PENICILLIN IN THE TREATMENT OF SYPHILIS: EFFECTIVENESS, BACTERIAL RESISTANCE AND CURRENT CHALLENGES
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202510272327
Fernanda Luíza de Souza Ribeiro1
Yasmin Glesiele Pereira1
Flávia Mesquita Costa2
Resumo
A sífilis, uma infecção sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidum e ainda representa um risco considerável para a saúde pública. O tratamento com penicilina continua sendo o mais eficaz e seguro, pois apresenta uma ação direta na eliminação do agente infeccioso e devido a apresentar baixo índice de resistência. Este estudo tem como objetivo revisar a literatura recente sobre o tratamento da sífilis com a penicilina, abrangendo os principais obstáculos enfrentados atualmente, como falhas terapêuticas, reações adversas e a escassez do medicamento. A pesquisa foi baseada em artigos científicos publicados entre 2015 e 2025 em bases reconhecidas, abordando evidências clínicas e laboratoriais sobre o uso do antibiótico, e tratamentos alternativos. Os resultados indicam que, mesmo com os avanços tecnológicos e farmacológicos, a penicilina permanece como primeira escolha no controle da infecção, sendo essencialmente na prevenção da sífilis congênita e nas outras fases da doença, assim como na redução da transmissão entre adultos. Conclui-se que manter a eficácia do tratamento depende de vigilância constante, atualização profissional e incentivo à pesquisa de novas abordagens terapêuticas.
Palavras-chave: Penicilina. Tratamento. Sífilis. Resistência. Alergia.
1 INTRODUÇÃO
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum, que acomete homens e mulheres principalmente por contato sexual. Também poder ser transmitida por via sanguínea ou por meio de lesões mucocutâneas. Apesar de ser amplamente conhecida e tratável com o uso de antibiótico, a penicilina como primeira escolha, a doença persiste como um problema de saúde pública relevante, especialmente em populações vulneráveis. (SECRETARIA DO ESTADO DE SAÚDE,2025)
Do ponto de vista de saúde pública, a sífilis representa um impacto significativo devido à sua alta incidência, especialmente em países em desenvolvimento, onde barreiras no acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva contribuem para a persistência da infecção. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 foram registrados mais de 7 milhões de casos de sífilis em adultos no mundo, com as taxas mais elevadas observadas em regiões da África, América Latina e Sudeste Asiático. Nesses contextos, fatores como desigualdade socioeconômica, baixa escolaridade e acesso limitado a informações sobre prevenção agravam a prevalência da doença. (OMS,2019)
Os casais heterossexuais concentram a maior parte dos casos notificados em números absolutos. Esse dado pode ser relacionado principalmente com a representatividade desse grupo na população geral. (BRASIL,2023)
As populações vulneráveis, como trabalhadores(as) do sexo, e casais homossexuais, apresentam maiores taxas de infecção devido à restrição de acesso a serviços adequados de saúde sexual e reprodutiva. Resultado de fatores como múltiplos parceiros sexuais, práticas sem preservativos e com infecção frequente com HIV. (FRANCO-PAREDES et.al, 2015; TALHARI et.al, 2025; UNAIDS,2020)
Indivíduos HIV positivo, apresentam risco aumentado de infecção pela sífilis, tanto pela sobreposição de fatores comportamentais de vulnerabilidade, quanto pela imunossupressão. Nesses casos, a evolução clínica costuma ser mais rápida e as complicações, como a neurossífilis, podem ocorrer em estágios precoces. (AMORIM, 2021; BRASIL, 2022) A prevalência de sífilis entre gestantes é de 3,5%, refletindo não apenas o risco de transmissão vertical da infecção, mas também a insuficiência das políticas de triagem e tratamento durante o pré-natal. (DOMINGUES et.al, 2025)
