REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202507171221
Elizama dos Santos Costa Morais; Maíra Oliveira Gomes Pereira; Shavia Ravenna Silva Andrade; Glades Maria da Silva Costa; Magno Rodrigues de Carvalho; Tácia Daiane Leite Sousa Soares; Maraíza Cesário Ferreira Firmino; Maria Rozária Dias Andreão; Raphael Gomes de Brito; Luana de Oliveira; Pedro Fernandes dos Santos Filho; Mairley Albuquerque Serrão; Lívia Albuquerque Rodrigues; Suely Maria do Nascimento Viana; Dayanne Chrystina Ferreira Pinto.
RESUMO
Objetivo: Identificar as evidências científicas acerca da relação entre amamentação, desmame precoce e depressão pós-parto. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa, realizada no período de setembro a novembro de 2024, com artigos publicados nas base de dados BDENF, LILACS e MEDLINE/Pubmed, na língua português e inglês, sendo os critérios de inclusão: texto completo, ensaio clínico, ensaio controlado e randomizado, os descritores extraídos do MeSH e DECS. Resultados: Após a análise e leitura dos 13 artigos com base no critério de elegibilidade, foi possível evidenciar que cinco são referentes à amamentação, dois sobre Depressão pós-parto (DPP), e um sobre Banco de Leite Humano (BLH). A partir disso, observou-se que os problemas relacionados à amamentação, fazem com que haja uma interrupção da mesma, comprometendo assim à saúde mental da mulher no período gestacional. Conclusão: Faz-se necessário a intervenção do profissional da saúde prestando uma assistência holística, de modo a reduzir agravos e riscos, a fim de promover uma maternidade segura.
Palavras-chaves: Lactante; Dificuldade na amamentação; Aleitamento Materno; Desmame Precoce; Depressão pós parto.
ABSTRACT
Objective: To identify scientific evidence about the relationship between breastfeeding, early weaning and postpartum depression. Methodology: This is an integrative review, carried out from September to November 2021, with articles published in the BDENF, LILACS and MEDLINE/Pubmed databases, in Portuguese and English, with the inclusion criteria: full text, clinical trial, controlled and randomized trial, the descriptors extracted from MeSH and DECS. Results: After analyzing and reading the 13 articles based on the eligibility criteria, it was possible to evidence that five are related to breastfeeding, two about Postpartum Depression (PPD), and one about Human Milk Bank (BLH). From this, it was observed that the problems related to breastfeeding, cause it to be interrupted, thus compromising the mental health of women during pregnancy. Conclusion: It is necessary the intervention of health professionals providing holistic care, in order to reduce injuries and risks, in order to promote safe motherhood.
Keywords: Breastfeeding, Breastfeeding Difficulty, Breastfeeding, Early Weaning, Postpartum Depression.
1. INTRODUÇÃO
O puerpério, é o período que se dá à mulher desde o pós-parto até a volta às condições do corpo anteriores à gravidez, e pode durar até seis semanas ou mais, é uma fase marcada por mudanças físicas, hormonais e emocionais, enquanto o corpo da mulher retorna ao seu estado pré-gravídico. Esse novo ciclo de vida, pode gerar instabilidade e sentimentos de insegurança, tornando essencial garantir o bem-estar tanto da mãe quanto da criança (SILVA et al, 2024).
Embora seja um processo natural, o puerpério pode ser desafiador, devido às intensas transformações e ao impacto emocional, sendo fundamental o cuidado com a saúde mental, já que algumas mulheres podem desenvolver depressão pós-parto (DE LIMA SILVA et al, 2023).
Dessa maneira, de acordo com DA MATA MARTINS et al (2024), a depressão pós-parto (DPP) pode ser marcada por sentimentos intensos de tristeza, desesperança, melancolia, falta de motivação e uma sensação de fraqueza, que pode ocorrer nos primeiros dias após o parto, mas em alguns casos pode persistir por meses, ocasionando diversas consequências, incluindo um atraso significativo no estabelecimento do vínculo entre mãe e bebê. Entre os efeitos dessa condição, destaca-se a baixa taxa de amamentação entre as mães que enfrentam problemas relacionados à depressão (DA SILVA et al, 2024).
