REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202510282151
Ismael Max Cunha dos Santos
Orientador: André Lopes Teixeira
Coorientadora: Prof. Esp. Walzenira Parente Miranda
RESUMO
O presente estudo analisou as manifestações patológicas identificadas no depósito da Secretaria de Obras do município de Juruá-AM, considerando as condições climáticas amazônicas e a ausência de manutenção preventiva como fatores determinantes para o surgimento de anomalias construtivas. A pesquisa foi desenvolvida como estudo de caso, de caráter descritivo e abordagem qualitativa, utilizando vistoria técnica in loco, análise documental e revisão bibliográfica. Os principais resultados apontaram a presença de fissuras em lajes, infiltrações, desplacamentos de revestimentos e umidade ascendente em alvenarias, classificados em diferentes graus de risco conforme a Norma de Inspeção Predial do IBAPE (2009) e a NBR 5674/2012 da ABNT. Constatou-se que tais manifestações comprometem a durabilidade, a funcionalidade e a segurança da edificação, reforçando a necessidade de planos de manutenção sistemática e de inspeções periódicas para prevenir danos estruturais e reduzir custos com intervenções emergenciais. O estudo contribui para a gestão pública ao oferecer subsídios técnicos para a conservação do patrimônio construído e para a literatura acadêmica ao evidenciar as especificidades da patologia das construções em contexto amazônico.
Palavras-chave: Patologia; Manutenção Preventiva; Condições Climáticas
ABSTRACT
This study analyzed the pathological manifestations identified in the warehouse of the Department of Public Works in Juruá-AM, considering the Amazonian climatic conditions and the lack of preventive maintenance as determining factors for the occurrence of construction anomalies. The research was carried out as a case study, descriptive in nature and with a qualitative approach, using on-site technical inspection, documental analysis, and bibliographic review. The main results indicated the presence of cracks in slabs, infiltrations, detachment of coatings, and rising damp in masonry, classified into different risk levels according to the Predial Inspection Standard of IBAPE (2009) and the Brazilian Standard NBR 5674/2012. It was found that these manifestations compromise the durability, functionality, and safety of the building, highlighting the need for systematic maintenance plans and periodic inspections to prevent structural damage and reduce emergency repair costs. The study contributes to public management by providing technical support for the conservation of public assets and to academic literature by evidencing the specificities of building pathology in the Amazonian context.
Keywords: Pathology; Preventive Maintenance; Climatic Conditions
1 INTRODUÇÃO
As edificações públicas desempenham papel essencial no suporte às atividades administrativas e sociais dos municípios. No entanto, ao longo do tempo, a ausência de manutenção preventiva e corretiva adequada pode gerar manifestações patológicas que comprometem não apenas a estética, mas também a funcionalidade e a segurança das construções. Essas manifestações, quando não diagnosticadas e tratadas, impactam diretamente a durabilidade dos sistemas construtivos e a qualidade do ambiente de uso, acarretando custos mais elevados de recuperação e riscos à integridade dos usuários (BATISTA, 2025).
O município de Juruá, localizado no interior do Amazonas, possui particularidades climáticas e ambientais que aceleram processos de degradação das edificações, especialmente pela alta umidade relativa do ar, pela intensidade das chuvas e pela variação de temperatura. Essas condições favorecem a ocorrência de patologias como infiltrações, fissuras, desagregação de revestimentos e oxidação de elementos metálicos. O antigo depósito da Secretaria de Obras, objeto do presente estudo, exemplifica de forma significativa esse cenário, tendo sido identificado em vistoria técnica um conjunto de anomalias relacionadas à falta de manutenção sistemática (ROCHA FILHO, 2025).
Segundo a Norma de Inspeção Predial do IBAPE (2009) e a NBR 5674/2012 da ABNT, as edificações devem ser submetidas periodicamente a avaliações técnicas que permitam identificar falhas e propor medidas corretivas, de modo a garantir o desempenho e prolongar a vida útil da construção. Contudo, a negligência dessas práticas ainda é recorrente em muitas cidades do país, o que resulta em edificações com comprometimento funcional e estrutural, como observado no imóvel em estudo (CARVALHO, 2023; ROCHA FILHO, 2025).
A relevância do estudo justifica-se por oferecer subsídios para a gestão pública local, no sentido de planejar ações de manutenção e conservação predial baseadas em critérios técnicos, assegurando melhores condições de uso das instalações. Além disso, a pesquisa contribui para a literatura acadêmica sobre patologia das construções em regiões amazônicas, destacando a importância de práticas de manutenção preventiva em contextos de elevada agressividade climática e de restrições orçamentárias comuns às administrações municipais.
