IMPACT OF PHYSICAL EXERCISE AS A COMPLEMENTARY THERAPY ON ANXIETY AND DEPRESSION LEVELS IN THE ELDERLY: A SYSTEMATIC REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202506120640
Samuel Lucas Pereira Sousa1
Leyla Regis de Meneses Sousa Carvalho2
RESUMO
Introdução: A depressão e a ansiedade ocorrem em diferentes idades, mas afetam especialmente na faixa etária acima 60 anos. Objetivo: Diante desse cenário, o presente estudo buscou analisar o impacto do exercício físico como terapia complementar nos níveis de ansiedade e depressão em idosos. Metodologia: A pesquisa foi feita por meio de uma revisão integrativa de 15 artigos publicados no Brasil com recorte temporal 2015 e 2025, com foco em estudos com práticas de atividade física aplicadas. As buscas ocorreram nas bases SciELO, PubMed, LILACS e Google Scholar, com descritores voltados à saúde mental, atividade física e envelhecimento. Resultados: A prática regular de exercícios vem reduzindo consideravelmente os sintomas de ansiedade e depressão, além de melhoria no humor, também foram observados ganhos na autoestima, autonomia dentre outros benefícios. Os instrumentos mais utilizados nas avaliações foram a Escala de Depressão Geriátrica (GDS15), o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e o WHOQOL. Conclusão: Manter um estilo de vida ativo é uma alternativa segura, eficaz e aplicável na rotina de cuidados tanto na saúde física quanto mental de idosos, sendo uma estratégia que pode ser incluída em programas de promoção da saúde.
Palavras-chave: Ansiedade. Depressão. Exercício. Idosos.
ABSTRACT
Introduction: Depression and anxiety occur at different ages but particularly affect those over 60 years old. Objective: In light of this scenario, the present study aimed to analyze the impact of physical exercise as a complementary therapy on anxiety and depression levels in the elderly. Methodology: The research was conducted through an integrative review of 15 articles published in Brazil between 2015 and 2025, focusing on studies involving applied physical activity practices. Searches were conducted in the SciELO, PubMed, LILACS, and Google Scholar databases, using descriptors related to mental health, physical activity, and aging. Results: Regular exercise has significantly reduced symptoms of anxiety and depression, as well as improved mood; gains in self-esteem, autonomy, and other benefits were also observed. The most commonly used assessment tools were the Geriatric Depression Scale (GDS-15) and the Beck Anxiety Inventory (BAI).de ánimo, también se observaron ganancias en la autoestima, la autonomía entre otros beneficios. Los instrumentos más utilizados en las evaluaciones fueron la Escala de Depresión Geriátrica (GDS-15), el Inventario de Ansiedad de Beck (BAI) and the WHOQOL. Conclusion: Maintaining an active lifestyle is a safe, effective, and applicable alternative in the routine care for both the physical and mental health of the elderly, being a strategy that can be included in health promotion programs.
Keywords: Anxiety. Depression. Exercise. Older Adults.
1 INTRODUÇÃO
Dentre os transtornos mentais prevalentes na população idosa estão a depressão e a ansiedade importante colocando a saúde publica em uma situação bastante desafiadora. Dados da Organização Mundial da Saúde (2017) estima que, um estudo publicado na revista The Lancet avaliou que acima de 264 milhões de pessoas vivem com depressão e mais de 284 milhões com ansiedade em todo o mundo (SANTO MAURO et al., 2021). No Brasil, dados do PNS – Pesquisa Nacional de Saúde indicam que aproximadamente 13,2% dos indivíduos acima de 60 anos já receberam diagnóstico de depressão (FÓRUM DCNTS, 2025).