No que se refere ao aleitamento materno (AM), a Organização Mundial da Saúde (OMS)/ Organização Pan-Americana (OPAS) recomendam que seja exclusivo até os seis meses, sendo complementado até os dois anos de idade da criança, pois é uma fonte importante de energia e nutrientes, que traz muitos benefícios para o bebê e a mãe. O principal deles é a proteção contra infecções gastrointestinais. O início precoce do aleitamento materno, dentro de 1 hora após o nascimento, protege o recém-nascido de adquirir infecções e reduz a mortalidade neonatal.
Visto isso, o risco de mortalidade devido à diarreia e outras infecções pode aumentar em bebês que são parcialmente amamentados ou que não amamentaram. Crianças e adolescentes que foram amamentados quando bebês têm menos probabilidade de apresentar sobrepeso ou obesidade, menor risco de ter asma, e crescem com dentes mais fortes e saudáveis. O aleitamento materno de longa duração também contribui para a saúde e o bem-estar das mães, pois mulheres que amamentam têm um risco 32% menor de diabetes tipo 2, um risco 26% menor de câncer de mama e um risco 37% menor de câncer de ovário, em comparação com mulheres que não amamentam ou que amamentam menos, além de fortalecer o vínculo entre mãe e bebê (BRASIL, 2024).
Diante do exposto, fatores como: uso de chupeta, baixo peso ao nascer, dificuldade materna para amamentar após o parto, início tardio do AM, ausência de aleitamento materno exclusivo na maternidade, falta de apoio paterno na amamentação, conceito de tempo ideal de AM menor que seis meses, desconhecimento das vantagens da amamentação, uso de drogas lícitas, trabalho materno fora do lar, baixa idade e escolaridade materna, são exemplos que podem levar a descontinuação do AM (MARTINS, 2021).
Concomitantemente, para evitar o isolamento materno no puerpério, a intenção e a confiança em amamentar junto com o apoio familiar ajudam a manter a AM, enquanto a inexperiência e a ansiedade para lidar com a nova condição de ser mãe acaba gerando efeito inverso (MARTINS, 2021). Diante de situações como estas, muitas mães acabam se sentindo frustradas e desanimadas por não darem de mamar ao filho da maneira como esperavam, sendo assim, mulheres com sintomas depressivos poderiam ter menos disposição para manter a amamentação. Além disso, a interrupção do aleitamento favorece o aumento nos níveis de ansiedade e depressão materna.
Nesse contexto, este estudo justifica-se por identificar e contribuir com a temática do puerpério, abordando as dificuldades na amamentação e o desmame precoce, frequentemente relacionados ao surgimento de manifestações psíquicas, em uma fase marcada por intensas inseguranças. Considera-se, ainda, a importância da saúde do binômio materno-infantil, assim como os cuidados necessários para o aleitamento materno. Além disso, destaca-se o papel da enfermagem como um dos principais agentes na prevenção e no cuidado de possíveis agravos.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa, que de acordo com Mendes, Silveira e Galvão (2008), surge a partir da prática clínica onde inclui análises de pesquisas de suma importância dando suporte para a resolução de decisões a partir de estudos que instiga através dos resultados de pesquisas, acerca do conhecimento de determinado conteúdo. Além disso, voltado para a enfermagem é importante, e por ser muito abrangente na área da saúde, maior parte das vezes os profissionais deixam de aprofundar no conhecimento científico pela indisponibilidade de tempo. Entretanto, tem-se a necessidade da produção de métodos de revisão de literatura, sendo de suma relevância, com intuito de sintetizar resultados obtidos em pesquisas acerca de temas, de forma sistemática, ordenada e abrangente.
Concomitantemente, destacam ainda que é permitido a busca, avaliação crítica e a síntese, onde em futuras pesquisas seja implementado intervenções na assistência e reduza custos. Ademais, é evidente que na construção de uma revisão integrativa, há necessidade de elaboração das etapas que definem o processo para que sejam posteriormente descritas, aprimorando assim as intervenções eficazes no cuidado diante dos pacientes.
Estas etapas são: (1) a identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa; (2) o estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/ amostragem ou busca na literatura; (3) a definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/ categorização dos estudos; (4) avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa, (5) interpretação dos resultados; (6) apresentação da revisão/síntese do conhecimento.
