PILATES CLÁSSICO VERSUS PILATES CONTEMPORÂNEO: IMPACTOS NA DOR LOMBAR CRÔNICA E DIMINUIÇÃO DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO EM IDOSOS POR MEIO DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202506191748


Ester Gonçalves Nascimento
Geovana Damaris De Souza Braga
Rita De Cássia Freire De Oliveira
Orientadora: Profª. Paloma Tainá França Cardoso Nogueira


1. RESUMO:

Este estudo analisou os efeitos do método Pilates clássico e contemporâneo na dor lombar crônica (DLC) e na amplitude de movimento (ADM) em idosos, por meio de uma revisão integrativa da literatura científica. Foram selecionados seis artigos que abordam essas abordagens terapêuticas. O Pilates clássico mostrou maior eficácia na melhora da ADM e controle postural, enquanto o contemporâneo apresentou resultados relevantes na funcionalidade, dor e adesão ao tratamento. Conclui-se que ambos os métodos são eficazes, porém o contemporâneo oferece maior adaptabilidade e aplicabilidade clínica.

Palavras-chave: Pilates; Idosos; Dor Lombar; Amplitude de Movimento; Fisioterapia

ABSTRACT:

This study analyzed the effects of classical and contemporary Pilates methods on chronic low back pain (CLBP) and range of motion (ROM) in the elderly, through an integrative literature review. Six scientific articles were selected for comparison. Classical Pilates demonstrated greater effectiveness in improving ROM and postural control, while the contemporary approach showed significant results in functionality, pain reduction, and treatment adherence. It is concluded that both methods are effective, although the contemporary method offers greater adaptability and clinical applicability.

Keywords: Pilates; Elderly; Low Back Pain; Range of Motion; Physical Therapy.

2. INTRODUÇÃO

De acordo com as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2023, a dor lombar crônica (DLC), também conhecida como lombalgia, é uma condição que afeta persistentemente a região lombar da coluna por mais de 12 semanas. Essa dor é a principal causa de incapacidade global, gerando impactos pessoais, ocupacionais, sociais e econômicos (Ministério da Saúde, 2013). No Brasil, estudos indicam que sua prevalência é significativa, afetando 25% dos idosos, com um aumento acentuado entre aqueles acima de 60 anos, o que causa dificuldades nas atividades de vida diária (AVDs), afastamento do trabalho e impactos emocionais (FARIA et al., 2022; AGUIAR et al., 2017).

Diante desses desafios na população idosa, recomenda-se a adoção de práticas físicas estruturadas para alívio da dor e melhora da mobilidade. O repouso prolongado e o uso excessivo de analgésicos, por sua vez, não são indicados, pois oferecem alívio temporário sem tratar a causa subjacente (OMS, 2023).

Nesse contexto, o Pilates surge como uma abordagem relevante. O Pilates tradicional ou conhecido também como clássico, criado por Joseph Pilates, é uma técnica desenvolvida não apenas para o condicionamento físico, mas também para o aprimoramento da mente. Baseia-se em seis princípios: respiração, concentração, centralização, precisão e fluidez e trabalha equilíbrio, flexibilidade e força, com foco principal na contração do abdômen, no controle da respiração, na postura e na consciência corporal (MALHÃO et al., 2025). Entre seus benefícios, destacam-se a redução da dor e a melhora da funcionalidade (MARTINS et al., 2021).

Já o Pilates contemporâneo representa uma adaptação mais atualizada, considerando as necessidades e evoluções surgidas ao longo do tempo. Essa abordagem prioriza a personalização dos exercícios para o paciente, trazendo benefícios como maior adaptação, redução da dor e melhora da funcionalidade (DA ROCHA, 2025). Estudos apontam melhorias nos níveis de flexibilidade, agilidade, equilíbrio dinâmico e resistência aeróbia entre os praticantes (MELLO et al., 2018).

Uma revisão integrativa pode contribuir para a prática clínica ao fundamentar-se em evidências que indiquem qual dos dois métodos apresenta maior eficácia no problema da DLC e diminuição da ADM, reunir e analisar estudos de diferentes abordagens, esse tipo de revisão permite uma avaliação crítica e abrangente, auxiliando profissionais da fisioterapia na tomada de decisões baseadas em evidências científica. (DA ROCHA, 2025)

Diante do exposto, a presente revisão integrativa tem como objetivo analisar o grau de aplicabilidade do Pilates clássico versus contemporâneo na redução da dor lombar crônica e da diminuição da amplitude de movimento (ADM) em idosos, com base nas evidências disponíveis na literatura científica. Para tal, serão investigados os princípios do método tradicional, fundamentado por Joseph Pilates, e as adaptações do contemporâneo, identificando-se suas características, os mais utilizados na reabilitação dessa população e os que apresentam melhores resultados em relação à dor e à ADM.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

A coluna vertebral é uma estrutura fundamental do corpo humano, responsável por sustentar o peso corporal, permitir mobilidade e proteger a medula espinhal. A região lombar, composta por cinco vértebras de L1 a L5 (Figura 1) (HONG, 2023, coluna lombar) , destaca-se por suportar grande parte da carga corporal, estando constantemente sujeita a esforços mecânicos (SILVA et al., 2024). Essa área combina estabilidade e flexibilidade, possibilitando movimentos como flexão, extensão e rotação, essenciais para atividades diárias, como ficar em pé, caminhar ou levantar objetos.

Figura 1. Imagem da anatomia da coluna vertebral dando ênfase na coluna lombar.

Fonte: Figura ilustrando a coluna lombar em vista lateral, destacando as cinco vértebras lombares (L1 a L5) e a curvatura da lordose lombar, essencial para a distribuição de peso corporal. Adaptado de Hong (2023). Anatomia da coluna vertebral: o que você precisa saber . Disponível em: https://www.hong.com.br/anatomia-da-coluna-vertebral-o-que-voce-precisa-saber/

Além disso, a DLC também está diretamente associada ao desempenho da musculatura estabilizadora do tronco e da coluna vertebral também chamada de CORE, cujo comprometimento, seja por fraqueza, encurtamento ou padrões compensatórios inadequados, pode gerar instabilidade lombar e predispor o indivíduo a episódios recorrentes de dor. (YAMATO et al., 2015).