A penicilina, um antibiótico descoberto em 1928 por Alexander Fleming, é o tratamento de escolha para a sífilis em todos os seus estágios, com excelentes resultados terapêuticos e baixo risco de resistência. A penicilina benzatina é amplamente utilizada para as fases primária, secundária e latente da infecção, enquanto a penicilina G, administrada por via intravenosa, é preferida para casos de sífilis terciária devido à necessidade de alcançar níveis terapêuticos mais elevados no organismo. No contexto da gestação, a penicilina benzatina é fundamental para prevenir a transmissão vertical da doença, sendo a única terapia indicada para grávidas. (CHAMBARELLI et al., 2022)
Embora a penicilina mantenha sua eficácia, os desafios relacionados ao diagnóstico precoce e ao acesso aos serviços de saúde sexual permanecem. A resistência do T. pallidum a outros antibióticos, como a azitromicina, também representa um obstáculo adicional ao manejo da infecção. (OMS, 2025)
Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo revisar a literatura científica disponível sobre a utilização da penicilina no tratamento da sífilis, destacando os problemas e limitações atuais.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
Referencial teórico/Estado da arte
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum, que permanece como um importante problema de saúde pública mundial. A doença apresenta alta incidência em populações vulneráveis e pode ser transmitida por via sexual, sanguínea ou vertical, de mãe para filho durante a gestação. A infecção pode evoluir em diferentes estágios clínicos — primário, secundário, latente e terciário — e, quando não tratada devidamente, pode causar complicações graves, inclusive neurológicas e cardiovasculares (BRASIL, 2022; OMS, 2019).
Desde sua descoberta por Alexander Fleming, a penicilina revolucionou o tratamento das infecções bacterianas e tornou-se o fármaco de primeira escolha para o tratamento da sífilis em todas as suas fases clínicas. A penicilina G benzatina é utilizada para os três primeiros estágios da infecção, enquanto a penicilina cristalina é indicada para casos mais graves, por alcançar de maneira mais eficiente, níveis terapêuticos adequados no sistema nervoso central (CHAMBARELLI et al., 2022). Durante a gestação, a penicilina benzatina é considerado o único tratamento eficaz e seguro, sendo imprescindível para prevenir a transmissão vertical dessa IST (MONTEIRO et al., 2024).
O mecanismo de ação do fármaco concentra-se na inibição da síntese da parede celular bacteriana atuando no bloqueio das proteínas ligadoras de penicilina (PBPs), levando à destruição e morte do microrganismo (BATISTA et al., 2023). Com ação seletiva, afeta apenas estruturas bacterianas e preservando as células humanas, o que descreve sua alta eficácia e baixo risco de toxicidade (W. & JÚNIOR, 2023). Apesar de sua comprovada efetividade, estudos recentes relatam raras falhas terapêuticas, que podem estar associadas não à resistência bacteriana, mas a mecanismos de tolerância do T. pallidum e possíveis mutações genéticas (MI et al., 2023).
A resistência bacteriana é um dos maiores desafios atuais da medicina, resultado do uso inadequado de antibióticos e de mutações genéticas que possibilita às bactérias a capacidade de sobreviver à ação dos fármacos (DA SILVA; AQUINO, 2018). Embora o T. pallidum permaneça sensível à penicilina, existem relatos sobre resistências a outros antibióticos usados como alternativas terapêuticas (LIEBERMAN et al., 2024; COELHO; COELHO, 2019). Por isso, as diretrizes do CDC (2024) recomendam que a penicilina continue sendo o tratamento padrão para todas as formas de sífilis, e que alternativas só sejam utilizadas em casos específicos de alergia comprovada.
Apesar de rara, a alergia à penicilina, representa uma limitação clínica importante. As reações podem variar desde hipersensibilidades leves até casos graves de anafilaxia, o que exige acompanhamento médico rigoroso e o uso de fármacos alternativos (FELIX et al., 2021). No entanto, esses medicamentos não possuem mesma eficácia da penicilina, principalmente na prevenção da sífilis congênita (COELHO; COELHO, 2019).
