PREVALENCE AND SOCIODEMOGRAPHIC CHARACTERISTICS OF TUBERCULOSIS IN THE STATE OF PARA (BRAZIL)
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202506301351
Ana Clara Pantoja de Assis1; Ana Paula de Oliveira Nery2; Fernanda Cacciari Baruffaldi3; Luciana Rodrigues de Araújo4; Marcela Daun E Lorena Saraty Neves5; Maria Eduarda Rath6; Mario Ney Souza De Figueira Neto7; Marina Arruda Câmara Brasil8; Thiago Cavaleiro De Macêdo Souza9; Rita de Cássia Bezerra Dórea Vilela10.
RESUMO
Este estudo teve como objetivo analisar as características sociodemográficas da tuberculose (TB) no estado do Pará entre 2019 e 2023. Foram investigadas as formas clínicas, métodos diagnósticos, comorbidades associadas, sexo, etnia, faixa etária e escolaridade dos casos notificados. Utilizaram-se dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde. Durante o período analisado, foram registrados 27.728 casos de TB, com uma incidência de 34,1 por 10.000 habitantes. Observou-se uma predominância de casos em homens (67,9%), na faixa etária de 20 a 39 anos (47,4%), e em indivíduos de etnia parda (75,2%). A forma clínica mais comum foi a pulmonar, representando 89,4% dos casos. A maioria dos pacientes foi curada (59,5%), entretanto, 26,3% abandonaram o tratamento. A confirmação laboratorial ocorreu em 66,2% dos casos, apesar de muitos não terem realizado testes específicos. Comorbidades como alcoolismo, diabetes mellitus e HIV foram identificadas como fatores de risco significativos. Concluiu-se que a tuberculose continua a afetar desproporcionalmente populações vulneráveis, especialmente homens jovens, indivíduos de baixa escolaridade e etnia parda. Os achados ressaltam a necessidade de uma abordagem integrada e multifacetada para combater a TB no Pará, levando em consideração os fatores sociodemográficos e as comorbidades associadas.
Palavras-Chave: Tuberculose. Perfil epidemiológico. Saúde pública.
ABSTRACT
This study aimed to analyze the sociodemographic characteristics of tuberculosis (TB) in the state of Pará between 2019 and 2023. The clinical forms, diagnostic methods, associated comorbidities, gender, ethnicity, age group, and education level of reported cases were investigated. Secondary data from the Notifiable Diseases Information System (Sinan) of the Ministry of Health were used. During the analyzed period, 27,728 TB cases were recorded, with an incidence of 34.1 per 10,000 inhabitants. There was a predominance of cases in males (67.9%), in the age group 20 to 39 years (47.4%), and in individuals of mixed race (75.2%). The most common clinical form was pulmonary, representing 89.4% of cases. Most patients were cured (59.5%); however, 26.3% abandoned treatment. Laboratory confirmation occurred in 66.2% of cases, although many did not undergo specific tests. Comorbidities such as alcoholism, diabetes mellitus, and HIV were identified as significant risk factors. It was concluded that tuberculosis continues to disproportionately affect vulnerable populations, especially young men, individuals with low education, and mixed race. The findings highlight the need for an integrated and multifaceted approach to combat TB in Pará, considering sociodemographic factors and associated comorbidities.
Key words: tuberculosis; health profile; public health.
1 INTRODUÇÃO
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium tuberculosis, que afeta predominantemente os pulmões, mas pode comprometer outros órgãos e sistemas, como os rins, ossos e sistema nervoso central1. Esta patologia é transmitida pelo ar, através de gotículas expelidas pela tosse, espirro ou fala de indivíduos infectados, o que facilita sua disseminação, especialmente em ambientes com grande concentração de pessoas2.
Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, a TB continua sendo um grave problema de saúde pública global, figurando entre as principais causas de mortalidade por doenças infecciosas no mundo. Em 2019, aproximadamente 10 milhões de pessoas no mundo adoeceram por TB, e 1,4 milhão morreram em decorrência da doença3, destacando a necessidade urgente de intervenções eficazes e sustentáveis para controlar a disseminação desta doença.