A ansiedade é caracterizada por sensações contínuas de apreensão, medo, inquietação e sintomas físicos como taquicardia e sudorese (SARDINHA, 2025), enquanto que, a depressão se manifesta com tristeza profunda, desânimo, cansaço, insônia e redução do apetite, podendo evoluir para quadros mais graves, como pensamentos suicidas (DE, 2025), as duas condições comprometem o bem-estar, a convivência entre os pares e a autonomia funcional, sendo agravadas por fatores comuns ao envelhecimento, como isolamento, perdas afetivas, declínio cognitivo e doenças crônicas (CORREIA et al., 2022).
Algumas situações como: aposentadoria, morte de familiares ou amigos, sensação de inutilidade, dependência de terceiros, solidão, baixa renda, uso contínuo de medicamentos e o sedentarismo em especial, se configuram como fatores de risco, além da perca da autonomia e a agravo do estado emocional (ROMERO et al., 2021).
Embora os tratamentos convencionais envolvam psicoterapias e o uso de fármacos, estratégias não farmacológicas têm sido cada vez mais adotadas, a exemplo a prática regular de exercícios que se destaca proporcionar benefícios físicos, cognitivos e emocionais, posto que, a prática regular de exercícios estimula a liberação de substâncias como endorfinas, dopamina e serotonina, que auxiliam na melhoria do humor e do bem-estar (SANTOSOLIVEIRA et al., 2024). Diante do exposto Oliveira, Silva e Sousa-Carvalho (2022), reforçam em suas considerações que os exercícios auxiliam na liberação de substâncias químicas, que desempenham papel relevante na saúde mental de uma forma geral, essas endorfinas agem diretamente no cérebro minimizando os sintomas desse transtorno sendo bastante eficiente especialmente em níveis leves e moderados.
Além disso, contribuem para a autoestima, a percepção de controle e a interação social, fatores essenciais para a saúde emocional na velhice. Também há efeitos fisiológicos importantes, como a redução dos níveis de cortisol (hormônio do estresse), a melhora da oxigenação cerebral e o fortalecimento das funções cognitivas (MORAES et al., 2012).
Adicionalmente, essas práticas promovem força muscular, equilíbrio e mobilidade, reduzindo riscos de quedas e internações, sendo realizada em grupos, também estimulam o convívio e reduzem a sensação de solidão, criando sustentáculos importantes para a saúde mental (MORAES et al., 2012).
De acordo com Mendes et al. (2017), idosos ativos tem apresentado redução nos sintomas de ansiedade e depressão quando comparados a idosos sedentários.
Diante desse cenário, a presente revisão parte da seguinte questão: Como o exercício físico pode contribuir para o tratamento da ansiedade e da depressão em idosos? A escolha do tema se justifica pelo alto número de idosos afetados por transtornos mentais, pela necessidade de alternativas terapêuticas acessíveis e pela escassez de informações práticas para os profissionais de saúde que atuam com essa população.
O objetivo geral do estudo é analisar o impacto do exercício físico como terapia complementar nos níveis de ansiedade e depressão em idosos, com o intuito de destacar a importância de um estilo de vida ativo para a redução deste quadro, bem como, as intervenções mais aplicáveis e seus possíveis efeitos em diferentes contextos sejam eles: clínicos, domiciliares ou comunitários.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho é uma revisão integrativa, um tipo de estudo que tem como objetivo segundo Botelho, Cunha e Macedo (2011) aproximar o pesquisador à pergunta norteadora da pesquisa, desenhando um cenário sobre a sua produção científica, de maneira tal, que admite se conhecer a evolução do tema proposto ao longo do tempo.
As buscas pelos artigos foram realizadas entre março e junho de 2025, em quatro bases de dados: SciELO, LILACS, PubMed e Medline. Foram utilizados termos como: “ansiedade em idosos”, “depressão em idosos”, “atividade física em idosos”, “exercício físico”, “ansiedade e exercício físico” e “depressão e exercício físico”. Esses termos foram escolhidos com base no vocabulário padronizado dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e combinados por meio de operadores booleanos (“AND” e “OR”).