E, assim, após a definição do tema utilizou-se a estratégia PICo (quadro 1) para auxílio na elaboração da questão norteadora. Com isso, considera-se para esta pesquisa: P – puérperas/ lactantes; I – dificuldade de amamentação, desmame precoce e depressão pós parto; Co – pós parto, período pós parto. A partir disso, para a construção da pergunta norteadora a qual fundamenta-se na segmentação da pergunta de pesquisa, onde a questão norteadora elaborada baseada no acrômio foi: “O que as evidências apontam sobre a dificuldade na amamentação, o desmame precoce e a influência na depressão pós-parto?”
Os descritores foram extraídos do DECS (Descritores em Ciências da Saúde) no Portal BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e MESH (Medical Subject Headings). E, nessa conformidade aplicou-se os seguintes descritores em saúde consultados pelo DeCS: ‘‘Breastfeeding’’, ‘‘breastfeeding difficulty’’,‘‘breastfeeding ’’,‘‘early weaning’’, ‘‘postpartum depression’’,‘‘postpartum’’, ‘‘ postpartum period”, ademais foram utilizados os operadores booleanos AND e OR de forma alternada entre cada descritor, evidenciando uma busca dependente onde obteve um total de 944 artigos científicos após esse processo. Subsequente, empregou-se critérios de inclusão e exclusão estipulados para o desenvolvimento desta pesquisa com base na busca adjunta dos descritores. Os critérios definidos para a metodologia de inclusão foram: artigos publicados na base de dados BDENF, LILACS e Pubmed, na língua português e inglês, publicados no período de 2016 a 2021, sendo estes: texto completo, ensaio clínico, teste controlado e aleatório (ensaio controlado e randomizado). Enquanto os critérios de exclusão foram respectivamente: artigos fora da temática principal, documentos incompletos, além daqueles em formato de revisão, teses, dissertações.
Quadro 1. Pergunta de pesquisa segundo a estratégia População / Problema, Interesse e Contexto (PICo).
| Acrômio/ Definição | Proposta do estudo | DC | DNC | Tipo |
| P População/ problema | Puérperas/ lactantes | ‘‘Lactante’’ | Decs | |
| “Puerperal”“Lactating women” | Mesh | |||
I Interesse | Dificuldades de amamentação Desmame precoce Depressão pós parto | ‘‘Depressão pós parto’’ | ‘‘Dificuldade na amamentação’’“Aleitamento materno” ‘‘Desmame precoce’’ | Decs |
| “Depression, Postpartum” | “Breastfeeding difficulty”“Early weaning” | Mesh | ||
Co Contexto | Pós partoPeríodo pósparto | ‘‘Período pós parto’’ | ‘‘Pós parto’’ | Decs |
| “Pospartum period’’ | “Postpartum’’ | Mesh |
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
Legenda: DC: Descritores controlados/DNC: Descritor Não Controlado
Para a seleção de artigos, utilizou-se o acesso online nas bases de dados: LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde); BDENF (Banco de Dados em Enfermagem) via Portal BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e MEDLINE / Pubmed (Medical Literature Analysis and Retrievel System Online).
Quadro 2. Equações de busca para cada base de dados.
| BASE DE DADOS | EQUAÇÕES DE BUSCA |
| LILACS | lactante AND dificuldade na amamentação OR aleitamento materno OR desmame precoce OR depressão pós parto AND pós parto OR período pós parto |
| BDENF-Enfermagem | lactante AND dificuldade na amamentação OR aleitamento materno OR desmame precoce OR depressão pós parto AND pós parto OR período pós parto |
| MEDLINE/PubMed | puerperal OR lactating women AND breastfeeding difficulty OR early weaning OR postpartum depression AND postpartum OR postpartum period |
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
A realização da seleção de artigos foi de forma independente, através de dois revisores, onde após a leitura de títulos, resumos e inclusão das produções precisaram obter índice de concordância superior a 80%. Por conseguinte, foi necessário a participação de um pesquisador auxiliar. Entretanto, o processo de busca e seleção dos estudos seguiu as recomendações PRISMA, onde cujo objetivo é ajudar os autores a melhorar o relato de revisões sistemáticas e meta-análises (Moehr, 2009). Com isso, foram obtidas buscas a partir das expressões em cada base de dados.
