, (2022), acrescentam que apesar de várias nações, incluindo o Brasil, terem progredido na  garantia de direitos educacionais para indivíduos com necessidades educativas especiais,  a implementação desses direitos ainda se depara com desafios consideráveis. Entre esses  desafios, destacam-se a escassez de formação docente especializada, a carência de  recursos pedagógicos adaptados e a persistência de práticas educacionais pouco flexíveis  (Moore et al., 2022, p. 56). 

Conforme Barkley (2022) destaca, os estudantes lidam com três desafios  inovadores no ambiente escolar, que afetam tanto o processo de aprendizagem quanto a  interação social no ambiente escolar, a primeira diz respeito às funções executivas  comprometidas, que englobam problemas com memória de trabalho, controle de impulsos  e flexibilidade cognitiva. Essas restrições podem comprometer a habilidade de planejar,  organizar e se adaptar a novos cenários, afetando diretamente o rendimento escolar. 

Além disso, Sjöwall et al. (2022), destaca que muitos alunos enfrentam  dificuldades de autocontrole emocional, exibindo respostas mais fortes a frustrações e um  risco elevado de desentendimentos com os colegas, essa dificuldade em controlar  emoções pode resultar em atitudes destrutivas, afetando qualidades tanto no contexto  escolar quanto na construção de relações interpessoais saudáveis. 

Pesquisas recentes afirma Schultz et al. (2022) têm demonstrado que abordagens  integradas, que articulam simultaneamente modificações no ambiente educacional,  estratégias comportamentais personalizadas, participação familiar e integração com  serviços de saúde, apresentam os melhores resultados para o desenvolvimento acadêmico  e sócio emocional de estudantes com TDAH. 

Dentre as abordagens mais eficientes destaca por Langberg et al. (2018), estão a  organização visual do ambiente escolar, por meio do uso de agendas, listas de tarefas e  orientações claras, a diminuição de distrações por meio da posição estratégica do  estudante e controle de estímulos externos, e a flexibilidade no tempo para a realização  de tarefas. Quando bem aplicadas, essas adaptações podem proporcionar condições mais  propícias para o aprendizado e envolvimento desses alunos. 

Segundo Gaastra et al. (2020) e Harrison et al. (2020), pesquisas de meta-análise  demonstram que intervenções que modificam o ambiente de aprendizagem, incluindo  organização visual do espaço, utilização de tecnologia assistiva e flexibilização do tempo  para tarefas, apresentam efeitos moderados a grandes na melhoria do desempenho  acadêmico de estudantes com TDAH.

Em termos de ensino, DuPaul et al. (2022), estratégias que combinam  diferenciação pedagógica e apoio comportamental são apresentadas de forma  particularmente eficaz. Cortiella e Horowitz, (2022), destacam que a divisão de tarefas  complexas em partes menores, a utilização estratégica de tecnologia assistiva, e a  implementação sistemática de feedback imediato e estímulo positivo são instrumentos  importantes para estimular o envolvimento e a independência dos estudantes.  

Neste contexto, o objetivo deste artigo é mapear as práticas educacionais  utilizadas no processo de inclusão de alunos com tdah visando identificar as lacunas de  pesquisa e identificar as ênfases temáticas, teóricas e metodológicas. Identificar os  primeiros estudos sobre o tema e os subtemas mais recorrentes associados a ele, explicitar  os locais onde o tema é mais pesquisado, apontar as principais teorias e metodologias  utilizadas, identificar as lacunas dentro do tema. 

2 METODOLOGIA 

Para compreender tal questão o presente estudo utilizou-se uma revisão de  literatura, que para Encher (2001), ela se inicia mesmo antes do tema estar bem definido  e vai até quando o pesquisador sentir-se familiarizado com os textos, a ponto de  simplificá-los, criticá-los e discriminá-los segundo a intenção do seu projeto de pesquisa. 

Para que ocorra sucesso e clareza na revisão de literatura é fundamental segundo  Trentini e Paim (1999, p.68) “a seleção criteriosa de uma revisão de literatura pertinente  ao problema significa familiarizar-se com textos e, por eles, reconhecer os autores e o que  eles estudaram anteriormente sobre o problema a ser estudado”. 

