NEUROEVOLUTIONARY THERAPY TO HELP TREAT CHILDREN WITH SPASTIC CEREBRAL PALSY: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202510281124
OLIVEIRA, Angélica da Silva de1
GOMES, Larissa da Silva2
FELIPE, Larissa Gabrielly Ramos3
SANTOS, Michelly Condack dos4
TORRES, Thiago de Lima5
RESUMO
A paralisia cerebral é um distúrbio neurológico não progressivo resultante de lesões ocorridas no cérebro em desenvolvimento, geralmente durante o período pré, peri ou pós-natal, que comprometem funções motoras, cognitivas e posturais. Entre as abordagens fisioterapêuticas, destaca-se a Terapia Neuroevolutiva Bobath, que visa reorganizar o sistema nervoso central por meio da neuroplasticidade e da facilidade de padrões motores adequados. Este estudo, de revisão narrativa da literatura, analisou evidências sobre os efeitos dessa terapia em crianças com paralisia cerebral espástica. Observou-se que o método Bobath promove melhora no controle postural, na coordenação motora grossa e fina, e na execução de atividades funcionais cotidianas, contribuindo para maior autonomia e qualidade de vida. Constatou-se ainda que a eficácia depende de fatores como a idade da criança, frequência de sessões e abordagem multidisciplinar, reforçando a importância de intervenções individualizadas e contínuas no processo de reabilitação motora.
Palavras-Chaves: Paralisia cerebral. Espasticidade. Terapia neuroevolutiva. Bobath.
ABSTRACT
Cerebral palsy is a non-progressive neurological disorder resulting from injuries to the developing brain, usually during the pre-, peri-, or postnatal period, which compromise motor, cognitive, and postural functions. Among the physiotherapeutic approaches, Bobath Neuroevolutionary Therapy stands out, which aims to reorganize the central nervous system through neuroplasticity and the facilitation of appropriate motor patterns. This study, a narrative literature review, analyzed evidence on the effects of this therapy in children with spastic cerebral palsy. It was observed that the Bobath method promotes improvements in postural control, gross and fine motor coordination, and the performance of daily functional activities, contributing to greater autonomy and quality of life. It was also found that effectiveness depends on factors such as the child’s age, frequency of sessions, and a multidisciplinary approach, reinforcing the importance of individualized and continuous interventions in the motor rehabilitation process.
Keywords: Cerebral palsy. Spasticity. Neuroevolutionary therapy. Bobath.
INTRODUÇÃO
A paralisia cerebral (PC) é uma condição neurológica não progressiva resultante de lesões no cérebro em desenvolvimento, podendo ocorrer no período pré, peri ou pós natal, e que causa distúrbios permanentes do movimento e da postura. Tais alterações afetam diretamente a função motora, a coordenação, o equilíbrio e a postura, sendo a principal causa de deficiência física na infância (FURTADO et al., 2021). No contexto brasileiro, estima-se que ocorram anualmente de 30 a 40 mil novos casos, sendo a forma espástica a mais prevalente, responsável por mais de 80% dos diagnósticos (SEVERIANO et al., 2022).
As manifestações clínicas variam de acordo com o tipo e a gravidade da lesão, podendo comprometer de forma significativa a mobilidade e a funcionalidade das crianças afetadas. Entre os subtipos, a paralisia cerebral espástica caracteriza-se pela rigidez muscular e pela dificuldade de iniciar e controlar movimentos voluntários, o que limita o desempenho em atividades da vida diária e o desenvolvimento global (CAMPOS, 2022).
Nesse contexto, a fisioterapia é reconhecida como essencial para a reabilitação de pacientes com PC, sendo como objetivo melhorar o desempenho motor, o alinhamento postural e a qualidade de vida. Dentro os métodos mais utilizados, destaca-se o Conceito Neuroevolutivo Bobath, uma abordagem amplamente empregada na fisioterapia neuropediátrica, baseada na neuroplasticidade e na facilitação de padrões motores normais, buscando a inibição de reflexos anormais e a promoção de movimentos funcionais (ANDRADE; BEZERRA, CAVALVANTI, 2022).