Essa deficiência funcional é observada entre os músculos profundos, responsáveis pela estabilização segmentar, e os superficiais, que coordenam os movimentos globais do tronco. Os multífidos, por exemplo, apresentam apresentação reduzida em indivíduos com lombalgia, comprometendo o suporte vertebral, enquanto o transverso do abdome, quando deficiente, aumenta a sobrecarga nas estruturas lombares. Alterações no reto abdominal, oblíquos, iliopsoas e nos isquiotibiais também são comuns, limitando a mobilidade pélvica e favorecendo posturas confortáveis. (Figura 2) (YAMATO et al., 2015).

Figura 2. Músculos estabilizadores do Core (Powerhouse).

Fonte: Representação da faixa muscular entre as costelas inferiores, quadril e pelve, incluindo oblíquos, transverso do abdome, multífidos, reto abdominal, glúteos, quadrado lombar e músculo pélvico, essencial para a estabilização da coluna e suporte à postura em idosos. (Fonte: Pilates Ponto
Norte. (sd). ‘Afinal, o que é núcleo, core, power house?’. Blog Pilates Ponto Norte.)

Esse grupo muscular atua como um cinturão natural de suporte, reduzindo a sobrecarga sobre as vértebras lombares e prevenindo disfunções posturais (YAMATO et al., 2015).

O fortalecimento do core, elemento central do Pilates, objeto de análises recentes com o uso de tecnologias avançadas, como a eletromiografia (EMG). Exercícios como o “Teaser” e o “Plank” executados no reformer intensificam a ativação do transverso abdominal em até 35% em relação a treinos convencionais, resultado atribuído à ênfase na respiração controlada e na manutenção da pelve neutra (GOMES et al., 2022, p. 45). Esse ganho não se limita à força, mas também aprimora a coordenação neuromuscular, essencial para absorver forças durante movimentos cotidianos ou esportivos. Adicionalmente, a respiração diafragmática, um dos fundamentos do método, tem sido associada a uma melhor oxigenação muscular e à redução da fadiga do core, potencializando os efeitos biomecânicos (GOMES et al., 2022, p. 47).

A mobilidade vertebral é outro aspecto amplamente beneficiado pelo método, movimentos como o “Spine Twist” e o “Mermaid” favorecem a articulação segmentar, especialmente na região torácica, que tende a perder flexibilidade devido a hábitos sedentários contemporâneos. De acordo com Lima e Ferreira (2024), a prática consistente do Pilates pode ampliar a extensão torácica em cerca de 15 graus, redistribuindo tensões mecânicas e aliviando a pressão lombar frequentemente associada a posturas compensatórias, como a hiperlordose (LIMA, FERREIRA et al., 2024, p. 102). Essa abordagem contribui para uma cinemática mais equilibrada da coluna, reduzindo o risco de alterações degenerativas.

A biomecânica, disciplina que investiga as forças e os movimentos no corpo humano, desempenha um papel fundamental na prática do Pilates, estruturando os exercícios para garantir segurança e eficácia. Joseph Pilates, criador do método, afirmava que “a saúde física é o primeiro requisito da felicidade” (Pilates; Miller, 1945, p. 17), conectando essa ideia à aplicação biomecânica do Pilates para aprimorar a funcionalidade corporal. Panjabi (1992) argumenta que “a estabilidade da coluna depende da interação entre os sistemas passivo, ativo e neural”, e o Pilates fortalece o sistema ativo dos músculos para proteger a estrutura vertebral. Essa perspectiva é particularmente significativa para idosos com dor lombar, cuja condição é intensificada por alterações degenerativas. Bogduk (2005, p. 23) aponta que “a dor lombar crônica frequentemente decorre da instabilidade segmentar”, reforçando a relevância do método nesse contexto.

Na prática do Pilates, a biomecânica orienta a execução precisa dos movimentos. Exercícios como o “Bridging” ativam o transverso abdominal e os multífidos, reduzindo a tensão na coluna. McGill (2015) destaca que “a ativação dos músculos profundos do core é essencial para minimizar forças de cisalhamento”, enquanto Hodges (2003) complementa que “o transverso abdominal promove rigidez lombar, contribuindo para a estabilidade”. A respiração controlada, um pilar do método, aumenta a pressão intra-abdominal, um mecanismo que, segundo Richardson et al. (2004), “protege a coluna durante atividades dinâmicas”. Isacowitz e Clippinger (2011) enfatizam que “o alinhamento correto é fundamental para resultados terapêuticos”, assegurando a segurança da prática.

Para idosos com DL, a biomecânica no Pilates é crucial para enfrentar as mudanças associadas ao envelhecimento, como a perda de massa muscular e a rigidez tecidual. Kendall et al. (2005) observam que “a fraqueza do core desequilibra a postura e intensifica a dor”, evidenciando a necessidade de fortalecimento muscular e mobilidade proporcionados pelo método.

A reeducação postural, fundamentada nos princípios da biomecânica moderna, configura-se como um benefício essencial do método Pilates para idosos, especialmente aqueles que convivem com dor lombar crônica. O desalinhamento postural acentua o estresse mecânico sobre a coluna, favorecendo o surgimento e agravamento de disfunções lombares. Os exercícios do Pilates, como o Shoulder Bridge e o Pelvic Curl, promovem a consciência corporal e o realinhamento vertebral, ao mesmo tempo em que fortalecem os músculos estabilizadores profundos do tronco (YU et al., 2023).

Estudos atuais destacam que a correção postural obtida por meio do Pilates contribui para a melhora da estabilidade estática e dinâmica, crucial para a prevenção de quedas e a manutenção da autonomia funcional na velhice (MUELLER et al., 2020). A propriocepção, que é a capacidade sensorial de perceber a posição do corpo no espaço, é constantemente estimulada nas sessões, favorecendo o controle motor e o equilíbrio postural (LEE et al., 2014).