Os critérios adotados para incluir os estudos na revisão foram os seguintes:
– Artigos originais publicados no Brasil entre 2015 e 2025;
– Escritos em português;
– Disponíveis na íntegra;
– Com intervenções práticas envolvendo exercício físico em idosos (pessoas com 60 anos ou mais);
– Estudos com delineamento experimental ou quase-experimental.
– Os critérios adotados para excluir os estudos na revisão foram os seguintes:
– Artigos internacionais, repetidos e incompletos
– Artigos de revisões de literatura e estudos de caso,
– Monografia, dissertações, teses, livros e quaisquer artigos e ou estudos que incluíam outras faixas etárias que não fosse proposta pelo estudo.
A seleção dos artigos seguiu o modelo de análise de conteúdo proposto por Bardin (2011): a) inicialmente foi feita uma leitura de familiarização dos títulos e resumos para identificar os estudos que se enquadravam nos critérios; b) Em seguida, foi realizada a leitura completa dos textos selecionados, para extrair e organizar informações relevantes, como: autores, ano, objetivos, tipo de exercício, instrumentos usados para avaliação e os principais resultados, c) E finalmente a os dados foram reunidos em uma planilha para facilitar a análise e comparação, sempre respeitando o rigor metodológico exigido nesse tipo de pesquisa, garantindo a validade dos resultados apresentados.
A pergunta norteadora que conduziu esta revisão foi: Como o exercício físico pode contribuir no tratamento da ansiedade e depressão em idosos?
O processo de seleção dos artigos foi resumido em um fluxograma (Quadro 1), abaixo, mostra todas as etapas: identificação, exclusão de duplicatas, triagem, leitura dos textos completos e seleção final dos estudos que compõem esta revisão.
Quadro 1 Fluxograma da filtragem dos arquivos

3 RESULTADOS
3.1 Revisão Bibliométrica
Após a coleta de dados, utilizando os critérios de exclusão e inclusão, os dados foram organizados em categorias de acordo com suas similaridades, foram identificados nas Bases de dados (186) artigos; foram excluídos (26); artigos encontrados compatíveis com o tema (73); artigos retidos para elegibilidade (32), restando para revisão 15 estudos, foi feita uma sumarização dos objetivos propostos e do resumo contido em cada artigo selecionado totalizando 15 estudos brasileiros publicados entre 2015 e 2025, por fim, foram categorizados e aparelhados cronologicamente, conferindo os dados encontrados na análise com intuito de atender aos objetivos propostos que trata de analisar o impacto do exercício físico como terapia complementar nos níveis de ansiedade e depressão em idosos
Por meio dos artigos selecionados foram identificadas diferentes modalidades de exercício, aplicadas aos idosos acima de 60 anos com prevalência de publicações entre os anos de 2018 e 2023, esse desfecho sugere uma intensidade de interesse nesta temática em questão.
A concentração de estudos foi mais relevante em periódicos como: Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a Revista Brasileira de Educação Física e Esporte e a Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Isso demonstra a consolidação do tema como uma área relevante na produção científica nacional.
3.2 Características Metodológicas dos Estudos
Na perspectiva metodológica, houve prevalência de estudos como: ensaios clínicos randomizados e estudos quase-experimentais, com predominância de instrumentos validados como: Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15) e Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), reforçando a qualidade e rigor nos resultados propostos, entretanto, outros instrumentos apareceram em menor proporção, como o PHQ-9, WHOQOL-Bref, WHOQOL-Old e o SF- 36, que objetivam avaliar outras variáveis como: qualidade de vida e aspectos funcionais. As intervenções mais aplicadas foram: musculação, caminhada, Pilates, hidroginástica, dança, yoga e outras formas de exercício ajustadas à realidade dos idosos com desfechos prevalentes nos aspectos como: melhoria na mobilidade, nos sintomas emocionais como: autoestima, humor e qualidade de vida em geral.
Os 15 estudos analisados utilizaram prevalentemente os métodos quantitativos com ensaios clínicos randomizados (RCTs), considerados um método de alta confiabilidade, posto que, possibilita o controle de variáveis e minimiza vieses de confusão, tornando os resultados com níveis mais confiáveis.
