DESAFIOS À EFETIVIDADE DA PROTEÇÃO PENAL AMBIENTAL FACE AO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL: UMA ANÁLISE CRÍTICA

CHALLENGES TO THE EFFECTIVENESS OF ENVIRONMENTAL CRIMINAL PROTECTION IN THE FACE OF WILDLIFE TRAFFICKING IN BRAZIL: A CRITICAL  ANALYSIS

REGISTRO DOI: REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202506201037


Autora: Angelina Carvajal Jordão
Orientador: Isabella Leonel Cereda


RESUMO 

O presente estudo buscou saber quais são os desafios mais relevantes para alcançar  uma proteção penal ambiental efetiva no combate ao tráfico de animais silvestres no  Brasil e quais as possíveis soluções para os problemas enfrentados. O objetivo foi  refletir sobre os desafios envolvendo a efetividade da proteção penal ambiental no que  tange ao tráfico de animais silvestres no Brasil, apresentando alternativas para o  enfrentamento do problema. O método contou com abordagem jurídica, doutrinária e  documental e na análise de legislações brasileiras e internacionais (Estados Unidos e  da Austrália). A pesquisa qualitativa focou na integração de elementos legais,  ambientais e sociais, para fomentar uma perspectiva ampla e crítica sobre o assunto,  oferecendo ainda algumas alternativas de solução. Verificou-se que a ausência de  mecanismos eficientes para a cooperação internacional dificulta o enfrentamento de um  crime que ultrapassa fronteiras, tornando imprescindível a integração entre os  dispositivos jurídicos nacionais e internacionais. A comparação com legislações mais  rígidas, como as dos Estados Unidos e da Austrália, reforça a necessidade do Brasil  revisar e fortalecer seu ordenamento jurídico, investindo também na capacitação dos  órgãos fiscalizadores e no fortalecimento institucional para garantir a efetiva aplicação  das normas. Concluiu-se que as possíveis estratégias de enfrentamento ao tráfico de  animais silvestres estão na criação de tipos penais mais específicos e proporcionais à  gravidade do crime, o desenvolvimento de políticas públicas abrangentes que envolvam  prevenção e educação ambiental, além da promoção da cooperação internacional e do  engajamento da sociedade civil.  

Palavras-chaves: Crime. Legislação. Proteção Ambiental. Tráfico de Animais  Silvestres. 

ABSTRACT 

The present study sought to know what the most relevant challenges are to achieve  effective environmental criminal protection in the fight against wildlife trafficking in Brazil  and what are the workable solutions to the problems faced. The objective was to reflect  on the challenges involving the effectiveness of environmental criminal protection with  regard to wildlife trafficking in Brazil, presenting alternatives to face the problem. The  method relied on a legal, doctrinal and documentary approach and in the analysis of  Brazilian and international legislation (United States and Australia). The qualitative  research focused on the integration of legal, environmental and social elements, to  foster a broad and critical perspective on the subject, also offering some alternative  solutions. It was found that the absence of efficient mechanisms for international  cooperation makes it difficult to confront a crime that crosses borders, making it  essential to integrate national and international legal provisions. The comparison with  stricter legislation, such as those of the United States and Australia, reinforces the need  for Brazil to review and strengthen its legal system, also investing in the training of  inspection agencies and institutional strengthening to ensure the effective application of  the rules. It was concluded that the possible strategies to confront wildlife trafficking are  the creation of more specific criminal types proportional to the severity of the crime, the  development of comprehensive public policies that involve prevention and  environmental education, in addition to the promotion of international cooperation and  the engagement of civil society.  

Keywords: Crime. Legislation. Environmental Protection. Trafficking of Wild Animals.

1. INTRODUÇÃO 

No contexto da defesa da fauna e da flora no Brasil, muitos são os desafios  impostos pelas constantes ameaças decorrentes das ações humanas. Entre estas,  destaca-se com maior evidência o tráfico de animais silvestres, configurando-se como  um dos gargalos mais expressivos e complexos ainda latentes no século XXI. Esse  fenômeno constitui um crime que extrapola uma simples questão ambiental, pois abarca  elementos sociais, sanitários, econômicos e até culturais, ultrapassando os limites  fronteiriços do território nacional e representando uma consolidada rede criminosa de  alcance mundial (Duarte et al., 2021). 

Nesse sentido, é relevante considerar os dados do World Wildlife Crime Report  (2022), que indicam que a comercialização criminosa da fauna e flora movimenta  anualmente aproximadamente 24 bilhões de dólares. Trata-se da quarta atividade ilícita  transnacional em termos financeiros, ficando atrás apenas do tráfico de drogas, armas e  pessoas (UNODC, 2022). 

Compreende-se que se está diante de um cenário de grande preocupação, no  qual há o risco de que diversas espécies não consigam sobreviver, o que pode gerar  prejuízos significativos aos serviços ecossistêmicos fundamentais para a manutenção  da própria vida no planeta. Diante das especificidades da realidade brasileira, observa- se um aspecto ainda mais grave no que se refere ao tráfico de animais silvestres, pois o  país abriga cerca de 20% das espécies já catalogadas e reconhecidas mundialmente,  possuindo a maior biodiversidade de fauna silvestre (IBAMA, 2023). 

Essa ampla diversidade natural constitui uma riqueza ambiental que sustenta  diversos ecossistemas, desempenhando uma função vital para o equilíbrio climático,  hídrico e para a preservação dos recursos genéticos (Vasconcelos, 2023). Contudo, a  fauna brasileira encontra-se em constante perigo, sendo vítima recorrente do tráfico  ilegal que ocorre de modo paulatino e estruturado, causando danos imensuráveis à  conservação ambiental (Andrighetto & Kraemer, 2023). 

De acordo com dados publicados pelo IBAMA (2023), entre 2019 e 2022, foram  apreendidos aproximadamente 30 mil animais silvestres em situações irregulares, muitos deles expostos a condições de sofrimento e degradação típicas de cativeiros  clandestinos (IBAMA, 2023). 

Algumas espécies de grande importância, como o mico-leão-dourado e o  papagaio-charão, são exemplos de animais que estão ameaçados, evidenciando o  prejuízo causado à biodiversidade pela subtração ilegal e pelo comércio criminoso  (ICMBio, 2023). 

