REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202511261533
Rodrigo Morato de Araújo
Nalanda Celina de Oliveira Rodrigues
Elivana de Souza Santos
Orientador(a): Prof. Marcos André Abensur
Coorientador: Prof. Afrânio Corrêa Lima Júnior
RESUMO
O presente artigo tem por finalidade evidenciar o profundo impacto da Inteligência Artificial (IA) na prática da Contabilidade Gerencial (CG), analisando sua contribuição para a eficiência dos processos e, principalmente, na mitigação de riscos. Pretende-se, através desta abordagem, demonstrar o papel transformador da tecnologia na evolução do profissional contábil e na melhoria da confiabilidade das informações financeiras. O objetivo central é investigar como a implementação da IA, por meio de automação e análise avançada de dados, atua na redução de erros operacionais e no aprimoramento dos mecanismos de detecção e prevenção de fraudes contábeis. Adicionalmente, o estudo busca mapear os principais desafios (técnicos, humanos e éticos) enfrentados pelas organizações e profissionais contábeis no processo de adoção e gestão desta tecnologia.
Palavras-chave: Inteligência artificial; Contabilidade gerencial; Redução de erros; Fraudes contábeis; Ética e IA.
ABSTRACT
This article aims to highlight the profound impact of Artificial Intelligence (AI) on the practice of Managerial Accounting (MA), analyzing its contribution to process efficiency and, especially, to risk mitigation. Through this approach, it seeks to demonstrate the transformative role of technology in the evolution of accounting professionals and in enhancing the reliability of financial information. The main objective is to investigate how the implementation of AI, through automation and advanced data analysis, contributes to reducing operational errors and improving mechanisms for detecting and preventing accounting fraud. Additionally, the study seeks to map the main challenges—technical, human, and ethical—faced by organizations and accounting professionals in the process of adopting and managing this technology.
Keywords: Artificial intelligence; Managerial accounting; Error reduction; Accounting fraud; Ethics and Artificial Intelligence.
1. INTRODUÇÃO
O avanço da tecnologia tem promovido transformações significativas no ambiente empresarial, sendo a Inteligência Artificial (IA) uma das inovações mais impactantes nesse processo. De acordo com Davenport e Ronanki (2018), a IA permite que as empresas processem dados de maneira mais eficiente, identifiquem padrões ocultos e tomem decisões com base em análises preditivas. No contexto contábil, especialmente na contabilidade gerencial, essas capacidades se mostram essenciais diante do crescente volume de informações financeiras que precisam ser interpretadas com precisão.
Nesse cenário, a contabilidade gerencial ganha relevância ao transformar dados financeiros em informações estratégicas que auxiliam na gestão e no planejamento empresarial. Horngren et al. (2014) afirmam que a contabilidade gerencial é indispensável para monitorar o desempenho, identificar tendências e sustentar decisões orientadas por dados confiáveis. Segundo Ribeiro et al. (2020), “a aplicação da inteligência artificial na contabilidade gerencial permite maior assertividade nas projeções e mais eficiência na elaboração de relatórios gerenciais, otimizando o processo decisório”. Assim, a integração entre IA e contabilidade gerencial não apenas representa um avanço tecnológico, mas também uma mudança no papel do contador, que passa a atuar como analista e consultor estratégico dentro das organizações.
No entanto, a implementação dessa tecnologia ainda enfrenta desafios consideráveis. Entre eles, destacam-se a necessidade de qualificação dos profissionais contábeis, a adaptação dos processos organizacionais e a garantia da segurança dos dados. Conforme Silva e Costa (2022), “a adoção de sistemas baseados em IA exige mudanças estruturais nas rotinas de trabalho e demanda habilidades técnicas específicas que ainda não são amplamente dominadas pela maioria dos profissionais da área”.
De acordo com Crepaldi (2014), a definição de erro contábil se refere a falhas não intencionais que aconteceram equivocadamente, enquanto a fraude contábil é referente a omissão de dados com o intuito de manipular as decisões de usuário interno e externo das demonstrações contábeis. Com a incorporação da inteligência artificial nos processos contábeis das organizações, a ocorrência de erros tende a diminuir significativamente à medida que a tecnologia for sendo aperfeiçoada.