Considerando as diferenças entre os métodos e tipos de intervenção aplicada, se faz necessário ressaltar que todos os estudos relataram desfechos positivos tanto nos sintomas de depressão quanto ansiedade, isso intensifica a proposta de que manter um estilo de vida ativo, com práticas bem orientadas favorece a promoção da saúde e qualidade vida do idoso, especialmente a saúde mental
3.4. Revisão dos artigos
A seguir, no quadro 01, os dados apresentados abaixo em ordem cronológica de publicação contendo os seguintes itens distribuídos e ordenados em: autor (ano), título, objetivo, metodologia, síntese dos resultados e considerações finais.
Quadro 2: Síntese dos impactos do exercício físico nos níveis de ansiedade e depressão em idosos
Autor e Ano | Título | Objetivo | Metodologia | Resultados/Considerações |
Brunoni et al. (2015) | Treinamento de força diminui os sintomas depressivos… | Avaliar os efeitos de treino de força sobre depressão e QV | Intervenção (12 sem.), 24 idosas, EDG15 e SF-36 | Redução dos sintomas depressivos e melhora da qualidade de vida |
Martins et al. (2015) | Efeitos do alongamento terapêutico na ansiedade… | Avaliar se alongamentos reduzem ansiedade | Ensaio clínico (6 sem.), 19 idosos, BAI | Queda significativa nos níveis de ansiedade |
Cardoso et al. (2016) | Impacto do Tai Chi Chuan nos níveis de depressão… | Analisar os efeitos do Tai Chi na depressão | Experimental (12 sem.), 25 idosos, GDS15 | Redução importante nos escores de depressão |
Silva et al. (2017) | Treinamento funcional e saúde mental de idosos… | Estudar efeitos de funcional sobre depressão e ansiedade | Intervenção (10 sem.), 20 idosos, GDS15 e BAI | Melhora moderada na depressão e ansiedade |
Ferreira et al. (2018) | Treinamento resistido e qualidade de vida em idosos… | Avaliar efeitos na ansiedade em idosos com Parkinson | RCT (24 sem.), 35 idosos, BAI e PDQ-39 | Redução de ansiedade e melhora da qualidade de vida |
Lima et al. (2019) | Caminhada supervisionada e indicadores de depressão… | Investigar caminhada regular e depressão | Longitudinal (3 meses), 18 idosas, GDS | Redução significativa dos sintomas depressivos |
Rodrigues et al. (2020) | Hidroginástica e ansiedade em idosos | Verificar eficácia da hidroginástica na ansiedade | Intervenção (16 sem.), 30 idosos, BAI | Diminuição significativa da ansiedade |
Cassiano et al (2020). | Exercício físico, risco cardiovascular e depressão | Avaliar efeitos de programa multicomponente | Quaseexperimento (16 sem.), 48 idosos, GDS e SF-36 | Queda de sintomas depressivos e melhora funcional |
Souza et al. (2021) | Dança sênior e autoestima em idosas | Avaliar impacto da dança em depressão e autoestima | Intervenção, 22 idosas, GDS e escala de autoestima | Melhora da autoestima e redução dos sintomas depressivos |
FernandesPucci et al. (2021) | Pilates vs Treinamento Resistido na saúde mental | Comparar Pilates e musculação na QV de idosas | RCT (12 sem.), 41 idosas, WHOQOL, SF-36 | Pilates e TR melhoram saúde mental; destaque para vitalidade |
Gomes et al. (2022) | Yoga e bem-estar emocional de idosas urbanas | Testar efeitos do yoga em ansiedade e QV | Intervenção (8 sem.), 16 idosas, BAI, WHOQOL | Redução de ansiedade e aumento de bem-estar emocional |
Oliveira et al. (2023) | Programa multicomponente e depressão em idosos | Analisar efeitos de múltiplos exercícios na depressão | Intervenção (10 sem.), 28 idosos, GDS15 | Redução dos sintomas depressivos em mais de 50% |
Miziara et al. (2023) | Aumento da atividade física e sintomas depressivos | Verificar impacto do aumento da atividade física | Intervenção (4 meses), 21 idosas, BAI, BDI | Queda nos sintomas de depressão e melhora clínica |