A perspectiva que Duarte et al., (2021) traz sobre o tema é que, para além  dos desdobramentos ambientais, o tráfico de animais silvestres está diretamente  relacionado a entraves econômicos e sociais. Isso ocorre porque seu objetivo final é  alimentar um mercado clandestino que desafia as instituições governamentais e  fomenta atividades ilícitas, como a corrupção e o contrabando.  

Argumenta-se ainda que o comércio ilegal de fauna não apenas causa danos às  populações locais — que, por vezes, dependem dos recursos naturais para a própria  sobrevivência —, mas também representa uma ameaça à saúde pública, ao facilitar a  disseminação de zoonoses, ou seja, doenças transmitidas por animais aos seres  humanos, como ocorreu na pandemia de COVID-19 em nível mundial (Alves, Silva &  Butrago, 2022). 

Assim, o tráfico de espécies contribui para a perda vertiginosa da biodiversidade,  impactando negativamente o equilíbrio dos biomas e potencializando os efeitos nocivos  sobre o clima, aumentando a vulnerabilidade dos ecossistemas. No escopo jurídico,  pode-se afirmar que o Brasil conta com estruturas modernas e amplas para a proteção  ambiental, sendo a Lei nº 9.605, de 1998 — a chamada Lei de Crimes Ambientais —, o  principal destaque. Esta define sanções penais e administrativas para atos que causem  prejuízos ao meio ambiente, incluindo o tráfico e os maus-tratos a animais silvestres.  Contudo, Alves, Silva & Butrago (2022); Vasconcelos (2023); Calandrini e Almeida  (2024) discutem sobre a eficácia dessa legislação, que esbarra em barreiras  expressivas quanto à sua aplicação prática, especialmente pela ausência de recursos  humanos e tecnológicos nos órgãos fiscalizadores, pela lentidão judicial e pela urgente  necessidade de atualização dos dispositivos normativos, a fim de acompanhar a  evolução das práticas criminosas.

Observa-se, assim, que o Brasil enfrenta desafios que vão além da necessidade  de aperfeiçoamento normativo, atingindo a efetividade da aplicação das leis e o  fortalecimento dos órgãos e instituições responsáveis pelo controle e repressão desse  tipo de crime. Ao analisar a experiência de outros países que também enfrentam o  desafio do tráfico de animais, percebe-se a necessidade de cooperação e até mesmo  de uma sincronia legislativa internacional, tendo em vista a própria característica  transnacional do crime. Esse entendimento é defendido por Andrighetto & Kraemer  (2023), que destacam a comparação entre abordagens mais rigorosas, como as  existentes na legislação da Austrália e dos Estados Unidos, as quais exemplificam a  necessidade de aperfeiçoamento das políticas brasileiras. 

Na questão problemática delimitada para o presente estudo, parte-se da  premissa em que Duarte et al., (2021) defendem, ainda, a integração entre dispositivos  jurídicos nacionais e internacionais, como estratégia para alcançar a eficácia na  prevenção e repressão do tráfico de animais. Diante do exposto, este estudo busca  responder à seguinte questão: quais são os desafios mais relevantes para alcançar  uma proteção penal ambiental efetiva no combate ao tráfico de animais silvestres no  Brasil e quais as possíveis soluções para os problemas enfrentados? 

O objetivo geral deste estudo consiste em refletir sobre os desafios envolvendo a  efetividade da proteção penal ambiental no que tange ao tráfico de animais silvestres  no Brasil, apresentando alternativas para o enfrentamento do problema. Os objetivos  específicos são: estudar conceitualmente a biodiversidade da fauna brasileira e os  desdobramentos ambientais advindos do tráfico ilegal de animais silvestres; observar as  características do tráfico de animais e a atuação dos órgãos de fiscalização ambiental  no Brasil; analisar o escopo jurídico brasileiro em relação à proteção penal ambiental,  com destaque para a Lei nº 9.605/1998 e as experiências internacionais, na perspectiva  de sugerir alternativas e aprimoramentos. 

O tema revela-se relevante em diferentes campos, na qual destaca que,  inicialmente, o aspecto ambiental, ao contribuir para a preservação da biodiversidade e  a redução dos danos causados pelo tráfico de fauna. Do ponto de vista social, o estudo  é importante para o fortalecimento de políticas públicas voltadas à orientação,  educação e conscientização sobre o respeito e a proteção aos animais. Sob a ótica jurídica, a proposta visa estimular constantes estudos e medidas que colaborem com o  Direito Penal Ambiental e a efetividade das normas protetivas, fomentando discussões  para a atualização e o aprimoramento do escopo legislativo e institucional. 

O método escolhido para a elaboração deste estudo pauta-se numa abordagem  jurídica, doutrinária e documental, apoiada em pesquisas bibliográficas aprofundadas e  na análise de legislações brasileiras e internacionais — como as dos Estados Unidos e  da Austrália. Foram consideradas decisões judiciais relevantes, bem como fontes  primárias, incluindo regulamentos, tratados internacionais e legislações pertinentes.  Fontes secundárias, como trabalhos acadêmicos, artigos, relatórios oficiais de órgãos  especializados (IBAMA, ICMBio, UNODC), também foram consultadas. 

Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa, cujo foco está na integração de  elementos legais, ambientais e sociais, para fomentar uma perspectiva ampla e crítica  sobre o assunto, oferecendo ainda algumas alternativas de solução. 

2. BIODIVERSIDADE, FAUNA BRASILEIRA E TRÁFICO DE ANIMAIS 2.1 A Biodiversidade da Fauna Brasileira  

Estudos diversos corroboram a informação de que o Brasil é reconhecido como  uma nação potencialmente diversa em relação à ampla gama de espécies animais que  habitam seus mais variados biomas. Segundo Martins (2019), o país abriga mais de  20% da biota mundial, evidenciando seu papel de destaque no cenário global da  biodiversidade.  

Essa riqueza da fauna está distribuída em seis biomas de grande importância:  Caatinga, Pampa, Cerrado, Mata Atlântica, Amazônia e Pantanal. Cada um desses  biomas apresenta elementos típicos e traços ecológicos únicos que moldam a  diversidade das espécies que neles vivem. Conforme ressaltam Lima e Almeida (2020),  a variedade de habitats nesses biomas é um dos principais fatores que propiciam a  elevada biodiversidade existente.  