Segundo Polit e Beck (2011), existem tipos e hierarquia de dados onde são utilizados em práticas baseadas em evidências (PBE), onde possui pesquisas com concordâncias, evidenciando assim as características que classificam pesquisas científicas desde a forma mais “rigorosa” até “melhores”. A partir disso, é necessário obter o nível de evidência de acordo com a identificação e classificação dos artigos selecionados para que seja realizada a discussão e conclusões obtidas, conforme Quadro 3.
Quadro 3. Níveis de evidência por tipo de estudo
| NE* | TIPOS DE ESTUDO |
| IA | Revisões sistemáticas de estudos controlados randomizados |
| IB | Revisões sistemáticas de ensaios clínicos não randomizados |
| IIA | Ensaios clínicos randomizados individuais |
| IIB | Ensaio clínico não randomizado |
| III | Revisão sistemática de estudos de correlação/observação |
| IV | Estudos de correlação/observação |
| V | Revisão sistemática de estudos descritivo/ qualitativos/ fisiológicos |
| VI | Estudos descritivos/ qualitativos/ fisiológicos individuais |
| VII | Opiniões de autoridades, comitê de especialistas |
Fonte: Polit; Beck, (2011)
Após a seleção realizou-se a leitura minuciosa dos artigos, de forma a encontrar os resultados, e comparar e distinguir os resultados conflitantes nos diversos estudos. Diante disso, na organização, é fundamental que seja voltado para a discussão de cada artigo incluído na pesquisa, equiparando-se ao conhecimento teórico e a identificação de conclusões, obtendo assim a revisão integrativa. No entanto, buscou-se descrever as etapas de cunho sistemático, elaborando assim este estudo, a fim de apresentar resultados evidenciados diante dos artigos.
Posteriormente a essa temática, constatou-se um total de 944 artigos identificados nas bases de dados selecionadas, sendo 6 repetidos. Após a leitura de título e resumo de artigos, selecionou-se 939 artigos originais, destes, 925 enquadram-se nos critérios de exclusão por não responderem à pergunta norteadora, restando assim 13 artigos disponíveis para análise, cumprindo todos os parâmetros de inclusão (Figura 1).
Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos estudos da revisão, PRISMA.
A análise dos dados obteve-se de forma exploratória, seletiva, analítica e dedutiva dos artigos que compreenderam para protótipo final da revisão integrativa. Portanto, foram obtidos os resultados mediante discussão na literatura, através de quadros específicos, expondo assim de forma minuciosa.
3. RESULTADOS
Foram selecionados 13 estudos para amostra de revisão, e no quadro 4 estão apresentadas as principais informações extraídas dos estudos primários. Dentre os artigos selecionados, o ano de publicação variou de 2017 a 2021, 2020 (50%), seguida pelo ano de 2019 (40%) e no ano de 2021 (10%). Quanto aos países dos estudos, o Brasil (50%) foi o país com maior número de trabalhos, seguido por China (20%), Europa (10%), Índia (5%), Irã (5%), Turquia (5%), e Espanha (5%). O idioma encontrado em todos os artigos variou entre português e inglês.
O periódico com maior número de publicações foi o Maternal & Child Nutrition – Wiley Online Library com dois trabalhos; os periódicos Revista de enfermagem – UERJ, Escola Anna Nery – revista de enfermagem, Revista Paulista de Pediatria, Revista LatinoAmericana de Enfermagem,– Journal, International Journal of Nursing Studies, The Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine, Journal of Clinical Nursing – Wiley, Revista Escola de Enfermagem – USP, Journal of Advanced Nursing – Wiley Online Library, BMC Women’s Health e International Journal of Environmental Research and Public Health publicaram um estudo cada um.
Ainda foi possível a verificação quanto aos métodos de estudos abordados, desse modo, a maior prevalência foi em estudos do tipo Ensaio Clínico Randomizado (ECR), consequentemente, sendo a concentração em nível de evidência do tipo IIA.