No Brasil, a TB é uma das condições infecciosas mais prevalentes, especialmente em regiões com alta densidade populacional e condições socioeconômicas desfavoráveis4. O Brasil ocupa uma posição de destaque no cenário mundial da TB, o relatório global de tuberculose de 2020 destaca que o Brasil é um dos países com alta carga da doença5.
O estado do Pará, localizado na região Norte do país, apresenta características epidemiológicas que favorecem a disseminação da doença, como grandes áreas urbanas com infraestrutura deficiente, altas taxas de pobreza e significativas disparidades no acesso aos serviços de saúde6. Além disso, a presença de comunidades indígenas e ribeirinhas, que muitas vezes têm acesso limitado aos serviços de saúde, agrava ainda mais a situação, tornando a TB um desafio de saúde pública complexo e multifacetado nesta região7.
Os fatores sociodemográficos, como idade, sexo, etnia e nível de escolaridade, influenciam a incidência e a prevalência da TB8,9. Além dos fatores sociodemográficos, condições como alcoolismo, diabetes mellitus e coinfecção pelo HIV complicam o manejo da TB e contribuem para piores desfechos clínicos. O alcoolismo, por exemplo, está associado à maior probabilidade de abandono do tratamento, enquanto o diabetes mellitus pode comprometer a resposta imunológica, aumentando o risco de complicações10. A coinfecção pelo HIV, por sua vez, agrava a TB, tornando o tratamento mais complexo e exigindo regimes terapêuticos específicos e monitoramento rigoroso11. Esses fatores associados ressaltam a necessidade de abordagens integradas que considerem as comorbidades para melhorar o controle e tratamento da TB.
Diante desse panorama clínico-epidemiológico, torna-se crucial compreender a dinâmica da TB no estado do Pará para desenvolver estratégias eficazes de controle e prevenção. A análise detalhada dos dados sociodemográficos dos pacientes, as formas clínicas da doença, os métodos diagnósticos utilizados e a evolução dos casos são fundamentais para fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas mais eficientes e direcionadas ao controle da TB. Além disso, a identificação de áreas prioritárias para intervenções pode ajudar a direcionar recursos e esforços para onde são mais necessários, potencialmente reduzindo a incidência da doença e melhorando os desfechos clínicos na população afetada.
Este estudo tem como objetivo descrever a prevalência de TB no estado do Pará entre os anos de 2019 e 2023, analisando as características sociodemográficas dos pacientes e as condições associadas à doença. A relevância deste estudo reside na possibilidade de contribuir para a elaboração de estratégias de saúde pública mais eficazes, visando à redução da incidência da TB e à melhoria dos desfechos clínicos na população paraense. Com uma abordagem detalhada, espera-se que os resultados deste estudo possam orientar futuras intervenções e políticas de saúde, promovendo um controle mais eficaz da tuberculose no estado do Pará.
2 OBJETIVO
2.1 Objetivo geral
Analisar a prevalência e as características sociodemográficas da tuberculose no estado do Pará.
2.2 Objetivo específicos
Identificar as características sociodemográficas dos pacientes diagnosticados com tuberculose no estado do Pará, incluindo: idade, sexo, etnia e nível de escolaridade.
Descrever as formas clínicas da tuberculose mais prevalentes entre os pacientes diagnosticados no período estudado.
Avaliar os métodos diagnósticos utilizados na detecção da tuberculose e a taxa de confirmação laboratorial dos casos.
Analisar a evolução dos casos de tuberculose, incluindo taxas de cura, abandono do tratamento e mortalidade.
Investigar a associação entre tuberculose e comorbidades, como alcoolismo, diabetes mellitus e coinfecção pelo HIV.
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal com dados secundários públicos disponíveis no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do DataSUS, referente ao período de 2019 a 2023. A análise focou-se nos casos confirmados e notificados de tuberculose no estado do Pará, considerando aspectos sociodemográficos, formas clínicas da doença, métodos diagnósticos, evolução dos casos e comorbidades associadas.
3.1 Tipo de Estudo
O estudo é do tipo transversal, descritivo e com uma abordagem quantitativa. A escolha deste delineamento se deu em função da possibilidade de analisar a prevalência da tuberculose em um período específico e descrever as características dos casos notificados no estado do Pará.