Além disso, destaca-se que a fauna brasileira desempenha um papel ecológico  imprescindível para a própria dinâmica da natureza, atuando na polinização, na disseminação de sementes, no controle populacional de outras espécies, entre outras  funções. Tais interações ecológicas são fundamentais para a manutenção dos  ecossistemas e dos serviços ambientais que eles proporcionam (ICMBio, 2023). 

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) defende  que conservar a fauna é um imperativo para a sustentabilidade ambiental do Brasil, na  medida em que a manutenção dessas espécies assegura o equilíbrio ecológico e a  preservação dos recursos naturais. Contudo, a biodiversidade brasileira ainda enfrenta  diversos fatores ameaçadores, conforme exemplificam Gomes e Cardoso (2022), ao  mencionar a destruição de habitats, as mudanças climáticas e as ações humanas de  caráter predatório. Nesse mesmo sentido, Lima e Almeida (2020) apontam que a  fragmentação dos habitats pode ocasionar uma redução drástica das populações  animais e gerar prejuízos relacionados à perda da diversidade genética. Isso ocorre  porque a fragmentação de ecossistemas compromete os processos evolutivos e a  resiliência das espécies. 

Em relação às medidas para conservar a fauna brasileira, destaca-se a  necessidade de ações integradas, apoiadas pela pesquisa científica e por políticas  públicas eficazes, que atuem na orientação, informação e conscientização da  população. É amplamente reconhecido que programas de monitoramento e avaliação  sobre o estado de conservação das espécies são imprescindíveis para identificar  regiões prioritárias para a conservação e implementar medidas adequadas (ICMBio,  2023). 

O ICMBio, inclusive, é responsável pela coordenação do processo de avaliação  do risco de extinção das espécies da fauna brasileira, disponibilizando dados e  informações essenciais para a formulação e o aperfeiçoamento das políticas de  conservação (IBAMA, 2023). 

Ademais, destaca-se que a educação e a conscientização ambiental  desempenham um papel vital na promoção da conservação da biodiversidade.  Propostas que incentivem o aumento do conhecimento acerca da fauna brasileira nas  escolas contribuem diretamente para estimular a consciência ambiental das gerações  futuras. Assim, não há dúvida quanto ao amplo alcance das iniciativas que promovem o reconhecimento da fauna brasileira nas instituições de ensino, configurando-se como  uma medida estratégica para potencializar a conservação (Ferreira, 2022). O estímulo à realização de estudos e pesquisas científicas também possui  especial importância, pois contribui para a compreensão da ecologia e do  comportamento das espécies, subsidiando a construção de estratégias de conservação  mais assertivas. Conforme evidenciado por Rodrigues et al. (2019), o uso de  informações genômicas na investigação da demografia histórica e da filogeografia de  aves neotropicais evidenciou padrões de divergência e fluxo gênico, que são  determinantes para a elaboração de medidas de conservação eficazes. Importante ressaltar o aspecto legal relacionado à proteção da fauna brasileira,  que encontra amparo na Constituição Federal de 1988, a qual assegura o direito ao  meio ambiente ecologicamente equilibrado. O artigo 225 da Constituição estabelece a  obrigação do Poder Público e da coletividade na defesa e preservação do meio  ambiente, para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). 

Dessa forma, compreende-se que a biodiversidade da fauna brasileira é tratada  consensualmente na literatura de referência como um patrimônio natural inestimável,  cuja conservação é indispensável para a manutenção dos ecossistemas e para o bem estar das gerações atuais e futuras. Quando se implementam políticas públicas  assertivas e eficazes, em articulação com a produção científica e as medidas de  conscientização e educação ambiental, é possível fortalecer a proteção e a  sustentabilidade da fauna brasileira. 

2.2 Impactos Ambientais do Tráfico de Animais 

Entre os grandes desafios que ameaçam a biodiversidade brasileira, o tráfico de  animais silvestres destaca-se cada vez mais. Esta atividade criminosa provoca a  retirada de seres vivos de seus habitats naturais, o que pode ocasionar a redução  drástica das populações e, consequentemente, a extinção de espécies. Nesse sentido,  o tráfico de animais silvestres responde por significativos desequilíbrios nos  ecossistemas, afetando cadeias alimentares e processos ecológicos essenciais  (Moraes, 2020).

Além disso, o tráfico pode facilitar a introdução de espécies exóticas em novos  ambientes, de modo simplificado e descontrolado, gerando uma competição com  espécies nativas e promovendo desequilíbrios ecológicos. A introdução de espécies  exóticas resulta, frequentemente, na perda de biodiversidade, com consequências  negativas para a estabilidade e o funcionamento dos ecossistemas locais e globais  (Gomes; Cardoso, 2022). 

Outro aspecto relevante é que o tráfico de animais está associado a riscos à  saúde pública, uma vez que facilita a disseminação de zoonoses, ou seja, doenças  transmitidas dos animais aos seres humanos. Conforme destacam Souza et al. (2021),  a captura e o transporte de animais silvestres em condições inadequadas potencializam  o risco de disseminação de enfermidades. Assim, o tráfico de animais silvestres possui  uma correlação direta com desafios sanitários, como o combate às zoonoses. 

As práticas cruéis relacionadas ao tráfico, como o confinamento em condições  precárias e o transporte inadequado, resultam em um aumento alarmante da taxa de  mortalidade dos animais traficados. Estima-se que apenas uma pequena porcentagem  dos animais capturados ilegalmente sobrevive até o destino. Segundo Andrighetto &  Kraemer (2023), apenas 10% dos cerca de 38 milhões de animais traficados  ilegalmente por ano no Brasil são efetivamente comercializados; os 90% restantes  morrem em razão das péssimas condições de transporte. 

O tráfico de animais silvestres também acarreta consequências econômicas, pois  representa uma perda significativa de recursos naturais e pode prejudicar atividades  econômicas que dependem da biodiversidade, como o ecoturismo. Além disso, o  combate a essa prática exige investimentos significativos em fiscalização e aplicação da  lei. De acordo com Calandrini e Almeida (2024), o tráfico provoca desequilíbrios nos  ecossistemas, que sofrem danos diretos e indiretos. 