A escolha do tema justifica-se pela necessidade de compreender as manifestações patológicas que comprometem edificações públicas em municípios amazônicos, como o depósito da Secretaria de Obras de Juruá-AM, cuja falta de manutenção sistemática contribuiu para fissuras, infiltrações e degradação das alvenarias. A relevância do estudo está em oferecer subsídios técnicos à gestão pública para planejar ações preventivas e corretivas conforme as diretrizes da NBR 5674/2012 (ABNT) e da Norma de Inspeção Predial do IBAPE (2009), visando à preservação do patrimônio municipal, à segurança dos usuários e à eficiência dos serviços públicos, sobretudo em regiões de elevada agressividade climática (CARVALHO, 2023; BATISTA, 2025; ROCHA FILHO, 2025).
O presente estudo tem como objetivo geral analisar as manifestações patológicas presentes no depósito da Secretaria de Obras do município de Juruá-AM, identificando suas principais causas e propondo recomendações técnicas para subsidiar ações de manutenção e recuperação da edificação. Especificamente, busca-se caracterizar as principais patologias encontradas, classificando-as quanto à natureza e gravidade; investigar as causas prováveis considerando fatores construtivos, ambientais e de uso; e propor medidas preventivas e corretivas que contribuam para o prolongamento da vida útil e a melhoria das condições de segurança e funcionalidade da edificação pública.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Patologias nas Construções
O estudo das manifestações patológicas em edificações constitui-se em uma área consolidada da Engenharia Civil, cuja finalidade é investigar, compreender e propor soluções para anomalias que afetam o desempenho das construções. De acordo com Helene (2013), a patologia das construções pode ser definida como a ciência que busca estudar as origens, mecanismos de desenvolvimento e consequências das falhas em obras civis, abrangendo desde pequenas fissuras até colapsos estruturais. Essas manifestações podem ter múltiplas causas, incluindo falhas de projeto, execução inadequada, uso de materiais de baixa qualidade e, sobretudo, a ausência de manutenção preventiva.
Em estudo recente, Batista (2025) realizou o mapeamento e análise de manifestações patológicas em fachadas de uma instituição pública, evidenciando que a degradação é acelerada pela ação de agentes externos e pela negligência em inspeções periódicas. Resultados semelhantes são encontrados em pesquisas que demonstram que, quando não tratadas, patologias aparentemente simples, como infiltrações ou fissuras, podem comprometer a durabilidade da edificação e gerar custos elevados de recuperação. Dessa forma, a identificação precoce é fundamental para o prolongamento da vida útil da construção.
2.2 Manutenção e Normas Técnicas
As normas técnicas brasileiras destacam a importância de procedimentos regulares de inspeção e manutenção. A NBR 5674/2012, publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), estabelece diretrizes para a manutenção de edificações, ressaltando que a gestão predial deve ser contínua, planejada e sistemática. A norma orienta gestores e usuários a estabelecer rotinas de inspeção preventiva, visando reduzir riscos à segurança, evitar degradações precoces e garantir a habitabilidade.
Complementando essa diretriz, a Norma de Inspeção Predial do IBAPE (2009) apresenta parâmetros de avaliação técnica que classificam as falhas de acordo com os riscos envolvidos. Essa classificação se subdivide em três graus: mínimo, regular e crítico, permitindo priorizar intervenções com base em critérios de segurança, funcionalidade e conservação do patrimônio. Ao aplicar tais critérios em edificações públicas, cria-se uma base técnica para a elaboração de planos de manutenção mais eficientes e alinhados às necessidades orçamentárias dos municípios (IBAPE, 2009).
2.3 Patologias em Contexto Amazônico
O ambiente amazônico é caracterizado por elevada umidade relativa do ar, chuvas intensas e variações térmicas, fatores que intensificam o surgimento de manifestações patológicas. Segundo Carvalho (2023), em regiões úmidas, patologias como infiltrações, eflorescências e degradação de revestimentos são significativamente mais frequentes devido à constante presença de água nos elementos construtivos. Tais condições aumentam o risco de corrosão de armaduras em estruturas de concreto armado, além de favorecer o aparecimento de fungos e musgos em alvenarias.
No caso de Juruá-AM, vistoria técnica realizada pela Prefeitura Municipal identificou diversas anomalias no antigo depósito da Secretaria de Obras, entre elas fissuras em lajes, destacamentos de reboco e infiltrações recorrentes.