Dentro dessa perspectiva, Rydeard et al. (2006) já apontavam que o Pilates melhora a postura e a funcionalidade em indivíduos com dor lombar, efeito confirmado por pesquisas mais recentes que mostram redução significativa na intensidade da dor, melhora na funcionalidade e na qualidade de vida dos praticantes idosos (YU et al., 2023). Além disso, a prática regular do método tem se mostrado segura, adaptável e eficaz, oferecendo melhora expressiva da capacidade funcional, força, mobilidade, resistência e flexibilidade tanto na versão solo quanto com aparelhos (MUELLER et al., 2020).

Joseph Pilates defendia que “o movimento cura”, e essa ideia segue atual quando associada à proposta terapêutica do método. O fortalecimento do core, foco central do Pilates contemporâneo, é fundamental para a saúde lombar, conforme evidenciado por Hodges (2003) e reforçado por evidências mais recentes que apontam seu papel na estabilização da coluna e na prevenção de recidivas de dor lombar (YU et al., 2023).

O aumento da expectativa de vida tem levado a uma maior incidência de dores crônicas na população idosa, incluindo a lombalgia. Segundo a OMS (2021), o crescimento do número de idosos contribui para esse cenário. No Brasil, a população com 60 anos ou mais, que era 7,4% em 2010, deve atingir 22,71% até 2050, aumentando a prevalência da dor lombar, uma das principais causas de incapacidade funcional (SILVA et al., 2024).

A DLC é caracterizada por um desconforto persistente na região inferior da coluna, localizada entre a margem costal e as dobras glúteas, com duração superior a 12 semanas . Em muitos casos, uma causa específica não pode ser identificada (MEUCCI et al., 2015). No Brasil, 23,4% dos adultos acima de 20 anos relatam dores nas costas, sendo que a prevalência aumenta com a idade, alcançando cerca de 25% entre idosos (IBGE, 2019). Esse quadro se agrava a partir dos 50 anos , quando a perda progressiva de massa óssea , causada pelo desequilíbrio entre osteoblastos e osteoclastos , fragiliza a estrutura vertebral, aumentando o risco de lesões, comprometendo a estabilidade da coluna e enfraquecendo a mobilidade e a autonomia (ZHOU et al., 2024).

A DLC em idosos pode ter diversas origens, incluindo fatores genéticos, ambientais e hábitos de vida, como o sedentarismo (CANÇADO, ALANIS E HORTA, 2017). Entre os fatores de risco estão o sexo feminino, obesidade, tabagismo e baixa escolaridade , além de condições como osteoartrite e hérnia de disco , que se tornam mais comuns com o envelhecimento (MACHADO et al., 2020). Essa condição não afeta apenas a saúde física, mas também a qualidade de vida e a independência dos idosos, podendo impactar até a mesma dinâmica familiar.

De acordo com o Global Burden of Disease Study (2017) , a lombalgia é a principal causa de anos vividos com incapacidade no Brasil, com um aumento de 26,83% na prevalência entre 1990 e 2017 , refletindo o envelhecimento populacional e a transição epidemiológica (DAVID et al., 2020). Para o manejo da dor, a fisioterapia tem se mostrado uma abordagem eficaz, permitindo a recuperação funcional por meio de avaliação detalhada, exames físicos e testes neurológicos, resultando em um plano de tratamento personalizado (RIBEIRO, MARTINS E PEREZ, 2019).

Diante desse cenário, é essencial adotar estratégias eficazes para o manejo da DLC, abrangendo desde métodos convencionais até a atividade física como pilar fundamental da reabilitação. O uso de analgésicos, embora comum para interrupção temporária da dor, pode mascarar os sintomas sem tratar a causa subjacente. A OMS (2023) alerta para o risco de dependência e a eficácia limitada a longo prazo, desencorajando seu uso isolado. Além disso, o descanso prolongado é desaconselhado, pois pode enfraquecer a musculatura e agravar a condição, conforme orientações recentes (ZHOU et al., 2024). Em contrapartida, práticas físicas estruturadas, como o Pilates, são recomendadas para aliviar a dor e melhorar a mobilidade, promovendo a recuperação funcional sem os efeitos adversos dos medicamentos (SILVA et al., 2024).

Na promoção da saúde do idoso, o método Pilates tem se mostrado eficaz no aprimoramento do condicionamento funcional, refletindo diretamente na realização das atividades de vida diária. Seus benefícios incluem o aumento da independência por meio da melhora do equilíbrio postural, da marcha, do controle do tronco e da dissociação das cinturas escapular e pélvica, além da redução do grau de cifose torácica. Adicionalmente, o método promove adaptações respiratórias significativas, como o aumento da resistência da musculatura respiratória, a ampliação do volume pulmonar e a melhora da sincronia da respiração diafragmática, contribuindo também para a diminuição da frequência respiratória (TORRE et al., 2017; BUENO; NEVES, 2019).

O Pilates, em suas formas clássica e contemporânea, destaca-se como uma intervenção eficaz na reabilitação da DLC e na ampliação da ADM em idosos. Estudos mostram que ele fortalece os músculos estabilizadores da coluna e melhora a postura, melhorando a dor de forma significativa (PATTI et al., 2015). A fisioterapia desempenha um papel central, utilizando técnicas como terapia manual, cinesioterapia e reeducação postural para restaurar a funcionalidade e minimizar o desconforto (RIBEIRO; MARTINS; PEREZ, 2019).

O método é amplamente reconhecido por seus benefícios no fortalecimento muscular, na melhora da postura e no aumento da flexibilidade. Criado por Joseph Pilates, esse sistema de exercícios enfatiza a conexão entre corpo e mente por meio de princípios como controle, concentração, centralização, fluidez, precisão e respiração (LATEY, 2001).