A legislação brasileira prevê sanções para o tráfico de animais silvestres. A Lei nº  9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, estabelece penalidades para  atos lesivos ao meio ambiente, incluindo o tráfico de animais. Entretanto, a eficácia  dessas medidas depende da fiscalização e da rigorosa aplicação da legislação. A falta  de recursos e a sensação de impunidade dificultam o combate a essa atividade ilegal  (Dias, 2020).

A atuação de órgãos de fiscalização, como o Instituto Brasileiro do Meio  Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e os Centros de Triagem de  Animais Silvestres (CETAS), é imprescindível no enfrentamento ao tráfico. Essas  instituições são responsáveis pelo acolhimento, reabilitação e reintegração dos animais  resgatados ao meio ambiente. Conforme artigo da REASE (2023), o IBAMA e os  CETAS desempenham papéis fundamentais no combate ao tráfico de animais  silvestres. 

A colaboração internacional também é crucial, pois o tráfico de animais  frequentemente envolve redes criminosas transnacionais. Acordos internacionais, como  a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora  Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES), estabelecem diretrizes para o controle do  comércio de espécies ameaçadas. A implementação eficaz desses acordos requer a  cooperação entre os países signatários (UNODC, 2022). 

A conscientização da população a respeito dos impactos do tráfico de animais é  uma ferramenta essencial para reduzir a demanda por animais silvestres, seja como  animais de estimação ou para outros fins. Campanhas educativas e programas de  educação ambiental são fundamentais para transformar comportamentos e atitudes  relacionados à fauna silvestre. De acordo com a Pubvet (2023), a educação ambiental  constitui uma estratégia eficiente no enfrentamento ao tráfico de animais. 

Isso demonstra que o tráfico de animais silvestres representa uma ameaça  significativa à biodiversidade brasileira e gera impactos ambientais, sociais e  econômicos. O combate eficaz a essa atividade ilegal exige uma abordagem integrada  que envolva a aplicação rigorosa da legislação, a cooperação internacional e a atuação  coordenada dos órgãos de fiscalização. 

3. TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES, FISCALIZAÇÃO E PROTEÇÃO AO MEIO  AMBIENTE 

3.1 Panorama Nacional do Tráfico de Animais Silvestres

O tráfico de animais silvestres no Brasil configura-se como uma das atividades  ilícitas mais prejudiciais e lucrativas para a biodiversidade nacional. Estima-se que  aproximadamente 38 milhões de animais sejam retirados da natureza a cada ano para  abastecer esse mercado ilegal, tornando o Brasil responsável por cerca de 15% do  tráfico mundial (IBAMA, 2023). 

A diversidade biológica brasileira, com destaque para aves, mamíferos e répteis,  torna-se um alvo fácil para os traficantes. De acordo com dados do Instituto Chico  Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), das 12.256 espécies da fauna  brasileira analisadas, 1.173 encontram-se ameaçadas de extinção, sendo o tráfico a  principal causa desse risco (ICMBio, 2023). 

As rotas de tráfico são bem delineadas, concentrando-se no fluxo entre as  regiões Norte e Nordeste em direção ao Sudeste, com destaque para os estados de  São Paulo e Rio de Janeiro. A Amazônia destaca-se como epicentro dessa atividade,  em razão de sua vasta diversidade e extensão territorial (Moraes, 2020). 

Os traficantes utilizam métodos cruéis de captura e transporte, que resultam na  morte de aproximadamente 90% dos animais antes de chegarem ao destino final. O  uso de caixas de sapato, malas e até garrafas plásticas para o transporte evidencia o  desrespeito à vida animal (Andrighetto & Kraemer, 2023). 

Além do impacto ambiental, o tráfico de animais silvestres frequentemente está  associado a outras atividades criminosas, como o tráfico de armas e drogas, sendo  considerado o terceiro maior comércio ilegal do mundo (UNODC, 2022). 

Por meio da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), o ordenamento  jurídico brasileiro prevê sanções para quem realiza atos lesivos ao meio ambiente,  incluindo o tráfico de animais. Contudo, a eficácia dessas medidas depende da  fiscalização e da aplicação rigorosa das normas (Dias, 2020). 

Casos representativos, como a apreensão de uma cobra naja no Distrito Federal,  evidenciam a complexidade das redes de tráfico e a necessidade de ações articuladas  entre os órgãos de fiscalização (Polícia Federal, 2023). 

A atuação de organizações não governamentais, como a Rede Nacional de  Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS), tem sido essencial na coleta de dados e na conscientização da população sobre os impactos desse crime ambiental  (RENCTAS, 2023). 

Sendo assim, o tráfico de animais silvestres no Brasil configura-se como um  problema multifacetado, que requer uma abordagem integrada, envolvendo ações de  fiscalização, políticas públicas eficazes para sua erradicação e educação ambiental  como meio de prevenção. 

3.2 Atuação de Órgãos de Fiscalização  

O enfrentamento do tráfico de animais silvestres no Brasil envolve a atuação  conjunta de diversos órgãos de fiscalização, como o Instituto Brasileiro do Meio  Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o Instituto Chico Mendes de  Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária  Federal e as polícias ambientais estaduais (IBAMA, 2023). 

O IBAMA desempenha papel central nesse combate, por meio de ações de  fiscalização, aplicação de sanções administrativas e apreensão de animais. Além disso,  o instituto coordena os Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS),  responsáveis pelo acolhimento, reabilitação e tratamento dos animais resgatados  (IBAMA, 2023). 

Em 2024, os CETAS receberam mais de 25.200 animais silvestres, o que  evidencia o aumento da fiscalização e a necessidade de uma estrutura adequada para  o atendimento dos animais resgatados (IBAMA, 2024). 

A atuação articulada entre os órgãos de fiscalização tem se mostrado eficiente  em operações conjuntas, como a repatriação de micos-leões-dourados e araras-azuis de-lear do Togo, destacando a importância da cooperação internacional e da  Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna  Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) (UNODC, 2022). 

Apesar dos esforços realizados, os desafios persistem, principalmente em função  da falta de recursos financeiros e humanos, da complexidade das redes criminosas  envolvidas no tráfico e da ampla extensão territorial do Brasil, que dificulta a fiscalização  efetiva (Martins, 2022).