A automatização de processos contábeis por meio da IA, embora promissora, exige um reposicionamento das práticas tradicionais da contabilidade gerencial. As organizações enfrentam o desafio de integrar ferramentas inteligentes aos seus sistemas sem comprometer a segurança, a ética e a confiabilidade das informações. Além disso, a escassez de profissionais capacitados para lidar com essa nova realidade pode dificultar a plena adoção dessas inovações.
Diante desse cenário de oportunidades e incertezas, este trabalho tem como objetivo analisar os impactos da utilização da Inteligência Artificial na contabilidade gerencial, com ênfase na sua eficácia na redução de erros e fraudes contábeis. A partir dessa perspectiva, propõe-se a seguinte problemática: Quais são os principais desafios e oportunidades da implementação da inteligência artificial na contabilidade gerencial, especialmente no que se refere à redução de erros e fraudes contábeis em organizações de diferentes portes.
2. JUSTIFICATIVA
A escolha do tema “O impacto da inteligência artificial na contabilidade gerencial: desafios na implementação da tecnologia na redução de erros e fraudes contábeis” justifica-se pela relevância das tecnologias que são capazes de ajudar a combater possíveis erros e fraudes contábeis dentro das organizações, sua aplicação permite maior eficiência na detecção de inconsistências, na automação de tarefas repetitivas e na mitigação de riscos relacionados a erros e fraudes. A prevenção de fraudes contábeis tem sido uma preocupação crescente no meio corporativo. As fraudes podem ocorrer em qualquer organização, independentemente do porte ou segmento, sendo muitas vezes facilitadas por falhas nos controles internos ou pela ausência de mecanismos de monitoramento eficazes.
A escolha deste tema justifica-se pela crescente relevância da inteligência artificial (IA) no campo da contabilidade, especialmente no que tange à prevenção de erros e fraudes contábeis. Mais do que uma tecnologia de apoio, a IA representa uma mudança de paradigma na atuação do profissional contábil, que deixa de exercer exclusivamente funções operacionais para assumir um papel mais analítico e estratégico dentro das organizações. Essa transformação impacta diretamente a contabilidade gerencial, permitindo maior precisão na análise de dados, agilidade nos processos e suporte à tomada de decisão. De acordo com Cunha et al. (2021), “a inteligência artificial tem ampliado as possibilidades da contabilidade ao oferecer ferramentas que automatizam processos e permitem ao contador atuar como um agente estratégico nas organizações”.
Este trabalho apresenta-se como relevante ao buscar identificar os principais desafios enfrentados na implementação da inteligência artificial (IA) nos processos contábeis, bem como analisar as expectativas relacionadas à superação desses obstáculos e os benefícios potenciais que essa tecnologia pode proporcionar à área contábil. A adoção da IA pode resultar em ganhos significativos de eficiência, precisão e agilidade, além de permitir uma atuação mais estratégica dos profissionais da contabilidade, assim como observam Santos e Konzen (2020), que destacam o aumento da produtividade resultante da otimização do tempo.
Dessa forma, a relevância deste estudo reside na necessidade de compreender, de maneira prática e aplicada, os impactos que a Inteligência Artificial tem gerado na contabilidade gerencial, especialmente no que diz respeito a implementação de tecnologias para redução de erros e fraudes. Avaliar como as empresas estão lidando com essa inovação, quais barreiras enfrentam e quais resultados têm obtido é fundamental para orientar futuras estratégias de adoção tecnológica e garantir uma transição segura e eficaz para uma contabilidade mais inteligente, precisa e confiável.
3. OBJETIVOS
Estudar a aplicação da inteligência artificial na contabilidade gerencial, analisando seus efeitos sobre a qualidade das informações contábeis e os mecanismos de controle contra erros e fraudes
3.1 Objetivo Geral
Analisar o impacto da aplicação da Inteligência Artificial na contabilidade gerencial, identificando seus benefícios e os principais desafios enfrentados pelas organizações na implementação de tecnologias voltadas à redução de erros e fraudes contábeis.