Este trabalho examinou pesquisas acadêmicas focadas nas práticas educacionais  utilizadas no processo de inclusão de alunos com TDAH. Os trabalhos que atendiam aos  critérios de inclusão estabelecidos previamente, foram analisados de forma qualitativa.  Para Almeida (2021), a pesquisa qualitativa analisa e interpreta os dados com base numa  visão psicossocial, admitindo que exista uma relação entre o sujeito e a realidade (mundo  real), ou seja, entre a subjetividade e o mundo objetivo que apenas números não  conseguem responder as principais questões 

A pesquisa foi estruturada com base nos descritores de inclusão e exclusão, e  auxiliados pelos filtros encontrados nas plataformas SCIELO, ANPED e IBICIT/BDTD.  Os termos foram conectados utilizando os operadores booleanos “OR” e “AND”. A busca  foi realizada com as palavras-chave “práticas educacionais” AND “inclusão” AND  “transtorno do déficit de atenção e hiperatividade”.

Para a seleção dos artigos, foram aplicados os seguintes critérios de inclusão:  disponibilidade integral e gratuita nas plataformas citadas anteriormente, publicação nos  últimos cinco anos, idioma português, e relevância para o tema em questão. Trabalhos em  línguas estrangeiras, incompletos ou com mais de cinco anos foram excluídos do  processo. Isso resultou na criação de uma base de dados preliminar e bruta, que apoiou o  desenvolvimento desta pesquisa. 

Depois de aplicar os critérios de inclusão foram analisados os títulos e resumos,  após essa triagem inicial, foram preferidos 9 trabalhos para uma análise mais  aprofundada, resultando em 5 textos que foram lidos de forma integral e atingiram todos  os critérios propostos anteriormente. A fase final envolveu a redação deste trabalho, em que os artigos foram organizados em uma tabela contendo informações como título, data  e local, subtemas, primeiras investigações sobre o assunto, metodologias utilizadas,  resultados e lacunas. 

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Os textos selecionados foram dispostos no quadro 1, onde se encontra o título dos  5 artigos escolhidos após a utilização de palavras-chave e filtros de idioma, além de  restringir a busca aos últimos cinco anos. Em um primeiro momento foram identificados  16 artigos na base de dados IBICIT/BDTD, 158 na SCIELO e 12 na ANPED, totalizando  186 publicações com ao menos uma das palavras-chave. 

Quadro 1 – Textos identificados e selecionados para análise 

BDTD ANPED SCIELO
Práticas pedagógicas voltadas  para inclusão de alunos com  TDAH nos anos iniciais em  uma escola municipal de  imperatriz–MAProfessores do ensino  fundamental e o processo de  identificação de alunos com  transtorno de déficit de  atenção e hiperatividade:  fundamento teórico-científico  ou evidência  comportamental?TDAH no ambiente escolar:  desafios e estratégias para  inclusão utilizando a  gamificação
Superdotação e TDAH:  práticas educacionais  inclusivas de atendimento a  estudantes do ensino  fundamental e médioEducação inclusiva:  conhecendo os desafios  enfrentados por alunos com  transtorno do déficit de  atenção e hiperatividade  (TDAH)

 Fonte: elaborado pelos(as) autores(as) 

Após uma análise cuidadosa dos títulos e resumos, 9 trabalhos foram selecionados  para leitura completa, mas apenas 5 foram escolhidos para compor os resultados da 

pesquisa, pois apresentavam compatibilidade com o tema proposto e serviram de  instrumento para alcançar os objetivos propostos. 

3.1 Primeiros estudos, locais onde o tema é mais pesquisado e os subtemas associados O quadro 2 apresenta a primeira parte dos resultados do levantamento, ele aborda  os primeiros estudos identificados em cada trabalho sobre o tema proposto, o ano de  publicação e o local onde cada trabalho foi pesquisado. Os estudos apresentam subtemas  dentro do tema principal, os quais são expostos no quadro a seguir. As pesquisas  escolhidas foram realizadas entre 2023 e 2025, abordando a inclusão de alunos com  Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em escolas brasileiras 