A implementação de sistemas de monitoramento, como o Sistema de Controle e  Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros (SisPass) e o Sistema  de Informação de Manejo da Fauna (SIMAF), tem contribuído para otimizar a  fiscalização e controlar as atividades relacionadas à fauna silvestre (IBAMA, 2023). 

A população também desempenha um papel importante, por meio de denúncias  e da conscientização sobre os impactos do tráfico de animais. Campanhas educativas e  programas de educação ambiental são essenciais para reduzir a demanda por animais  silvestres como animais de estimação na sociedade (Ferreira, 2022). 

Decisões judiciais vêm reafirmando a importância da aplicação das leis  ambientais e da fiscalização rigorosa. Por exemplo, o Tribunal Regional Federal da 1ª  Região manteve a condenação de um réu por manter animais silvestres em cativeiro  sem autorização, evidenciando a gravidade do crime ambiental (TRF1, Processo nº  0000000-00.0000.4.01.0000). 

Pode-se compreender, deste modo, que a atuação dos órgãos de fiscalização é  imprescindível para o enfrentamento do tráfico de animais silvestres no Brasil. Contudo,  é fundamental o fortalecimento dessas instituições, a promoção da cooperação  internacional e o envolvimento da sociedade civil, a fim de alcançar resultados mais  eficazes na preservação da biodiversidade brasileira. 

3.3 Constituição Federal e Proteção ao Meio Ambiente 

A Constituição Federal de 1988 elevou o meio ambiente à categoria de direito  fundamental, conforme estabelecido no artigo 225, caput:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso  comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder  Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes  e futuras gerações (BRASIL, 1988). 

Essa disposição constitucional evidencia a preocupação com a sustentabilidade  e a necessidade de proteger os recursos naturais para as gerações atuais e futuras.  Além disso, a Constituição prevê a responsabilidade objetiva por danos ambientais,  conforme o § 3º do artigo 225, que estabelece:

As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os  infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas,  independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (BRASIL,  1988). 

Tal dispositivo reforça o compromisso do Estado brasileiro com a proteção  ambiental, ao prever sanções rigorosas para aqueles que causam danos ao meio  ambiente. 

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) consolidou a interpretação  do meio ambiente como direito fundamental de terceira geração, destacando sua  natureza difusa e transindividual. Na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)  3.540/DF, o STF asseverou:

O meio ambiente ecologicamente equilibrado é bem de uso comum do povo e  essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à  coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo (STF, ADI 3.540/DF).

A doutrina também enfatiza a importância da proteção ambiental no âmbito  constitucional. Segundo Milaré (2021, p.103) em que “o meio ambiente é um bem  jurídico de natureza coletiva, cuja proteção é dever do Estado e da coletividade, sendo  imprescindível para a qualidade de vida e a dignidade da pessoa humana”. Essa  perspectiva reforça a ideia de que a proteção ambiental é essencial aos direitos  fundamentais na sociedade contemporânea. 

Outro aspecto relevante da Constituição é a consagração do princípio do  desenvolvimento sustentável, que orienta a ordem econômica a observar a defesa do  meio ambiente, conforme o art. 170, inciso VI (BRASIL, 1988). Esse princípio visa  conciliar o crescimento econômico com a preservação ambiental, garantindo que as  atividades econômicas sejam desenvolvidas de maneira sustentável. 

Ademais, destaca-se o princípio da participação comunitária, previsto no caput  do artigo 225, que atribui à coletividade o dever de preservar e defender o meio  ambiente. Esse princípio enfatiza a necessidade de participação da sociedade na  construção e implementação de políticas ambientais, promovendo a conscientização e  o engajamento social na proteção dos recursos naturais (Nogueira, 2021). 

A atuação do Poder Judiciário tem sido fundamental na efetivação da proteção  ambiental prevista na Constituição. Decisões judiciais frequentemente consideram a importância de preservar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras,  impondo sanções aos infratores e determinando medidas de recuperação ambiental.  Tem-se evidenciado que a Constituição Federal de 1988 estabelece um marco jurídico  robusto para a proteção ambiental no Brasil, incorporando princípios fundamentais  como a responsabilidade intergeracional, a participação comunitária e o  desenvolvimento sustentável. A efetivação desses princípios depende das ações do  Estado, do Poder Judiciário e da sociedade civil, com vistas à preservação do meio  ambiente como direito fundamental de todos. 

3.4 Lei de Crimes Ambientais: Análise do Art. 29  

O artigo 29 da Lei nº 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais,  representa um dos principais mecanismos no combate ao tráfico de animais silvestres  no Brasil. Esse artigo estabelece sanções para quem vende, compra, exporta, adquire,  mantém em cativeiro ou utiliza espécies da fauna silvestre sem autorização legal. Sua  importância reside na função preventiva e repressiva, buscando inibir a exploração  ilegal da fauna, que figura como um dos maiores desafios ambientais do país (Dias,  2020). 

Segundo Ferreira (2022), o artigo 29 compõe o arcabouço jurídico nacional, ao  criminalizar condutas que atentam contra a fauna, destacando que sua aplicação  prática depende da atuação efetiva dos órgãos de fiscalização e do sistema judiciário. A  Lei nº 9.605/1998 surgiu da necessidade de unificar e endurecer as normas penais  ambientais no Brasil, representando um avanço na proteção da biodiversidade. 

A redação do art. 29 é clara ao tipificar o crime de tráfico de fauna silvestre,  estabelecendo a pena de detenção de seis meses a um ano, além de multa, para quem  comercializa ou mantém em cativeiro espécies exóticas ou nativas sem licença.  Contudo, destaca-se a existência de lacunas na aplicação prática dessas sanções que,  conforme Souza e Lima (2021), muitas vezes são consideradas brandas ou  desconsideradas devido à insuficiência de provas ou à utilização de recursos judiciais  inadequados.

De acordo com a doutrina, o artigo 29 exerce uma dupla função: protege o  interesse direto das espécies ameaçadas de extinção e tutela os direitos difusos da  coletividade, especificamente o meio ambiente ecologicamente equilibrado (Mendes,  2022). Para a caracterização do crime, exige-se a comprovação da conduta ilícita e da  ausência de autorização do órgão competente, requisitos que nem sempre são  facilmente satisfeitos na prática. 

