COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA DOS MÉTODOS SEAS, SCHROTH E PILATES NA REDUÇÃO DO ÂNGULO DE COBB EM ADOLESCENTES COM ESCOLIOSE IDIOPÁTICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202506261254


João Henrique Araújo Santos
Karen Christiny Farias De Souza
Orientadora: Profª.  Paloma Tainá França Cardoso Nogueira


1. RESUMO

Introdução: A escoliose idiopática do adolescente (EIA) é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral que pode progredir durante o crescimento e comprometer a função e estética corporal. Diferentes métodos conservadores têm sido utilizados para conter essa progressão, entre eles os métodos SEAS, Schroth e Pilates.

Objetivo: Comparar a eficácia dos métodos SEAS, Schroth e Pilates na redução do ângulo de Cobb em adolescentes com escoliose idiopática.

Método: Revisão integrativa com busca nas bases PubMed, Cochrane Library e PEDro, entre 2018 e 2025. Foram incluídos estudos clínicos que utilizaram SEAS, Schroth ou Pilates como tratamento isolado ou combinado, com mensuração do ângulo de Cobb. Excluíram-se estudos sem mensuração do ângulo, métodos associados, fora da faixa etária, revisões narrativas e artigos sem acesso completo.

Resultados: Dos estudos incluídos, o método Schroth demonstrou maior eficácia na redução do ângulo de Cobb, com reduções médias entre 2,6° a 3,8°, além de melhora na dor e autoimagem. O SEAS apresentou resultados mais discretos (1,93° em média), porém com boa eficácia na prevenção da progressão. O Pilates, quando associado ao Schroth, mostrou reduções significativas em casos leves (até 3,8°), mas com poucos estudos controlados de alta qualidade.

Conclusão: O método Schroth demonstrou maior potencial de redução angular, especialmente em curto e médio prazo. No entanto, a limitação metodológica e o risco de viés em alguns estudos sugerem a necessidade de mais ensaios clínicos robustos e bem controlados para validar a superioridade entre os métodos.

Palavras – chaves: Escoliose idiopática adolescente; Ângulo de Cobb; Método Schroth; Método SEAS; Pilates.

Abstract

Introduction: Adolescent idiopathic scoliosis (AIS) is a three-dimensional deformity of the spine that can progress during growth, affecting function and body aesthetics. Several conservative physiotherapeutic approaches have been developed to manage curve progression, including the SEAS method, the Schroth method, and Clinical Pilates.

Objective: To compare the effectiveness of SEAS, Schroth, and Clinical Pilates methods in reducing Cobb angle in adolescents with idiopathic scoliosis.

Methods: An integrative review was conducted using PubMed, Cochrane Library, and PEDro databases, covering studies from 2018 to 2025. Inclusion criteria were clinical trials using SEAS, Schroth, or Pilates as the main intervention, with reported Cobb angle outcomes. Exclusion criteria included studies without Cobb measurements, combined treatments, out-of-range ages, narrative reviews, and inaccessible full texts.

Results: Schroth exercises showed the most consistent outcomes, with Cobb angle reductions ranging from 2.6° to 3.8°, and additional improvements in pain, posture, and self-image. SEAS was less effective in reducing the angle but proved useful in curve stabilization and avoiding brace prescriptions. Pilates, when used alone, had little effect on curve correction, but showed promise when combined with Schroth, especially for functional and postural gains.

Conclusion: The Schroth method demonstrated superior results in Cobb angle reduction and overall clinical improvement. SEAS was effective in stabilization, while Pilates proved beneficial as a complementary tool. However, the limited number of high-quality studies and restricted access to some articles highlight the need for further randomized controlled trials to strengthen the current evidence.

Keywords:

Adolescent idiopathic scoliosis; Cobb angle; Schroth method; SEAS method; Clinical Pilates; Physiotherapy; Conservative treatment.

2. INTRODUÇÃO

A Escoliose Idiopática Adolescente (EIA) é uma condição ortopédica complexa que afeta 1 a 4% dos adolescentes entre 10 e 16 anos, sendo mais prevalente no sexo feminino. Caracteriza-se por uma curvatura tridimensional da coluna vertebral, que pode levar a limitações funcionais, dor, complicações respiratórias e cardiovasculares, especialmente quando não tratadas. Sua progressão ocorre principalmente na puberdade, devido a influências genéticas e biomecânicas, tornando o manejo clínico desafiador (ABDEL-AZIEM et al., 2021).

Embora a cirurgia seja uma opção persistente para interromper a progressão da curvatura e corrigir deformidades, seu caráter invasivo e os riscos associados, como intensas, dificuldades na mobilidade, infecções e complicações neurológicas, fazem com que alternativas conservadoras sejam amplamente exploradas (RULLANDER, 2013; HAWES, 2006). Nesse contexto, os métodos fisioterapêuticos surgem como abordagens promissoras para prevenir ou reduzir a progressão da escoliose de forma menos agressiva (ROMANO, 2024). 

Dentre as estratégias conservadoras, destacam-se três abordagens amplamente científicas: o método SEAS (Scientific Exercises Approach to Scoliosis), o método Schroth e o Pilates. O SEAS enfatiza a autocorreção ativa e o fortalecimento muscular, promovendo um controle postural dinâmico. O método Schroth baseia-se em exercícios tridimensionais combinados com técnicas respiratórias específicas, buscando a estabilização e o realinhamento da coluna. Já o Pilates atua no fortalecimento do core, no alinhamento postural e na mobilidade, contribuindo para a melhoria da estabilidade da coluna e da consciência corporal (SELEVIČIENĖ et al., 2023; SELEVIČIENĖ et al., 2022). 

Estudos indicam que essas abordagens podem influenciar diretamente a redução do ângulo de Cobb, métrica utilizada para quantificar a gravidade da escoliose. No entanto, a comparação entre os métodos ainda é necessária para compreender qual abordagem apresenta maior eficácia na redução da curvatura escoliótica e na melhoria funcional dos pacientes (MOURA et al., 2015; SCHREIBER et al., 2016).

Diante do exposto, a pergunta desse projeto, se aprovado, é: qual a eficácia comparativa dos métodos SEAS, Schroth e Pilates na redução do ângulo de Cobb em curvaturas leves a moderadas em adolescentes com EIA, com base nas evidências disponíveis na literatura científica? Para tal, serão investigados esses três métodos, analisando os que apresentam melhores resultados em relação ao ângulo de Cobb. Ao final da execução deste projeto, espera-se identificar qual desses métodos oferece maior eficácia na redução da curvatura, orientando a prática clínica e melhorando o atendimento aos pacientes.

3. REFERENCIAL TEÓRICO 

A coluna vertebral é uma estrutura complexa e fundamental para o corpo humano, desempenhando funções essenciais como sustentação, mobilidade e proteção da medula espinhal. Composta por 33 vértebras, organizadas em cinco regiões principais: cervicais (C1-C7), torácica (T1-T12), lombar (L1-L5), sacral (S1-S5) e coccígea (C1-C4) , sua nomenclatura segue a posição de cada vértebra dentro de seu respectivo segmento. Entre as vértebras, encontram-se os discos intervertebrais, que atuam na absorção de impactos e na flexibilidade da coluna (Figura 1) (Netter, 2011, Atlas de Anatomia Humana, 5ª ed.).

Além de sua estrutura segmentada, a coluna apresenta curvaturas fisiológicas fundamentais para a biomecânica do corpo: a lordose cervical, a cifose torácica e a lordose lombar. Essas curvaturas desempenham um papel essencial na distribuição das cargas e na manutenção do equilíbrio do tronco, garantindo uma postura adequada e eficiente

Figura 1.

Fonte: Netter: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011.

A escoliose é um termo geral que compreende uma condição biomecanicamente que consiste em uma deformidade da coluna vertebral de uma forma complexa caracterizada por um desvio tridimensional da coluna vertebral, superior a 10° segundo o ângulo de Cobb, o qual promove uma inclinação na coluna, podendo gerar um desvio tridimensional podendo apresentar as formas de “C” ou “S” ao longo de toda sua estrutura (LEROUX et al., 2000; HECKMAn, 2001; SEGURA et al., 2011). 

 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a escoliose atinge cerca de 2% a 4% da população mundial e no Brasil, indica que cerca de 6 milhões de brasileiros têm uma curvatura significativa de escoliose. Em 80% dos casos, na maioria mulheres, a causa é idiopática, ou seja, sua origem ainda não foi esclarecida. No caso das crianças e adolescentes, a deformidade se acentua nos picos de crescimento durante o período escolar e na maioria das faixas etárias é percebida pela assimetria na altura  do ombro (GIANUZZI et al., 2023). Outro fator importante a ser mencionado é a proeminência das costelas e a assimetria da cintura escapular, que causam o desvio da coluna vertebral, dificultando a manutenção de uma boa postura. 

Estudos sobre a prevalência da escoliose no Brasil indicam que a progressão da curvatura ocorre durante o estirão de crescimento, antes da maturidade esquelética com 18 anos (DIAS et al., 2023). A EI é de longe o tipo mais comum de escoliose. Um dos principais motivos para priorizar adolescentes com EIA é a natureza idiopática da condição, ou seja, sua causa permanece desconhecida, o que desperta interesse científico em explorar fatores genéticos, biomecânicos e hormonais que podem estar envolvidos. (SMITH, 2008). Além disso, uma abordagem precoce oferece a oportunidade de prevenir complicações graves a longo prazo, quando não tratada pode evoluir para deformidades graves, comprometendo funções respiratórias e cardiovasculares e impactando qualidades de vida na idade adulta, conforme evidenciado por um estudo de Jandric (2009). 