Outro fator preocupante no controle da sífilis é o desabastecimento da penicilina, que tem comprometido o tratamento em diversos países, inclusive no Brasil. Essa escassez desse antibiótico, observada desde 2014, afetou principalmente gestantes e recém-nascidos, aumentando os índices de sífilis congênita e mortalidade infantil (ARAUJO et al., 2020; ROCHA et al., 2021). Essa carência está relacionada à redução na produção global do insumo farmacêutico ativo (IFA), motivada pelo baixo lucro e pela concentração da fabricação em poucos fornecedores (CHAVES et al., 2022).
As principais informações obtidas nas pesquisas revelam que, apesar dos avanços no diagnóstico e no tratamento terapêutico, ainda há necessidade de estudos voltados ao desenvolvimento de novos antibióticos e alternativas terapêuticas, que buscam fortalecer a resposta imunológica e prevenir reinfecções (NUNES et.al, 2024).
Portanto, a fundamentação teórica evidencia que a penicilina continua sendo o tratamento mais eficaz e seguro para a sífilis. Entretanto, a resistência bacteriana, as alergias medicamentosas, o desabastecimento reforçam a importância de políticas públicas eficazes, educação em saúde e pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas e preventivas.
3 METODOLOGIA
Para a produção deste trabalho foram realizadas buscas, análises e coletas de artigos e capítulo nas bases de dados Google Acadêmico, PudMed, SCIELO, site oficial da OMS e site oficial da Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo. Foram selecionados 32 artigos relevantes, publicados entre os anos 2015 e 2025, sendo os mesmos, artigos de revisão sistêmica e ou literatura, como também um capítulo do livro Ciências biológicas e da saúde: integrando saberes em diferentes contextos, publicado em 2023, para a construção deste.
Este trabalho visa revisar a literatura científica vigente, destacando sobre o papel crucial do tratamento antimicrobiano no manejo da Sífilis e na atribulação da mitigação da resistência bacteriana, presente em etapas do tratamento desta infecção sexualmente transmissível (IST).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
4.1 Evolução da Sífilis
A sífilis acompanha as mudanças comportamentais da sociedade contemporânea. No decorrer dos séculos, foi e ainda é frequentemente associada aos estigmas sociais e morais. Já foi tratada com métodos cruéis e ineficazes e somente a partir do século XIX, com os avanços da Medicina é que foi possível entender melhor a natureza da doença, e identificar como a bactéria T. pallidum se comporta e assim buscar a melhor resposta terapêutica. (NUNES et.al, 2024)
A introdução da penicilina representou um marco na terapêutica, proporcionando controle significativo da doença. Esse avanço consolidou a penicilina como principal via de tratamento, reduzindo a frequência de pesquisas na área. (SARDINHA et.al, 2020)
A sífilis é uma infecção sexualmente transmitida, que desde a década de 1940, tem a penicilina como o tratamento de escolha em todas as suas formas clínicas, o fármaco utilizado como primeira linha de tratamento é a benzil-penicilina benzatina, considerada altamente eficaz e segura, inclusive durante a gestação. (NUNES et.al, 2024)
4.2 Transmissão:
A transmissão ocorre principalmente, pelas vias sexuais desprotegidas (oral, vaginal ou anal), além da transmissão vertical de mãe para filho e por transfusão sanguínea. A maioria das pessoas infectadas é assintomática, favorecendo a manutenção da cadeia de transmissão. (CARNEIRO et.al, 2023)
4.3 Vias de contaminação:
O T. pallidum, agente etiológico da sífilis, é uma espiroqueta altamente invasiva. A transmissão mais comum ocorre durante o contato sexual, quando a bactéria penetra por micro lesões na mucosa ou na pele. Após o contato, o microrganismo utiliza proteínas de superfície, a Tp0751, para aderir às células endoteliais e à matriz extracelular, o que facilita a penetração tecidual e a disseminação hematogênica. (TALHARI et.al, 2025)
No tecido vaginal, a transmissão se dá pela mucosa genital, favorecida pela alta vascularização local. Na região anal, o risco é ainda maior devido à fragilidade da mucosa retal, que é mais suscetível a fissuras. (WHO, 2021) Já no sexo oral, a infecção pode ocorrer por meio de fissuras na mucosa oral ou contato com úlceras sifilíticas, ainda que com risco relativamente menor. (TALHARI et.al, 2025) Nas gestantes, o T. pallidum é capaz de atravessar a barreira placentária, especialmente após o segundo trimestre, podendo causar aborto, natimortalidade ou sífilis congênita10. Em indivíduos vivendo com HIV, a imunossupressão facilita a progressão rápida da doença, aumentando a probabilidade de complicações precoces, como a neurossífilis. (FRANCO-PAREDES et.al, 2015)
4.4 Estágios Da Sífilis:
A orientação do tratamento e as devidas abordagens clínico laboratoriais, são divididas em dois estágios: Primeiro estágio: sífilis primária, secundária e latente recente (com até um ano de evolução do quadro clínico), e sífilis tardia: fase latente tardia e terciária (com mais de um ano de evolução do quadro clínico). (CARNEIRO et.al, 2023)
QUADRO 1: Classificação das sífilis:


(FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022)
4.5 Diagnóstico:
Para que possa ser iniciado um tratamento, é preciso fazer um diagnóstico Clínico Laboratorial da sífilis, que pode ser dado por exames diretos e por testes imunológicos. (BEZERRA et.al, 2020)
a) Testes diretos:
Os exames diretos são feitos a partir da identificação, e coleta de amostras de lesões primárias ou secundárias e eles podem confirmar a detecção da bactéria. (BEZERRA et.al, 2020)
b) Testes indiretos:
Caracterizam-se pela pesquisa de anticorpos totais em amostras de sangue total, soro ou plasma, classificados como testes treponêmicos e não-treponêmicos, estes são os mais comuns na prática de rastreamento Clínico Laboratorial de pessoas assintomáticas e não assintomáticas. (FREITAS et.al, 2021)
4.6 Tratamento Microbiano: Eficácia da Penicilina
As penicilinas G, também denominadas benzilpenicilinas, pertencem ao grupo dos antibióticos β-lactâmicos, caracterizados pela presença do anel β-lactâmico, estrutura química responsável por sua atividade antimicrobiana. O principal mecanismo de ação dessas substâncias consiste na inibição da síntese da parede celular bacteriana, componente essencial para a integridade, forma e sobrevivência das bactérias, especialmente das Gram-positivas. (CHAMBARELLI et al., 2022)
Durante a multiplicação bacteriana, enzimas conhecidas como proteínas ligadoras de penicilina (PBPs) catalisam a etapa de transpeptidação, que promove a ligação cruzada entre as cadeias de peptidoglicano, conferindo rigidez à parede celular. A penicilina G se liga de forma irreversível a essas enzimas, bloqueando a formação das ligações cruzadas do peptidoglicano. Como consequência, a parede celular torna-se estruturalmente instável e incapaz de conter a pressão osmótica, levando ao rompimento (lise) da célula bacteriana e, portanto, à sua morte. (CHAMBARELLI et al., 2022; W. & JÚNIOR, 2023, BATISTA et.al, 2023)