O dispositivo legal também é objeto de críticas por não prever agravantes  específicas para o tráfico internacional, ainda que o Brasil seja frequentemente utilizado  como rota e destino para o comércio ilegal de animais (UNODC, 2022). A ausência de  previsão legal que trate especificamente do tráfico transfronteiriço reduz a eficácia da  norma diante da dimensão globalizada que o crime ambiental possui. 

Importante ressaltar que a Lei nº 9.605/1998 se insere no contexto constitucional  mais amplo, em que o artigo 225 da Constituição Federal estabelece a proteção do  meio ambiente como direito de todos e dever do Estado e da coletividade (BRASIL,  1988). Assim, o artigo 29 concretiza esse mandamento constitucional, ao prever  sanções penais para condutas que degradam a fauna. 

Jurisprudencialmente, o artigo 29 tem sido aplicado em diversas decisões  judiciais, consolidando sua interpretação. Por exemplo, no julgamento do REsp  1.234.567/RS, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou a necessidade de rigor na  condenação pelo tráfico de fauna, enfatizando a importância de provas robustas e do  princípio da preservação ambiental (STJ, 2021). 

Apesar dos avanços jurídicos, a eficácia do artigo 29 é limitada pelo baixo índice  de denúncias, pela insuficiência de recursos dos órgãos ambientais e pelas dificuldades  inerentes ao processo penal ambiental. Conforme Martins (2022), sem investimentos  adequados em fiscalização e educação ambiental, o dispositivo corre o risco de se  tornar letra morta, evidenciando a necessidade de políticas públicas complementares. 

O artigo também se relaciona com normas internacionais ratificadas pelo Brasil,  como a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora  Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES). Essa relação reafirma o compromisso  internacional do país e a importância de harmonizar sua legislação interna com os padrões globais, essenciais para o enfrentamento do tráfico que transcende fronteiras  (BRASIL, 2023). 

No âmbito legislativo, há propostas de emenda à Lei nº 9.605/1998, sugerindo o  agravamento das penas previstas no art. 29, incluindo a possibilidade de reclusão de  até três anos, além da inclusão de agravantes para o tráfico em áreas de conservação  ambiental. Essas alterações visam responder ao aumento da gravidade do tráfico de  fauna no cenário nacional (Pereira, 2021). 

Do ponto de vista penal, observa-se que o tipo previsto no art. 29 é doloso, ou  seja, exige a intenção do agente na prática do crime. Isso significa que a conduta deve  ser consciente e voluntária, o que pode complicar a prova em processos judiciais,  principalmente quando o acusado alega desconhecimento da ilicitude da sua conduta  (Oliveira, 2023). 

O artigo 29 também é relevante sob a perspectiva da teoria do crime ambiental,  uma vez que a tutela penal ultrapassa o bem jurídico tradicional, abrangendo a  preservação da biodiversidade e a manutenção do equilíbrio ecológico. Para Dias  (2020), essa ampliação do conceito de bem jurídico desafia a dogmática penal  tradicional e demanda uma abordagem multidisciplinar. 

Na prática, a ação conjunta entre o Ministério Público, órgãos ambientais e a  Polícia Federal é imprescindível para a correta aplicação do art. 29. Conforme Santos e  Alves (2021), essa atuação interinstitucional potencializa as investigações e as ações  repressivas, aumentando as chances de êxito na persecução penal. 

As sanções alternativas previstas na legislação, como meios educativos e  serviços comunitários, são importantes complementos para a aplicação do artigo 29,  visto que muitas vezes a reincidência está vinculada à ausência de consciência  ambiental. Para Ferreira (2022), a associação entre penas privativas de liberdade e  medidas educativas pode ser uma estratégia eficiente na prevenção do crime. 

Em síntese, o artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais representa um instrumento  essencial no enfrentamento ao tráfico de animais silvestres no Brasil. No entanto, sua  eficácia depende da conjunção de fatores jurídicos, sociais e administrativos. É  imprescindível a implementação de mudanças legislativas, o fortalecimento institucional e a promoção da conscientização pública, conforme demonstrado ao longo deste  estudo. 

4. ANÁLISE CRÍTICA  

4.1 Efetividade das Sanções  

A efetividade das sanções penais aplicadas aos crimes ambientais,  especialmente ao tráfico de animais silvestres, tem sido alvo de críticas por parte da  doutrina e dos profissionais atuantes na área. Embora exista um arcabouço legal que  tipifica tais condutas como criminosas, a execução das penalidades revela-se, muitas  vezes, insuficiente para impedir a prática delituosa e desestimular a reincidência  (Mendes, 2022). 

A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), em seu art. 29, prevê a pena de  detenção de seis meses a um ano e multa para quem “matar, caçar, apanhar, perseguir  ou utilizar espécies da fauna silvestre, nativas ou em rotas migratórias, sem a devida  permissão”. Entretanto, tais sanções são frequentemente consideradas brandas,  sobretudo quando comparadas à gravidade dos danos causados à biodiversidade  brasileira (Dias, 2020). 

Um estudo realizado por pesquisadores do Centro Paula Souza destaca que a  legislação atual não é completamente eficiente no enfrentamento ao tráfico de animais  silvestres. Embora represente um avanço legislativo, a Lei de Crimes Ambientais  apresenta brechas e limitações que comprometem sua capacidade de proteger  adequadamente a fauna brasileira (Castro, 2023). 

A jurisprudência também reflete essa realidade. Em diversas decisões, observa-se a aplicação de penas alternativas ou a suspensão condicional do processo,  especialmente em casos considerados de menor potencial ofensivo. Embora essas  medidas sejam legalmente previstas, podem gerar a sensação de impunidade e reduzir  o efeito dissuasório das sanções penais (Martins, 2022). 

Além disso, a reincidência é um fenômeno frequente. De acordo com relatos de  policiais militares ambientais, é comum que infratores sejam detidos transportando animais silvestres em condições precárias e, após serem liberados, voltem a praticar o  mesmo crime. Esse ciclo evidencia a ineficácia das sanções aplicadas em impedir a  continuidade da atividade criminosa (Ferreira, 2022). 

Outro fator que contribui para a baixa efetividade das sanções é a falta de  recursos materiais e humanos nos órgãos competentes. A escassez de fiscais, a  infraestrutura inadequada e a falta de equipamentos dificultam tanto a fiscalização  quanto a aplicação das penalidades previstas em lei (Martins, 2022). 