O método Bobath fundamenta-se no manuseio terapêutico e no uso de pontos chaves de controle corporal, permitindo que o fisioterapeuta oriente o paciente para respostas motoras mais adequadas. Estudos apontam que a aplicação sistemática dessa abordagem melhora o controle de tronco, a marcha e a função motora grossa, favorecendo a independência funcional (SOARES, 2007). De acordo com Prudente (2006), a integração de estratégias de reforço positivo e o envolvimento familiar no processo terapêutico potencializam os resultados clínicos, reforçando o aprendizado motor e o engajamento da criança no tratamento.
Além disso, pesquisas recentes evidenciam que a combinação do método Bobath com outras abordagens, como treino de marcha, vestes terapêuticas (PediaSuit e TheraSuit) e hidroterapia, pode ampliar o desempenho motor e a equilíbrio em crianças com PC espástica (SANTOS, 2020). Tais intervenções integradas promovem ganhos funcionais significativos e contribuem para a inclusão social e autonomia dos pacientes (SANTOS et al., 2017).
Dessa forma, esta revisão narrativa da literatura tem como objetivo analisar os efeitos da Terapia Neuroevolutiva Bobath no tratamento de crianças com paralisia cerebral espástica, considerando suas contribuições para a melhora da função motora, controle postural e qualidade de vida, com base em evidências científicas e de relevância nacional.
MÉTODOS
O presente estudo caracteriza-se como uma revisão de literatura, método que possibilita reunir, analisar e sintetizar criticamente as evidências já produzidas sobre determinado tema, de forma sistemática e organizada. Santos et al., (2017), a revisão bibliográfica é essencial para o aprofundamento teórico, pois permite identificar avanços, lacunas e contradições em um campo de conhecimento específico. Assim, optou-se por esse delineamento metodológico com o objetivo de investigar os efeitos da Terapia Neuroevolutiva Bobath em crianças com paralisia cerebral espástica, considerando aspectos motores, posturais e de qualidade de vida.
As buscas foram realizadas nas bases de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online), PubMed, LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Google Acadêmico e ScienceDirect, por serem repositórios que concentram ampla produção científica nacional e internacional. Para a pesquisa, foram utilizadas as seguintes palavras-chave em português e inglês: paralisia cerebral, espasticidade, terapia neuroevolutiva e Bobath. A combinação dos descritores foi realizada por meio dos operadores booleanos AND e OR, a fim de ampliar a sensibilidade da busca e recuperar estudos pertinentes.
Os critérios de inclusão adotados foram: artigos publicados entre 2006 e 2025, em português, que abordassem especificamente a aplicação do conceito Bobath em crianças com paralisia cerebral espástica, apresentando dados sobre seus efeitos em variáveis como espasticidade, função motora, controle postural e qualidade de vida. Foram excluídos estudos que envolvessem adultos, pesquisas que abordassem apenas outros tipos de terapias sem comparação com o Bobath, artigos de opinião, dissertações, teses não publicadas em periódicos científicos e revisões sem análise crítica dos resultados.
O procedimento de análise dos dados consistiu em uma leitura exploratória e seletiva dos artigos recuperados, seguida de leitura analítica para identificar objetivos, metodologia, amostra, principais resultados e conclusões de cada estudo. Em seguida, realizou-se uma síntese crítica, buscando comparar os achados entre diferentes pesquisas, destacar convergências e divergências e identificar lacunas na literatura. Essa análise possibilitou a construção dos resultados e discussão, com foco na aplicabilidade clínica e relevância científica da Terapia Neuroevolutiva Bobath para crianças com paralisia cerebral espástica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
PARALISIA CEREBRAL: CONCEITOS, TIPOS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A paralisia cerebral (PC) é definida como uma encefalopatia crônica não progressiva da infância, causada por lesões ou malformações que afetam o sistema nervoso central em fase de desenvolvimento, podendo comprometer as funções motoras, cognitivas e sensoriais (FURTADO et al., 2021). Entre suas principais manifestações estão a espasticidade, a rigidez muscular e a limitação dos movimentos voluntários, que interferem diretamente na postura e na capacidade funcional (CAMPOS, 2022).