Essas manifestações estão diretamente relacionadas à ausência de manutenção preventiva e à influência das condições ambientais locais, o que compromete a durabilidade da construção e sua segurança (ROCHA FILHO, 2025).
3 METODOLOGIA
3.1 Objeto do estudo do caso
A pesquisa caracteriza-se como estudo de caso, de natureza descritiva e abordagem qualitativa, voltada para a análise das manifestações patológicas presentes no depósito da Secretaria de Obras do município de Juruá-AM. O estudo foi realizado com base em vistoria técnica in loco, análise documental e revisão bibliográfica, buscando identificar, classificar e compreender as causas das anomalias construtivas.
Figura 1. Local da Pesquisa

Fonte: Google Maps, 2025
3.1 Procedimentos de Inspeção
A vistoria ocorreu no dia 21 de março de 2025, no período da tarde, contemplando todos os elementos aparentes da edificação. A estrutura inspecionada compreende um pavimento único, edificado em terreno próprio, com área de 160 m². Foram analisados os seguintes sistemas construtivos:
- Estruturas de concreto armado (pilares, lajes e vigas);
- Alvenarias e elementos de vedação;
- Revestimentos e fachadas;
- Instalações elétricas (entrada de energia, quadros e pontos de iluminação);
- Instalações hidrossanitárias (reservatórios, sanitários e redes de esgoto).
3.3 Critérios de Avaliação
O levantamento seguiu as diretrizes da Norma de Inspeção Predial do IBAPE (2009) e da NBR 5674/2012 da ABNT, que estabelecem parâmetros para análise de desempenho, segurança, habitabilidade e manutenção de edificações. As manifestações patológicas foram classificadas conforme a gravidade do risco:
- Grau crítico: risco elevado à segurança, com impacto irrecuperável;
- Grau regular: impacto parcialmente recuperável, com prejuízos de desempenho;
- Grau mínimo: impacto recuperável, com baixa ou nenhuma repercussão estrutural.
3.4 Registro e Análise dos Dados
Durante a vistoria foram realizados registros fotográficos da edificação, com foco em paredes, lajes, pilares, vigas, esquadrias e beirais. As manifestações observadas foram catalogadas e relacionadas a suas possíveis causas, tais como falhas construtivas, ausência de manutenção preventiva e ação de agentes ambientais típicos da região amazônica.
3.5 Estratégia de Discussão
Os dados obtidos foram confrontados com a literatura técnica sobre patologia das construções e manutenção predial (HELENE, 2013; BATISTA, 2025; CARVALHO, 2023), de modo a estabelecer conexões entre as manifestações observadas e as recomendações normativas. Essa triangulação metodológica possibilitou construir um diagnóstico fundamentado e propor intervenções adequadas para a recuperação e conservação do imóvel.
4.RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Estrutura de Concreto Armado
A vistoria técnica identificou falhas construtivas importantes, como a ausência de vergas de concreto acima das portas, o que ocasionou fissuras visíveis nas paredes internas. A Figura 1 ilustra esse problema, evidenciando a sobrecarga concentrada na alvenaria, que deveria ser distribuída pela verga estrutural.
Figura 2. Ausência de vergas de concreto acima das portas

Além disso, foram observadas fissuras em lajes, que podem evoluir para infiltrações e comprometer a durabilidade do material. A Figura 2 mostra o quadro fissuratório identificado, confirmando a vulnerabilidade do sistema estrutural diante da ação da umidade.
Figura 3. Fissuras em lajes de argamassa armada

.
Segundo Helene (2013), fissuras em elementos estruturais devem ser monitoradas e tratadas precocemente, pois são portas de entrada para agentes agressivos que aceleram o processo de degradação do concreto.
4.2 Umidade nas Alvenarias
Foi registrada a presença de umidade ascendente nas paredes, decorrente da falta de impermeabilização na base da construção. Esse fenômeno provocou manchas escuras, eflorescências e degradação do reboco, conforme demonstrado na Figura 3, onde é possível observar a deterioração da alvenaria próxima ao piso.
De acordo com Carvalho (2023), a umidade ascendente é comum em edificações situadas em regiões amazônicas, sendo agravada pela elevada pluviosidade e pelo lençol freático superficial, o que reforça a necessidade de barreiras impermeabilizantes adequadas.
Figura 4. Umidade ascendente nas paredes

4.3 Revestimentos e Fachadas
A vistoria constatou desplacamentos de reboco e revestimento cerâmico, resultado da infiltração contínua e da movimentação estrutural. A Figura 4 evidencia o destacamento do revestimento em áreas de circulação, oferecendo risco de queda de fragmentos e comprometendo a segurança dos usuários.