A escolha de adolescentes com escoliose idiopática como foco de estudos é uma decisão fundamentada em aspectos clínicos, epidemiológicos e sociais que tornam essa população especialmente relevante, destacando-se como um problema de saúde nessa faixa etária significativa. (KONIECZNY et al., 2013), (WEINSTEIN et al., 2008).

A escoliose idiopática é classificada em subtipos de acordo com a idade segundo a Scoliosis Research Society (SRS)  e estudos de Karimi e Rabdczuk (2018), sendo a infantil de zero a três anos, juvenil de quatro a dez anos e adolescente acima dos dez anos até a maturidade musculoesquelética e a SRS ainda cita a EI adulta que acomete pacientes acima dos dezoito anos. 

Segundo o estudo de Zucolotto (2023), o diagnóstico da escoliose é realizado por meio de radiografias, a fim de analisar e quantificar o grau de deformidade da coluna utilizando o ângulo de Cobb. Esse é o  “padrão ouro” , sendo descrito pela primeira vez em 1948 pelo Dr. John R. Cobb é o método mais mencionado dentro das literaturas para o diagnóstico de EIA. Para determinar o ângulo de Cobb, duas linhas são traçadas em uma radiografia de perfil ântero-posterior da coluna: a primeira linha é desenhada ao longo da superfície superior do corpo vertebral no início da curva, enquanto a segunda linha é traçada ao longo da superfície inferior do corpo vertebral no final da curva, o ângulo formado pelo cruzamento dessas duas linhas representa a extensão da curvatura (Figura 2). Curvaturas <20 graus são consideradas leves, 20-40 graus moderadas e severas >40 graus (Figura 3).

Figura 2. Delimitação do ângulo de Cobb.

Fonte: O método de Cobb é utilizado para mensurar a angulação de deformidades na coluna vertebral, especialmente em casos de escoliose. A medição é realizada traçando linhas ao longo das margens superiores da vértebra superior e inferiores da vértebra inferior da curvatura, determinando o ângulo de interseção entre as linhas perpendiculares a essas referências. Rossi, 2018.

Figura 3. Radiografia das diferentes classificações de grau de escoliose

Fonte: Radiografia ilustrando as diferentes classificações do grau de escoliose, com base na angulação da curvatura da coluna vertebral. A gravidade da escoliose é determinada pelo Ângulo de Cobb, sendo classificada como leve, moderada ou grave. Fonte: Internet (drricardoteixeira.com.br)

Existem outras formas de diagnosticar a escoliose, como o exame físico, aplicativo móvel APECS e o teste de Adams, que utiliza um escoliômetro para medir a gibosidade. O teste de Adams envolve pedir ao adolescente que faça uma flexão do tronco, mantendo os pés e as mãos juntos e os joelhos estendidos, o que torna a curvatura da escoliose mais evidente. O examinador observa a criança de frente e por trás, procurando por assimetrias na altura do tórax. Esse teste é útil para o rastreamento precoce da escoliose e para avaliar a possibilidade de hipercifose. (FORTE et al., 2022)  (Figura 4).  

Figura 4. Visualização da gibosidade. 

Fonte: A gibosidade torácica é uma proeminência assimétrica observada na região das costelas ou lombar durante a flexão anterior do tronco, sendo um dos principais sinais clínicos da escoliose.
Ilustração de Jennifer Fairman, 2019.

Os métodos tradicionais de avaliação da escoliose, como a radiografia, são essenciais para a mensuração do Ângulo de Cobb, sendo considerados o padrão-ouro para o diagnóstico e monitoramento da progressão da curvatura (ZUCOLOTTO et al., 2023). No entanto, apresentou características interessantes, como exposição à radiação, custo elevado e a necessidade de equipamentos especializados, limitando seu uso frequente em avaliações rotineiras (NEGRINI et al., 2018). Nesse contexto, novas tecnologias vêm sendo encontradas para oferecer alternativas digitais acessíveis e não invasivas, como o APECS (AI Posture Evaluation and Correction System), um aplicativo que permite a análise postural de forma rápida e objetiva (TROVATO et al., 2022).

O APECS opera por meio da captura de imagens do paciente nos planos anterior, posterior e sagital, assegurando um alinhamento preciso da câmera com o auxílio de um indicador visual presente no aplicativo. Após a captura, o usuário posiciona o paciente nesses planos e adiciona marcadores digitais em pontos anatômicos-chave, como acrômio, espinhas ilíacas, processo espinhoso de C7 e ângulos escapulares (TROVATO et al., 2022). A partir desses marcadores, o software calcula automaticamente 24 variáveis posturais, incluindo alinhamento da cabeça e do tronco, orientação do quadril e dos ombros, desvio lateral da coluna e ângulos dos membros inferiores, permitindo uma análise detalhada das assimetrias posturais associadas à escoliose (TROVATO et al., 2022; NEGRINI et al., 2012). 

Os dados obtidos são organizados em um relatório detalhado, possibilitando o acompanhamento da progressão da escoliose ao longo do tempo, o que é essencial para a tomada de decisões clínicas e para o planejamento terapêutico individualizado (NEGRINI et al., 2018). Esse recurso permite que os profissionais de saúde realizem uma avaliação objetiva das assimetrias posturais, facilitando a determinação da necessidade de exames complementares ou intervenções terapêuticas mais específicas (TROVATO et al., 2022; ZUCOLOTTO et al., 2023). Embora o APECS não substitua a radiografia na medição exata do Ângulo de Cobb, ele se apresenta como uma ferramenta valiosa para rastreamento, monitoramento e planejamento terapêutico, tornando a análise da escoliose mais acessível, rápida e eficiente (TROVATO et al., 2022; NEGRINI et al., 2018).

Figura 5. Posicionamento dos marcadores anatômicos no APECS.

Fonte: O avaliador insere pontos de referência digitais em regiões específicas do corpo, como acrômio, espinhas ilíacas e processos espinhosos, permitindo que o aplicativo calcule automaticamente variações posturais relevantes para a análise da escoliose. Trovato et al., 2022.

Figura 6. Visualização dos pontos e planos anatômicos.

Fonte: Processo de captura de imagens no APECS. Avaliação do plano coronal anterior (A); do plano sagital (B); do plano coronal posterior (C). Trovato et al., 2022.

Há alguns fatores que podem estar associados ao aparecimento da escoliose como: hereditariedade, falta de atividade física, postura inadequada, carga excessiva da mochila, sobrepeso e obesidade, porém mesmo nos dias atuais, a sua etiopatogenia ainda é desconhecida. Os três principais determinantes da progressão da curvatura são o gênero do paciente, o potencial de crescimento futuro e a magnitude da curvatura no momento do diagnóstico. Em todos os casos, as mulheres apresentam um risco de progressão da curva 10 vezes maior do que os homens. Quanto maior o potencial de crescimento e a magnitude da curvatura, maior é a probabilidade de progressão da curva. (REAMY et al., 2001). 

De acordo com a The International Society on Scoliosis Orthopaedic and Rehabilitation Treatment (traduzido para o português Sociedade Internacional de Tratamento Ortopédico e de Reabilitação para Escoliose – SOSORT) , o tratamento conservador da escoliose tem dois principais grupos, o primeiro é de natureza morfológica, focando na estética, o que é crucial para o bem-estar psicológico e a qualidade de vida dos pacientes e o segundo é fisiológico, atendendo  os objetivos básicos tais como (NEGRINI, 2018):

  1. Interromper a progressão da curva durante a puberdade, ou possivelmente reduzi-la.
  2. Prevenir ou tratar disfunções respiratórias.
  3. Prevenir ou tratar síndromes de dor na coluna.
  4. Melhorar a estética por meio da correção postural.

Esses objetivos visam proporcionar um tratamento holístico que aborda tanto a correção física da escoliose quanto o impacto psicológico, promovendo a saúde geral do paciente. Um tratamento inadequado da EIA pode causar graves deformidades no tronco, costas e tórax, alterando a anatomia e biomecânica funcional do corpo,  diminuindo a capacidade pulmonar e reduzindo sua capacidade física com uma frequência de 2 a 7 vezes por semana a depender da complexidade da técnica, da necessidade do paciente e a capacidade do mesmo em seguir as demandas do tratamento (NEGRINI, 2018). 

Um dos sintomas mais prevalentes e debilitantes associados à EIA é a dor nas costas, que pode afetar negativamente a qualidade de vida dos pacientes. O estudo de Sato et al., (2008) relata que há uma prevalência de dor nas costas em participantes com EIA de 58,8% quando comparado com participantes não-EIA que apresenta 33%. A dor é frequentemente resultado da pressão anormal das vértebras, músculos e nervos. Esta condição pode levar à dor crônica e redução na qualidade de vida. (WEINSTEIN et al., 2003). 