Além de bloquear a formação da parede celular, a penicilina estimula enzimas autolíticas bacterianas (autolisinas), que degradam a parede de dentro para fora, intensificando a destruição da bactéria. Esse efeito é mais pronunciado durante a fase logarítmica de crescimento, quando as células estão ativamente se dividindo. (CHAMBARELLI et al., 2022, BRASIL, 2022)
O tratamento imediato com benzilpenicilina benzatina é considerado a primeira linha terapêutica sempre que houver testes treponêmicos reagentes, independentemente da presença de sinais clínicos. Essa recomendação se aplica a gestantes, vítimas de violência sexual, indivíduos com manifestações clínicas de sífilis primária ou secundária e pessoas sem diagnóstico prévio. (CHAMBARELLI et al., 2022)
Embora todas as formulações de penicilina G compartilhem o mesmo mecanismo de ação, elas diferem quanto à velocidade de absorção, tempo de liberação e duração do efeito, fatores que determinam suas indicações clínicas específicas. (BRASIL, 2022)
A penicilina G benzatina apresenta mecanismo de ação mais lento e prolongado, com efeito terapêutico que pode se estender por até três semanas. Após a aplicação intramuscular, o fármaco é absorvido de forma gradual, mantendo níveis plasmáticos estáveis por longos períodos. Durante esse tempo, atua sobre o Treponema pallidum (microrganismo de crescimento lento), inibindo a síntese do peptidoglicano da parede celular. A destruição progressiva dessa estrutura leva à morte bacteriana. Essa formulação é amplamente utilizada no tratamento da sífilis primária, secundária e latente, garantindo exposição contínua da bactéria ao antibiótico. (BRASIL, 2022; CHAMBARELLI et al., 2022; W. & JÚNIOR, 2023)
A penicilina G cristalina é administrada por via intravenosa, apresentando ação rápida e de curta duração. Após a aplicação, atinge níveis plasmáticos elevados em poucos minutos, o que a torna ideal para o tratamento de infecções graves, como neurossífilis e sífilis congênita, devido à sua capacidade de penetrar o sistema nervoso central e atravessar a barreira placentária. No local de ação, a penicilina liga-se rapidamente às PBPs, interrompendo a formação do peptidoglicano e levando à lise celular. Sua atuação é mais eficaz durante a fase ativa de crescimento bacteriano, quando há intensa replicação celular. (CHAMBARELLI et al., 2022; W. & JÚNIOR, 2023)
A penicilina G procaína é uma formulação que combina a penicilina com o anestésico procaína, o que reduz a dor local e retarda a absorção do antibiótico após a aplicação intramuscular. Essa combinação permite liberação lenta e contínua do fármaco na corrente sanguínea, prolongando sua ação. No ambiente bacteriano, o mecanismo é o mesmo: bloqueio das PBPs e inibição da síntese do peptidoglicano, resultando na destruição da parede celular e morte do microrganismo. Sua ação é considerada intermediária, sendo eficaz em casos de sífilis congênita e infecções que requerem manutenção prolongada de níveis terapêuticos. (CHAMBARELLI et al.; BRASIL, 2022)
Em todas as suas formas, a penicilina G atua de maneira específica e seletiva, atacando um processo vital exclusivo das bactérias (a formação da parede celular), sem afetar as células humanas. Essa seletividade explica sua alta eficácia e segurança clínica no tratamento da sífilis e de outras infecções causadas por bactérias sensíveis ao anel β-lactâmico. (CHAMBARELLI et al., 2022; BATISTA et.al, 2023)
QUADRO 2: Esquemas terapêuticos por estágio da sífilis


(FONTE: FREITAS, 2020.)