No contexto do envelhecimento, a prática do Pilates se destaca como uma intervenção eficaz na prevenção de quedas e na promoção da mobilidade, visto que melhora a propriocepção e a consciência corporal (YOON D et al., 2015). Isso é particularmente relevante para a população idosa, que tende a apresentar redução da força muscular e do equilíbrio, fatores diretamente ligados ao risco de quedas (SUN, et al., 2024).

A prática regular de atividade física tem se mostrado uma das estratégias mais eficazes para tratar e prevenir a DLC. Exercícios de fortalecimento muscular, alongamentos e reeducação postural estabilizam a coluna, aumentam a mobilidade e diminuem a sobrecarga vertebral (PATTI et al., 2015). Modalidades como Pilates, hidroginástica e caminhada são amplamente recomendadas para reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, especialmente dos idosos (SILVA et al., 2024). Manter-se ativo, mesmo convivendo com a dor, é crucial para impor a independência funcional e reduzir as limitações pela condição, conforme reforçado por diretrizes globais (ZHOU et al., 2024).

Joseph Hubertus Pilates nasceu em 1880, na Alemanha, e enfrentou diversos problemas de saúde na infância, como raquitismo, asma e febre reumática. Para fortalecer o corpo, praticou ginástica, boxe, yoga e artes marciais. Desenvolveu seu método ao longo dos anos, inspirado em diferentes formas de movimento e técnicas de condicionamento físico. Durante seu tempo trabalhando com reabilitação, utilizou molas de camas hospitalares para criar resistência nos exercícios, conceito que deu origem ao Reformer, um dos principais equipamentos do método (LATEY, 2001).

Na década de 1920, Pilates mudou-se para os Estados Unidos, onde abriu um estúdio em Nova York com sua esposa, Clara. Seu método, chamado Contrologia, enfatizava o controle consciente dos movimentos para aprimorar postura, força e flexibilidade. A ativação do Powerhouse, que incluíam os músculos do abdômen, lombar, quadris e glúteos, que era o foco central dos exercícios (ISACOWITZ; CLIPPINGER, 2011).

O método baseia-se em seis princípios fundamentais: concentração, controle, centro de força, fluidez, precisão e respiração. A concentração permite que os movimentos sejam executados com atenção plena, enquanto o controle evita compensações. O fortalecimento do centro de força estabiliza o corpo, garantindo suporte adequado. A fluidez assegura movimentos contínuos e coordenados, e a precisão melhora a eficiência do exercício. A respiração correta otimiza a oxigenação muscular e facilita a execução dos movimentos (LATEY, 2001).

A execução dos exercícios respeita os princípios biomecânicos da cinemática e cinética, promovendo um padrão de movimento que favorece a distribuição das cargas pelo corpo. Isso permite a diminuição do impacto nas articulações, prevenindo lesões e melhorando a qualidade da movimentação. (YAMATO et al., 2015).

Em seu livro sobre sua obra completa de vida, “Sua Saúde e o Retorno à Vida Pela Contrologia” de 2010 destaca que a prática desencadeia uma série de respostas adaptativas no organismo. A contração dos músculos profundos do abdômen melhora a estabilidade vertebral e facilita a ativação do sistema nervoso proprioceptivo, promovendo uma melhor consciência corporal. Além disso, a respiração controlada, um dos princípios fundamentais do método, potencializa a oxigenação muscular, reduzindo tensão e fadiga.

Um efeito fisiológico importante é a melhora da circulação sanguínea, facilitando a remoção de metabólitos e promovendo a recuperação muscular. Esse fator é essencial na população idosa, que muitas vezes apresenta comprometimento vascular e maior rigidez muscular. Favorece a regulação do sistema nervoso autônomo, promovendo relaxamento e alívio da dor lombar crônica através da liberação de endorfinas (YAMATO et al., 2015).

O Pilates é amplamente utilizado na reabilitação musculoesquelética, sendo eficaz na redução da DLC e na melhora da mobilidade. A prática regular melhora a postura, alivia tensões e fortalece a musculatura sem impacto excessivo, o que beneficia especialmente idosos e pessoas em recuperação de lesões (GONZÁLEZ-DEVESA et al., 2024).

Outro benefício importante do Pilates é a melhoria da melhoria e do equilíbrio, fatores essenciais para a redução do risco de quedas, especialmente na população idosa. A prática contínua favorece a propriocepção e a consciência corporal, permitindo um melhor controle dos movimentos e uma postura mais equilibrada (YOON D et al., 2015). Esse alinhamento adequado da coluna também está relacionado à simetria muscular, prevenindo desequilíbrios posturais que poderiam levar a dores crônicas (YAMATO et al., 2015).

A prática tem sido cada vez mais utilizada como estratégia preventiva contra quedas em idosos, considerando que contribui para o fortalecimento muscular e melhora da coordenação motora. Estudos indicam que a execução regular de exercícios que desafiam a estabilidade corporal aumenta a capacidade funcional e reduz o risco de quedas (GONZÁLEZ-DEVESA et al., 2024).

Além disso, a respiração coordenada, princípio essencial do método, desempenha um papel fundamental na melhoria da circulação sanguínea e na oxigenação dos tecidos, reduzindo a fadiga muscular e proporcionando recuperação mais eficiente após esforços físicos (YAMATO et al., 2015). A ativação dos músculos estabilizadores profundos do tronco melhora a estabilidade vertebral e potencializa a resposta proprioceptiva, fatores que são fundamentais para a prevenção de quedas (PILATES, 2010).

O Pilates clássico mantém os ensinamentos originais de seu criador. Os exercícios seguem uma ordem específica e utilizam equipamentos clássicos, como o Reformer (uma plataforma deslizante com molas na qual o paciente deita, senta ou fica de pé) (Figura 3), o Cadillac (uma cama de quatro postes com várias molas e barras suspensas) (Figura 4), Wunda Chair (uma cadeira sem encosto e com molas presas a um pedal) (Figura 5) e o Ladder Barrel (design curvado se adapta à anatomia do corpo, permitindo exercícios que exploram a flexibilidade, estabilização e controle postural) (Figura 6). (LATELY, 2002).