A escoliose pode causar dor nas costas, pescoço e ombros, frequentemente devido à pressão anormal das vértebras, músculos e nervos. Essa condição pode levar à dor crônica e, consequentemente, à redução na qualidade de vida (BALAGUÉ, 2016). Estudos indicam que indivíduos com escoliose apresentam uma prevalência significativamente maior de problemas nas costas e no pescoço em comparação com a população geral (TOPALIS et al, 2017; GRAUERS et al, 2014). A dor resultante da escoliose é um problema recorrente que afeta negativamente as atividades diárias e o bem-estar dos pacientes (TOPALIS et al., 2017). 

Campbell et al. (2003) propuseram o termo “síndrome da insuficiência torácica” (do inglês, thoracic insufficiency syndrome, TIS) para descrever uma condição que afeta crianças e adolescentes com o sistema musculoesquelético imaturo. Essa síndrome é caracterizada por distúrbios respiratórios e de desenvolvimento pulmonar causados por deformidades espinhais e torácicas. Na TIS, o tórax não consegue suportar uma respiração normal nem o crescimento adequado dos pulmões, resultando em insuficiência respiratória crônica. Essa condição pode levar a complicações significativas no desenvolvimento e na saúde respiratória dos pacientes, exigindo intervenções médicas específicas para melhorar a capacidade torácica e a função pulmonar. 

O padrão respiratório é significativamente alterado na escoliose grave, afetando a respiração em repouso, durante o esforço físico e durante o sono. A doença pulmonar restritiva, caracterizada por uma redução na capacidade pulmonar total (CPT), é uma característica comum em casos de escoliose com ângulo de Cobb superior a 40 graus. Essas alterações são evidentes pela diminuição na capacidade vital forçada (FVC) e na capacidade pulmonar total (TLC), refletindo uma função pulmonar comprometida devido à deformidade torácica e espinhal (TSILIGIANNIS, 2012).

Essa condição patológica pode acarretar restrições físicas significativas, resultando na redução da mobilidade e na incapacidade de realizar atividades cotidianas e exercícios físicos. Pesquisas evidenciam que a deformidade da coluna e a dor associada frequentemente provocam uma diminuição na participação em atividades físicas, o que contribui para um estilo de vida mais sedentário. Tal sedentarismo, por sua vez, pode desencadear consequências como obesidade e doenças cardiovasculares. Estudos científicos reforçam essa relação, destacando que a escoliose, especialmente quando não tratada de maneira adequada, pode comprometer significativamente a qualidade de vida e a função física dos indivíduos, restringindo suas atividades diárias e exercícios físicos (QI et al., 2023; TONS et al, 2006). 

A EIA não se limita aos riscos físicos, exercendo um impacto significativo na saúde mental dos jovens. Dong et al. (2025) destacam que “depressão e ansiedade são problemas psicológicos comuns em pacientes com EIA, com taxas de prevalência de 39,1% e 24,6%, respectivamente”, conforme um estudo realizado com 1.955 adolescentes, dos quais 765 apresentaram sintomas significativos. “Preocupação excessiva” e “humor triste” foram identificados como sintomas centrais em todos os subgrupos, enquanto fatores como “imagem corporal negativa, dor crônica nas costas e distúrbios do sono” (DONG et al., 2025, p. 2) intensificam a vulnerabilidade emocional. 

Além disso, tratamentos como o uso de coletes e a realização de cirurgias agravam essa condição, uma vez que “demonstraram induzir ansiedade considerável em mais de um terço dos pacientes”. Meninas apresentam maior carga emocional, com destaque para “irritabilidade” e “preocupação incontrolável”, enquanto nos mais jovens (até 14 anos), “humor triste”, “sono” e “ideação suicida” são predominantes, sendo que “‘sono’ mostrou maior força no grupo de idade mais jovem” (DONG et al., 2025).  

Corroborando essa perspectiva, Hannink et al. (2023) ressalta que a saúde mental desses adolescentes é profundamente afetada por questões relacionadas à imagem corporal e à autoestima. Muitos sentem necessidade de esconder o corpo devido à deformidade, o que compromete atividades diárias como frequentar a escola ou praticar esportes. A preocupação com o uso de órteses, frequentemente vistas como desconfortáveis e esteticamente desagradáveis, bem como o temor do tratamento cirúrgico, aumentam ainda mais o estresse emocional. Além disso, alguns jovens se culpam por não terem percebido a condição mais cedo e sentem-se um fardo para os pais, o que pode levar à “ansiedade, depressão e sentimentos de isolamento” (HANNINK et al., 2023). Esses achados evidenciam um cenário de angústia, insegurança e isolamento, reforçando o profundo impacto da EIA na qualidade de vida dos adolescentes.

Pesquisas recentes, incluindo um estudo de Seleviciene (2022), têm demonstrado resultados promissores na eficácia da fisioterapia conservadora para reduzir a progressão da curvatura da coluna vertebral em pacientes EIA atraves dos metodos como o Schroth, Pilates e a Abordagem de Exercício Científico para Escoliose (SEAS) . As intervenções conservadoras são preferidas para o tratamento da escoliose, pois ajudam a estabilizar a curvatura da coluna e a melhorar a estética.

3.1. O Método Schroth

Desenvolvido na Alemanha por Katharina Schroth, nascida em Dresden em 1894, o Método Schroth surgiu de sua própria experiência com a escoliose moderada. Insatisfeita com o tratamento tradicional com colete de aço, ela buscou uma abordagem mais funcional para corrigir sua condição e melhorar sua qualidade de vida. (BERDISHEVSKY H et al., 2016) 

Inspirando-se na expansão torácica observada ao inflar um balão, por volta de 1910, Katharina começou a experimentar, tentando corrigir ativamente sua própria deformidade. Utilizando um espelho, ela focava em direcionar a respiração para as áreas côncavas de seu tronco. Essa prática a levou a reconhecer um princípio fundamental: a correção postural tridimensional (3D) da escoliose só poderia ser eficaz através de exercícios corretivos específicos, combinados com uma respiração direcionada e uma reeducação da percepção postural do indivíduo. (BERDISHEVSKY H et al., 2016)

Estes pilares: correção postural ativa 3D, respiração corretiva e consciência postural formaram a base do que viria a ser conhecido como o Método Schroth, consolidado na década de 1920. Atualmente, esta terapia consiste em uma série de exercícios sensório-motores, de alongamento, fortalecimento muscular e respiratórios, cuidadosamente individualizados para atender às necessidades específicas de cada paciente. (SCHREIBER et al., 2016). 

O método combina elementos da fisioterapia da cinesioterapia com técnicas respiratórias específicas, fundamentando-se na capacidade de controlar a respiração mesmo diante das alterações causadas pela escoliose. Durante o tratamento, geralmente ambulatorial, os pacientes aprendem esses exercícios sob a supervisão de profissionais qualificados. O objetivo principal é retardar ou evitar a progressão da curvatura da coluna, permitindo que os pacientes mantenham, a longo prazo, uma alta qualidade de vida com o mínimo de restrições possível. (STEIN K et al., 2024). 

Um crescente corpo de evidências científicas têm validado os benefícios da terapia Schroth, demonstrando melhorias significativas, como o aumento da capacidade vital pulmonar e da expansão torácica em pacientes tratados com o método. (STEIN K et al., 2024). 

Alinhado a uma abordagem holística que visa não apenas tratar a deformidade da coluna, mas também promover o bem-estar geral dos pacientes (SCHREIBER et al., 2015), o método Schroth emprega uma terapêutica abrangente. Esta se fundamenta na auto correção tridimensional (3D), no auto alongamento, na respiração corretiva e no treinamento para as atividades da vida diária, com o objetivo de ajustar o alinhamento postural normal por meio do controle postural estático e dinâmico, e de proporcionar a estabilidade da coluna vertebral (SCHREIBER et al., 2016). 

O Método Schroth utiliza um sistema de classificação com “blocos corporais” para explicar a escoliose de maneira clara e didática. A ideia é visualizar o tronco (entre quadris e ombros) dividido em blocos imaginários empilhados. Essa representação simbólica facilita a compreensão da complexa deformação tridimensional da condição e ajuda a perceber que as curvas resultantes não são apenas um desvio, mas também uma forma de o corpo tentar se adaptar e compensar a alteração postural. (CHEN C et al., 2024).

Em uma postura ideal em pé, os blocos corporais deveriam estar perfeitamente alinhados na vertical, um sobre o outro, com o centro de gravidade passando pela linha central da base da coluna (Figura 7). Na escoliose, no entanto, essa simetria é perdida, os blocos aparecem visivelmente distorcidos e fora desse eixo central, refletindo a assimetria do tronco. (DIMITRIJEVIĆ V et al., 2022).

Figura 7. O Conceito de Blocos Corporais de Schroth na Classificação da Escoliose.

Fonte: (a) Divisão anatômica em blocos. (b) Blocos esquemáticos ideais (retângulos). (c) Blocos deformados pela escoliose (trapézios). (d) Exemplo de escoliose lombar esquerda: deslocamento do bloco lombar (esquerda) e pélvico (direita). (BERDISHEVSKY H et al., 2016).  

O sistema de classificação de Schroth identifica a direção do desvio lateral e da rotação dos principais blocos corporais (nas curvas primárias da escoliose).

Utilizando um espelho como ferramenta de biofeedback visual, o paciente aprende a identificar e visualizar suas deformidades posturais, capacitando-o a realizar a autocorreção da posição inadequada. A força de tração, um componente distintivo e crucial da terapia Schroth, desempenha um papel fundamental na obtenção da correção postural. (DIMITRIJEVIĆ V et al., 2022).