Quadro 4- Apresentação da síntese de artigos incluídos na revisão integrativa quanto ao autor, ano, tipos de estudo / nível de evidências e principais resultados. Teresina, PI, Brasil, 2024.
| Autores | Ano | Tipo de estudo / Nível de evidência | Principais resultados |
| Baier et al. | 2020 | Estudo exploratório, prospectivo de abordagem quantitativa / VI. | Houve acompanhamento no pré-natal de até 8 consultas, e em mães primíparas menores de 20 anos de idade atrelou-se à dificuldade no AME até os 6 meses de vida do bebê, provocando o desmame precoce. |
| Passos et al. | 2020 | Pesquisa transversal, quantitativa / VI. | Mães com idades entre 18 e 23 anos, realizaram abaixo de 6 consultas no pré-natal. Os bebês apresentaram perda excessiva de peso e dificuldade na pega, sendo encaminhados/procura para os BLH nas primeiras 48 horas de nascido. |
| Barbosa et al. | 2017 | Estudo transversal / VI. | Foi avaliado em mães lactentes com dificuldade relacionada à pega do bebê após os 30 minutos de nascido, bem como o tipo de mama, fazendo com que seja realizado o complemento alimentar ainda na maternidade. |
| Souza et al. | 2020 | Ensaio clínico randomizado / IIA. | O AME foi repleto de dificuldades, por despreparo materno como insegurança diante de seu filho, choro e peso excessivo do bebê ao nascer, ocasionando assim um desmame precoce. |
| Nilsson et al. | 2017 | Ensaio clínico randomizado / IIA. | Comparando os grupos de intervenção e de referência, analisou-se que há dificuldade na amamentação nas primeiras semanas de vida e, o grupo de referência após os 6 meses de AME possui maior índice. |
| Tseng et al. | 2020 | Ensaio clínico cego, randomizado e controlado / IIA | O programa mostra a autoeficácia em amamentação do grupo de intervenção desde o início e os 6 meses após o parto. Assim, aos 6 meses, é mais provável realizar AME, do que as mães do grupo controle. |
| Müge et al. | 2019 | Estudo de intervenção randomizado e controlado / IIA | O treinamento e apoio em amamentação sobre os conhecimentos das mães, prolonga o período de amamentação exclusiva por 6 meses. |
| Zhao | 2021 | Ensaio randomizado simples-cego controlado/IIA | O estudo mostra a eficácia do manejo misto individualizado, combinado com orientação sobre a lactação, e apoio psicológico durante a gravidez. |
| Javorski et al. | 2017 | Estudo de intervenção, controlado e randomizado / IIA | A autoeficácia materna nos grupos de controle e de intervenção mantiveram até a 8ª semana pós-parto, reduzindo drasticamente a AME tanto no GC (58,2%), quanto no GI (20%). |
| Franco et al. | 2019 | Ensaio clínico randomizado controlado / IIA | De acordo com a pesquisa, o grupo de intervenção se sobressaiu relacionado ao de controle, por ter tido experiências anteriores na amamentação. Tendo a prevalência de AME no 1º e 6º mês. |
| Cavalcanti et al. | 2019 | Ensaio clínico randomizado, cego / IIA | Houve entrevista com o grupo controle e de intervenção, se sobressaindo o grupo de intervenção. A maioria das mães tiveram acompanhamento durante consulta de pré-natal, e maior frequência de AME. |
| Shafaei et al. | 2020 | Ensaio clínico randomizado controlado / IIA | Grupo de intervenção relata que teve problema na amamentação, e após 15 dias pós parto teve indicação de aumento da amamentação. |
| Dagla et al. | 2021 | Ensaio clínico não randomizado / IIB | Mulheres apresentavam fatores psicossociais, sendo acompanhadas desde a puericultura, até o final do 1º ano pós parto, mostrando o início da amamentação no 1° dia pós-parto, permanecendo até o final do 6º mês. |
4. DISCUSSÃO
É notório que o Aleitamento Materno (AM) é tido como principal alimento para os lactentes, tendo em vista que traz proteção de doenças infectocontagiosas, intolerância alimentar e alergias, reduzindo infecções respiratórias agudas, desnutrição, bem como traz benefícios para a mãe, reduzindo o câncer de mama e de ovário, diabetes tipo 2, ansiedade pós parto, depressão e entre outros. Assim, é válido ressaltar que o AME deve ser mantido até os 6 meses de vida, trazendo benefícios à saúde materno e infantil (FRANCO et al., 2019).