4.6.1 Considerações em gestantes:
As gestantes formam um grupo de importância significativa clínica particular, pois a transmissão vertical do T. pallidum pode resultar em sífilis congênita, e ser associada a aborto, natimortalidade, malformações e sequelas graves no recém-nascido. A testagem e o tratamento adequado durante o pré-natal são fundamentais para a prevenção. (AMORIM, 2021; BRASIL, 2022)
A penicilina benzatina é o único tratamento seguro e eficaz durante a gestação. O início imediato do tratamento é fundamental para prevenir a transmissão vertical e evitar a ocorrência de sífilis congênita, mesmo na ausência de sinais clínicos maternos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022)
4.6.2 Reações adversas:
Nas primeiras 24 horas após o início do tratamento com as penicilinas, pode ocorrer a reação de Jarisch-Herxheimer, caracterizada por dor, prurido, mal-estar geral, febre, eritema e exacerbação de lesões cutâneas. Essa reação é benigna e autolimitada. Antipiréticos podem aliviar os sintomas, mas não há medidas preventivas eficazes. (CARNEIRO et.al, 2023; FREITAS et.al, 2021)
Outro evento adverso é a anafilaxia associada à penicilina, cuja incidência é extremamente baixa (0,002%). Em casos de reação anafilática, a adrenalina deve ser administrada como fármaco de primeira escolha. A interrupção do tratamento devido à alergia à penicilina, pode perpetuar a cadeia de transmissão e contribuir para a ocorrência de sífilis congênita. (CARNEIRO et.al, 2023; FREITAS et.al, 2021)
Apesar da penicilina continuar sendo o tratamento de maior escolha principal para sífilis, em todos os estágios seguindo as literaturas científicas atuais, podemos observar situações de falhas terapêuticas, essas falhas podem se manifestar como recidiva clínica ou persistência de títulos sorológicos elevados mesmo após a administração da penicilina nos esquemas terapêuticos. (CARNEIRO et.al, 2023)
Segundo a base de pesquisas, pode-se observar relatos clínicos que indicam, que a falha pode ocorrer tanto, em sífilis primária quanto secundário e até neurossífilis. Apesar do tratamento ser seguido rigorosamente as diretrizes. Em alguns estudos documentou-se recorrência de sífilis primária, após o esquema considerado adequado da penicilina e foi necessário a repetição do regime com maior duração para obter a cura. (MI et.al, 2023)
Recentemente, em algumas investigações sobre a neurossífilis pode-se evidenciar episódios positivos nos testes, após tratamento padrão, sugerindo que a falha não estaria necessariamente associada à resistência antimicrobiana, mas sim a mecanismos de tolerância do T. pallidum à penicilina, sendo considerado associar esse fenômeno a possíveis mutações genéticas. (MI et.al, 2023)
Apesar das porcentagens de falhas terapêuticas, serem raras elas podem demonstrar que o tratamento da sífilis, deve ser monitorado de fórmula muito criteriosa, especialmente com os pacientes imunossuprimidos ou infectados pelo HIV, que apresentam riscos aumentados para certas complicações futuras. (MI et.al, 2023)
4.7 Fármacos opcionais e Pesquisa de novas alternativas terapêuticas
Drogas como Ceftriaxona e Azitromicina, que foram drogas testadas mais recentemente, todas demonstram atividades, mas não são superiores ao nível de tratamento que a penicilina tem, e devem ser mantidos como drogas de segunda linha. (WHO, 2021) O Ceftriaxona mostrou uma ação no modelo animal, e em pequenos grupos de pacientes, mas apresenta, uma taxa elevada para retratamentos em pacientes classificados como HIV positivos. (CARNEIRO et.al, 2023)
Além dele, a resposta da Azitromicina, em coelhos e em pequenos grupos de pacientes, nos mostra a possibilidade de dose única oral, estimulando o uso profilático da droga. Entretanto, a chances de resistência à Azitromicina, confirmam em estudo genéticos de PCR em 28% de resistência microbiana (LIEBERMAN et al., 2024). Essa identificação nos mostra que, essa cepa resistente deve ser tratada com o Azitromicina de maneira cautelosa, principalmente nos portadores de vírus HIV positivo. (CARNEIRO et.al, 2023)
A ceftriaxona é um antibiótico capaz de transpor a barreira hematoencefálica em concentração suficiente para combater o agente causador presente no líquido cerebroespinhal, comumente encontrado em pacientes neonatos e pacientes com HIV. Diferente da penicilina que nem sempre é eficaz no combate a essa patologia, a não ser que seja em suas formas penicilina procaína e cristalina. (FREITAS et.al, 2021)