O processo se inicia com cinco ajustes pélvicos específicos, que visam melhorar o alinhamento da pelve com a coluna lombar, criando assim uma base estável para as correções seguintes. Após essa preparação, o método aplica cinco princípios fundamentais: 

  • Auto alongamento axial: ajuda a criar espaço entre as vértebras e facilita a “distorção” da coluna.
  • Deflexão ativa: busca deslocar o tronco lateralmente para corrigir as curvas.
  • Desrotação ativa dos blocos do tronco. 
  • Respiração tridimensional corretiva (conhecida como respiração angular corretiva): usada para expandir as áreas mais profundas do tórax e ajudar a remodelá-lo. 
  • Estabilização: manter a postura corrigida ativamente, usando a força muscular sem realizar movimento.

Para complementar as correções e melhorar a mobilidade da coluna, o método frequentemente utiliza técnicas para mobilizar as articulações, especialmente as das costelas com a coluna e para aumentar a flexibilidade dos músculos e outros tecidos que possam estar encurtados. Além disso, a ativação muscular específica é importante, focando em músculos chave para estabilizar a região lombar, a pelve e controlar o tronco (como ílio psoas, quadrado lombar e eretores da espinha), o que ajuda a manter ativamente a postura corrigida. O auto alongamento axial é um componente distintivo e crucial, essencial para alcançar a correção postural (DIMITRIJEVIĆ V et al., 2022).

O aprendizado dos movimentos corretos e a consciência sobre o próprio corpo são fundamentais no Método Schroth. O uso de espelhos como biofeedback visual ajuda o paciente a reconhecer seu padrão de postura assimétrica. Isso facilita o aprendizado de como se autocorrigir ativamente nos três planos do espaço (DIMITRIJEVIĆ V et al., 2022). De fato, o ponto central do método é a autocorreção: a capacidade do paciente de diminuir a deformidade da coluna através do realinhamento ativo da postura (CEBALLOS-LAITA L et al., 2023).

Indo além dos exercícios feitos apenas na terapia, o Método Schroth enfatiza muito a importância de levar as correções posturais aprendidas para as AVD’s. O objetivo é corrigir posturas habituais inadequadas, buscando melhorar o alinhamento da coluna, controlar a dor e diminuir o risco de piora da curva. Os fisioterapeutas ensinam e reforçam como manter a postura corrigida de forma consciente durante as atividades diárias (CEBALLOS-LAITA L et al., 2023). 

A grande vantagem dessa abordagem é sua aplicação prática no cotidiano, com o objetivo de diminuir a sobrecarga desigual na coluna. Isso não só ajuda a controlar a progressão da curva e a dor, mas também pode tornar o tratamento mais eficiente em termos de tempo, potencialmente reduzindo a necessidade de longas e exclusivas sessões de exercícios. Isso favorece a participação do paciente em atividades sociais e de lazer, promovendo mais funcionalidade e melhor qualidade de vida. 

Com base no estudo de Berdishevsky et al. (2016), os exercícios do método Schroth são fundamentados em princípios biomecânicos tridimensionais, esses princípios visam a correção postural ativa e a reeducação do controle neuromuscular, sendo aplicados de forma individualizada conforme o padrão de curvatura do paciente. Entre os diversos exercícios desenvolvidos dentro dessa abordagem, quatro destacam-se pela sua eficácia clínica e ampla utilização nos protocolos terapêuticos. 

O primeiro deles, denominado “50 x Pezziball”, é executado em sedestação sobre bola terapêutica, com feedback visual por espelho, favorecendo a consciência postural durante a autocorreção ativa tridimensional. Com apoio adicional em barras fixas, o paciente realiza autocorreções ativas nos três planos do espaço: orienta as convexidades do tronco “para dentro e para frente” e expande as concavidades “para fora e para trás”. O exercício tem como base o autoalongamento da coluna vertebral por meio de uma tração ativa, enquanto a respiração rotacional angular é aplicada para ampliar o volume torácico nas regiões comprimidas. Essa ação simultânea favorece o realinhamento do tronco e a melhoria da simetria corporal.  

O segundo exercício amplamente utilizado é o “exercício em decúbito ventral” (prone exercise), no qual o paciente se posiciona de barriga para baixo e realiza uma combinação de tração escapular e contratração. Essa configuração gera uma descompressão torácica eficiente e contribui para o alongamento axial. Além disso, a elevação da perna correspondente à convexidade lombar ativa o músculo iliopsoas, promovendo o reposicionamento da pelve e auxiliando na correção da curva lombar. A respiração rotacional, por sua vez, é mantida durante todo o exercício, atuando diretamente na expansão das concavidades e contribuindo para a reorganização estrutural da caixa torácica.  

Já o exercício conhecido como “Sail” é realizado com o paciente em pé, sobre uma meia-roda de espuma, utilizando bastões como apoio para manter o equilíbrio. O foco dessa técnica é a expansão torácica unilateral, obtida por meio da respiração assimétrica orientada para a concavidade do tórax. Essa correção respiratória é combinada com a contração isométrica dos músculos estabilizadores do tronco, que ajudam a manter a postura corrigida ao longo de toda a execução. Trata-se de um exercício de intensidade intermediária, altamente eficaz para melhorar a percepção corporal e o controle tridimensional da postura. 

O quarto exercício frequentemente empregado é o “Muscle-Cylinder”, também conhecido como exercício em decúbito lateral. Nele, o paciente se deita sobre o lado convexo da curva lombar, com a região apoiada sobre rolos de posicionamento ou apoios terapêuticos específicos, a fim de promover o alinhamento horizontal da coluna. A perna superior é apoiada em um banco, enquanto o braço correspondente repousa sobre uma cadeira, criando uma cadeia postural longitudinal. Durante a execução, o paciente realiza tração escapular e ativa os músculos do tronco e do quadril, direcionando a convexidade lombar para o centro do corpo. A respiração rotacional é orientada especificamente para a concavidade, promovendo expansão pulmonar na região deprimida e contribuindo para a correção interna da curvatura. (Berdishevsky et al., 2016).  

Cada um desses exercícios representa fielmente a essência do método Schroth, que combina ação muscular ativa, alinhamento tridimensional e respiração terapêutica com foco na individualização do tratamento. A técnica busca reeducar o paciente a sustentar, de maneira consciente e funcional, uma postura corrigida em suas atividades cotidianas.

A eficácia do Método Schroth é apoiada por um número crescente de estudos científicos. Pesquisas mostram que o método pode reduzir o ângulo de Cobb em muitos casos. Estudos como o de Schreiber (2016) indicam que pacientes que seguem bem o tratamento têm menor taxa de piora da curva em comparação com grupos que não fizeram este tratamento ou foram apenas observados. Além disso, uma revisão sistemática de Negrini et al. (2018) indicou que o método é útil, especialmente para curvas moderadas, podendo ajudar a evitar a necessidade de cirurgia. 

Resultados positivos também foram vistos em ensaios clínicos randomizados (ECRs). Monticone et al. (2016), por exemplo, mostraram melhora significativa no ângulo de Cobb em pacientes tratados com Schroth, comparados a um grupo controle que recebeu tratamento usual ou foi apenas observado. Além da melhora na curva, Weiss et al. (2013) relataram melhoras na capacidade pulmonar e na função respiratória em adolescentes, benefícios ligados ao foco do método na respiração tridimensional corretiva. Diante dessas evidências, o Método Schroth se apresenta como um tratamento conservador eficaz para a EIA, ajudando o paciente a gerenciar sua condição através da autocorreção ativa e da aplicação das correções posturais nas atividades diárias.

3.2. O Método Pilates

Criado por Joseph Pilates no início do século XX, o Pilates é um método de condicionamento físico que integra exercícios de alongamento, fortalecimento muscular, controle respiratório e aprimoramento postural, fundamentado nos princípios de concentração, controle, precisão, fluidez e respiração (WELLS et al., 2014). Originalmente concebido para reabilitação física, o método tem ganhado notoriedade como uma abordagem eficaz   no tratamento conservador de deformidades da coluna, como a EIA. Revisões sistemáticas recentes indicam que o Pilates solo (Mat Pilates) é a modalidade mais frequentemente utilizada em protocolos de intervenção para EIA, devido à sua aplicabilidade em diversos ambientes clínicos e domiciliares, adaptabilidade e ênfase no controle postural (GOU et al., 2021; LI et al., 2024).

O Pilates atua de forma integrada, promovendo a estabilização da coluna através do fortalecimento da musculatura profunda o “core”, da melhora da flexibilidade e da coordenação neuromuscular. Acredita-se que seus efeitos benéficos na escoliose derivam da sua capacidade de corrigir desequilíbrios musculares, aumentar a amplitude de movimento, reduzir a rotação do tronco e diminuir o ângulo de Cobb (GOU et al., 2021; LI et al., 2024). Diversos estudos corroboram a eficácia do Pilates na reabilitação da EIA. Pesquisas indicam que sua prática regular pode não apenas estabilizar, mas até reduzir a curvatura escoliótica, especialmente em adolescentes em fase de crescimento (ARAÚJO, 2012), além de potencialmente diminuir a progressão da curva e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (GOU et al., , 2021). Benefícios específicos como a melhora do alinhamento postural, fortalecimento do core e aumento da flexibilidade também foram destacados (ÖZDEN, 2021). Um estudo de Ko (2017), por exemplo, relatou uma redução significativa no ângulo de Cobb após um programa de intervenção de Pilates de 12 semanas.