Estudos mostram uma significativa semelhança no que diz respeito às dificuldades que as mães têm para início e continuidade do Aleitamento Materno. Sendo que, muitas são solteiras, com idade entre 18 e 35, primíparas, de baixa escolaridade, com renda familiar baixa, e maioria de raça/cor branca, sendo que as consultas foram realizadas no mínimo 3 e no máximo 6, durante o pré-natal. Com isso, as dificuldades estão relacionadas à pega inadequada (25,0%), resposta ao contato com a mama (26,1%) e problemas com a mama (28,3%), tendo como resultado menor prevalência do AME até o 6º mês (BARBOSA et al., 2018; BAIER et al., 2020).
Por seguinte, Passos et al. (2020) traz com mais especificidade as referidas dificuldades, que podem ocorrer no período do AM, sendo elas: fissuras, ingurgitamento mamário, mamilos planos ou invertidos; mamas ou mamilos com escoriações, e fissuras ou vermelhidão, mastite, perda de peso excessiva do recém-nascido após o nascimento, relato de leite insuficiente, e o retorno ao trabalho, desencadeando assim o desmame precoce.
Atrelado à isso, mães instruídas por profissionais da saúde, em relação à amamentação frequente, bom posicionamento e o contato pele a pele nos primeiros dias teve como intervenção a redução de dor e a autoconfiança em sua capacidade para a produção de leite suficiente, além da importância do pai no incentivo da duração da amamentação.
Nesse contexto, o autor destaca que, por ocorrer essa influência do desmame, faz-se necessário a procura e/ou o encaminhamento da mãe-bebê ao Banco de Leite Humano (BLH), para suprir às necessidades do binômio. Salienta ainda, que o atendimento no BLH é focado em promover acolhimento e apoio à mãe e bebê, em relação à amamentação, possibilita a identificação precoce de intercorrências mamárias e dificuldades na amamentação, sanando dúvidas, medos, inseguranças, para que a mulher tenha uma visão diferente dos conceitos pré-estabelecidos, e que influenciam no desmame precoce, podendo desencadear uma depressão pós parto (PASSOS et al., 2020).
Diante do exposto, a saúde mental da mulher no período gestacional torna-se comprometida e mais vulnerável, haja vista os transtornos mentais que podem ocorrer, a depressão pré-natal e/ou pós-natal se sobressai, uma vez que está associada a maiores dificuldades na amamentação para a mãe, bem como início e na sua duração, o que culmina na interrupção da mesma (DAGLA et al., 2021).
Desse modo, tendo em vista esses problemas, o estudo de Baier et al. (2020), evidencia que falta de informação materna, reforçada pela crença que somente o leite materno não é suficiente para o ganho de peso adequado, ou que não seja capaz de saciar a sede da criança, pode fazer com que ocorra a introdução precoce de outros líquidos e alimentos, além do AM.
Ainda sobre o fornecimento de aleitamento às crianças até o 6º mês, destacam-se 3 tipos, sendo classificados em: AME em seu domínio de (7,9%), aleitamento materno predominante, sendo somente o leite materno (38,2%), aleitamento misto que é ofertado além do leite materno, chás, sucos, água para as crianças (30,7%), como também o leite artificial (23,2%) (BAIER et al., 2020).
Em vista disso, o autor ainda enfatiza, que é importante que o profissional de saúde estimule os familiares, em relação ao retorno ao trabalho, para as mães manterem a lactação, em especial o companheiro, quando presente, a dividir as tarefas domésticas com a nutriz e oriente a mãe trabalhadora a adotar medidas como: praticar a ordenha e congelar o leite para uso futuro; conhecer as facilidades para a retirada e armazenamento do leite no local de trabalho (privacidade, freezer, horários, conservação) e evitar uso de mamadeiras e chupetas (BAIER et al., 2020).
Dessa maneira, de acordo com Zhao et al. (2021), existem países como nos Estados Unidos, que 83,2% das mães iniciam a amamentação e apenas um percentual de 24,9% amamenta exclusivamente por 6 meses, já na Inglaterra, um terço continua a amamentar após os 6 meses, e em Abu Dhabi a taxa de aleitamento materno entre bebês de 0 a 6 meses foi de apenas 44,3%, e na China a amamentação é insatisfatória.