Segundo Severiano et al., (2022), a prevalência da PC em países de média renda, como o Brasil, é elevada e frequentemente associada à precariedade da assistência pré-natal, prematuridade e hipóxia neonatal. A espasticidade representa o tipo mais comum, e sua gravidade está relacionada à área e à extensão do dano neurológico. Essas alterações levam ao atraso do desenvolvimento motor e postural, interferindo nas aquisições motoras e na autonomia funcional. (SEVERIANO et al., 2022).
No aspecto clínico, os comprometimentos musculoesqueléticos e o desequilíbrio entre músculos agonistas e antagonistas reduzem o alinhamento postural e dificultam o controle do tronco. Nesses casos, o tratamento fisioterapêutico deve iniciar precocemente, aproveitando o período de maior neuroplasticidade cerebral para maximizar o potencial de recuperação funcional (SANTOS et al., 2017)
O SUBTIPO ESPÁSTICO: CARACTERÍSTICAS E IMPACTO FUNCIONAL
A paralisia cerebral espástica é o subtipo mais prevalente, correspondendo a aproximadamente 80% dos casos diagnosticados de paralisia cerebral em crianças (SEVERIANO et al., 2022). Esse quadro clínico é caracterizado pelo aumento anormal do tônus muscular, rigidez e resistência à movimentação passiva, resultantes de lesões nas vias corticoespinhais responsáveis pelo controle motor voluntário. A espasticidade interfere diretamente na execução dos movimentos e no alinhamento corporal, comprometendo a postura, a locomoção e a capacidade funcional global (CAMPOS, 2022).
Segundo Furtado et al. (2021), as crianças com paralisia cerebral espástica apresentam padrão motor anormal decorrente da hiperatividade dos reflexos tônicos e da redução da força muscular seletiva. Esses fatores dificultam o desempenho das atividades motoras básicas, como sentar, engatinhar e andar, além de contribuírem para o surgimento de contraturas e deformidades musculoesqueléticas progressivas. Tais limitações exigem acompanhamento fisioterapêutico contínuo, voltado à prevenção de encurtamentos e à manutenção da amplitude de movimento (FURTADO et al., 2021).
Os comprometimentos funcionais podem variar conforme a topografia da lesão. Nas formas hemiparéticas, há comprometimento de um hemicorpo, enquanto nas formas diparéticas e quadriparéticas as limitações se estendem aos quatro membros, sendo mais graves quando envolvem tronco e cabeça (SANTOS, 2020). Essas alterações afetam não apenas a mobilidade, mas também a comunicação, a deglutição e o desempenho escolar, repercutindo na integração social da criança.
A rigidez muscular persistente e a dificuldade de controle seletivo dos movimentos comprometem a coordenação motora fina e grossa, dificultando atividades como o uso de talheres, vestir-se e manter o equilíbrio em pé. Andrade, Bezerra e Cavalcanti (2022), enfatizam que essas alterações motoras demandam estratégias terapêuticas personalizadas, fundamentadas em abordagens neuroevolutivas como o método Bobath, que visam restaurar padrões de movimento mais próximos da normalidade e otimizar a função postural.
De acordo com Soares (2007), a intervenção precoce e o uso de técnicas de facilitação neuromotora são fundamentais para minimizar os efeitos da espasticidade sobre o desenvolvimento global. A estimulação repetitiva, associada à aprendizagem motora, favorece a plasticidade neural e melhora a capacidade de resposta funcional. Quando o tratamento é iniciado nos primeiros anos de vida, o potencial de reorganização do sistema nervoso central é ampliado, aumentando as chances de aquisição de habilidades motoras essenciais (SOARES, 2007).