Quadro 2 – Resultados do levantamento – parte 1 

Ano e  Locais da  pesquisaPrimeiros estudos Subtemas
2025,  SCIELOGeorge Still (1902), descreveu crianças  com agitação e impulsividade.  Posteriormente, Barkley e Murphy  (2008) categorizam o transtorno em  subtipos clínicos. Estudos recentes,  como os de Prensky (2010) e DuPaul e  Stoner (2014), destacaram o potencial  de tecnologias digitais e gamificação  para melhorar o engajamento e  desempenho de alunos com TDAH. Estratégias pedagógicas; inclusão e  aprendizagem significativa; discute  características do TDAH; práticas  educacionais eficazes e a importância  da tecnologia na educação. 
2024,  BDTDKramer e Pollnow na década de 1930 Práticas pedagógicas observadas em  sala de aula e os desafios enfrentados  para garantir a efetiva inclusão de  alunos com TDAH nos anos iniciais.
2023,  ANDEP Descrições de “falta de atenção” por  Melchior Adam Weikard (1775) e  “desatenção patológica” por Alexander  Crichton (1798).Histórico do diagnóstico do TDAH;  Critérios clínicos (DSM-V e CID-11);  políticas públicas de inclusão  educacional; práticas pedagógicas e  lacunas na formação docente; além da  proposta de um curso de capacitação  profissional.
2024,  BDTDNas últimas décadas, pesquisadores  como Baum et al. (2014), Foley-Nicpon  et al. (2017) e Renzulli destacaram a  complexidade da dupla  excepcionalidade.Dupla excepcionalidade; políticas  públicas educacionais; formação  docente; atendimento educacional  especializado e desafios  socioemocionais.
2023,  SCIELORussell Barkley (1980), foi um dos  primeiros a relacionar TDAH a déficits  em funções executivas, destacando  impactos. Carolyn Evertson (1980) estudou sobre gestão de sala de aula  para alunos com dificuldades de  atenção, sugerindo adaptações como  estruturação de rotinas. Explorando conceitos e histórico da  inclusão, legislação pertinente (como a  LDB e o PNE), relação entre TDAH e  ambiente escolar, obstáculos  estruturais

Fonte: elaborado pelos(as) autores(as)

O quadro apresenta pesquisas realizadas entre 2023 e 2025 em bases de dados  como SCIELO, BDTD e ANDEP, abordando o Transtorno de Déficit de Atenção e  Hiperatividade (TDAH) no contexto educacional. Os estudos destacam desde as  primeiras descrições do TDAH que remontam a George Still (1902), que associou  agitação e impulsividade em crianças. No século XVIII, Melchior Adam Weikard (1775)  e Alexander Crichton (1798) já discutiam sintomas de desatenção. 

Posteriormente, pesquisadores como Russell Barkley (1980) relacionaram o  transtorno a disfunções executivas, enquanto Barkley e Murphy (2008) categorizaram  critérios clínicos. O que é importante para entendermos o contexto histórico do tema  proposto. Nota-se uma evolução na compreensão do TDAH, com enfoque em subtipos  clínicos, impactos nas funções executivas e a importância de adaptações em sala de aula,  como estruturação de rotinas e uso de tecnologias digitais.  

Os subtemas revelam preocupações recorrentes, como a inclusão educacional, a  formação docente e as políticas públicas. Pesquisas de Souto (2024) e Fonseca (2023), enfatizam lacunas na capacitação de professores e desafios na implementação de  políticas, enquanto que Andrade et al. (2025) exploram soluções inovadoras, como  gamificação e ferramentas digitais, para engajar alunos com TDAH. Além disso, a dupla  excepcionalidade do TDAH associado a altas habilidades, surge como um tema relevante,  destacando a complexidade do diagnóstico e do atendimento educacional especializado.  

As tendências indicam um movimento em direção à integração de tecnologia e  práticas pedagógicas mais dinâmicas, refletindo a necessidade de abordagens  multifacetadas para o TDAH. No entanto, persistem desafios, como a carência de  formação docente adequada e a efetividade das políticas de inclusão. Os estudos sugerem  que, embora avanços tenham sido feitos, ainda há um longo caminho a percorrer para  garantir equidade e apoio eficaz a alunos com TDAH em ambientes educacionais. 