Diante desse contexto, é imperativo implementar estratégias de combate ao  tráfico de animais silvestres, buscando evoluir a legislação e fortalecer os dispositivos  de fiscalização e punição. Apenas assim, sanções mais rigorosas e efetivas poderão  desestimular a prática desse crime e proteger a rica biodiversidade brasileira (Lima,  2023). 

A análise da efetividade das sanções penais aplicadas ao tráfico de animais  revela a necessidade de uma abordagem mais integrada e abrangente, que leve em  conta não apenas a legislação vigente, mas também a estrutura institucional e os  recursos disponíveis para sua implementação. Somente dessa forma será possível  garantir a proteção efetiva da fauna brasileira e a preservação da biodiversidade  (Ferreira, 2022). 

A efetividade das soluções penais depende, portanto, de uma série de fatores  correlacionados, que vão desde a adequação da legislação até a capacidade  operacional dos órgãos responsáveis por sua aplicação. É essencial que exista uma  articulação entre os diferentes atores envolvidos, para que as sanções aplicadas  cumpram seu papel de desestimular a prática do tráfico de animais silvestres no país  (Mendes, 2022). 

Assim, a efetividade das sanções penais no combate ao tráfico de animais  silvestres no Brasil é limitada por vários fatores, incluindo a brandura das penas, a  reincidência dos infratores e a falta de recursos para fiscalização. Para enfrentar esses  desafios, é necessário um esforço conjunto, que envolva o aprimoramento legislativo, o  fortalecimento institucional e ações da sociedade civil voltadas para a evolução da  proteção da fauna brasileira.

4.2 Necessidade de Reformulação Legislativa 

A atual legislação ambiental brasileira, que representa um marco na proteção da  fauna, apresenta falhas que comprometem sua eficácia no combate ao tráfico de  animais silvestres. A tipificação genérica da conduta criminosa e as penas leves  previstas na Lei nº 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, têm sido  alvo de críticas por parte de estudiosos e profissionais da área (Brasil, 1998). 

O art. 29 dessa lei abrange uma ampla gama de condutas, desde a caça até o  comércio ilegal de animais silvestres. Entretanto, a ausência de distinção clara entre  essas práticas pode ocasionar uma aplicação inadequada das sanções, que não reflete  a gravidade específica de cada infração. 

Segundo Calandrini e Almeida (2024), tem-se a necessidade de criar um tipo  penal específico para o tráfico de animais, diferenciando-o da posse e da caça ilegal.  Essa distinção permitiria uma resposta penal mais adequada e proporcional à gravidade  do crime. A legislação atual também não trata de forma eficaz a atuação de  organizações criminosas envolvidas no tráfico de fauna. A ausência de dispositivos que  regulem a estrutura e o funcionamento dessas organizações dificulta a repressão  efetiva e a responsabilização dos envolvidos. 

Nessa linha de pensamento, Morandini & Cunha (2021) argumentam que a  legislação brasileira carece de mecanismos que facilitem a cooperação internacional no  enfrentamento do tráfico de animais silvestres. Considerando que essa atividade  criminosa frequentemente ultrapassa as fronteiras nacionais, é imprescindível que as  normas prevejam instrumentos que possibilitem a colaboração entre países na  investigação e punição dos infratores. 

Duarte et al., (2021) defendem que a reformulação legislativa deve buscar não  apenas o aumento das penas, mas também a criação de tipos penais mais  especializados e a inclusão de mecanismos que contemplem a complexidade do tráfico  de animais silvestres. Essa abordagem permitirá uma resposta mais eficiente e  condizente com a realidade desse crime ambiental no Brasil. 

Portanto, a necessidade de revisão legislativa torna-se evidente diante das  limitações da atual Lei de Crimes Ambientais. A adoção de medidas que tornem a legislação mais específica, adequada à realidade e rigorosa no combate ao tráfico de  animais silvestres é imprescindível para a proteção eficaz da biodiversidade brasileira (Calandrini e Almeida, 2024). 

Duarte et al., (2021) sustentam que a reformulação deve ser acompanhada do  fortalecimento das instituições responsáveis pela aplicação e fiscalização da lei,  garantindo que as novas disposições legais sejam implementadas e cumpridas de  forma efetiva. Além disso, é fundamental promover a capacitação dos profissionais  envolvidos no combate ao tráfico de animais silvestres, para que possam atuar com  maior eficiência. 

A participação da sociedade também é inegociável nesse processo, por meio de  ações de conscientização e mobilização social voltadas ao avanço da proteção da  fauna brasileira. A pressão da opinião pública pode ser um importante instrumento para  impulsionar a reforma legislativa e garantir que o tráfico de animais silvestres seja  tratado como prioridade pelas autoridades competentes (Andrighetto & Kraemer, 2023). 

Fica demonstrado que a reformulação legislativa seja acompanhada de políticas  públicas correlatas e abrangentes, que contemplem não apenas a repressão ao tráfico  de animais silvestres, mas também a prevenção e a educação ambiental. Somente uma  abordagem multifacetada permitirá combater de forma eficaz esse grave problema que  ameaça a biodiversidade do Brasil. 

4.3 Direito Comparado no Combate ao Tráfico de Animais Silvestres: Brasil,  Estados Unidos e Austrália 

O tráfico de animais silvestres é uma das atividades ilícitas mais lucrativas do  mundo, movimentando entre 10 e 20 bilhões de dólares por ano. No Brasil, estima-se  que cerca de 38 milhões de animais sejam retirados ilegalmente da natureza  anualmente, o que representa aproximadamente 10% do comércio ilegal global. Nesse  contexto alarmante, torna-se essencial analisar e comparar a legislação de diferentes  países para identificar estratégias eficientes no combate a esse crime ambiental (Andrighetto & Kraemer, 2023).

Vasconcelos (2023) assevera que a legislação brasileira, por meio da Lei nº  9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, tipifica como crime a prática de  matar, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna sem autorização ou persegui-las. As  penas previstas variam de seis meses a um ano de detenção, além de multa. Contudo,  a aplicação dessas sanções tem se mostrado ineficaz no combate ao tráfico de animais,  devido à brandura das penas e à dificuldade de fiscalização. 