Figura 5. Desplacamentos de reboco e revestimento cerâmico

Batista (2025) destaca que a perda de revestimentos em fachadas públicas é recorrente e está diretamente associada à ausência de manutenção sistemática. Além de comprometer a estética da edificação, tal manifestação representa risco de acidentes.
4.4 Classificação dos Riscos
Com base na Norma de Inspeção Predial do IBAPE (2009), as manifestações patológicas foram organizadas na Tabela 1, a seguir:
Tabela 1. Com base na Norma de Inspeção Predial do IBAPE (2009), as manifestações patológicas foram organizadas na Tabela 1, a seguir:

Fonte: Adaptado de Relatório Técnico de Inspeção Predial (PREFEITURA MUNICIPAL DE JURUÁ, 2025).
A tabela evidencia que os principais riscos críticos estão associados às fissuras em lajes, devido à possibilidade de infiltração e perda estrutural. Já os riscos classificados como regulares dizem respeito às instalações elétricas e hidrossanitárias e ao desplacamento de revestimentos, que podem comprometer a funcionalidade e a segurança da edificação. Por fim, a umidade ascendente, embora classificada como grau mínimo, representa impacto estético e de durabilidade que, se negligenciado, tende a evoluir para situações mais graves.
4.5 Causas Prováveis das Patologias Identificadas
A análise detalhada das manifestações patológicas observadas no depósito da Secretaria de Obras de Juruá-AM permitiu identificar um conjunto de causas relacionadas tanto a falhas construtivas quanto a fatores ambientais e operacionais. Entre as causas construtivas, destacam-se a ausência de vergas e contravergas, o uso inadequado de materiais de baixa resistência e a deficiência no processo de cura do concreto. Esses fatores comprometem o desempenho estrutural e favorecem o surgimento de fissuras e infiltrações, conforme descrito por Helene (2013), que ressalta a importância do controle tecnológico dos materiais na prevenção de falhas prematuras em edificações.
Os fatores ambientais exercem papel determinante na aceleração dos processos de degradação. Em Juruá-AM, as condições de elevada umidade, temperatura média anual elevada e regime pluviométrico intenso criam um ambiente altamente agressivo aos materiais construtivos. Carvalho (2023) e Batista (2025) evidenciam que, em regiões amazônicas, a umidade constante intensifica a lixiviação de componentes e a corrosão de armaduras, além de promover o aparecimento de eflorescências nas superfícies.
No aspecto da manutenção, a ausência de um plano sistemático e de inspeções periódicas constitui-se na principal causa agravante das patologias encontradas. A negligência na realização de vistorias e reparos de rotina contribui para a evolução de pequenas anomalias em danos estruturais significativos, como indicam as orientações da NBR 5674/2012 (ABNT) e da Norma de Inspeção Predial do IBAPE (2009).
Além disso, o uso inadequado da edificação foi apontado como fator secundário de agravamento. Observou-se o acúmulo de materiais junto às paredes, dificultando a ventilação e favorecendo a retenção de umidade. Essa prática contribui para a deterioração das alvenarias, conforme discutem Santos e Carvalho (2024), que relacionam o mau uso dos espaços às patologias de caráter funcional e estético.
Assim, as causas das manifestações patológicas resultam de um conjunto interdependente de fatores: falhas construtivas iniciais, agressividade climática da região, ausência de manutenção preventiva e uso inadequado do imóvel. O reconhecimento desses elementos é fundamental para orientar ações corretivas e estabelecer estratégias de prevenção eficientes, assegurando a durabilidade e o desempenho da edificação pública.
4.6 Recomendações Técnicas e Estratégias de Manutenção
Com base no diagnóstico técnico e nas normas aplicáveis, propõem-se recomendações de intervenção e manutenção que visam restaurar o desempenho da edificação e prevenir novas manifestações patológicas. Inicialmente, na porta onde tem a ausência de verga, recomenda-se a execução posterior de uma verga em concreto armado, devidamente dimensionada conforme os critérios estabelecidos na NBR 6118:2023, ou a utilização de uma verga metálica pré-fabricada.
Em seguida deve ser feito reparos estruturais pontuais, com destaque para o tratamento das fissuras em lajes e paredes. Conforme Helene (2013), essas fissuras devem ser seladas com argamassa polimérica ou resina epóxi, evitando a penetração de agentes agressivos e o avanço de processos de corrosão.