3.2 Objetivos Específicos
Analisar os benefícios da IA na melhoria da qualidade das informações contábeis e na tomada de decisão gerencial; verificar os impactos da IA na atuação do profissional contábil, especialmente na transição de tarefas operacionais para funções analíticas e estratégicas; discutir aspectos éticos e regulatórios relacionados ao uso da IA na contabilidade
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Inteligência Artificial
Segundo Russell e Norving (2021), a inteligência artificial teve seu ponto de partida na conferência de Dartmouth, realizada em 1956, onde o termo “inteligência artificial” foi criado por um cientista da computação John McCarthy, o workshop teve como objetivo explorar a capacidade das máquinas de realizar tarefas que normalmente exigem inteligência humana, segundo McCarthy et.al. (1955), o objetivo inicialmente da inteligência artificial era construir máquinas capazes de simular comportamentos considerados inteligentes pelos humanos.
Na década de 80, a inteligência artificial teve diversos avanços, entre eles estão os sistemas especialistas, de acordo com Nilsson (1998), os sistemas especialistas representaram um marco para o desenvolvimento da IA, onde era possível colocar conhecimentos humanos em programas. A partir desse avanço era possível usar os programas computacionais para tomar decisões que apenas especialistas em uma área específica conseguiria.
A partir dos anos 2000, a IA passou por outra transformação conhecida como “machine learning”, permitindo a inteligência artificial se desenvolva através de grandes volumes de dados analisados, e se tornando capaz de identificar padrões, se tornando menos dependente dos humanos, como explica Mitchell (1997), “o aprendizado de máquina transformou radicalmente a IA ao permitir que os sistemas aprendessem a partir de dados, em vez de depender apenas de regras programadas”.
Essa capacidade de aprender com grandes volumes de dados e identificar padrões tem viabilizado a aplicação da IA em diversos setores, especialmente no ambiente corporativo, onde seu uso tem se mostrado essencial para otimizar operações, automatizar processos complexos e repetitivos, com pouca ou nenhuma intervenção humana. Isso resulta em maior eficiência e eficácia, reduz erros humanos, evita retrabalhos e aumenta a produtividade.
Dessa forma torna-se visível que a IA vem se desenvolvendo há décadas para ser uma tecnologia que visa otimizar tempo e minimizar erros, sendo previsível sua necessidade e utilização dentro do contexto contábil.
4.2 Avanços tecnológicos na contabilidade
A contabilidade tem como objetivo registrar, organizar e interpretar fatos econômicos e financeiros da entidade, tendo o patrimônio como objeto de estudo. Primeiramente, as práticas contábeis eram realizadas manualmente, o que demandavam tempo e esforço. Porém com os avanços tecnológicos nas atividades organizacionais, a contabilidade vem se modernizando, usando programas para coletar, processar e analisar dados de maneira mais eficiente (Padoveze, 2019).
A contabilidade gerencial representa a aplicação de recursos tecnológicos para automatizar os processos contábeis e integrar dados em tempo real. Com a utilização de software e sistema ERP (Enterprise Resource Planning), tornou-se possível mitigar erros manuais, agilizar o fechamento contábil e está de acordo com as normas fiscais (Oliveira & Souza, 2020). Esses sistemas promovem centralização de informações, permitindo que diferentes áreas das empresas operem de maneira integrada. Neste contexto a IA tem ganhado espaço na contabilidade ao automatizar os processos contábeis, nas conciliações bancárias e na auditoria, pois são capazes de analisar grandes volumes de dados em tempo real.
Com a incorporação da inteligência artificial dentro da contabilidade, o contador que antigamente realizava tarefas operacionais passou a assumir um papel mais analítico, para tomar decisões estratégicas com base nos dados gerados pelos sistemas. De acordo com Souza e Souza (2025), os profissionais contábeis precisaram desenvolver novas competências para se adequar a digitalização, se mantendo em constante evolução.
Souza e Souza (2025) detalha as principais competências digitais na contabilidade no quadro I.