Pires et al. (2024) | Pilates online na pandemia e saúde mental de idosos | Analisar Pilates remoto no isolamento | RCT (12 sem.), 56 idosos, PHQ9, WHOQOL | Manutenção da saúde mental e melhora de aspectos psicológicos |
Barbosa et al. (2024) | Corrida leve e humor em idosos com depressão | Testar se corrida melhora humor e depressão | Ensaio controlado (12 sem.), 26 idosos, BDI | Melhora significativa no humor e queda dos escores depressivos |
4 DISCUSSÃO
Com relação aos efeitos positivos do exercício físico sobre a saúde mental dos idosos os estudos analisados nesta revisão demonstram, de forma consistente, que o exercício físico regular pode ser uma ferramenta eficaz na redução dos sintomas de depressão e ansiedade em idosos. Em todos os 15 trabalhos incluídos, os participantes que se engajaram em atividades físicas apresentaram melhoras significativas no bem-estar emocional, quando comparados a idosos sedentários.
Brunoni et al. (2015), a exemplo, mostraram que o treinamento de força realizado ao longo de 12 semanas reduziu os sintomas depressivos e melhorou a qualidade de vida em mulheres idosas. De forma semelhante, Ferreira et al. (2018) observaram efeitos positivos do treinamento resistido sobre a ansiedade e a qualidade de vida em idosos com doença de Parkinson, reforçando o impacto do exercício mesmo em populações com condições clínicas mais complexas.
Em suas considerações Silva, Cantalice e Sousa-Carvalho (2024) chamam atenção para o fato de que a estimulação das habilidades motoras são componentes essenciais para a permanência da independência funcional do idoso, tendo em vista que, a obtenção dessas habilidades favorece a capacidade de realizar atividades da vida diária – AVD’S com mais segurança e eficiência, a exemplo, deslocamentos diários e necessidades do dia-a-dia, portanto, a preservação dessas habilidades, reduz o risco de quedas trazendo autoconfiança e consequente autonomia impactando significativamente na saúde mental, portanto, o incremento tanto das capacidades quanto das habilidades motoras são ferramentas essenciais para um envelhecimento ativo, saudável e independente.
Outras intervenções com atividades de menor intensidade também se mostraram eficazes, Martins et al. (2015) registraram redução dos níveis de ansiedade após seis semanas de alongamento terapêutico, assim como, Cardoso et al. (2016) relataram queda nos sintomas de depressão após a prática de Tai Chi Chuan, uma atividade de baixo impacto e fácil adaptação.
Em todos esses estudos, a prática de exercícios teve um papel não apenas fisiológico, mas também emocional e social. Os exercícios contribuem para a liberação de neurotransmissores ligados ao prazer e ao equilíbrio do humor, além de melhoria no sono, a autoestima e a sensação de controle sobre a própria vida (SANTOS-OLIVEIRA et al., 2024; MORAES et al., 2012).
Mesmo práticas simples, como caminhada (LIMA et al., 2019) ou hidroginástica (RODRIGUES et al., 2020), mostraram-se eficazes para aliviar sintomas emocionais. Isso reforça a ideia de que a regularidade da atividade, mais do que sua intensidade, é o fatorchave para os benefícios observados.
No tocante às práticas integrativas no contexto social e comorbidades foram identificadas que além dos exercícios tradicionais, houve prevalência significativa em estudos que utilizaram atividades de baixo impacto, como: yoga, Tai Chi Chuan e Pilates, essas modalidades se destacam especialmente por trabalharem o corpo e a mente de forma conjunta, oferecendo benefícios tanto físicos quanto emocionais.