PRINCÍPIOS DA TERAPIA NEUROEVOLUTIVA DE BOBATH
A Terapia Neuroevolutiva Bobath, também conhecida como Conceito Neuroevolutivo Bobath (CNB), é uma abordagem amplamente utilizada na reabilitação de crianças com paralisia cerebral e outras disfunções neuromotoras. O método baseia-se no princípio da neuroplasticidade, que representa a capacidade do sistema nervoso central de reorganizar-se e formar novas conexões neurais em resposta aos estímulos terapêuticos (ANDRADE; BEZERRA; CAVALCANTI, 2022).
De acordo com Soares (2007), o método propõe a facilitação de padrões motores normais e a inibição de reflexos patológicos por meio de técnicas de manuseio que utilizam postos-chave de controle, localizados principalmente na cabeça, tronco e cintura pélvica. O terapeuta, ao aplicar estímulos táteis e proprioceptivos, conduz o corpo da criança a experimentar movimentos mais funcionais, estimulando o aprendizado motor e a integração sensório-motora.
A atuação terapêutica parte de uma avaliação global e contínua, na qual são observados o tônus muscular, os reflexos, o controle postural e as habilidades funcionais. O objetivo é compreender a forma como a criança interage com o ambiente e identificar padrões anormais de movimento que interferem na funcionalidade. A partir dessa análise, o fisioterapeuta elabora um plano de tratamento individualizado, ajustando os estímulos de acordo com o nível funcional e a resposta clínica do paciente (CAMPOS, 2022).
Segundo Prudente (2006), a terapia Bobath não se restringe à repetição de exercícios, mas sim à construção de experiências motoras significativas que favoreçam o aprendizado. O processo terapêutico deve ser dinâmico e interativo, estimulando a criança a participar ativamente e a explorar diferentes posturas e movimentos dentro de contextos lúdicos e motivadores. A presença dos cuidadores é considerada essencial, pois a intervenção familiar auxilia na continuidade do tratamento fora do ambiente clínico e reforça os ganhos obtidos durante as sessões.
Furtado et al. (2021), acrescentam que o método Bobath enfatiza a integração entre os componentes sensoriais, motores e cognitivos, reconhecendo que a recuperação funcional depende tanto da reorganização neural quanto da aprendizagem adaptativa. Assim, o foco terapêutico recai sobre a qualidade do movimento, e não apenas sobre a quantidade, priorizando a eficiência e a funcionalidade.
Estudos recentes têm demonstrado que a aplicação sistemática do conceito Bobath promove avanços no controle postural, equilíbrio, mobilidade e desempenho motor global de crianças com paralisia cerebral (SEVERIANO et al., 2022). Quando associado a recursos complementares, como vestes terapêuticas ou treino de marcha com suspensão parcial de peso, o método potencializa os resultados clínicos, ampliando a autonomia funcional e a independência nas atividades da vida diária (SANTOS, 2020).
TERAPIAS COADJUVANTES
A fisioterapia voltada ao tratamento da paralisia cerebral espástica tem se beneficiado de abordagens integrativas que potencializam os efeitos do conceito Bobath. As terapias coadjuvantes complementam a intervenção neuroevolutiva, promovendo ganhos funcionais mais amplos e duradouros. Dentre essas, destacam-se o uso de vestes terapêuticas, a hidroterapia, o treino de marcha suspensa e a estimulação precoce, recursos que contribuem para o desenvolvimento motor e a qualidade de vida das crianças com paralisia cerebral (SEVERIANO et al., 2022).
De acordo com Severiano et al. (2022), o uso de vestes terapêuticas como o PediaSuit e o TheraSuit atua no alinhamento postural, no fortalecimento muscular e na estabilização do tronco, reduzindo a influência da espasticidade durante os movimentos. Essas vestes exercem compressão elástica e resistência controlada, o que facilita o treinamento de padrões motores corretos e a reeducação postural, sendo especialmente eficazes quando associadas às técnicas de manuseio do método Bobath (SEVERIANO et al., 2022)..