Quadro I – Competências Contábeis.
| Termos | Competências |
| Domínio de softwares contábeis | Ferramentas como QuickBooks, Protheus e SAP são essenciais para execução das atividades diárias dos profissionais contábeis. Ter domínio sobre essas plataformas permite que o contador automatize processos, emita relatórios detalhados e realize análises financeiras com maior rapidez. o domínio ERP (ENTERPRISE RESOURCE PLANNING) também é importante, pois essas ferramentas integram as operações financeiras com outras áreas da empresa, oferecendo uma visão mais abrangente do negócio. |
| Análise de dados e Business Intelligence (BI) | Com o aumento exponencial da quantidade de dados disponíveis, a análise de dados se tornou uma habilidade indispensável. Utilizar ferramentas de BI, como POWER BI e Tableau, permite aos profissionais contábeis transformar dados em insights estratégicos. Essas plataformas ajudam a identificar padrões e a prever cenários futuros, auxiliando os empresários a tomar decisões com base em dados. |
| Automação de processos (RPA) | A Automação de processos (RPA) é uma ferramenta valiosa para eliminar tarefas repetitivas e demoradas. Implementar a RPA em atividades como geração de relatório, conciliações automáticas e controle de contas a pagar e a receber reduz significativamente o tempo gasto e minimiza erros. |
Dessa forma, torna-se visível compreender o impacto da inteligência artificial na contabilidade e explorar como essa tecnologia foi implementada dentro da contabilidade. Possibilitando uma análise mais profunda sobre a importância da IA dentro dos processos contábeis e como essas mudanças alteram a forma do contador exercer suas atividades.
4.3 A integração da IA na contabilidade gerencial
A contabilidade gerencial possui como objetivo principal analisar dados para tomadas de decisões estratégicas dentro das organizações. A inteligência artificial surge como uma ferramenta capaz de transformar esse campo contábil, fornecendo novos caminhos para analisar dados. A IA permite a automatização de tarefas operacionais, isso libera o profissional de contabilidade gerencial para atividades mais analíticas e estratégicas. Segundo Marion (2017), a contabilidade gerencial precisa estar em constante evolução para suprir as necessidades e as exigências dos negócios, assim incorporando ferramentas capazes de agilizar o processo e fornecer dados mais confiáveis.
Segundo Freitas (2023), a inteligência artificial tem sido uma ferramenta relevante quando o assunto é detectar erros e fraudes contábeis. Isso, para a contabilidade gerencial é essencial, para identificar volumes de dados incertos e imprecisos, gerando mais confiabilidade de dados para as tomadas de decisões.
Através desse breve estudo, podemos concluir que a inteligência artificial impacta a contabilidade gerencial, podendo identificar erros ou fraudes que poderiam conduzir a tomadas de decisões equivocadas.
4.4 As tecnologias para combater erros e fraudes
O uso de novas tecnologias é uma aliada quando o assunto é a mitigação de possíveis erros contábeis e prevenir fraudes. Com a Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML) que pode ser treinada para identificar padrões, contribuindo para uma maior precisão e segurança de dados. Com a utilização da ferramenta blockchain sendo uma tecnologia que permite o armazenamento de dados de forma descentralizada, segura, transparente e imutável, sendo impossível adulterações sem que sejam detectadas, o sistema ERP usado para processo repetitivo e controle interno, reduzindo falhas humanas, assim como RPA para lançamentos contábeis e conciliações.
Com isso podemos concluir que as tecnologias no combate a erros e fraudes estão presentes nos sistemas contábeis, ajudando a minimizar possíveis erros causados por falhas manuais.
4.5 Desafios na implementação da tecnologia na redução de erros e fraudes contábeis.
Embora os avanços tecnológicos sejam benéficos para a contabilidade, ajudando a mitigar erros, prevenir fraudes, além de aumentar a precisão e a rapidez dos processos contábeis. Ainda existem desafios para implementação de novas tecnologias no contexto contábil.
Levando isso em conta, podemos compreender que com as adoções de novas tecnologias em sistemas contábeis, é necessário a capacitação de profissionais contábeis, ou seja, o profissional precisa estar sempre se atualizando, e desenvolvendo novas habilidades para atender as expectativas do mercado.
O grande volume de informações gera um desafio relacionando com a segurança de informações e com possíveis ciberataques, necessitando de devida proteção. De acordo com Lima (2021), a contabilidade lida com dados que não devem ser divulgados, correndo risco de influenciar o mercado financeiro e prejudicar a imagem da empresa, levando em conta que os ciberataques podem prejudicar a empresa e modificar o mercado financeiro, o investimento em sistemas de proteção para combater os ataques se mostra essencial para evitar danos futuros.
Quando o assunto é investimento, pequenas e médias empresas possuem essa desvantagem por não possuírem capital para implementação, desenvolvimento e treinamentos para capacitação profissional. Então embora seja benéfica a utilização de novas tecnologias para se manter competitivo no mercado as pequenas e médias empresas enfrentam problemas entre investimento versus benefícios.