O estudo de Gomes et al. (2022) demonstrou que a prática de yoga durante oito semanas contribuiu para a redução da ansiedade e melhoria do bem-estar emocional de idosas, corroborando com Cardoso et al. (2016) que também observou resultados semelhantes com o Tai Chi Chuan, uma atividade que envolve concentração, respiração e movimentos suaves, sendo especialmente indicada para idosos com limitações motoras.
O Pilates também apareceu em diferentes formatos, Fernandes-Pucci et al. (2021) compararam seus efeitos com os do treinamento resistido e encontraram melhorias em nos dois grupos, com destaque para a vitalidade e qualidade de vida. Pires et al. (2024), por sua vez, mostraram que até mesmo o Pilates realizado de forma remota, durante o isolamento social, teve impacto positivo na saúde mental de idosos, com melhoria em aspectos psicológicos e estabilidade nos níveis de depressão.
Outro fator relevante evidenciado pelos estudos foi o papel das atividades em grupo, Souza et al. (2021) demonstraram que a dança sênior, além de contribuir fisicamente, fortalece a autoestima e o convívio social, assim como, Miziara et al. (2023) destacaram que a participação em programas de extensão universitária com atividades físicas leves reduziu significativamente os sintomas de depressão e ansiedade em idosas.
Esses resultados segundo Brunoni et al. (2015), reforçam que o exercício físico atua também no enfrentamento da solidão, criando espaços de pertencimento e interação colaborando nos aspectos fundamentais para a saúde emocional na terceira idade.
Importante destacar que os benefícios foram observados mesmo em populações com doenças crônicas, como atesta Ferreira et al. (2018) quando relatam melhorias emocionais em idosos com Parkinson, enquanto, Cassiano et al. (2020) demonstraram que um programa de exercícios multicomponentes contribuiu para a saúde mental e cardiovascular de idosos hipertensos.
Esses achados ampliam o campo de atuação do exercício físico, mostrando que ele pode ser seguro e adaptável, mesmo em condições clínicas mais delicadas, em relação aos tipos de exercício, tempo de intervenção e implicações práticasos estudos analisados sugerem que não houve que não houve um tipo de exercício considerado mais eficaz, mas sim uma variedade de práticas que podem ser adaptadas às condições físicas, emocionais e sociais de cada idoso. Atividades como: caminhada, musculação, dança, Pilates, yoga, hidroginástica e Tai Chi Chuan apresentaram resultados positivos, desde que aplicadas de forma regular e supervisionada.
Além disso, práticas simples como alongamento (Martins et al., 2015) ou caminhada supervisionada (Lima et al., 2019) foram suficientes para reduzir os sintomas emocionais de forma consistente.
Outro fator de destaque é que os benefícios não dependem de estruturas complexas ou equipamentos sofisticados. O mais importante parece ser o engajamento contínuo do idoso, a adequação da prática à sua realidade e o suporte oferecido durante o processo.
A revisão também destaca a importância do contexto social, tendo em vista que, estudos com atividades em grupo mostraram maior engajamento e efeitos positivos sobre o humor, autoestima e sociabilidade. Esses dados reforçam que, além dos aspectos fisiológicos, o exercício também atua no campo relacional e afetivo, o que é fundamental para um envelhecimento saudável, segundo Cardoso Furtado e Sousa-Carvalho (2022) com a chegada deste ciclo, muitos idosos são acometidos por diversas doenças, sofrem com perdas ao longo da vida como: viuvez, solidão, morte de entes queridos dentre outros, eventos esses recaindo principalmente no aspecto emocional.
Por fim, o conjunto de evidências aqui reunidas mostra que o exercício físico é uma estratégia terapêutica segura, eficaz e acessível, com potencial de aplicação em diversos contextos: unidades de saúde, grupos comunitários, academias da terceira idade e até mesmo em casa e com suporte remoto.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática regular de exercícios exerce efeitos positivos na saúde mental da população idosa. A hipótese inicial foi confirmada: idosos fisicamente ativos apresentam níveis mais baixos de sintomas depressivos e ansiosos em comparação aos sedentários. As intervenções analisadas variaram em tipo, intensidade e duração, mas todas resultaram em benefícios emocionais e funcionais relevantes, independentemente da modalidade escolhida.