A respiração profunda e a ativação do powerhouse são essenciais. Joseph Pilates defendia um estilo de vida ativo e acreditava que o movimento era a chave para a saúde e a vitalidade (ISACOWITZ; CLIPPINGER, 2011).

Figura 3. Aparelho Reformer.

Fonte: Equipamento clássico de Pilates com estrutura retangular, carruagem deslizante, molas convenientes e barras de apoio, projetado para promover fortalecimento do core , flexibilidade e estabilidade, sendo adaptável. disponível em: ISACOWITZ, Rael; CLIPPINGER, Karen. Pilates Anatomy. 2. ed. Champaign: Human Kinetics, 2019.

Figura 4. Aparelho Cadillac.

Fonte: Equipamento clássico de Pilates oferecendo resistência, ideal para o fortalecimento do core e melhoria da amplitude de movimento. Disponível em: ISACOWITZ, Rael; CLIPPINGER, Karen. Pilates Anatomy. 2. ed. Champaign: Human Kinetics, 2019

Figura 5. Aparelho Wunda Chair.

Fonte: Aparelho inspirado em camas com molas necessárias usadas para reabilitação durante a Primeira Guerra Mundial, com estrutura semelhante a uma poltrona. Proporciona resistência controlada para fortalecer o core e a coluna. Disponível em: Latey, P. (2001). ‘The Pilates method: history andphilosophy’. Journal of Bodywork and Movement Therapies , 5(4), 275-282.)

Figura 6. Aparelho Ladder Barrel.

Fonte: Equipamento projetado para promover alongamento, fortalecimento e melhora da mobilidade da coluna através de sua estrutura curvada e apoio ajustável. ALVES PILATES. Os Segredos do Ladder Barrel do Pilates!. Disponível em: ISACOWITZ, Rael; CLIPPINGER, Karen. Pilates Anatomy.

2. ed. Champaign: Human Kinetics, 2019.

O método clássico é estruturado em duas modalidades principais: o Mat Pilates (ou Pilates solo) e o Pilates com    aparelhos realizados, ambos fundamentados nos seis princípios de concentração, controle, centralização, fluidez, precisão e respiração (LATEY, 2001). No Mat Pilates , os exercícios são no solo, utilizando o peso corporal como resistência, podendo ser associado com acessórios tais como o magic circle ou bolas. Nesse método ele apresenta uma sequência fixa de 34 exercícios em “retorno à vida através da contrologia” (1945), como o ‘The Hundred’, que inicia com ativação do powerhouse (músculos abdominais, lombares, quadris e glúteos) e progresso para movimentos mais complexos, desenvolvendo fortalecimento uniforme e controle postural e o “Double Leg Kick”. (LATEY, 2001; (ISACOWITZ; CLIPPINGER., 2011).

Na prática clínica atual, o tradicional revela-se uma ferramenta valiosa, especialmente para indivíduos com dor lombar crônica. Um estudo conduzido por Oliveira et al. (2023) constatou que, após 12 semanas de prática, participantes relataram uma diminuição de 30% na intensidade da dor e um incremento de 25% na capacidade de estabilização lombar, evidenciando os benefícios do método na reeducação neuromuscular e na saúde da coluna (OLIVEIRA et al., 2023, p. 89). Esses achados sublinham a versatilidade do Pilates, que transcende o condicionamento físico e se posiciona como uma estratégia terapêutica fundamentada em princípios biomecânicos robustos.

Ao longo dos anos, o método se consolidou, sendo aplicado tanto para condicionamento físico quanto para reabilitação. O Pilates contemporâneo trouxe adaptações baseadas em pesquisas científicas, mas a filosofia original de equilíbrio entre corpo e mente continua essencial para a promoção da saúde e bem-estar (LATEY, 2001).

Portanto, a reabilitação da dor lombar exige uma abordagem integrada, unindo tratamentos convencionais a estratégias preventivas. Promover hábitos saudáveis e oferecer acompanhamento médico contínuo são passos fundamentais para minimizar os impactos do envelhecimento e garantir uma melhor qualidade de vida aos idosos (BRASIL, 2018).

O Pilates contemporâneo surge como uma evolução do método original concebido por Joseph Pilates, adaptando seus princípios fundamentais às descobertas científicas recentes no campo da biomecânica, cinesiologia, neurociência do movimento e reabilitação funcional. Embora preserve os seis princípios  clássicos:  concentração,  controle,  centralização,  precisão,  fluidez e respiração, o contemporâneo amplia essa base teórica ao incorporar variáveis como consciência corporal, alinhamento funcional, personalização dos exercícios e integração com abordagens fisioterapêuticas (MUELLER et al., 2020; LATEY, 2001; YU et al., 2023).

Essas atualizações tornam o método especialmente relevante para o atendimento de populações específicas, como os idosos com DLC, condição prevalente que afeta a qualidade de vida e a capacidade funcional dessa população (LEE et al., 2014; YU et al., 2023). O Pilates contemporâneo possibilita uma prática adaptada às necessidades do indivíduo, com modulação de carga, uso de diferentes bases de apoio, planos de movimento e recursos como bolas, faixas elásticas, rolos de espuma, discos proprioceptivos e plataformas instáveis (MUELLER et al., 2020; CHODZKO-ZAJKO et al., 2009).

Diferentemente do Pilates clássico, que segue uma ordem fixa de exercícios e prioriza a execução padronizada com os aparelhos originais (reformer, cadillac, chair e barrel), o método contemporâneo valoriza a individualização, permitindo ajustes na progressão, intensidade, tempo de execução e integração com técnicas de liberação miofascial, controle motor e estabilização segmentar das práticas comuns na fisioterapia contemporânea (RYDEARD et al., 2006; SAHRMANN, 2002; KISNER & COLBY, 2012).