3.2 Fonte de Dados
Os dados foram extraídos do Sinan, disponível no DataSUS, uma plataforma pública que centraliza informações de saúde no Brasil. Os dados são notificados pelos municípios e compreende de informações epidemiológicas e sociodemográficas. A consulta ao DataSUS foi realizada utilizando a ferramenta TabNet, que permite a extração e tabulação de dados de forma acessível e padronizada.
3.3 Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada entre julho e agosto de 2024, abrangendo os registros de tuberculose notificados entre os anos de 2019 e 2023. As variáveis selecionadas para análise incluíram:
- Sexo (masculino, feminino)
- Faixa etária (em grupos de idade)
- Etnia (branca, preta, amarela, parda, indígena, ignorado)
- Escolaridade (analfabeto, ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo, ensino médio, ensino superior, ignorado)
- Situação de evolução (cura, abandono, óbito por tuberculose, óbito por outras causas, transferência, TB-DR, mudança de esquema, falência, abandono primário, ignorado)
- Método diagnóstico (confirmação laboratorial, cultura e escarro, teste rápido)
- Comorbidades (alcoolismo, diabetes mellitus, uso de drogas ilícitas, doenças mentais, tabagismo, coinfecção com HIV/AIDS)
3.4 Análise de Dados
Os dados foram organizados e analisados utilizando o software Microsoft Excel. As tabelas e gráficos foram gerados para ilustrar as tendências e distribuições dos casos de tuberculose. A análise descritiva incluiu a apresentação de frequências absolutas e relativas das variáveis estudadas. Para a interpretação dos resultados, foram calculadas taxas de incidência, considerando a população do estado do Pará conforme estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 2023.
3.5 Considerações Éticas
Por se tratar de um estudo que utilizou dados secundários de domínio público, não foi necessário submeter o projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa. Todos os dados utilizados são anônimos e de acesso livre, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde para a utilização de bases de dados públicos.
4 RESULTADOS
No estado do Pará, entre 2019 e 2023, foram notificados 27.728 casos de tuberculose. Observa-se uma queda inicial no número de casos, seguida por uma tendência de aumento nos anos subsequentes (Figura 1). Considerando a população de 8.120.131 habitantes12, a incidência da doença é de 34,1 por 10.000 habitantes.
Figura 1 – Número de casos notificados de tuberculose por ano na Estado Pará.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net
A análise por sexo mostrou uma predominância de homens (67,9%) em relação às mulheres (32,1%), com os casos masculinos sendo mais que o dobro dos femininos. A maioria dos casos ocorreu em adultos jovens de 20-39 anos (47,4%), que concentraram quase metade dos casos. A faixa etária de 20 a 59 anos compreende 3/4 do total de ocorrências. A maioria dos casos foram registrados entre indivíduos de etnia parda, sendo esta três vezes maior que todas as outras etnias somadas. Em termos de escolaridade, a tuberculose foi mais prevalente entre aqueles com ensino fundamental (completo ou incompleto), sendo que 21,6% dos registros ignoraram ou deixaram em branco esse critério (Tabela 1).
Tabela 1 – Características sociodemográficas dos casos notificados de tuberculose no Estado do Pará entre 2019 e 2023
(Continua)

Tabela 1 – Características sociodemográficas dos casos notificados de tuberculose no Estado do Pará entre 2019 e 2023
(Conclusão)

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net
A forma clínica mais comum foi a pulmonar, com 24.802 casos (89,4%), seguida pela extrapulmonar, com 2.293 casos (8,3%). Em relação à situação de evolução, a maioria dos indivíduos foi curada (59,5%). O abandono e os casos ignorados/branco representam uma parcela significativa do total (26,3%). Quanto ao Tratamento Diretamente Observado (TDO), a maioria dos pacientes não o realizou (42,7%), e os casos ignorados/branco somam uma parcela significativa (31,2%) (Tabela 2).
Tabela 2 – Forma clínica da Tuberculose, evolução e TDO no Estado do Pará de 2019 a 2023.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net
Quanto aos métodos diagnósticos, 18.350 (66,2%) dos casos tiveram confirmação laboratorial. No entanto, a maioria não realizou os testes (tabela 3) em relação ao teste rápido (80,2%), cultura e escarro (86,1%).
Tabela 3 – Método diagnóstico dos casos de tuberculose notificados no Estado do Pará de 2019 a 2023.