Os estudos também sugeriram que não existe um exercício mais eficaz, mas sim um leque de opções que podem ser adaptadas às capacidades e preferências de cada idoso, desta forma, práticas simples como: caminhada, alongamento e dança, assim como métodos mais estruturados como: musculação, pilates e yoga, revelaram-se eficientes quando aplicadas com regularidade e supervisão adequada.
Outro ponto importante foi o impacto positivo das atividades realizadas em grupos, que além de promoverem saúde física, fortalecem vínculos sociais e contribuem para o enfrentamento da solidão outro fator de risco que corrobora na aquisição de transtornos mentais em idosos.
Dessa forma, o exercício físico deve ser compreendido não apenas como um complemento ao tratamento medicamentoso ou psicológico, mas como parte integrante das estratégias de promoção da saúde mental na terceira idade, sua inclusão em programas de saúde pública, centros de reabilitação e ações comunitárias é uma medida viável de baixo custo e alto impacto.
Como limitação, destaca-se o recorte da revisão para estudos nacionais, publicados em português. Embora essa delimitação atenda ao foco do trabalho, ela restringe a comparação com dados internacionais, ainda assim, os resultados obtidos são sólidos e oferecem importantes subsídios para profissionais de saúde, gestores e pesquisadores interessados na melhoria da qualidade de vida dos idosos.
Recomenda-se que futuras pesquisas explorem diferentes contextos sociais, culturais e clínicos, ampliando o uso de tecnologias, como plataformas online, e considerando variáveis como gênero, faixa etária avançada e presença de comorbidades, dessa forma, será possível avançar na construção de intervenções cada vez mais eficazes, humanas e acessíveis.
6 REFERÊNCIAS
BOTELHO, L.R.R.; CUNHA, C.C.A.; MACEDO, M. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Revista Gestão e Sociedade, Belo Horizonte, v.5, n.11, p.121-136, 2011
BARBOSA, F. M. et al. Corrida leve e melhora de humor em idosos com sintomas depressivos. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v. 21, n. 1, p.44– 53, 2024.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
BRUNONI, A. R. et al. Treinamento de força diminui os sintomas depressivos e melhora a qualidade de vida relacionada à saúde em idosas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 29, n.3, p. 273–280, 2015.
CARDOSO, L. M. et al. Impacto do tai chi chuan nos níveis de depressão em idosos. Revista Kairós: Gerontologia, v.19, n.4, p.153–169, 2016.
CARDOSO, L.R.M.; FURTADO, C.M.S.; SOUSA-CARVALHO, L.R.M.S. Exercício físico como terapia complementar no tratamento da depressão em idosos: uma revisão integrativa, Research, Society and Development, v.11, n.16, p.1-10, 2022
CASSIANO, A. N. et al. Efeitos do exercício físico sobre o risco cardiovascular e qualidade de vida em idosos hipertensos. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 11, p.4281-4290, 2020.
CORREIA, A. S. B. et al. Depressão e ansiedade em idosos com e sem feridas crônicas. Revista Kairós: Gerontologia, v. 25, n. 2, p. 179–194, 2022.
DE, E. 14 principais sinais e sintomas da depressão. 2025. Disponível em: https://medprev.online/blog/doencas/14-principais-sintomas-e-sinais-da-depressao/. Acesso em:03. jun.2025.
FERNANDES-PUCCI, M. et al. Efeito do treinamento resistido e do Pilates na qualidade de vida de idosas: um ensaio clínico randomizado. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 24, n. 3, p. 1–11, 2021.
FERREIRA, M. S. et al. O efeito do treinamento resistido sobre sintomas de ansiedade e qualidade de vida em idosos com doença de Parkinson. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v.76, n.5, p. 345–351, 2018.