De uma forma geral os estudos abordam estratégias pedagógicas para inclusão de  alunos com TDAH, desafios na identificação e diagnóstico do transtorno, políticas  públicas educacionais, práticas de gamificação, dupla excepcionalidade (superdotação e  TDAH), além de barreiras estruturais como falta de recursos tecnológicos e formação  docente insuficiente. A relação entre legislação, gestão escolar e adaptações  metodológicas também é destacada. 

3.2 Principais teorias, metodologias, resultados e lacunas

A seguir apresenta a segunda parte dos resultados do levantamento, o quadro 3  explicita as teorias e autores que fundamentam os estudos, as metodologias que foram  utilizados em cada trabalho, além dos resultados obtidos em cada pesquisas e as lacunas  identificadas em cada trabalho. A análise crítica dos resultados revela pontos de  convergência com a literatura existente, contradições contextuais e lacunas que  demandam atenção.  

Quadro 3 – Resultados do levantamento – parte 2

Teorias/autores Metodologias Resultados e lacunas
Os autores  fundamentam-se em  teorias neurobiológicas  do TDAH ABDA  (2024), abordagens  pedagógicas lúdicas  Luckesi, (2014);  Huizinga, (2014) e  conceitos de  gamificação Prensky,  (2010); Martins e  Giraffa, (2015)Pesquisa qualitativa  com abordagem  bibliográfica e de  campo. Questionários  semiestruturados  aplicados a 12  professores de ensino  fundamental. Análise  de conteúdo de Bardin  para interpretação dos  dados. Os resultados indicaram que a gamificação  aumenta o engajamento e a motivação de  alunos com TDAH, mas a falta de recursos  tecnológicos em escolas públicas limita sua  aplicação. Lacunas incluem a carece de dados  empíricos robustos sobre a eficácia da  gamificação, análise de limitações práticas  em diferentes contextos escolares e discussão  aprofundada sobre fatores externos como  apoio familiar e recursos tecnológicos.
A pesquisa fundamenta se na Teoria Histórico Cultural de Vygotsky,  que enfatiza o papel das  interações sociais no  desenvolvimento  cognitivoAbordagem Qualitativa  e exploratória. Com  técnicas de observação  em sala de aula,  entrevistas  semiestruturadas com  professores, gestores e  cuidadores. Os resultados revelaram que os alunos com  TDAH são frequentemente tidos como  invisíveis, com práticas pedagógicas  inadequadas, falta de formação docente  continuada e recursos especializados. As  lacunas desta pesquisa incluem a natureza  exploratória, que pode limitar a profundidade  e a generalização dos resultados, além da  dependência de métodos qualitativos que  podem envolver certa subjetividade no  registro de observações
As teorias centrais  incluem os critérios  diagnósticos do DSM-V  e CID-11, que definem o  TDAH. Fonseca (2014)  destaca o  comprometimento do  córtex pré-frontal,  afetando atenção,  memória e organização.  Políticas de inclusão,  como a Lei Brasileira de  Inclusão (2015)Abordagem qualitativa  e exploratória. Amostra de 26 professores da  rede pública estadual  (6º ao 9º ano). Questionário via  Google Forms com  questões fechadas e  abertas. Análise de  conteúdo segundo  Bardin (1977).Os professores identificam alunos com  TDAH principalmente por hiperatividade e  desatenção, com conhecimento superficial do  transtorno e pouca familiaridade com a  legislação de inclusão. Lacunas revelam  formação insuficiente durante a graduação,  necessidade de capacitação contínua e riscos  de rotulação sem diagnóstico médico,  destacando a urgência de políticas de apoio e  recursos pedagógicos estruturados.
Modelo dos Três Anéis  de Renzulli. Teoria para  o Desenvolvimento do  Potencial Humano de  Renzulli.Estudo de caso múltiplo  qualitativo. Participaram 6  estudantes, 20  participantes no total  (gestores, professores,  familiares). Entrevistas  semiestruturadas, desenhos livres e  análise documental. A inclusão eficaz requer políticas públicas,  suporte acadêmico e sócio emocional,  avaliação formativa e envolvimento da  comunidade escolar. Salas de recursos  favorecem o desenvolvimento de talentos,  enquanto estudantes com TDAH apresentam  desafios mais persistentes. As lacunas  encontradas foram, poucos estudos brasileiros, escassez de pesquisas com  adultos, mulheres e minorias étnico-raciais,  além da necessidade de mais intervenções  práticas e avaliação de políticas públicas  específicas.
Os autores  fundamentam-se na  Declaração Universal  dos Direitos Humanos  (1948), na legislação  brasileira (Constituição,  LDB, PNE) e em  estudos como os de  Confortin et al. (2015) e  Neto et al. (2018).Pesquisa bibliográfica  qualitativa. Fontes em livros, artigos  científicos, legislações, sites especializados.O estudo identificou que a inclusão de alunos  com TDH enfrenta barreiras como falta de  recursos financeiros, infraestrutura  inadequada, escassez de profissionais  especializados e políticas pedagógicas pouco  eficazes. Como lacunas, destacam-se a  necessidade de investimentos em formação  docente, ampliação de salas de recursos  multifuncionais e políticas públicas mais  consistentes para garantir acesso equitativo à  educação.