A hidroterapia também tem se mostrado uma intervenção eficiente no contexto da paralisia cerebral. O ambiente aquático favorece a liberdade de movimento e reduz a sobrecarga articular, permitindo maior amplitude e controle dos movimentos. Santos (2020) destaca que o meio aquático proporciona estímulos sensoriais variados que auxiliam no equilíbrio e na coordenação motora, além de promover relaxamento muscular e melhora do condicionamento cardiorrespiratório (SANTOS, 2020).
O treino de marcha com suspensão parcial de peso, frequentemente aplicado em conjunto com o Bobath, é outra estratégia relevante. Essa modalidade de tratamento favorece o aprendizado motor e a reorganização dos padrões de marcha, pois permite a prática repetitiva e controlada de movimentos com menor esforço físico (ANDRADE; BEZERRA; CAVALCANTI, 2022). Os resultados observados incluem melhora da simetria da marcha, aumento da velocidade e redução da fadiga durante a locomoção.
Além das técnicas convencionais, a estimulação precoce apresenta papel fundamental no processo de reabilitação. A intervenção nos primeiros anos de vida aproveita a alta plasticidade cerebral e previne o desenvolvimento de padrões motores anormais (SANTOS et al., 2017). Essa abordagem visa promover experiências motoras adequadas por meio de atividades lúdicas e estímulos sensoriais variados, incentivando o engajamento ativo da criança (SANTOS et al., 2017).
Furtado et al. (2021) reforçam que a integração entre as diferentes terapias Bobath, hidroterapia, treino de marcha, estimulação precoce e terapias sensoriais constitui uma estratégia eficaz para ampliar os resultados clínicos e funcionais. A associação dessas práticas potencializa a plasticidade neural, melhora o desempenho motor global e reduz as limitações impostas pela espasticidade (FURTADO et al., 2021).
COMPARAÇÃO COM OUTRAS ABORDAGENS TERAPÊUTICAS
Diversos estudos têm comparado o Conceito Neuroevolutivo Bobath (CNB) com outras abordagens terapêuticas voltadas à reabilitação de crianças com paralisia cerebral, buscando identificar qual técnica oferece melhor resposta funcional. De acordo com Prudente (2006), o Bobath se destaca por priorizar o controle postural e a normalização do tônus muscular, enquanto outras abordagens, como o método Vojta, baseiam-se em reflexos motores automáticos e respostas involuntárias (PRUDENTE, 2006).
Segundo Andrade, Bezerra e Cavalcanti (2022), o Bobath mostra ganhos expressivos na função motora grossa, na coordenação e na mobilidade, especialmente quando associado a programas de terapia intensiva. Resultados semelhantes foram encontrados por Soares (2007), que observou melhora significativa no controle de tronco e na marcha funcional de crianças submetidas ao CNB em comparação àquelas que receberam apenas alongamentos e cinesioterapia convencional.
Em contrapartida, Severiano et al. (2022) relataram que terapias complementares, como o uso de vestes terapêuticas (PediaSuit e TheraSuit), podem potencializar o alinhamento postural e o fortalecimento muscular, embora a evidência de superioridade frente ao Bobath isolado ainda seja limitada. Furtado et al. (2021) destacam que a integração do CNB com treino de marcha em suspensão parcial de peso gera resultados semelhantes na melhora dos parâmetros de equilíbrio e coordenação, sugerindo que a escolha da técnica deve considerar o perfil funcional da criança e a disponibilidade de recursos (FURTADO et al., 2021).
Além disso, Santos (2020) e Campos (2022) ressaltam a relevância de terapias associadas, como a hidroterapia e a estimulação precoce, que favorecem o relaxamento muscular, a amplitude de movimento e a plasticidade neural. Tais abordagens, quando combinadas ao Bobath, ampliam a resposta motora e reduzem a rigidez espástica (SANTOS, 2020).