Na abordagem contemporânea, a coluna vertebral é compreendida como um eixo dinâmico e funcional, que deve manter suas curvaturas fisiológicas: lordose lombar, cifose torácica e lordose cervical em uma posição neutra adaptada às características individuais do praticante (MCGILL, 2015; HODGES, 2003). O objetivo é otimizar a estabilidade lombar por meio da co-contração dos músculos profundos do tronco, como o transverso do abdome, multifidus, diafragma e assoalho pélvico, favorecendo a distribuição equilibrada das forças e reduzindo o estresse mecânico sobre a coluna (LEE et al., 2014; YU et al., 2023).

A biomecânica aplicada no contemporâneo preza pela eficiência do movimento, ou seja, a realização de gestos motores com precisão, controle e fluidez, mesmo que em menor amplitude, priorizando a ativação neuromuscular sobre o alcance articular extremo (HODGES, 2003; RYDEARD et al., 2006). Essa filosofia reduz o risco de lesões e é particularmente benéfica em idosos, cuja integridade articular pode estar comprometida por alterações degenerativas, como artrose e osteopenia (MUELLER et al., 2020; COLLINS et al., 2014).

Outro aspecto que diferencia o Pilates contemporâneo é o foco em movimentos funcionais e transferíveis para a vida diária, como levantar-se de uma cadeira, caminhar, agachar, alcançar objetos ou girar o tronco. Esses padrões de movimento visam restaurar a autonomia do idoso e prevenir quedas, contribuindo para um envelhecimento mais ativo e seguro (MUELLER ET AL., 2020; RIKLI & JONES, 1999; SHAFFER & HARRISON, 2007). A prática contínua do método também estimula o sistema sensório-motor, promovendo melhorias na propriocepção, equilíbrio postural e tempo de reação (MUELLER ET AL., 2020; JANDA, 1987).

A teoria da estabilidade articular, proposta por Panjabi (1992), estabelece que a estabilidade da coluna vertebral é sustentada pela interação coordenada de três sistemas interdependentes: o sistema passivo, constituído por elementos osteoligamentares; o sistema ativo, formado pela musculatura; e o sistema de controle, representado pelo sistema nervoso central. A harmonia entre esses sistemas é essencial para a manutenção da funcionalidade e integridade da coluna, especialmente na preservação da zona neutra, definida como a região de maior congruência articular e menor incidência de forças de cisalhamento (PANJABI, 1992).

Para que essa zona neutra se mantenha estável durante os movimentos articulares, é imprescindível a integridade funcional dos componentes musculares, articulares e neurais. Alterações nessa estabilidade podem ocorrer tanto por hipomobilidade (restrição de movimento) quanto por hipermobilidade (movimentação excessiva), ambas capazes de modificar negativamente essa zona e, consequentemente, contribuir para o surgimento ou agravamento de quadros de dor lombar (QUARTAROLO, 2017).

Diante disso, o pilates contemporâneo destaca-se como uma estratégia terapêutica eficaz. Seus exercícios priorizam o fortalecimento do centro corporal (core),  o  realinhamento  postural,  a  respiração  funcional  e  o  recrutamento coordenado dos músculos estabilizadores profundos, como o transverso do abdome e o multífido (QUARTAROLO, 2017). Tais práticas favorecem a estabilização dinâmica da coluna, em conformidade com os princípios de estabilidade funcional descritos por Panjabi (1992).

Adicionalmente, os fundamentos do método: concentração, controle, centralização, precisão, fluidez e respiração favorecem a integração dos sistemas ativo, passivo e de controle neural, promovendo a reorganização da zona neutra e prevenindo sobrecargas articulares (QUARTAROLO, 2017).

Nos quadros de hipomobilidade, o pilates promove a mobilização ativa e consciente das estruturas corporais, restabelecendo de forma gradual a amplitude de movimento funcional. Em contrapartida, diante da hipermobilidade, a prática favorece a estabilidade segmentar por meio de exercícios isométricos, contribuindo para o controle da amplitude excessiva da zona neutra e aprimorando o controle neuromuscular (QUARTAROLO, 2017).

Dessa forma, o pilates contemporâneo se apresenta como uma intervenção alinhada aos fundamentos da estabilidade articular, oferecendo uma abordagem segura e funcional no tratamento de disfunções lombares, com ênfase na recuperação da biomecânica adequada da coluna vertebral.

Diversas pesquisas sustentam a eficácia do Pilates contemporâneo em melhorar variáveis físicas e funcionais em idosos com dor lombar. A meta-análise de Yu et al. (2023) evidenciou efeitos significativos da intervenção com Pilates na redução da dor, melhora da funcionalidade geral e diminuição da incapacidade, com consistência em diferentes contextos e amostras.

Complementarmente, o estudo de Mueller et al. (2020) comprovou que tanto o Pilates de solo quanto o realizado em aparelhos proporcionam ganhos semelhantes e significativos na força muscular, flexibilidade, capacidade aeróbica, agilidade e equilíbrio de mulheres idosas ativas. Esses resultados reforçam a aplicabilidade clínica do método contemporâneo, especialmente no tratamento de síndromes dolorosas crônicas e na prevenção de declínios funcionais relacionados à idade.

Os benefícios do Pilates para idosos vão além da dor lombar crônica, estudos apontam que a prática contribui para o aumento do equilíbrio dinâmico e estático, reduzindo o risco de quedas (ENGERS et al., 2016). Além disso, há evidências de que o método auxilia na melhora da flexibilidade articular e muscular, especialmente na coluna vertebral e nos membros inferiores (PEREIRA et al., 2022). O fortalecimento muscular proporcionado pelo Pilates também é um aspecto importante, garantindo suporte para a coluna e prevenção de dores crônicas (PATTI et al., 2021).

O Pilates Contemporâneo destaca-se por sua abordagem inclusiva e adaptada para idosos com hipomobilidade. A utilização de equipamentos como bolas, elásticos e aparelhos específicos possibilita ajustes que respeitam as limitações de cada indivíduo, promovendo mobilidade articular e controle motor de forma progressiva. Dessa forma, o Pilates Contemporâneo não só aumenta a amplitude de movimento, como também contribui para a independência funcional dos praticantes (PATTI et al., 2021).