Para combater a umidade ascendente, sugere-se a implantação de uma barreira impermeabilizante na base das paredes, utilizando manta asfáltica ou aditivos hidrofugantes de alta penetração, conforme orienta a NBR 9575/2010 da ABNT. Também é indicada a drenagem do entorno do edifício para reduzir o contato direto com o lençol freático, estratégia reforçada por Rosa (2023) como medida eficaz para edificações em terrenos úmidos.
No âmbito da manutenção preventiva, propõe-se a adoção de um plano de manutenção predial sistemática, baseado na NBR 5674/2012, contemplando inspeções semestrais dos sistemas estruturais, elétricos e hidrossanitários. O plano deve incluir registros fotográficos e relatórios técnicos padronizados, permitindo o acompanhamento da evolução das patologias e a programação de intervenções.
Em relação aos revestimentos, recomenda-se a substituição das áreas com desplacamento e a aplicação de argamassa de alta aderência, associada a um revestimento protetor contra umidade. Para o sistema elétrico, deve-se promover a substituição dos condutores oxidados e a revisão dos quadros de distribuição, em conformidade com a NBR 5410/2004 (ABNT), garantindo a segurança dos usuários e a confiabilidade das instalações.
Por fim, é essencial a capacitação dos servidores municipais responsáveis pela manutenção, de forma a criar uma cultura de conservação contínua e preventiva. O investimento em treinamentos técnicos e em cronogramas de vistoria é apontado por Oliveira, Miranda e Pinheiro (2023) como elemento fundamental para evitar o retorno das patologias e reduzir gastos com reparos emergenciais.
Essas medidas, quando aplicadas de forma integrada, permitirão não apenas a recuperação da edificação analisada, mas também a criação de um modelo de gestão de manutenção aplicável a outras edificações públicas do município, promovendo sustentabilidade, segurança e eficiência na administração dos bens públicos.
4.7 Discussão Integrada
A análise das imagens reforça a hipótese de que a ausência de manutenção preventiva foi determinante para o surgimento das patologias. O conjunto fotográfico evidencia problemas construtivos e de conservação, confirmando os apontamentos normativos da NBR 5674/2012 e do IBAPE (2009).
Helene (2013) e Batista (2025) defendem que a sistematização das inspeções prediais, acompanhada de planos de manutenção, reduz significativamente a ocorrência de patologias graves. No caso de Juruá-AM, a combinação de fatores climáticos adversos e negligência em manutenção resultou em manifestações patológicas variadas, comprometendo tanto a durabilidade quanto a funcionalidade do depósito.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado no depósito da Secretaria de Obras do município de Juruá-AM evidenciou que a ausência de manutenção preventiva e corretiva ao longo dos anos foi determinante para o surgimento de diversas manifestações patológicas. As anomalias identificadas, como fissuras em lajes, infiltrações, desplacamentos de revestimentos e umidade ascendente em alvenarias, comprometeram tanto a durabilidade quanto a funcionalidade da edificação, além de representarem riscos à segurança dos usuários e ao patrimônio público. A análise mostrou que as condições climáticas da região amazônica, marcadas por elevada umidade e intensa pluviosidade, potencializam os processos de degradação construtiva. Contudo, ficou evidente que tais fatores ambientais se somam à negligência da gestão predial, visto que normas técnicas como a NBR 5674/2012 (ABNT) e a Norma de Inspeção Predial do IBAPE (2009) não foram aplicadas de forma sistemática, deixando o imóvel suscetível ao avanço das patologias.
O diagnóstico realizado demonstrou a importância da adoção de rotinas de inspeção periódica e de estratégias de manutenção planejada, capazes de prevenir danos mais graves e reduzir custos com reformas emergenciais. Recomenda-se que o poder público municipal invista em planos de gestão predial que considerem não apenas intervenções corretivas imediatas, mas também políticas de conservação a longo prazo, voltadas para a preservação do patrimônio construído e para a segurança da coletividade.
Em termos acadêmicos, a pesquisa contribui para ampliar o entendimento sobre a patologia das construções em contextos amazônicos, fornecendo subsídios técnicos para futuros estudos. Sugere-se que novas investigações sejam realizadas em diferentes tipologias de edificações públicas da região, de modo a aprofundar o conhecimento sobre os impactos das condições climáticas locais e fortalecer estratégias de manutenção preventiva adaptadas à realidade amazônica.
Assim, conclui-se que o enfrentamento das manifestações patológicas não deve ser visto apenas como uma ação pontual de reparo, mas como parte de uma política contínua de gestão sustentável do patrimônio público, garantindo a funcionalidade, a segurança e a longevidade das edificações.
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