Resultados quantitativos robustos foram apresentados na meta-análise de Gou et al. (2021), que avaliou 10 ensaios clínicos randomizados envolvendo 359 participantes. Esta análise demonstrou que o Pilates reduziu significativamente o ângulo de Cobb, além de melhorar a amplitude de movimento do tronco e a qualidade de vida. Estes achados são consistentes com a revisão de Li et al. (2024), que também apontou efeitos positivos do Pilates na postura, curvatura da coluna, funcionalidade e bem-estar geral. Além dos efeitos na estrutura da coluna, estudos como o de Wells et al. (2014) indicam melhorias significativas na dor, na função pulmonar e na percepção da estética corporal em pacientes que praticam Pilates.

Alguns dos exercícios frequentemente incorporados em protocolos para escoliose incluem “The Hundred”, que fortalece o centro de força abdominal e melhora o controle respiratório; “Single Leg Stretch”, contribuindo para o alinhamento do quadril e reforçando o controle postural unilateral; “Swimming”, que ativa os extensores da coluna e promove a simetria muscular; e “Spine Stretch Forward”, focado na melhora da mobilidade da coluna torácica e na percepção da própria curvatura. Aqueles que focam em estabilizar o tronco, equilibrar a força muscular dos dois lados do corpo e melhorar a mobilidade da coluna são especialmente importantes, esses exercícios são sempre combinados com a ativação consciente dos músculos profundos do abdômen e costas (o “core”) e com a respiração controlada.  

O exercício “The Hundred” é um clássico do Pilates, usado para fortalecer os músculos profundos do abdômen e melhorar o controle da respiração. Nele, a pessoa fica em posição de decúbito dorsal, com as pernas elevadas e a cabeça e os ombros um pouco levantados do chão. Ela realiza movimentos curtos e rítmicos com os braços esticados ao lado do corpo, enquanto respira profundamente em sincronia com esses movimentos. Para fazer o exercício corretamente, é preciso manter o abdômen contraído e a lombar estável o tempo todo, o que ajuda a alinhar a coluna e a fortalecer os músculos que sustentam a postura. 

Outro exercício fundamental é o “Single Leg Stretch”. Ele ajuda a alinhar a pelve e a melhorar o controle da postura de um lado do corpo de cada vez. Também é feito em decúbito dorsal e envolve a troca de pernas: enquanto uma perna é esticada para frente, a outra é trazida em direção ao peito com a ajuda das mãos. É essencial manter sempre os músculos profundos do abdômen ativados e respirar de forma coordenada com o movimento das pernas. Isso ajuda a estabilizar a bacia e a alinhar o tronco. 

Já o exercício “Swimming” é realizado em posição de decúbito ventral, com braços e pernas estendidos. A partir dessa posição, levanta-se o braço e a perna opostos alternadamente, o movimento alternado de membros em decúbito ventral, simulando o padrão locomotor da natação. O principal objetivo dessa técnica é fortalecer os músculos das costas, principalmente os que ficam ao lado da coluna (paravertebrais). Além disso, estimula um trabalho muscular equilibrado entre os dois lados do corpo e a coordenação entre lados opostos. Ativar o abdômen e os glúteos ao mesmo tempo durante o movimento é fundamental para manter a coluna estável. 

Por fim, o “Spine Stretch Forward” é recomendado para aumentar a flexibilidade da parte de cima da coluna torácica e ajudar a pessoa a perceber melhor sua própria curvatura. Sentado com as pernas estendidas e afastadas, a pessoa leva o tronco para frente, curvando a coluna vértebra por vértebra, como se fosse “enrolar”, mas mantendo um certo alongamento. Este exercício ajuda a alongar ativamente os músculos da parte de trás do corpo e estimula o controle dos músculos pela mente, aumentando a consciência corporal e a mobilidade da coluna. 

Esses exercícios são frequentemente adaptados ao tipo de curva e à capacidade de cada paciente. Eles são sempre feitos de forma controlada, com foco na respiração profunda e na ativação dos músculos estabilizadores sem que haja movimento. A progressão do exercício respeita os limites individuais e busca usar os princípios do Pilates para reeducar a postura e melhorar a função no dia a dia, contribuindo muito para o tratamento conservador da EIA. (GOU et al., 2021)

O Pilates também oferece benefícios psicológicos, como aumento da autoestima e redução da ansiedade associada à deformidade física (WELLS et al., 2014). Sua abordagem mente-corpo promove consciência corporal, foco e redução do estresse, o que pode melhorar o engajamento terapêutico, um fator crucial para a eficácia a longo prazo, especialmente em adolescentes (ARAÚJO, 2012). 

3.3. O Método SEAS

O método Scientific Exercise Approach to Scoliosis (SEAS), ou “Abordagem de Exercícios Científicos para Escoliose”, foi desenvolvido na Itália na década de 1960 pelo Istituto Scientifico Italiano Colonna Vertebrale (ISICO), uma instituição dedicada ao estudo e tratamento das deformidades da coluna vertebral. Sua abordagem baseia-se na autocorreção ativa da coluna, combinando princípios de neurociência e biomecânica para promover o controle postural dinâmico e a estabilização da escoliose. (BERDISHEVSKY H et al., 2016). 

O SEAS surgiu como uma evolução dos métodos conservadores existentes, destacando-se por enfatizar a independência do paciente na correção postural.

Diferentemente do método Lyon, criado na França por Pierre Stagnara na década de 1950, que prioriza a correção tridimensional da escoliose por meio de órteses e exercícios passivos, o SEAS foca na autocorreção ativa e no fortalecimento da estabilidade postural, sem uma dependência contínua de dispositivos ortóticos. (BERDISHEVSKY H et al., 2016). 

O principal objetivo do SEAS é interromper o ciclo vicioso de Stokes, um conceito que explica a progressão da escoliose a partir de um mecanismo de feedback negativo. Segundo Stokes (1994), a carga anormal gerada pela escoliose leva a um crescimento ósseo assimétrico, que, por sua vez, intensifica ainda mais a curvatura vertebral. Esse crescimento desigual perpetua a deformidade, promovendo sua progressão contínua. O SEAS busca romper esse ciclo por meio da autocorreção ativa e da estabilização postural, distribuindo as cargas mecânicas de forma equilibrada e prevenindo a piora da condição.

Diferente do suporte ortótico, que impõe uma postura fixa ao paciente, os exercícios do SEAS induzem mudanças automáticas e comportamentais na postura e no movimento, utilizando estratégias específicas de controle motor. Isso é especialmente relevante para o tronco e a coluna vertebral, que dependem mais de padrões automáticos de controle feedforward, que é um é um sistema de controle que antecipa mudanças e ajuda o organismo a se recuperar  (SMANIA et al., 2008). Além disso, conforme demonstrado por Stokes (1994), o movimento ativo é mais eficaz do que o posicionamento passivo na modificação da deformidade da coluna, o que justifica a adoção de uma abordagem baseada em exercícios ativos, seja como tratamento independente ou combinado com órteses, seguindo o princípio do suporte ativo (STOKES, 1994; ROMANO et al., 2015). 

A base teórica para os exercícios voltados à escoliose foi aprofundada por Smania e colaboradores (2008), que identificaram aspectos neurofisiológicos essenciais para a reabilitação da EIA. Entre esses aspectos, destacam-se os padrões de recrutamento muscular do tronco, o controle neural axial e do braço, além da relevância dos sistemas cognitivos para a construção do esquema corporal e do mapeamento espacial.

O controle do tronco ocorre por meio de padrões rápidos de ativação muscular, regulados por dois mecanismos fundamentais do sistema motor: feedforward e feedback. O feedforwardrefere-se a ajustes motores antecipatórios, nos quais o sistema nervoso central prevê e prepara a resposta muscular antes que um movimento ocorra, garantindo estabilidade e eficiência na postura e nos deslocamentos corporais (SMANIA et al., 2008). Já o feedback envolve respostas corretivas baseadas em informações sensoriais recebidas após a execução do movimento, permitindo ajustes contínuos para manter o equilíbrio e a coordenação (SMANIA et al., 2008; STOKES, 1994). 

Esses mecanismos, profundamente enraizados no sistema neurológico, são essenciais para o controle postural dinâmico e a estabilização da coluna. No entanto, como se tratam de processos automáticos, sua modificação não pode ser facilmente alcançada apenas com treinamento voluntário, exigindo abordagens específicas. O método SEAS se baseia nesses princípios, utilizando exercícios que estimulam a adaptação postural por meio da ativação funcional e progressiva desses sistemas, promovendo uma estabilização ativa e duradoura da coluna (ROMANO et al., 2015).

Assim, os exercícios do SEAS, ao se basearem no ajuste postural voluntário e estabilização, atuam diretamente nesses mecanismos, promovendo uma adaptação postural dinâmica e funcional. Essa abordagem não apenas melhora a estabilidade da coluna, mas também contribui para o desenvolvimento de um controle motor mais eficiente e automático, capacitando o paciente a manter a correção postural no cotidiano e reduzindo a progressão da escoliose.