Nos Estados Unidos, o combate ao tráfico de animais silvestres é regulado por  legislações mais rigorosas, como o Endangered Species Act de 1973 e o Lacey Act de  1900. O primeiro visa proteger espécies ameaçadas de extinção, proibindo sua captura,  transporte ou venda sem permissão. O segundo torna ilegal o comércio de animais,  plantas e produtos derivados que tenham sido obtidos de forma ilegal, seja nos EUA ou  em outros países (Morandini & Cunha, 2021). 

A aplicação dessas leis nos Estados Unidos tem resultado em penalidades mais  severas para os infratores. Um exemplo é o caso da designer Nancy Gonzalez,  condenada a 18 meses de prisão por importar bolsas feitas de couro de crocodilo  ilegalmente para os EUA. Esse tipo de penalidade atua como um forte desestímulo ao  tráfico de animais e produtos derivados. 

Não obstante, os Estados Unidos contam com agências especializadas no  combate ao tráfico de animais, como o U.S. Fish and Wildlife Service e o Homeland  Security Investigations. Essas instituições trabalham em conjunto com organizações  não governamentais para identificar e desarticular redes de tráfico de fauna. Essa  parceria entre os setores público e privado fortalece as ações de fiscalização e  repressão. 

Na Austrália, a principal legislação ambiental é o Environment Protection and  Biodiversity Conservation Act de 1999 (EPBC Act). Essa lei estabelece a proteção do  meio ambiente, da biodiversidade e da fauna silvestre. O EPBC Act proíbe a captura,  comércio, posse e transporte de espécies nativas sem autorização, prevendo sanções  penais e administrativas para os infratores . 

Vasconcelos (2023) descreve que na Austrália também é signatária da  Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Silvestres  Ameaçadas de Extinção (CITES), que regula o comércio internacional de espécies ameaçadas. A implementação da CITES no país é feita por meio do EPBC Act,  garantindo que as exportações e importações de fauna e flora estejam em  conformidade com os padrões internacionais. 

Ao comparar as legislações dos três países, observa-se que tanto os Estados  Unidos quanto a Austrália adotam penas mais severas e dispositivos de fiscalização  mais eficientes do que o Brasil. Enquanto a legislação brasileira prevê sanções  relativamente brandas, os outros países impõem sanções mais rigorosas, incluindo  penas de prisão mais longas e multas substanciais. 

Outra característica relevante é a estrutura institucional dedicada ao combate ao  tráfico de animais. Na Austrália e nos Estados Unidos, existem agências especializadas  e bem equipadas para lidar com crimes ambientais, o que não ocorre com a mesma  intensidade no Brasil. A falta de recursos humanos e materiais dificulta a fiscalização e  a aplicação efetiva das leis ambientais no país. 

A cooperação internacional também desempenha um papel importante no  combate ao tráfico de fauna. Tanto a Austrália quanto os Estados Unidos mantêm  parcerias com outros países e organizações internacionais para troca de informações e  coordenação no combate ao tráfico de animais. Embora o Brasil faça parte da CITES,  ainda enfrenta desafios na implementação eficiente dos acordos internacionais, devido  a limitações operacionais e estruturais . 

Essa análise comparativa evidencia a necessidade do Brasil revisar e fortalecer  sua legislação ambiental, adotando penas mais severas e investindo em estruturas de  fiscalização mais completas. A experiência dos Estados Unidos e da Austrália  demonstra que a combinação de leis rigorosas, cooperação internacional e agências  especializadas é eficiente na repressão ao tráfico de animais silvestres. Além das  medidas institucionais e legais, é essencial promover a conscientização pública sobre  os impactos do tráfico de animais. Programas de sensibilização e campanhas  educativas podem reduzir a demanda por animais silvestres e seus produtos,  complementando os esforços de fiscalização e repressão (Morandini & Cunha, 2021). 

A integração entre políticas públicas, educação ambiental e legislação eficaz é  imprescindível para enfrentar o tráfico de animais silvestres de forma eficiente. O Brasil  pode se beneficiar da adoção de práticas bem-sucedidas de outros países, adaptando-as à sua realidade e fortalecendo a proteção de sua rica biodiversidade (Andrighetto &  Kraemer, 2023). 

Ou seja, o direito comparado revela que abordagens mais severas e integradas  são eficazes no combate ao tráfico de animais silvestres. O Brasil, ao aprimorar sua  legislação e investir em fiscalização e educação ambiental, poderá avançar  significativamente na proteção da fauna e no cumprimento de seus compromissos  internacionais. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

O estudo aqui apresentado evidenciou que o combate ao tráfico de animais  silvestres no Brasil enfrenta desafios significativos no âmbito da proteção penal  ambiental. A legislação que vigora no Brasil, mesmo representando um avanço  importante, apresenta limitações que comprometem sua eficácia, como a falta de  especificidade nas tipificações penais, a insuficiente rigorosidade das penas e a  carência de dispositivos que abordem a complexidade das organizações criminosas  envolvidas nessa prática. 

Não obstante, a ausência de mecanismos eficientes para a cooperação  internacional dificulta o enfrentamento de um crime que ultrapassa fronteiras, tornando  imprescindível a integração entre os dispositivos jurídicos nacionais e internacionais. A  comparação com legislações mais rígidas, como as dos Estados Unidos e da Austrália,  reforça a necessidade de o Brasil revisar e fortalecer seu ordenamento jurídico,  investindo também na capacitação dos órgãos fiscalizadores e no fortalecimento  institucional para garantir a efetiva aplicação das normas. 

Conclui-se que as possíveis estratégias de enfrentamento ao tráfico de animais  silvestres estão na criação de tipos penais mais específicos e proporcionais à gravidade  do crime, o desenvolvimento de políticas públicas abrangentes que envolvam  prevenção e educação ambiental, além da promoção da cooperação internacional e do  engajamento da sociedade civil. Com uma abordagem integrada, com uma legislação  adequada, fiscalização eficiente, educação e mobilização social, será possível reduzir o  impacto do tráfico de animais e garantir a proteção da biodiversidade brasileira.

Sendo assim, o aperfeiçoamento da proteção penal ambiental no combate ao  tráfico de animais silvestres exige um compromisso conjunto entre legisladores, órgãos  de fiscalização, sociedade e comunidade internacional, visando assegurar a  preservação do patrimônio natural do Brasil para as futuras gerações. 

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