Portanto, os estudos apontam que, embora o método Bobath continue sendo uma das abordagens mais eficazes na reabilitação motora de crianças com paralisia cerebral espástica, sua aplicação associada a terapias coadjuvantes tende a gerar resultados mais expressivos, tanto no desempenho físico quanto na qualidade de vida dos pacientes. A escolha da intervenção ideal deve, portanto, ser individualizada e baseada nas necessidades funcionais e sociais de cada criança (SANTOS et al., 2017).
CONCLUSÃO
A análise realizada ao longo deste estudo permitiu evidenciar que a aplicação do conceito Bobath exerce um impacto significativo na funcionalidade de crianças com paralisia cerebral espástica, abrangendo aspectos motores, posturais e, indiretamente, a qualidade de vida. A revisão da literatura demonstrou que intervenções baseadas no conceito Bobath promovem melhora no controle postural, na coordenação motora grossa e fina, bem como na capacidade de execução de atividades funcionais do cotidiano. Os achados corroboram a relevância da abordagem individualizada e centrada nas necessidades da criança, mostrando que a adaptação contínua do tratamento às características específicas de cada paciente é um fator determinante para a obtenção de resultados positivos.
Além dos benefícios motores e posturais, os estudos revisados apontam para uma relação direta entre a aplicação do conceito Bobath e ganhos na qualidade de vida das crianças e de suas famílias. A melhora da funcionalidade motora permite maior autonomia nas atividades diárias, reduzindo a dependência de cuidadores e ampliando a participação social. Observou-se, entretanto, que fatores como a idade da criança, a intensidade e a frequência das sessões, a experiência do terapeuta e a integração de abordagens complementares influenciam de maneira significativa os resultados alcançados. Dessa forma, a eficácia do conceito Bobath não deve ser avaliada isoladamente, mas sim em função de um contexto terapêutico multidisciplinar e individualizado.
A comparação do conceito Bobath com outras abordagens terapêuticas, como o Método Vojta, a Terapia Ocupacional Funcional, a Terapia de Integração Sensorial e a Terapia Aquática, revela que não existe uma técnica universalmente superior. Cada abordagem apresenta vantagens e limitações específicas, sendo que a integração de múltiplas metodologias pode potencializar os resultados funcionais e motores. Assim, conclui-se que o conceito Bobath permanece como uma estratégia central na reabilitação de crianças com paralisia cerebral espástica, sobretudo quando associado a práticas complementares que considerem aspectos sensoriais, funcionais e motivacionais, permitindo uma intervenção mais abrangente e efetiva na promoção da funcionalidade e da qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SANTOS, Lissandra Cunha.; MOURA, Carolina Silva; OLIVEIRA, Fernanda Matos. Estimulação precoce e desenvolvimento motor em crianças com paralisia cerebral. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, 2017.
SEVERIANO, Rafaela Ferreira; LIMA, Ana Cláudia.; RIBEIRO, Thiago Mendes. O uso de vestes terapêuticas (PediaSuit e TheraSuit) na reabilitação motora de crianças com paralisia cerebral. Revista Ciência & Movimento Humano, 2022.
SOARES, Luciana Martins. A aplicação do conceito Bobath no tratamento fisioterapêutico de crianças com paralisia cerebral.Revista Fisioterapia em Movimento, 2007.
1Graduanda em fisioterapia no Centro Universitário Maurício de Nassau de Cacoal. E-mail: 36015961@sempreunifacimed.com.br
2Graduanda em fisioterapia no Centro Universitário Maurício de Nassau de Cacoal. E-mail: dasilvagomeslarissa@gmail.com
3Graduanda em fisioterapia no Centro Universitário Maurício de Nassau de Cacoal. E-mail: larissagabriellyramos@hotmail.com
4Graduanda em fisioterapia no Centro Universitário Maurício de Nassau de Cacoal. E-mail: 36016099@sempreunifacimed.com.br
5Meste em Saúde Pública; Graduado em Fisioterapia. Docente do Curso de Fisioterapia. E-mail: 360103037@prof.sempreunifacimed.com.br