Estudar a aplicação da inteligência artificial na contabilidade gerencial, analisando seus efeitos sobre a qualidade das informações contábeis e os mecanismos de controle contra erros e fraudes.
4.6 Ética e Inteligência Artificial na Contabilidade Gerencial
A adoção da inteligência artificial (IA) na contabilidade gerencial apresenta não apenas ganhos operacionais, mas também desafios de ordem ética que não podem ser ignorados. Conforme destacam Silva e Oliveira (2022), a automação de processos contábeis deve estar alinhada a princípios de transparência, responsabilidade e equidade, especialmente porque envolve o tratamento de informações financeiras sensíveis e de interesse público.
Do ponto de vista ético, a IA se mostra relevante para a redução de erros e detecção de possíveis fraudes, oferecendo maior confiabilidade às demonstrações contábeis. Entretanto, a dependência excessiva dessa tecnologia pode gerar riscos, como o enfraquecimento da análise crítica por parte dos profissionais e a transferência de responsabilidades a sistemas automatizados (SOUZA; ALMEIDA, 2021). Nesse sentido, emerge a questão: em caso de falhas nas decisões derivadas de algoritmos, a quem deve ser atribuída a responsabilidade? Ao programador, ao gestor ou à própria organização?
Outro aspecto fundamental refere-se à privacidade e ao sigilo dos dados. A ética profissional exige que a utilização de sistemas de IA esteja associada a mecanismos de segurança da informação, de modo a evitar vazamentos ou manipulações que possam comprometer a integridade dos relatórios (GUIMARÃES, 2020). Além disso, o processo de implementação deve observar a necessidade de capacitação dos profissionais contábeis, assegurando que a tecnologia seja utilizada como instrumento de apoio e não como substituição indiscriminada de competências humanas.
Assim, a ética no uso da inteligência artificial na contabilidade gerencial deve ser compreendida como um compromisso com a transparência, a equidade e a responsabilidade. A tecnologia pode e deve contribuir para a mitigação de erros e fraudes, mas sua eficácia depende de princípios éticos sólidos e da supervisão crítica dos profissionais envolvidos.
5. METODOLOGIA DE PESQUISA
Segundo Machado (2023), a presente pesquisa adota a abordagem mista, integrando aspectos qualitativos, utilizando-se de procedimentos bibliográficos. O objetivo é investigar o impacto da inteligência artificial na contabilidade gerencial, com foco nos desafios enfrentados para a redução de erros e fraudes contábeis.
5.1 Procedimentos metodológicos
A pesquisa será conduzida por meio de procedimentos técnicos bibliográficos tendo como finalidade embasar teoricamente o estudo, por meio da revisão de livros, artigos científicos, publicações especializadas e documentos técnicos nas áreas de contabilidade, auditoria, tecnologia da informação e inteligência artificial. As fontes serão consultadas em plataformas como Google Acadêmico, Scielo, Periódicos CAPES, IEEE Xplore e bases institucionais.
Para a etapa de campo, será utilizado um questionário estruturado como instrumento de coleta de dados primários. O questionário será composto por perguntas fechadas e abertas, permitindo a obtenção de dados estatísticos e percepções qualitativas. A aplicação será realizada de forma online, por meio de plataformas como Google Forms, o que facilita o acesso e a adesão dos participantes.
5.2 População e amostra
O público-alvo direcionado à pesquisa inclui profissionais de contabilidade na cidade de Manaus.
5.3 Análise de dados
Os dados obtidos das perguntas fechadas serão analisados por meio da estatística descritiva (frequência, porcentagem e média), visando identificar padrões, percepções e desafios relacionados à aplicação da inteligência artificial na contabilidade gerencial.
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base nos dados obtidos junto a profissionais contábeis com tempo de experiência entre 1 e 10 anos área, observa-se que, conforme apresentado no gráfico 2, 75% dos participantes atuam em organizações que já fazem uso de ferramentas de inteligência artificial (IA), em seus processos contábeis. Esse dado evidencia a crescente adoção da IA no setor contábil e reforça sua relevância como instrumento de apoio à eficiência, precisão e automação das rotinas profissionais.