Assim, estes países e outros, estão atrelados ao maior índice de desmame precoce equiparado desde a puericultura ao medo relacionado à amamentação, sendo um dos fatores. Consequentemente, é viável que o processo de aleitamento materno ainda é pouco debatido em alguns países sobre a sua necessidade para o bebê, levando em conta que aumenta a sua taxa de interrupção. Ademais, é necessário realizar atividades educativas que poderá desenvolver autoconfiança, além de reduzir a negatividade nas crenças habituais (ZHAO et al., 2021).
De acordo com Nilsson et al. (2020), mães que tiveram contato pele a pele nos primeiros dias, instruídas pelos profissionais de saúde, em relação à amamentação frequente e o bom posicionamento da amamentação para reduzir a dor e confiança em sua capacidade.
É evidente que a intervenção da equipe multiprofissional deve atuar, realizando um direcionamento tanto do meio físico e psicológico, quanto da educação relacionada à amamentação. Papel este que é de suma importância, principalmente na gravidez, em que as puérperas variam o seu posicionamento intelectual diante da amamentação. Assim, a escuta qualificada deve ser de forma individual, gradual e sucessiva e que a sua experiência para a gestante valerá, ouvindo relatos ou sentindo a ansiedade que poderá interferir na amamentação (PASSOS et al., 2020; SHAFAEI et al., 2020; CAVALCANTI et al., 2019; JAVORSKI et al., 2017; MUGE et al., 2019; FRANCO et al., 2019).
Diante disso, destaca-se a importância do (a) enfermeiro (a), no que diz respeito à saúde materno-infantil, sendo de grande relevância as orientações no pré- natal/puericultura, onde prepara-se a gestante tanto psicologicamente, quanto fisicamente, principalmente para as fases mais árduas e difícil para a mulher, sendo o parto e a amamentação, bem como deve reduzir riscos e complicações, a partir de ações e intervenções como panfletagens, rodas de conversas, uso de jornais, escuta qualificada, além dos cuidados, propiciando o apoio necessário para que não afete o estado mental da puérpera para com o bebê, buscando sempre o bem estar dos mesmos (BAIER et al., 2020; PASSOS et al., 2020; SOUZA et al., 2020; TSENG et al., 2020).
Atrelado a isto, vale enfatizar que o meio pela qual as mulheres precisam e devem estar inteiradas sobre todo seu período gravídico, é durante o pré-natal, em que será explicado sobre todas as mudanças em seu corpo, as dificuldades e facilidades da gestação, do parto e pós-parto, sendo por meio de ações educativas desenvolvidas por todos os membros da unidade de saúde no ato da consulta (TSENG et al., 2020).
Em síntese, o enfermeiro participa de forma integrada, acolhendo, orientando e prestando uma assistência de qualidade e humanizada à mulher, de modo a evitar agravos e riscos, a fim de promover uma maternidade segura, o que se torna imprescindível.
5. CONCLUSÃO
Foi possível evidenciar dificuldades relacionadas ao aleitamento materno no que condiz ao desmame precoce fazendo-se necessário a procura e/ou o encaminhamento da mãe-bebê ao Banco de Leite Humano para suprir as necessidades do binômio. Tendo em vista que a saúde mental da mulher no período gestacional torna-se mais vulnerável, há fatores que dificultam no aleitamento materno e que influenciam no desmame precoce, podendo assim desencadear uma DPP.
Dessa maneira, faz-se necessário a intervenção do profissional da saúde prestando uma assistência holística, de modo a reduzir agravos e riscos, a fim de promover uma maternidade segura. Apesar de ser uma temática relevante e amplamente explorada, compreende-se a necessidade da ampliação de estudos, e intervenções, por meio de profissionais capacitados para que haja uma assistência adequada, visando o bem estar materno-infantil.
REFERÊNCIAS
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BARBOSA, G. E. F. et al. Dificuldades iniciais com a técnica da amamentação e fatores associados a problemas com a mama em puérperas. Revista Paulista de Pediatria, v.35, n.3, p.265-272, 2017. DOI:http://dx.doi.org/10.1590/1984-0462/;2017;35;3;00004
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