Tabela 3 – Método diagnóstico dos casos de tuberculose notificados no Estado do Pará.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net
Os agravos associados à tuberculose mostraram que o alcoolismo, diabetes mellitus (DM), uso de drogas ilícitas, doenças mentais e tabagismo não são frequentes entre os pacientes (Tabela 4). Observa-se a mesma tendência em relação ao HIV e AIDS, onde a maioria dos casos é negativa (Tabela 5).
Tabela 4 – Agravo dos casos de Tuberculose notificados no Estado do Pará de 2019 a 2023.
Variáveis
Tuberculose com Agravo

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net
Tabela 5 – Tuberculose associada a HIV e AIDS no Estado do Pará de 2019 a 2023

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net
5 DISCUSSÃO
Os dados obtidos no presente estudo mostram que a tuberculose (TB) no estado do Pará apresenta características epidemiológicas que exigem atenção. Entre 2019 e 2023, foram notificados 27.728 casos, com uma variação na incidência ao longo dos anos. Observou-se uma queda inicial, seguida por um aumento subsequente, o que pode estar relacionado a fatores como variações na vigilância epidemiológica e no acesso aos serviços de saúde.
A predominância de casos em homens (67,9%) em relação às mulheres (32,1%) está de acordo com estudos que indicam uma maior vulnerabilidade masculina à TB8. Esta tendência é explicada por fatores biológicos, homens apresentam maiores respostas de interferon-gama aos antígenos da TB e menores níveis de certos anticorpos em comparação com as mulheres, destacando diferenças sexuais específicas na resposta imune à TB9.
A faixa etária mais afetada foi a de 20 a 39 anos, compreendendo 47,4% dos casos. Este grupo etário é economicamente ativo, o que pode contribuir para a disseminação da doença, dado o maior contato social e a necessidade de manter atividades laborais, mesmo quando doentes13. Isso, coerente com o estudo realizado em Juazeiro do Norte (CE), Silva14 destacou que as interações sociais e as atividades laborais representavam uma parte significativa da população acometida.
A alta prevalência em indivíduos de etnia parda (75,2%) reflete as desigualdades sociais e econômicas presentes na região, que são conhecidas por influenciar a distribuição da TB6. Bem como, acontece no Sul do País15, Estados Unidos16 e Reino Unido17.
Em termos de escolaridade, a maior incidência entre aqueles com ensino fundamental completo ou incompleto indica a necessidade de políticas públicas que promovam a educação e a conscientização sobre a doença, especialmente em populações de baixa escolaridade. A tuberculose é mais prevalente em grupos socioeconomicamente desfavorecidos, o que é consistente com a literatura existente18. Panorama similar é encontrado na Etiópia, onde foi revelado a baixa escolaridade como estigma associado à TB19.
A forma clínica pulmonar foi a mais comum, representando 89,4% dos casos. A TB pulmonar é a principal responsável pela transmissão da doença, uma vez que as bactérias são dispersas no ar através de gotículas expelidas pela tosse, espirro ou fala de indivíduos infectados20. A alta prevalência desta forma clínica reforça a necessidade de medidas eficazes de diagnóstico e tratamento para interromper a cadeia de transmissão21. Estudos anteriores indicam que a implementação de estratégias de diagnóstico precoce, como o uso de testes rápidos e a cultura de escarro, são essenciais para a detecção e o controle da TB pulmonar9.
A análise da situação de evolução dos casos revelou que 59,5% dos pacientes foram curados, enquanto uma parcela significativa abandonou o tratamento (26,3%). O abandono do tratamento é um problema crítico, pois contribui para a persistência da transmissão e o desenvolvimento de formas resistentes da doença22. Pacientes que interrompem o tratamento antes do tempo recomendado estão em risco de desenvolver TB multirresistente (TB-MDR), o que complica significativamente o manejo clínico e aumenta os custos de tratamento22.
Além disso, o Tratamento Diretamente Observado (TDO) mostrou baixa adesão, com apenas 26,1% dos pacientes participando do programa. O TDO é uma estratégia eficaz para garantir a adesão ao tratamento e prevenir o abandono, onde profissionais de saúde supervisionam a ingestão dos medicamentos pelos pacientes23. A baixa adesão ao TDO pode estar associada a diversos fatores, incluindo a falta de acesso aos serviços de saúde, barreiras geográficas, estigmatização social, e dificuldades logísticas24.