4. OBJETIVOS

4.1. OBJETIVO GERAL

Analisar, por meio de uma revisão integrativa, os efeitos do Pilates tradicional e do contemporâneo na diminuição da dor lombar crônica e na melhora da amplitude de movimento em idosos, comparando seus impactos com o propósito de determinar qual método apresenta melhor desempenho na reabilitação musculoesquelética dessa população.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Descrever as características técnicas e os princípios do Pilates tradicional e do contemporâneo no contexto da reabilitação de idosos com dor lombar crônica e redução de ADM.
  • Analisar a eficácia do Pilates tradicional na redução da dor lombar crônica e na melhoria da mobilidade em idosos, com base nas evidências da literatura científica.
  • Avaliar os benefícios do Pilates contemporâneo na reabilitação da dor lombar crônica e no aumento da amplitude de movimento em idosos, conforme estudos disponíveis.
  • Comparar os impactos do Pilates tradicional e do contemporâneo na redução da dor lombar crônica e na melhora da amplitude de movimento em idosos, identificando qual abordagem apresenta melhores resultados com base na literatura científica.

5. MATERIAL E MÉTODOS

A revisão integrativa é uma abordagem utilizada para coletar dados, sendo um método destinado a sintetizar os resultados de pesquisas sobre um tema ou questão específica de forma sistemática e ordenada. Seu propósito é contribuir para o avanço do conhecimento sobre o tema em questão. De acordo com Cooper (1982, 1989), esse método consiste em agrupar os resultados de pesquisas primárias relacionadas ao mesmo assunto, com o objetivo de sintetizar e analisar esses dados, a fim de desenvolver uma explicação mais abrangente de um fenômeno específico.

Esse tipo de revisão possibilita aos interessados reconhecer os profissionais que mais investigam um assunto, suas áreas de atuação e suas contribuições mais relevantes, permite separar o achado científico de opiniões e ideias, descrever o conhecimento no seu estado atual e promover o impacto da pesquisa sobre a prática profissional. Este método permite fazer generalizações sobre determinados assuntos estudados por vários pesquisadores, em diferentes lugares e momentos, mantendo os interessados atualizados e facilitando as modificações da prática cotidiana como consequência da pesquisa.

Para a busca dos estudos primários serão realizadas em quatro bases de dados: National Library of Medicine (PubMed) (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/), Cochrane Library (https://www.cochranelibrary.com/) e Physiotherapy Evidence Database (PEDro) (https://pedro.org.au/).

Serão utilizados os termos “pilates tradicional”, “pilates contemporâneo”, “dor lombar crônica”, “amplitude de movimento”, “idoso”, “traditional pilates”, “contemporary pilates”, “chronic low back pain”, “classic pilates” “aged” e “older adults”, “range of motion”, “flexibility”, “pilates”. Para a combinação dos descritores serão utilizados os Operadores Booleanos “AND” e “E”. Esses operadores fornecendo a intercessão, apresentando apenas artigos que contenham todas as palavras-chave digitadas, restringindo a amplitude da pesquisa.

Para fins deste projeto serão incluídos trabalhos/artigos publicados entre os anos de 2015 a 2025, publicados em português e inglês. Para essa revisão serão incluídos artigos completos, ensaios clínicos randomizados, estudos de caso controle, excluindo revisões sistemáticas, integrativas ou narrativas, população fora da faixa etária selecionada, condições de saúde não relacionadas.

Para essa revisão será utilizada a recomendação PRISMA de revisão (GALVÃO et al 2015). A recomendação PRISMA consiste em um checklist com 27 itens e um fluxograma de quatro etapas para a seleção dos trabalhos a serem incluídos. O checklist é composto por 27 itens, os quais devem ser incluídos no relato de revisão. Os itens incluem os tópicos que devem obrigatoriamente ser trabalhados desde o título até a conclusão do trabalho (GALVÃO et al 2015) (Figura 5).

A avaliação da elegibilidade e a análise da qualidade dos artigos foram realizadas por dois pesquisadores de forma independente e depois debatidos.

Fora considerada a seguinte questão norteadora para a condução deste projeto: quais os efeitos do pilates tradicional e contemporâneo na redução da dor lombar crônica e na melhora da amplitude de movimento em idosos e qual dos dois métodos apresenta uma maior eficácia com base nas evidências disponíveis na literatura científica?

O processo de seleção dos trabalhos é composto por quatro diferentes fases para a seleção. A primeira fase é a “Identificação” que consiste na busca de artigos, nas bases de dados selecionadas. A “Seleção” é a segunda fase onde ocorre a subtração dos dados, pois é nela que são removidos os estudos duplicados, e dos estudos resultantes, são reavaliados e eliminados os que não se enquadram na pesquisa. A “Elegibilidade” consiste na avaliação para a elegibilidade com análise integral dos mesmos e posteriormente ocorre uma nova exclusão com justificativa. A última fase é a “Inclusão” onde contém o número de estudos incluídos na síntese quantitativa. Após será preenchido o fluxograma de seleção do protocolo PRISMA com os dados referentes a cada fase de seleção (GALVÃO et al 2015) (Figura 7).

Figura 7. Fluxograma

6. RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que este estudo contribua para a prática clínica, identificando qual abordagem do Pilates (tradicional ou contemporâneo) é mais eficaz na reabilitação de idosos com dor lombar crônica em relação a dor e a amplitude de movimento. Os achados poderão fornecer diretrizes para fisioterapeutas sobre a escolha do método mais adequado

7. RESULTADOS ENCONTRADOS

Com base nos seis artigos selecionados na presente revisão integrativa, foi possível observar que o método Pilates, em suas diferentes abordagens, apresenta efeitos positivos no manejo da dor lombar crônica e na melhora funcional em idosos. Dentre os estudos incluídos, a maioria aplicou o método Pilates contemporâneo, caracterizado por exercícios adaptados às necessidades do paciente, com ênfase no controle motor, fortalecimento do core e integração com técnicas modernas de reabilitação.