 O SEAS é baseado em sete principais pontos sendo eles:

  1. Avaliação individualizada: Cada paciente passa por uma análise detalhada para determinar a estratégia de tratamento mais adequada.
  2. Exercícios personalizados: O programa é adaptado à necessidade do paciente, considerando idade, grau de escoliose e capacidade funcional.
  3. Autocorreção ativa: O paciente aprende a corrigir sua postura de maneira independente.
  4. Fortalecimento muscular e estabilidade: Os exercícios são projetados para aumentar a resistência da musculatura postural.
  5. Educação do paciente e adesão ao tratamento: Envolvimento do paciente e sua família para maximizar os resultados.
  6. Monitoramento e ajustes: A evolução do tratamento é acompanhada e ajustada conforme necessário.
  7. Integração com outros métodos: Em alguns casos, o SEAS pode ser associado ao uso de órteses.

O método pode ser aplicado em casos de curvas de baixo ou médio grau durante o crescimento, visando potencializar a correção, preparar a coluna para o desenvolvimento e minimizar a necessidade do uso de órteses. Para curvas de médio grau, a correção pode ser associada ao uso de órtese e, durante a fase de desmame, busca-se evitar efeitos adversos. Em adultos, seja em situações de progressão ou consolidação da escoliose, o método auxilia na estabilização da curva, na redução da progressão do ângulo de Cobb e na diminuição da incapacidade funcional (ROMANO, 2015). As mudanças promovidas pelo tratamento não se refletem apenas na avaliação postural, mas podem ser confirmadas por meio de imagens radiográficas.

A autocorreção ativa no SEAS consiste na busca pelo melhor alinhamento tridimensional que o paciente pode alcançar voluntariamente, sendo um dos pilares fundamentais do tratamento conservador da escoliose. O consenso da SOSORT (2005) estabeleceu a “autocorreção 3D” como o elemento mais importante a ser integrado aos exercícios corretivos (SOSORT, 2005). 

Os exercícios do SEAS têm como objetivo treinar o paciente para gerar uma resposta automática que lhe permita manter a postura corrigida durante suas atividades diárias. A abordagem enfatiza que essa autocorreção deve ocorrer sem o auxílio de suportes externos, promovendo o uso ativo dos músculos intrínsecos da coluna (ROMANO et al., 2015). O foco não está no alinhamento passivo ideal, mas na estimulação funcional que favorece a contração independente dos músculos treinados, resultando em um controle postural mais ativo e eficiente (SMANIA et al., 2008).

Durante a autocorreção ativa observa-se:

  • Melhoria imediata e significativa da estética do tronco, com aumento da simetria. (Figura 7), (Figura 8).
  • Aprimoramento do equilíbrio frontal e da distribuição de peso na coluna e nas articulações periféricas.
  • Melhoria do alinhamento postural em outras partes do corpo, como cabeça e cotovelos.
  • Alterações verificáveis  não apenas na postura, mas também por meio de exames de raio-X. (Figura 9), (Figura 10).

Figura 7. Vista posterior antes da autocorreção da musculatura. 

Fonte: Paciente 1. Representação esquemática da progressão da escoliose sem intervenção e a ação da autocorreção no SEAS. ROMANO et al., 2015.

Figura 8. Vista posterior após a autocorreção através da contração independente. 

Fonte: Paciente 1. Demonstração prática de um paciente realizando autocorreção ativa assistida pelo terapeuta. ROMANO et al., 2015.

Figura 9. Radiografia póstero-anterior da coluna sem a correção.

Fonte: Paciente 1. Radiografia póstero-anterior da coluna do Paciente 1, evidenciando a curvatura escoliótica com marcações do ângulo de Cobb para avaliação da deformidade. ROMANO et al., 2015.

Figura 10. Radiografia póstero-anterior da coluna com a correção.

Fonte: Paciente 1. Radiografia da coluna vertebral em incidência posteroanterior, enquanto o paciente mantém a autocorreção ativa aprendida durante a sessão de exercícios. ROMANO et al., 2015.

A estabilização da coluna vertebral representa o principal objetivo funcional do método SEAS, que é alcançada por meio da ativação coordenada de cadeias musculares profundas, como o multífido, o transverso do abdômen, o diafragma e os músculos do assoalho pélvico. Essa abordagem propõe o desenvolvimento de uma resposta automatizada, coordenada pelo sistema nervoso central, sendo capaz de sustentar a postura corrigida em condições estáticas e dinâmicas do cotidiano, estabilizando os efeitos biomecânicos da carga assimétrica sobre as vértebras e reduzindo o risco de progressão da curvatura escoliótica. (ROMANO et al., 2025; STAMINA et al., 2008). 

O método estrutura sua intervenção terapêutica em dois pilares fundamentais. Primeiramente, busca promover a estabilidade funcional da coluna vertebral, otimizando o controle neuromuscular e a capacidade de sustentação postural tridimensional. Em segundo lugar, visa corrigir disfunções motoras secundárias identificadas na avaliação clínica inicial, abrangendo desequilíbrios musculares, retrações miofasciais, hipoatividade neuromotora, alterações de coordenação e distúrbios de equilíbrio (NEGRINI et al., 2006).  

Tais objetivos estão de acordo com os critérios estabelecidos pela SOSORT, que destacam a autocorreção tridimensional como o componente mais importante nos programas baseados em exercícios (NEGRINI et al., 2005) 

A progressão nos exercícios SEAS inicia-se com o aprendizado da autocorreção ativa, um elemento central da abordagem. Esta autocorreção, que envolve o ajuste voluntário da postura nos planos coronal (deslocamento oblíquo da vértebra apical em direção à linha mediana), sagital (restauração das curvaturas fisiológicas torácica e lombar) e transversal (redução da torção vertebral associada), além do auto alongamento axial (direcionamento antigravitacional da coluna), é posteriormente desafiada por tarefas motoras complexas. O objetivo é consolidar o padrão postural corrigido através de mecanismos de controle automático (ROMANO et al., 2015). A sequência de ativação da autocorreção segue princípios biomecânicos, priorizando o início pelas regiões caudais, a correção primária do plano mais comprometido e da curva principal em casos de escoliose dupla (NEGRINI et al., 2003). 

Durante a execução dos exercícios, a autorrevisão guiada é incentivada por meio de quatro perguntas essenciais: “Estou realizando uma ativação muscular adequada ou permanecendo em postura relaxada?”, “A simetria do meu tronco melhorou em relação ao padrão inicial?”, “O exercício imposto desafia efetivamente minha capacidade de manter a autocorreção?” e “Ao final do movimento, percebo diferença sensível entre minha postura corrigida e a natural?” (ROMANO et al., 2015). Estas questões atuam como um instrumento de feedback interno, crucial para o desenvolvimento da consciência corporal. 

Uma exemplificação da aplicação do método através de  um exercício básico pode envolver o paciente sentado realizando a translação lateral da curva toracolombar, seguida de uma inclinação anterior do tronco, mantendo a curvatura sagital fisiológica, e o retorno à posição ereta, sustentando a postura corrigida. Já um exercício avançado pode ser realizado em ortostatismo, a cerca de 80 cm da parede, onde o paciente executa uma rotação ativa torácica (por exemplo, contra-horária), avança em direção à parede com apoio manual, flexiona os cotovelos e retorna à posição inicial, mantendo a autocorreção ao longo de toda a sequência funcional (ROMANO et al., 2015). 

O protocolo de aplicação e orientação terapêutica do SEAS pode incluir treinamento ambulatorial supervisionado de 2 a 3 sessões semanais de 45 minutos e um programa domiciliar com prática diária de 15 a 20 minutos com revisões presenciais trimestrais de 1h30. A aprendizagem é dependente da repetição orientada e da individualização dos exercícios, com frequência envolvendo familiares para reforçar a adesão e o uso de vídeos para a execução segura em casa. (ROMANO et al., 2015). 

As características e princípios da construção dos exercícios SEAS incluem a ausência de padronização por tipo de curva, o ajuste progressivo da dificuldade, o enfoque no controle tônico postural e na transferência funcional, e a integração da postura corrigida nas atividades da vida diária (NEGRINI et al., 2006). 

A individualização e progressão terapêutica são cruciais, com cada protocolo sendo adaptado ao padrão morfológico da curva escoliótica, às condições motoras, às limitações biomecânicas e à fase do tratamento com o uso ou retirada de colete. A progressão ocorre conforme a melhora do controle motor e da estabilidade funcional (NEGRINI et al., 2006). 

Finalmente, a avaliação clínica e o monitoramento são etapas essenciais. Antes da intervenção, realiza-se uma avaliação abrangente dos aspectos morfológicos e das funções neuromotoras. Reavaliações completas são realizadas anualmente, com testes funcionais aplicados trimestralmente para o reajuste terapêutico (ROMANO et al., 2015).

3.4. TABELA COMPARATIVA DOS PRINCIPAIS MÉTODOS DE TRATAMENTO CONSERVADOR NA EIA.

MétodoFrequência recomendadaFoco principal Faixa etária indicada Curvatura alvo
Schroth3 a 5 vezes por semana Reeducação postural tridimensional, controle respiratório e autocorreçãoAdolescentes e adultosLeves a graves (≥10° Cobb)
SEAS2 a 3 vezes por semana + domiciliar Autocorreção ativa, consciência corporal, estabilidade funcionalCrianças e adolescentesLeves a moderadas (10°–30° Cobb)
Pilates2 vezes por semanaEstabilização do core, consciência corporal, alongamentoAdolescentes e adultos Leves (≤15° Cobb), como tratamento complementar

4. OBJETIVOS

4.1. OBJETIVO GERAL

Comparar a eficácia dos métodos SEAS, Schroth e Pilates na redução do ângulo de Cobb em adolescentes com escoliose idiopática por meio de uma revisão integrativa da literatura.