É crucial que políticas públicas sejam fortalecidas para melhorar a cobertura e a adesão ao TDO, garantindo que os pacientes completem o tratamento e reduzam o risco de desenvolvimento de TB-MDR. Uma alternativa é a TDO digital que apresenta taxas mais altas de conclusão do tratamento e adesão em comparação com o TDO presencial25. Além disso, o tratamento autoadministrado apoiado por um membro da família e complementado com lembretes via SMS e ligações telefônicas para monitorar a adesão foi eficaz quanto o TDO em clínica26.
As intervenções educacionais e suporte psicossocial são fundamentais para melhorar a adesão ao tratamento e minimizar o abandono27. Essas intervenções devem ser direcionadas especialmente para populações vulneráveis, incluindo indivíduos com baixo nível de escolaridade, problemas de saúde mental, e aqueles vivendo em condições socioeconômicas desfavoráveis15. Tais medidas são essenciais para reduzir a transmissão da TB e combater a resistência aos medicamentos, melhorando os resultados de saúde pública no estado do Pará.
Os métodos diagnósticos mostraram que a maioria dos casos teve confirmação laboratorial (66,2%). A confirmação laboratorial é crucial para o diagnóstico preciso e para a orientação adequada do tratamento, contribuindo para a eficácia do manejo da TB14. No entanto, a análise revelou que um número substancial de pacientes não realizou testes específicos como cultura de escarro (86,1%) e teste rápido (80,2%). A baixa utilização desses métodos diagnósticos indica possíveis lacunas no acesso ou na adesão aos protocolos recomendados.
A cultura de escarro é considerada um dos métodos mais eficazes para detectar o Mycobacterium tuberculosis28 permitindo não apenas a confirmação do diagnóstico, mas também a realização de testes de sensibilidade aos medicamentos, essenciais para a identificação de casos de TB resistente. A alta taxa de não realização da cultura de escarro sugere que muitos pacientes podem estar sendo diagnosticados e tratados com base em critérios clínicos e radiológicos29, o que pode resultar em diagnósticos imprecisos e tratamentos inadequados30.
Os testes rápidos, como o Xpert MTB/RIF, são ferramentas poderosas no diagnóstico da TB, fornecendo resultados em poucas horas e detectando resistência à rifampicina, um dos principais medicamentos usados no tratamento da TB31. A baixa taxa de realização desses testes (80,2%) aponta para desafios no acesso a tecnologias diagnósticas avançadas, que são críticas para o controle efetivo da doença. Esses desafios podem estar relacionados à disponibilidade de equipamentos, insumos, treinamento de pessoal e questões logísticas.
A não realização de testes específicos também pode ser atribuída a barreiras sistêmicas e estruturais dentro do sistema de saúde, incluindo a falta de infraestrutura adequada, financiamento insuficiente e a desigualdade no acesso aos serviços de saúde32. Além disso, fatores sociais, como o estigma associado à TB, podem levar os pacientes a evitarem a procura por diagnóstico e tratamento, exacerbando a subnotificação e a subdiagnosticação33.
Os agravos associados à TB, como alcoolismo (14,36%), diabetes mellitus (10,80%), uso de drogas ilícitas (10,72%), doenças mentais (1,97%) e tabagismo (16,90%), foram identificados como fatores de risco significativos que complicam o manejo da doença. O alcoolismo, por exemplo, está relacionado a uma maior probabilidade de abandono do tratamento, uma vez que indivíduos que abusam de álcool podem ter menor adesão às terapias e maior risco de complicações34. Além disso, o álcool pode interagir negativamente com medicamentos antituberculosos, potencializando efeitos colaterais e diminuindo a eficácia do tratamento10.
O diabetes mellitus (DM) também é um fator de risco crucial, pois compromete a resposta imunológica dos indivíduos, tornando-os mais suscetíveis a infecções, incluindo a TB35. A coexistência de DM e TB pode resultar em piores desfechos clínicos e aumento da mortalidade, exigindo uma abordagem de tratamento que considere ambas as condições simultaneamente36. O uso de drogas ilícitas está associado a comportamentos de risco que podem facilitar a transmissão da TB, além de complicar o acesso e a adesão ao tratamento37.