Gráfico 1 e 2 – Tempo de atuação, e uso da inteligência artificial em processos contábeis.

Os resultados no gráfico 3 indicam que 35% dos respondentes concordam totalmente e o restante concorda parcialmente que o uso da Inteligência Artificial pode contribuir para a redução de erros nos registros contábeis das empresas em que atuam. Além disso, 100% dos participantes afirmaram que ocorrem retrabalhos em suas organizações devido a falhas humanas, as quais poderiam ser minimizadas por meio da implementação de tecnologias contábeis. O uso adequado dessas ferramentas poderia, portanto, prevenir erros nos lançamentos contábeis e até mesmo evitar possíveis fraudes, promovendo maior confiabilidade e segurança nas informações financeiras.
Gráfico 3 e 4 – Redução de erros nos registros contábeis, e retrabalhos por causa de erros humanos.

De modo geral, os resultados apontam para uma mudança gradual, porém consistente, no cenário contábil, em que a inteligência artificial se consolida como um instrumento estratégico de inovação e suporte às tomadas de decisão. Contudo, a presença de empresas que ainda não utilizam plenamente tais recursos evidencia a necessidade de investimentos em capacitação profissional e infraestrutura tecnológicas, de forma a garantir que a contabilidade acompanhe as transformações digitais e mantenha seu papel essencial na gestão organizacional.
6.1 Análise das perguntas abertas
Nas questões abertas da pesquisa, buscou-se compreender as percepções dos profissionais contábeis sobre as principais oportunidades e desafios associados à utilização da inteligência artificial (IA) na contabilidade gerencial.
Quando questionados sobre as maiores oportunidades que a IA pode oferecer às suas organizações, as respostas mais recorrentes destacaram a agilidade na execução dos processos contábeis, a automatização de tarefas rotineiras e repetitivas e o consequente aumento da eficiência operacional. De modo geral, os participantes reconheceram que a aplicação da IA contribui para a redução de erros decorrentes de falhas humanas, permitindo que o profissional contábil direcione maior parte de seu tempo e esforços para atividades estratégicas e de apoio à tomada de decisões gerenciais.
Além disso, foi perguntado aos entrevistados quais cuidados consideram essenciais para garantir o uso ético e seguro da inteligência artificial nos processos contábeis. As respostas evidenciaram uma preocupação significativa com a capacidade técnica dos profissionais, a supervisão constante das operações automatizadas e a proteção dos dados internos e das informações de clientes. Tais aspectos reforçam a compreensão de que, embora a IA represente um avanço relevante para a contabilidade, sua implementação requer responsabilidade, governança adequada e conformidade com princípios éticos e de segurança da informação.
Em síntese, os resultados obtidos nas perguntas abertas indicam que os profissionais da área reconhecem a IA como uma ferramenta capaz de modernizar e potencializar a contabilidade gerencial, desde que seja utilizada de forma consciente, segura e alinhada às boas práticas éticas e profissionais.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo principal analisar o impacto da inteligência artificial (IA) na contabilidade gerencial, com foco em sua contribuição para a redução de erros e fraudes contábeis e na identificação dos principais desafios enfrentados pelas organizações em seu processo de implementação. A partir da análise teórica e dos dados obtidos por meio da pesquisa de campo, realizado por profissionais de contabilidade no município de Manaus, foi possível constatar que a IA representa uma das inovações mais significativas na transformação do ambiente contábil contemporâneo, promovendo eficiência, precisão e segurança na gestão das informações financeiras. A pesquisa demonstrou que 75% das organizações analisadas já utilizam ferramentas de IA, o que reforça sua relevância na automatização de processos e na redução de erros e retrabalhos decorrentes de falhas humanas.
Além disso, verificou-se que a aplicação da IA contribui diretamente para a prevenção de fraudes contábeis, uma vez que possibilita a análise contínua e detalhada de grandes volumes de dados, identificando padrões e inconsistências de forma mais rápida e assertiva. Essa capacidade de monitoramento em tempo real fortalece os mecanismos de controle interno e amplia a confiabilidade das demonstrações financeiras.
Entretanto, a efetividade da IA depende de profissionais capacitados e de uma adoção ética e responsável da tecnologia, com atenção especial à segurança dos dados e à supervisão das operações automatizadas.