O estudo de Oliveira et al. (2019) avaliou a eficácia do método Pilates tradicional em comparação com exercícios aeróbicos (esteira) em 74 idosos com dor lombar crônica inespecífica. Ambos os grupos apresentaram redução da dor e melhora funcional após oito semanas de intervenção, mas os autores destacaram que o Pilates clássico, ao trabalhar músculos estabilizadores profundos, proporcionou melhora mais acentuada na amplitude de movimento, especialmente na coluna lombar.

Em contrapartida, Madeira et al. (2023) realizaram uma análise de mediação de um ensaio clínico randomizado com 255 participantes, utilizando o Pilates contemporâneo. O estudo identificou que a redução da catastrofização da dor e da cinesiofobia foi um dos fatores que mediaram a melhora na intensidade da dor e na função física. Embora a amplitude de movimento não tenha sido diretamente avaliada, os resultados sugerem benefícios consistentes do Pilates na reabilitação da dor lombar crônica.

Outro estudo, conduzido por Amaral et al. (2023), investigou os efeitos da associação entre Pilates contemporâneo e diatermia contínua por ondas curtas em pacientes com dor lombar crônica. Os dois grupos avaliados com ou sem diatermia obtiveram melhora significativa na dor, ansiedade e depressão, confirmando que o Pilates, mesmo isoladamente, promove efeitos benéficos sobre aspectos físicos e emocionais da dor crônica. A amplitude de movimento não foi mensurada diretamente neste estudo.

No ensaio clínico de Ribeiro et al. (2024), o Pilates contemporâneo foi comparado a exercícios domiciliares em pacientes com dor lombar crônica. Após seis semanas, o grupo Pilates apresentou redução significativa da dor e da incapacidade funcional, embora os autores ressaltem que essas diferenças não atingiram relevância clínica. A amplitude de movimento também não foi avaliada como desfecho principal, mas os autores destacam a superioridade do Pilates na melhora da qualidade de vida dos participantes.

O estudo de Rossetti et al. (2023) envolveu 80 idosos com dor lombar crônica, divididos em dois grupos: Pilates contemporâneo isolado e Pilates associado à educação em neurociência da dor. Ambos os grupos apresentaram redução significativa na dor, na catastrofização e na incapacidade funcional, sem diferenças significativas entre eles. A intervenção com Pilates contemporâneo incluiu exercícios de mobilização e fortalecimento, adaptados para idosos, como One Leg Circle e The Hundred, reforçando a segurança e a aplicabilidade do método nessa população. A amplitude de movimento não foi medida diretamente, mas o trabalho reforça a eficácia do método sobre aspectos funcionais.

Por fim, o estudo de Geremia et al. (2015) foi o único entre os selecionados que avaliou diretamente os efeitos do Pilates sobre a amplitude de movimento em idosos. Os 20 participantes realizaram um programa de 10 semanas com Pilates solo adaptado com bola, caracterizando o uso do Pilates contemporâneo. Os resultados demonstraram melhora significativa da flexibilidade nas articulações da coluna toracolombar e cervical, ombros, quadris e joelhos, com destaque para os ganhos em flexão e extensão da coluna, além de rotação externa dos ombros. Este estudo, embora não tenha avaliado a dor, contribuiu substancialmente para a compreensão dos efeitos do método sobre a mobilidade articular em idosos.

Diante desses achados, conclui-se que o Pilates contemporâneo foi o mais utilizado e o mais eficaz, de acordo com os estudos analisados, especialmente por sua adaptabilidade, segurança e aplicabilidade na reabilitação de idosos com dor lombar crônica. No entanto, observa-se uma lacuna na literatura no que diz respeito a estudos que abordem de forma específica e sistematizada a relação entre dor, amplitude de movimento e o método Pilates em idosos. A escassez de pesquisas com metodologia rigorosa, bem como as dificuldades de acesso a artigos completos em algumas bases de dados, ainda representam entraves importantes para a consolidação de evidências robustas. Dessa forma, reforça-se a necessidade de novos estudos clínicos com maior controle metodológico, amostras representativas e avaliação integrada de dor e mobilidade funcional, a fim de fortalecer as recomendações clínicas para o uso do Pilates nessa população.

8. CONCLUSÃO

A presente revisão integrativa permitiu analisar e comparar os efeitos do método Pilates clássico e contemporâneo na reabilitação de idosos com dor lombar crônica (DLC) e limitação da amplitude de movimento (ADM). Os estudos analisados demonstraram que ambas as abordagens promovem benefícios relevantes, como redução da dor, melhora da funcionalidade e aumento da qualidade de vida.

Contudo, observou-se que o Pilates contemporâneo apresenta maior aplicabilidade clínica, principalmente por sua capacidade de adaptação às limitações da população idosa, utilização de recursos variados e integração com princípios da fisioterapia moderna. Já o método clássico, embora também traga resultados favoráveis, possui uma estrutura mais rígida, o que pode limitar sua personalização em alguns contextos terapêuticos.

Apesar dos resultados positivos encontrados, a literatura ainda carece de estudos comparativos diretos entre os dois métodos, especialmente com foco na avaliação quantitativa da ADM. Assim, reforça-se a necessidade de novas pesquisas com rigor metodológico, amostras representativas e desfechos combinados que considerem tanto a dor quanto a mobilidade funcional dos idosos.

Conclui-se, portanto, que o Pilates em suas diferentes abordagens é uma ferramenta segura e benéfica na reabilitação da DLC em idosos, sendo o método contemporâneo o que atualmente apresenta maior versatilidade e aderência à prática fisioterapêutica baseada em evidências.

9. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

10. CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO

* Equipamentos já adquiridos ou cedidos pelo Centro de Reabilitação ou local de execução do projeto. Apesar de não envolver despesas diretas com coleta de dados em campo, o projeto exige infraestrutura mínima de informática e conectividade para acessar bancos de dados científicos, redigir os documentos acadêmicos e participar de reuniões remotas com a orientadora. A presença desses itens garante qualidade, continuidade e segurança metodológica ao trabalho.

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