FÓRUM DCNTS. IBGE liberou hoje os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 – DCNTs afetam 52% da população. 2019. Disponível em: https://www.forumdcnts.org/post/pns-2019. Acesso em: 03.jun.2025.
GOMES, A. C. et al. Yoga e saúde emocional de idosas em contexto urbano. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v.27, n.2, p.1–9, 2022.
LIMA, D. S. et al. Caminhada supervisionada e indicadores de depressão em mulheres idosas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.25, n.4, p.311–316, 2019.
MARTINS, V. T. et al. Efeitos do alongamento terapêutico na ansiedade de idosos. Revista de Terapias Integrativas, v.14, n.2, p.101–110, 2015.
MENDES, G. A. B. et al. Relação entre atividade física e depressão em idosos: uma revisão integrativa. Revista de Atenção à Saúde, v.15, n.53, p.110–116, 2017.
MIZIARA, A. et al. Efeito do aumento no nível de atividade física sobre a ansiedade e depressão em idosas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v.37, n.1, p. 88–96, 2023.
MORAES, H. et al. O efeito do exercício físico nos níveis de cortisol em idosos: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 17, n. 4, p. 314– 320, 2012.
OLIVEIRA, H. R. et al. Treinamento multicomponente e indicadores de saúde mental em idosos ativos. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v.28, n.1, p.1–10, 2023.
OLIVEIRA, M.S.; SILVA, M.E.N.; SOUSA-CARVALHO, L. R M. S. Prevalência de depressão e fatores associados em universitários do curso de educação física praticantes e não praticantes do exercício físico em uma capital do Nordeste. Research, Society and Development, v.11, n.15, p.1-10,2022
PIRES, M. J. et al. Efeitos do Mat Pilates online nos sintomas depressivos e na qualidade de vida de idosos: um ensaio clínico randomizado e controlado. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 29, n. 1, p. 1–13, 2024.
RODRIGUES, P. A. et al. Efeitos da hidroginástica nos sintomas de ansiedade em idosos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v.23, n.2, p.223–231, 2020.
ROMERO, D. E. et al. Idosos no contexto da pandemia da COVID-19 no Brasil: efeitos nas condições de saúde, renda e trabalho. Cadernos de Saúde Pública, v. 37, n. 3, p. 1-16, 2021.
SANTOMAURO, D. F. et al. Global prevalence and burden of depressive and anxiety disorders in 204 countries and territories in 2020 due to the COVID-19 pandemic. The Lancet, v. 398, n.10312, p.1700–1712, 2021.
SANTOS-OLIVEIRA, R. P. et al. Efeitos da prática de exercícios físicos na melhoria da saúde mental. Revista FT, v. 28, n.138, p.1-15, 2024.
SARDINHA, V. Ansiedade: o que é, sintomas e tratamentos. Mundo Educação. 2025. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/psicologia/ansiedade.htm. Acesso em: 03.jun.2025.
SILVA, D.H.P.; CANTALICE, M.V.S.; SOUSA-CARVALHO, L.R.M. Habilidades motoras e funcionalidade corporal na saúde e qualidade de vida em idosos praticantes de exercícios físicos, Revista ft, v.29, n.140, p.1-20, 2024
SILVA, T. R. et al. Treinamento funcional e saúde mental de idosos institucionalizados. Revista Kairós: Gerontologia, v.20, n.1, p.189–204, 2017.
SOUZA, M. C. et al. Intervenção com dança sênior e aspectos emocionais em idosas. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v.24, n 2, p.197–208, 2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. (2017) Depression and other common mental disorders global healthestimates. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/254610. Acesso em 03.jun.2025
1Acadêmico de educação física do curso de bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Santo Agostino, e-mail: lidiamarquess@gmail.com.
2Doutora em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília –UCB, Professora da Faculdade UNIFSA. Teresina/PI _ Brasil. e-mail: leyla.regis@hotmail.com. Orcid: 0000-0001-9912-4166