Fonte: elaborado pelos(as) autores(as) 

Quadro 3 apresenta uma análise de diferentes teorias e metodologias aplicadas ao  estudo do TDAH no contexto educacional, destacando resultados e lacunas significativas.  As pesquisas fundamentam-se em abordagens diversas, como teorias neurobiológicas, a  Teoría Histórico-Cultural de Vygotsky e critérios diagnósticos do DSM-V e CID-11,  além de políticas de inclusão como a Lei Brasileira da Inclusão (2015). Os resultados  indicam que estratégias como gamificação e práticas pedagógicas lúdicas aumentam o  engajamento de alunos com TDAH, mas enfrentam limitações devido à falta de recursos  tecnológicos e formação docente. Esses achados reforçam a importância de intervenções  baseadas em evidências, embora a escassez de dados empíricos robustos e a subjetividade  de métodos qualitativos representem desafios.  

Nos trabalhos analisados predominam pesquisas qualitativas, com técnicas como  questionários semi estruturados, entrevistas, observação em sala de aula, análise de  conteúdo tendo Bardin (2011), como base e estudos de caso. As amostras incluem  professores, gestores, familiares e alunos, com abordagens bibliográficas e de campo.  Ferramentas como Google Forms e desenhos livres foram utilizadas para coleta de dados. 

As lacunas identificadas nas pesquisas apontam para problemas estruturais e  práticos no atendimento a alunos com TDAH. Embora tenha havido progressos notáveis  no entendimento e tratamento do TDAH, a literatura contemporânea ainda apresenta  importantes lacunas e desafios que despertam maior atenção da comunidade científica e  educacional. Tais restrições, afirma Jones e Chronis (2021). Gomes et al. (2023) ressalta  que existem poucos estudos longitudinais que examinam o efeito dessas práticas a longo  prazo, particularmente em cenários de renda baixa. 

Além disso, a falta de formação continuada, recursos especializados e  infraestrutura inadequada nas escolas públicas são obstáculos frequentes. As pesquisas baseadas no Modelo dos Três Anéis de Renzulli destacam a necessidade de políticas  públicas mais eficazes, suporte sócio emocional e envolvimento da comunidade escolar,  mas também evidenciam a carência de estudos brasileiros focados em grupos específicos,  como mulheres e minorias étnico-raciais.  

Os resultados ressaltam a urgência de investimentos em capacitação docente, salas  de recursos multifuncionais e políticas públicas consistentes para garantir a equidade  educacional. Embora algumas pesquisas demonstram avanços, como a identificação de  práticas pedagógicas eficazes e a importância da gamificação, as lacunas persistem na  generalização dos resultados e na aplicabilidade em diferentes contextos escolares. 

A dependência de métodos qualitativos, embora valiosa para compreender  nuances, limita a profundidade das conclusões, indicando a necessidade de abordagens  mistas e estudos longitudinais. Esses desafios destacam a complexidade da inclusão  educacional e a importância de ações integradas entre escolas, famílias e gestores  públicos. 

A complexidade do TDAH, como um distúrbio heterogêneo, requer estratégias  igualmente variadas. Barkley (2021), elucida que pesquisas neuropsicológicas recentes  têm enfatizado como os subtipos do TDAH exibem perfis cognitivos e comportamentais  variados, exigindo estratégias de ensino específicas. No entanto, conforme indicam  Tistarelli et al. (2022), a maior parte das disciplinas ainda é concebida e avaliada  considerando o TDAH como uma condição uniforme, desconsiderando essas diferenças  individuais. 