As doenças mentais, embora menos prevalentes, representam um desafio adicional, pois indivíduos com transtornos mentais podem ter dificuldade em seguir os regimes terapêuticos e acessar serviços de saúde de maneira eficaz38. O tabagismo, por sua vez, é um fator que agrava a condição pulmonar dos pacientes com TB, aumentando a gravidade da doença e dificultando a recuperação39.
Além dos agravos mencionados, a coinfecção com HIV é um desafio significativo no manejo da TB. A coinfecção com HIV foi observada em 9,4% dos casos, o que exige regimes terapêuticos mais complexos e um monitoramento rigoroso11. O HIV compromete ainda mais o sistema imunológico dos pacientes, aumentando a susceptibilidade à TB e dificultando o tratamento40. A integração dos serviços de tratamento para TB e HIV é crucial para melhorar os resultados de saúde desses pacientes, garantindo que ambos os aspectos da coinfecção sejam tratados de maneira eficaz41.
A necessidade de abordagens integradas que considerem as comorbidades é evidente. As estratégias de controle da TB devem incluir programas que tratem das comorbidades, fornecendo suporte adicional aos pacientes para melhorar a adesão ao tratamento e os resultados clínicos42. Por exemplo, a implementação de programas de cessação do tabagismo entre pacientes com TB pode reduzir significativamente a gravidade da doença e melhorar os desfechos terapêuticos39.
Além disso, é crucial fortalecer os serviços de saúde mental para garantir que os pacientes com TB e transtornos mentais recebam o suporte necessário para seguir o tratamento corretamente38. Programas específicos para o manejo de TB em populações com alta prevalência de uso de drogas ilícitas e alcoolismo também são necessários para abordar os desafios únicos enfrentados por esses grupos37. Em suma, a complexidade do manejo da TB é amplificada pela presença dos agravos como alcoolismo, diabetes mellitus, uso de drogas ilícitas, doenças mentais e tabagismo, além da coinfecção com HIV.
A pandemia de COVID-19 trouxe desafios adicionais, como a subnotificação e a interrupção dos serviços de saúde, que impactaram negativamente o controle da TB. Estudos futuros devem avaliar o impacto a longo prazo da pandemia na incidência e no controle da TB e desenvolver estratégias para mitigar esses efeitos43.
Os achados deste estudo enfatizam a importância de uma abordagem multifacetada e integrada no combate à tuberculose, que leve em consideração fatores sociodemográficos, comorbidades e o contexto pandêmico atual. Somente assim será possível alcançar avanços significativos na redução da incidência e na melhoria dos desfechos clínicos dos pacientes com TB no estado do Pará.
6 CONCLUSÃO
Os dados indicam que a TB no estado do Pará entre 2019 e 2023 apresenta um desafio significativo para a saúde pública, exigindo ações integradas e estratégias de controle mais eficazes. Embora algumas oscilações nos números de casos, a tuberculose continua a afetar desproporcionalmente populações vulneráveis, especialmente homens jovens e indivíduos de baixa escolaridade e etnia parda.
A análise demonstrou a predominância da tuberculose pulmonar e ressalta a necessidade de aprimorar as medidas de controle e diagnóstico para interromper a cadeia de transmissão da doença. Apesar da alta taxa de cura ainda há uma significativa parcela de abandono de tratamento e uma minoria assistida pelo TDO. Além disso, a não realização de testes para diagnóstico reforçam a necessidade de intervenções que promovam o acesso adequados a serviços de saúde. É possível, concluir também que as comorbidades, como alcoolismo e diabetes mellitus, e a coinfecção com HIV, mesmo não prevalentes na maioria dos casos, representam fatores de risco significativos que complicam o manejo da TB.
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1Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) -mail: anaclarapantojaassis@gmail.com
2Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) -mail: amedmanaus@gmail.com
3Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) -mail: ferbaru@hotmail.com
4Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ)
5Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário das Américas (FAM) -mail: saratymarcela@gmail.com
6Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) -mail: m.eduardabastosr@hotmail.com
7Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA)
8Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) -mail: marinaacbrasil@hotmail.com
9Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) –
10Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) -mail: rbdvilela@gmail.com