Conclui-se, portanto, que a inteligência artificial representa um instrumento estratégico essencial para a contabilidade moderna, reduzindo erros, prevenindo fraudes e permitindo que o contador assuma um papel mais analítico e decisivo na gestão organizacional.
REFERÊNCIAS
BATISTA, Milena Freitas; ROBERTO, José Carlos Alves. A contabilidade digital e suas ferramentas: vantagens e desvantagens. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, ano 7, ed. 11, v. 9, p. 34-43, nov. 2022. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/contabilidade/ferramentas.
DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/contabilidade/ferramentas.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informações contábeis. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
DAVENPORT, Thomas H.; RONANKI, Rajeev. Artificial intelligence for the real world. Harvard Business Review, Boston, v. 96, n. 1, p. 108–116, Jan./Feb. 2018.
GUIMARÃES, J. Segurança da informação e responsabilidade ética no uso de tecnologias contábeis. Revista Contemporânea de Contabilidade, v. 17, n. 2, p. 123- 138, 2020.
HORNGREN, Charles T. et al. Contabilidade gerencial. 14. ed. São Paulo: Pearson Education, 2014.
LIMA, Douglas Alexandre Sampaio de; MACEDO, Maria Erilúcia Cruz. Controladoria: a relevância da Tecnologia da Informação na qualidade dos relatórios contábeis. Id on Line Revista Multidisciplinar e Psicologia, v. 12, n. 42, supl. 1, p. 688-702, 2018. ISSN 1981-1179.
MACHADO, J. R. F. Metodologias de pesquisa: um diálogo quantitativo, qualitativo e quali-quantitativo. Devir Educação, v. 7, n. 1, p. e-697, 2023. DOI: 10.30905/rde.v7i1.697.
MARION, José Carlos. Introdução à contabilidade gerencial. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books /9788547220891.
MITCHELL, T. M. Machine Learning. New York: McGraw-Hill, 1997.
NILSSON, N. J. Artificial intelligence: a new synthesis. Morgan Kaufmann, 1998.
OLIVEIRA, L. R.; SOUZA, C. D. A influência dos sistemas ERP na contabilidade. Revista Eletrônica de Ciências Contábeis, 2020.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. São Paulo: Atlas, 2019.
RIBEIRO, Ana Alice; LIMA, João Carlos; ANDRADE, Diego Pereira. O uso da inteligência artificial na contabilidade gerencial: desafios e oportunidades. Revista de Contabilidade e Gestão, Salvador, v. 27, n. 2, p. 45–59, 2020.
RUSSELL, S.; NORVIG, P. Artificial Intelligence: A Modern Approach. 4. ed. Pearson, 2021.
SANTOS, A. M.; AMORIM, N. G. F. T.; CUNHA, T. M. As competências do contador sob a ótica dos profissionais atuantes da cidade de Vitória de Santo Antão – PE. Revista Ambiente Contábil, v. 13, n. 2, p. 355-379, 2021. DOI: https://doi.org/10.21680/2176-9036.2021v13n2ID20236.
SANTOS, Emilaine Kullmann; KONZEN, Juliano. A percepção dos escritórios de contabilidade do Vale do Paranhana/RS e de São Francisco de Paula/RS sobre a contabilidade digital. Revista Eletrônica de Ciências Contábeis, v. 9, n. 2, p. 101-130, 2020.
SILVA, Denis Ribeiro; COSTA, Daniel Fonseca; PIMENTA, Alexandre. A influência da inteligência artificial na contabilidade e na tributação das organizações: uma revisão de literatura. In: Conferência Internacional de Contabilidade – USP, São Paulo, 2022.
SILVA, M.; OLIVEIRA, R. Ética e inteligência artificial: desafios na contabilidade. Revista Brasileira de Contabilidade, v. 51, n. 1, p. 45-60, 2022.
SOUZA, L.; ALMEIDA, F. Impactos da automação na contabilidade gerencial: riscos e oportunidades. Revista de Gestão e Negócios, v. 28, n. 3, p. 77-92, 2021.
SOUZA E SOUZA CONTABILIDADE. Competências digitais na contabilidade: como se destacar no mercado atual. Disponível em: https://souzaesouzacontabilidade.com.br/competencias-digitais-na-contabilidade como-se-destacar-no-mercado-atual/.