4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 

  • Descrever as características dos métodos SEAS, Schroth e Pilates no tratamento da escoliose idiopática adolescente.
  • Coletar e sistematizar os resultados dos métodos SEAS, Schroth e Pilates relacionados à redução do ângulo de Cobb.
  • Analisar comparativamente a eficácia dos métodos SEAS, Schroth e Pilates na redução do ângulo de Cobb com base nas evidências disponíveis.

5. MATERIAL E MÉTODOS

A revisão integrativa é uma abordagem utilizada para coletar dados, sendo um método destinado a sintetizar os resultados de pesquisas sobre um tema ou questão específica de forma sistemática e ordenada. Seu propósito é contribuir para o avanço do conhecimento sobre o tema em questão. De acordo com Cooper (1982, 1989), esse método consiste em agrupar os resultados de pesquisas primárias relacionadas ao mesmo assunto, com o objetivo de sintetizar e analisar esses dados, a fim de desenvolver uma explicação mais abrangente de um fenômeno específico.

Esse tipo de revisão possibilita aos interessados reconhecer os profissionais que mais investigam um assunto, suas áreas de atuação e suas contribuições mais relevantes, permite separar o achado científico de opiniões e ideias, descrever o conhecimento no seu estado atual e promover o impacto da pesquisa sobre a prática profissional. Este método permite fazer generalizações sobre determinados assuntos estudados por vários pesquisadores, em diferentes lugares e momentos, mantendo os interessados atualizados e facilitando as modificações da prática cotidiana como consequência da pesquisa.

Para a busca dos estudos primários serão realizadas em quatro bases de dados: National Library of Medicine (PubMed) (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/), Cochrane Library (https://www.cochranelibrary.com/) e Physiotherapy Evidence Database (PEDro) (https://pedro.org.au/).

Serão utilizados os termos em português: “escoliose idiopática adolescente”, “fisioterapia escoliose”, “escoliose idiopática adolescente e SEAS”, “escoliose idiopática adolescente e Schroth”, “escoliose idiopática adolescente e Pilates”, “ângulo de Cobb” e em inglês: adolescent idiopathic scoliosis” “SEAS”, “adolescent scoliosis and schroth”, “adolescent idiopathic scoliosis pilates”, “Cobb angle”, “physiotherapy”, “physical therapy” Para a combinação dos descritores serão utilizados os Operadores Booleanos “AND” e “E”. Esses operadores fornecendo a intercessão, apresentando apenas artigos que contenham todas as palavras-chave digitadas, restringindo a amplitude da pesquisa.

Para fins deste projeto serão incluídos trabalhos/artigos publicados entre os anos de 2018 a 2025, publicados em português e inglês. Para essa revisão serão incluídos artigos completos, revisões sistemáticas, ensaios clínicos controlados, estudos de coorte, estudos de caso-controle, estudos que avaliem a redução do Ângulo de Cobb, excluindo revisões narrativas e integrativas, artigos que citem outros métodos, pessoas fora da faixa etária selecionada, outras abordagens de tratamento, falta de mensuração do ângulo de cobb, estudos incompletos e acesso ao texto completo, métodos da pesquisa associado a outro.

Dentro das pesquisas, será aplicada ainda a utilização de filtros adicionais para refinar os resultados, tais como: seleção da faixa etária correspondente aos adolescentes, disponibilidade de textos completos gratuitos, restrição aos idiomas português e inglês, e delimitação dos dados de publicação entre 2020 e 2025. Esses filtros visam garantir que os estudos selecionados estejam incluídos nos critérios de inclusão, facilitando a obtenção de materiais relevantes e acessíveis para a realização desta disposição.

Para essa revisão será utilizada a recomendação PRISMA de revisão (GALVÃO et al 2015). A recomendação PRISMA consiste em um checklist com 27 itens e um fluxograma de quatro etapas para a seleção dos trabalhos a serem incluídos. O checklist é composto por 27 itens, os quais devem ser incluídos no relato de revisão. Os itens incluem os tópicos que devem obrigatoriamente ser trabalhados desde o título até a conclusão do trabalho (GALVÃO et al 2015) (Figura 11).

A avaliação da elegibilidade e a análise da qualidade dos artigos foram realizadas por dois pesquisadores de forma independente e depois debatidos.

Fora considerada a seguinte questão norteadora para a condução deste projeto: qual é a eficácia comparativa dos métodos SEAS, Schroth e Pilates na redução do ângulo de Cobb em adolescentes com escoliose idiopática, com base nas evidências disponíveis na literatura científica?

O processo de seleção dos trabalhos é composto por quatro diferentes fases para a seleção. A primeira fase é a “Identificação” que consiste na busca de artigos, nas bases de dados selecionadas. A “Seleção” é a segunda fase onde ocorre a subtração dos dados, pois é nela que são removidos os estudos duplicados, e dos estudos resultantes, são reavaliados e eliminados os que não se enquadram na pesquisa. A “Elegibilidade” consiste na avaliação para a elegibilidade  com análise integral dos mesmos e posteriormente ocorre uma nova exclusão com  justificativa.  A última fase é a “Inclusão” onde contém o número de estudos incluídos na síntese quantitativa. Após será preenchido o fluxograma de seleção do protocolo PRISMA com os dados referentes a cada fase de seleção (GALVÃO et al 2015) (Figura 12).

Figura 12. Fluxograma

AutorArtigoAnoMétodo TestadoNúmero de pacientes e Duração da intervençãoRedução do Ângulo de CobbSíntese de Resultados Conclusões
Gao et al.Exercícios de Schroth melhoram a qualidade de vida relacionada à saúde e os parâmetros radiográficos em pacientes adolescentes com escoliose idiopática.2021Schroth64 pacientes e duração de 32 semanas2,6° graus.O tratamento prolongado contribuiu para estabilização da curva e prevenção de progressão, além de ganhos na qualidade de vida, mesmo sem redução angular expressiva.
Kocaman et al.A eficácia de duas abordagens diferentes de exercícios na escoliose idiopática do adolescente: um ensaio clínico randomizado, simples-cego e controlado.2021Schroth35 pacientes e duração de 10 semanas.7,93° graus (torácico)O protocolo Schroth demonstrou elevada eficácia em curto prazo, com melhora substancial na simetria postural, rotação do tronco e função respiratória.
Mohamed & YoussefImpacto dos exercícios tridimensionais de Schroth versus técnicas de facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF) na escoliose idiopática do adolescente: um estudo randomizado controlado.2021Schroth45 pacientes e duração de 6 meses.6,31° graus.Houve melhora significativa na angulação, marcha e controle postural. O Schroth superou o PNF em resultados estruturais e funcionais, validando sua superioridade terapêutica.
Karavidas et al.Exercícios fisioterapêuticos específicos para escoliose (PSSE-Schroth) podem reduzir o risco de progressão durante o crescimento inicial em curvas abaixo de 25°: estudo prospectivo controlado.2024Schroth221 pacientes e duração de 29,4 meses.1,6° graus (lombar); 0,5° graus (torácico)Alta taxa de estabilização (87%) e menor necessidade de órtese reforçam o PSSE como intervenção preventiva eficaz em longo prazo para curvas leves e moderadas.
Tombak et al.Comparação dos efeitos do programa de exercícios Schroth supervisionado versus domiciliar na escoliose idiopática adolescente.2024Schroth supervisionado vs domiciliar37 pacientes e duração de 12 semanas.3,16° (superv.); 2,67° (domic.)Ambos os formatos foram efetivos, com superioridade do modelo supervisionado na correção angular, controle postural e impacto na qualidade de vida.
Negrini et al.Exercícios específicos reduzem a necessidade de uso de colete em adolescentes com escoliose idiopática: um ensaio clínico prático.2019SEAS145 pacientes e duração de 2 anos.1,6° graus.Resultados consistentes na redução da progressão da curva e menor taxa de uso de colete confirmam a efetividade do SEAS como método de longo prazo baseado em autocorreção ativa.
Rrecaj-Malaj et al.Resultado de 24 semanas de exercícios combinados Schroth e Pilates no ângulo de Cobb, rotação do tronco, expansão torácica, flexibilidade e qualidade de vida em adolescentes com escoliose idiopática.2020Schroth + Pilates69 pacientes e duração de 24 semanas.3,86° graus.A intervenção combinada gerou efeitos positivos tanto estruturais quanto funcionais, com melhora do Cobb, da rotação do tronco, flexibilidade e percepção de qualidade de vida.
Shah et al.Efeito do método Schroth e do SEAS no ângulo de Cobb em adolescentes com escoliose idiopática: um estudo comparativo.2019Schroth vs SEAS30 pacientes e duração de 7 semanas3,8° graus (Schroth); 1,93° graus (SEAS)Ambos os métodos reduziram o ângulo de Cobb, mas o método Schroth foi mais eficaz, com quase o dobro da redução em comparação ao SEAS ( 3,8° vs. 1,93°). Schroth demonstrou maior potencial de correção angular em curto prazo.
Zheng et al.Gestão ortótica e exercícios são igualmente eficazes em pacientes com escoliose idiopática adolescente na China? Um ensaio clínico randomizado.2018SEAS53 pacientes e duração de 12 meses2,24° graus.O SEAS foi eficaz na estabilização e na função postural, sendo uma alternativa válida ao colete, especialmente em pacientes com baixa aceitação de órteses.
Başaran Özden & ÇolakOs exercícios de Pilates clínico são um tratamento eficaz para escoliose? Um ensaio clínico randomizado.2023Pilates34 pacientes e duração de 8 semanas.0,0° graus.O Pilates isolado não promoveu correção angular, mas foi eficaz na melhora da dor, postura e equilíbrio. Apresenta-se como recurso funcional complementar, não corretivo.

6. RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que esta revisão integrativa forneça uma análise comparativa da eficácia dos métodos SEAS, Schroth e Pilates na redução do Ângulo de Cobb em adolescentes com escoliose idiopática, identificando qual abordagem apresenta melhores resultados com base nas evidências disponíveis. Os achados poderão contribuir para a prática clínica de fisioterapeutas, auxiliando na escolha do tratamento conservador mais adequado para cada paciente, de acordo com a gravidade da curvatura, a funcionalidade do indivíduo e outros fatores clínicos relevantes. 

7. DISCUSSÃO

Esta revisão integrativa analisou e comparou a eficácia dos métodos fisioterapêuticos Schroth, SEAS e Pilates clínico na abordagem conservadora da escoliose idiopática do adolescente (EIA), com ênfase na redução da curvatura vertebral medida pelo ângulo de Cobb. Além desse desfecho principal, também foram considerados aspectos como dor, autoimagem, funcionalidade e estabilização da curva, contribuindo para uma visão mais abrangente do impacto clínico dessas abordagens.

Entre os métodos avaliados, o Schroth destacou-se como a técnica mais eficaz na redução do ângulo de Cobb, com médias variando entre 2,6° e 7,9°. Além disso, proporcionou benefícios clínicos relevantes, como melhora na dor, na simetria corporal e na autoimagem. Estudos com delineamento metodológico mais robusto, como os realizados por Kocaman et al. (2021) e Mohamed & Yousef (2021), reforçam a superioridade dessa técnica em comparação com outras estratégias, incluindo exercícios de estabilização do core e facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF). Outro dado relevante refere-se à ausência de progressão para tratamento cirúrgico nos grupos tratados com Schroth, mesmo em acompanhamentos de longo prazo, chegando a 32 meses. Esse resultado sugere que o método tem um papel importante na estabilização de curvas moderadas e na prevenção de intervenções invasivas.

O método SEAS, por sua vez, apresentou resultados mais modestos em termos de redução angular, com médias entre 1,6° e 2,2°. Apesar disso, demonstrou ser eficaz na estabilização da curvatura e na diminuição da necessidade de uso de coletes ortopédicos, configurando-se como uma abordagem segura e viável, especialmente em contextos de tratamento domiciliar. Estudos como os de Negrini et al. (2019) e Zheng et al. (2018) apontaram que o SEAS pode promover ganhos funcionais significativos e representar uma alternativa válida para adolescentes com baixa adesão ao uso de órteses. No entanto, é importante ressaltar que seus efeitos na correção angular são menos expressivos quando comparados aos obtidos com o método Schroth, principalmente em casos de curvas moderadas.

Já o Pilates clínico apresentou efeitos positivos principalmente sobre a dor, a postura e a flexibilidade dos adolescentes com EIA. Entretanto, não demonstrou impacto relevante na redução da curvatura escoliótica quando aplicado de forma isolada. O estudo de Başaran Özden & Kuru Çolak (2023) confirmou que, embora tenha havido melhora nos parâmetros posturais e funcionais, o ângulo de rotação do tronco permaneceu praticamente inalterado. 

Em contrapartida, quando utilizado de forma combinada com o método Schroth, como observado no estudo de Rrecaj-Malaj et al. (2020), o Pilates contribui para uma melhora adicional tanto em parâmetros clínicos quanto estruturais. Isso sugere que, embora não seja eficaz como tratamento isolado para correção angular, o Pilates pode exercer um papel adjuvante dentro de programas terapêuticos mais amplos e específicos para escoliose.

Apesar dos resultados relevantes, os estudos incluídos nesta revisão apresentaram algumas limitações metodológicas que merecem atenção. Em muitos deles, observou-se a ausência de cegamento dos avaliadores, o que pode comprometer a imparcialidade das análises. Além disso, houve variação considerável no tamanho das amostras e na duração das intervenções, sendo que, em alguns casos, o tempo de acompanhamento foi relativamente curto. A falta de padronização nos protocolos dos métodos Schroth e SEAS também dificultou comparações diretas entre os estudos, comprometendo a possibilidade de generalização dos achados. 

Outro fator limitante foi o acesso restrito a alguns artigos completos, especialmente aqueles disponíveis apenas em bases de dados pagas, o que pode ter influenciado a abrangência da análise. Somado a isso, constatou-se uma escassez de publicações que realizassem comparações simultâneas dos três métodos avaliados, o que enfraquece a robustez da comparação direta entre as abordagens.

Diante dessas limitações, torna-se evidente a necessidade de novos estudos clínicos, bem delineados e controlados, que envolvam amostras maiores, seguimento prolongado, protocolos padronizados e que incluam múltiplos desfechos clínicos. Além disso, seria relevante que futuras pesquisas comparassem diretamente a eficácia dos métodos Schroth, SEAS e Pilates, tanto de forma isolada quanto em associação, a fim de elucidar suas reais contribuições na abordagem conservadora da escoliose idiopática do adolescente.

Em termos de aplicabilidade clínica, os achados desta revisão são valiosos para auxiliar fisioterapeutas na escolha de estratégias terapêuticas mais eficazes e individualizadas. O método Schroth se apresenta como a abordagem mais eficaz para a correção da deformidade estrutural da escoliose, especialmente em adolescentes com curvas moderadas. O SEAS, embora menos eficaz na redução angular, é uma alternativa segura e útil para estabilização e controle da progressão, especialmente em contextos com maior adesão domiciliar. Já o Pilates clínico, embora limitado quanto à correção angular, pode ser um complemento funcional relevante em programas de reabilitação multidimensionais, contribuindo para o alívio da dor, melhoria postural e funcionalidade global dos pacientes.

GRÁFICO DE DISPERSÃO – RELAÇÃO TEMPO VERSUS REDUÇÃO DO ÂNGULO

Legenda: O método Schroth apresentou as maiores reduções angulares em menos tempo. O SEAS atuou melhor na estabilização, enquanto o Pilates, isolado, teve pouco efeito, mas mostrou bons resultados quando combinado ao Schroth. A eficácia depende mais do método aplicado do que da duração da intervenção.

8. CONCLUSÃO

Com base nas evidências atuais, o método Schroth apresenta maior eficácia na redução do ângulo de Cobb, especialmente em curvaturas leves a moderadas, sendo indicado como primeira linha em adolescentes com EIA. Além da melhora angular, o Schroth também promoveu ganhos clínicos relevantes, como redução da dor, melhora na auto imagem, na postura tridimensional e na qualidade de vida, especialmente quando aplicado de forma supervisionada e por períodos prolongados.

O método SEAS, embora tenha apresentado reduções mais discretas no ângulo de Cobb, demonstrou ser eficaz na estabilização da curva, prevenção da progressão e diminuição da necessidade de uso de colete. Sua aplicabilidade em ambiente domiciliar e foco na autocorreção ativa fazem dele uma estratégia viável, especialmente em estágios leves e moderados da escoliose idiopática.

Já o Pilates clínico, quando utilizado de forma isolada, mostrou benefícios relacionados à redução de dor e melhora da postura funcional, mas não apresentou impacto significativo sobre a curvatura da coluna. No entanto, quando combinado ao Schroth, mostrou-se uma alternativa promissora como abordagem complementar, contribuindo para aspectos funcionais e estéticos. 

Na prática clínica, os resultados desta revisão indicam que o Schroth deve ser priorizado como principal estratégia fisioterapêutica para reduzir curvaturas estruturadas, especialmente em adolescentes com curvas leves a moderadas. O SEAS pode ser integrado como abordagem educativa e preventiva, sendo viável em ambientes domiciliares ou em centros com menor estrutura. O Pilates, quando bem conduzido, pode ser um recurso complementar em programas voltados ao alívio de sintomas, melhora funcional e reforço da consciência corporal. 

Entretanto, esta revisão também revelou limitações importantes, como a falta de padronização dos protocolos, ausência de cegamento em parte dos estudos, amostras reduzidas, tempo de intervenção curto e a restrição de acesso a artigos completos. Além disso, há uma carência de ensaios clínicos comparativos diretos entre os três métodos, o que reforça a necessidade de novas pesquisas bem delineadas, com maior rigor metodológico, maior número de participantes e desfechos padronizados. 

Ainda assim, os achados disponíveis permitem afirmar que o método Schroth é atualmente a abordagem mais indicada na fisioterapia para EIA, seguido pelo SEAS como método preventivo e pelo Pilates como suporte funcional. Esses recursos, quando aplicados de forma personalizada, estruturada e baseada em evidências, podem contribuir significativamente para a melhora clínica e funcional do paciente adolescente com escoliose idiopática.

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