Além disso, a elevada incidência de comorbidades, afirma Jensen et al. (2022), que  pode atingir até 80% dos casos de acordo com uma avaliação recente, constitui outro  desafio crucial. Langberg et al. (2023), deixa claro que condições como distúrbios de  aprendizagem, ansiedade e transtorno opositivo-desafiador muitas vezes alteram a  ocorrência nas intervenções educativas, exigindo estratégias integradas que recentemente  são investigadas de forma sistemática. 

Os resultados desta revisão literária destacam que as práticas educacionais mais  eficazes para a inclusão de alunos com TDAH envolvem estratégias multifacetadas, como  organização visual do ambiente, uso de tecnologia assistiva, gamificação e flexibilização  de tarefas. No entanto, a implementação dessas práticas enfrenta desafios significativos,  incluindo falta de formação docente especializada, recursos tecnológicos insuficientes e  políticas públicas inconsistentes. Os estudos apontam que abordagens integradas, que combinam adaptações pedagógicas, apoio comportamental e envolvimento familiar,  promovem melhores resultados acadêmicos e socioemocionais.  

4 CONCLUSÃO 

Este artigo de revisão literária cumpriu seu objetivo de mapear as práticas  educacionais utilizadas na inclusão de alunos com TDAH, identificando ênfases  temáticas, teóricas e metodológicas. Os principais resultados revelaram que estratégias  como organização visual, gamificação e flexibilização de tarefas são eficazes, mas  dependem de recursos e formação docente adequada. 

Além disso, destacou-se a importância de abordagens integradas, envolvendo  adaptações pedagógicas, suporte comportamental e participação familiar. No entanto,  persistem lacunas, como a escassez de estudos longitudinais e a necessidade de  intervenções personalizadas para diferentes subtipos de TDAH.  

As análises demonstraram que a falta de capacitação docente e de infraestrutura  escolar são os principais obstáculos para a efetiva inclusão, reforçando a necessidade de  políticas públicas mais consistentes. Os estudos revisados também apontaram a carência  de pesquisas em contextos socioeconômicos desfavorecidos e com grupos específicos,  como mulheres e minorias étnicas. Essas lacunas limitam a generalização dos resultados  e indicam áreas prioritárias para futuras investigações. Dentre essas, a necessidade de  avaliar a eficácia de práticas inclusivas em longo prazo emerge como uma possível  direção para pesquisas futuras.  

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1 Discente do Curso de Mestrado em Ciências da Educação, pela Facultad Interamericana de Ciências  Sociales interamericana/FICS, Especialista em Gestão Supervisão e Orientação (FADESA 2015/2016),  Educação Infantil com Ênfase nas Serie Iniciais (FACIMAB 2018),Educação Especial (FACIMAB  2018/2019),Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica (FAEL 2021), Fundamentos para Alfabetização e  Letramento e a Psicopedagogia Institucional ( FAEL2021/2022), Educação Especial e Inclusiva (FAEL  2022), Especialização em Didática e Metodologia do Ensino de Geografia (FAEL 2022/2024). E-mail: armandobritobb2020@gmail.com;
2 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará (2000), Especialista em Educação, Cultura e  Organização Social (UFPA, 2004), Mestre em Educação, (UFPA, 2005/2006) e Doutora em Educação pela  UFPA (2012). Atualmente é professora adjunta da UFPA, campus de Abaetetuba-Pará. Atuou na formação  continuada de professores e gestores na Unidade SEDUC na Escola e na Coordenadoria de Planejamento e  Pesquisa da Fundação Escola Bosque. Atual Diretora da Faculdade de Educação e Ciências Sociais do  Campus de Abaetetuba. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículo, Subjetividade e  Sexualidade na Educação Básica (Experimentações) e pesquisadora colaboradora do Grupo de Estudo e  Pesquisa “Currículo e Formação de Professores na Perspectiva da Inclusão (INCLUDERE). Atua na área  de Educação, principalmente nos seguintes temas: Currículo, Cultura, Diversidade e Diferença, Ensino e  aprendizagem e Educação Inclusiva.
E-mail: karinamendes2232@gmail.com.