Além disso este fármaco se mostrou eficiente na sífilis primaria e secundaria em pacientes imonoincompetentes, portadores de HIV. Sendo eficaz no tratamento da população gestante, neonatos e imunoincompetentes, e sendo uma alternativa de tratamento em casos de alergia e indisponibilidade da penicilina. No entanto a Ceftriaxona não pode ser apresentada como um substituto a penicilina. (COELHO, 2019)
Atualmente pesquisas tem como foco a descoberta de novos antibióticos e na reposição de fármacos efetivos no combate ao T. pallidum. A imunoterapia está sendo igualmente explorada, contudo no ponto de vista de abordagem complementar, essa pesquisa traz a ideia de vacinas terapêuticas, que tem como intuito estimular o sistema imunológico a combater a infecção. Uma vez que bem-sucedida essa abordagem não somente tratar a infecção existente, como também, prevenir recorrências, apresentando solução a longo prazo. (NUNES et.al, 2024) A recém-descoberta feita pelos pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) de Campinas, sobre uma nova espécie de fungo, o Penicillium excelsum, coletado da castanheira-do-Brasil nas regiões amazônicas. Pouco se conhece desta espécie, entretanto reconhece-se que os diversos fungos da família Penicillium produzem substâncias para a indústria farmacêutica, certas para o combate de infecções. A despeito de ter sido pouco explorada até o presente momento esse achado se apresenta como uma das novas possibilidades para confrontar a resistência bacteriana. (DA SILVA,2018)
4.8 Monitoramento pós-tratamento:
O monitoramento deve ser feito por meio de testes não treponêmicos, como o VDRL, para avaliar a resposta terapêutica. Recomenda-se repetir os exames em 3, 6 e 12 meses após o tratamento. Em casos de reinfecção ou persistência de títulos elevados, deve-se investigar a possibilidade de neurosífilis por meio de punção lombar, especialmente em pacientes com HIV, que apresentam maior risco de complicações neurológicas. (MISTERIO DA SAÚDE 2022; FREITAS et.al, 2021)
A correlação entre a sífilis e o vírus da HIV, ocorre pelo fato de serem doenças transmitidas principalmente pela via sexual e aumentam sua importância. Pois as lesões ulceradas aumentam o risco de transmissão. Além disso, pacientes soro positivos que apresentam a sífilis possuem o grande risco de acometimento do SNC precoce. (CARNEIRO et.al, 2023)
4.9 Resistência Microbiana no tratamento alternativo da Sífilis
A acidental descoberta da Penicilina por Alexander Fleming, iniciou a era dos antibióticos que inovaram a medicina, salvando inúmeras vidas, desempenhando um papel imprescindível no tratamento de infecções bacterianas. (W. & JÚNIOR, 2023) Desde seu descobrimento, a penicilina tem se mostrado bastante eficaz no tratamento da sífilis, devido ao fato de a bactéria T. pallidum ser bastante sensível a esse fármaco. Porém se mostrou resistente a outros antibióticos de tratamentos alternativos. (NUNES et.al, 2024)
Entretanto, como todos os seres vivos, as bactérias enfrentam a corrida da evolução, ou seja, quando se apresenta um obstáculo seletivo, é natural que somente os mais aptos para transpor deste empecilho estejam envolvidos neste embate, desde modo ocorre a resistência bacteriana. Este processo pode desenrolar-se de duas maneiras principais: a mutação genética e a recombinação gênica. (W. & JÚNIOR, 2023)
A mutação genética deve-se ao fato de durante a replicação do DNA, aconteçam erros, acarretando variações na sequência genética, essas mutações têm como potencial serem resistentes aos antibióticos. Contudo este é processo tende a ser lento e aleatório, e pode não oferecer vantagens significativas para a resistência. (W. & JÚNIOR, 2023)
Em contrapartida a recombinação gênica que pode transcorrer em três processos importantes – a conjugação, a transformação e a transdução – assim sendo mais rápida e eficaz, para obter os genes da resistência. Na conjugação, existe a transferência direta de material genético de uma bactéria para outra, pela ponte de conjugação, tornando possível que a bactéria receptora adquira a capacidade de resistir. De outro ponto de vista, na transformação, uma bactéria pode pegar fragmentos de material genético (DNA) existentes em seu meio e adicionar em seu próprio genoma. Se este fragmento obtiver a resistência a bactéria também se tornará resistente. Na transdução, existe o intermédio viral por meio de bacteriófagos. Esses sendo nada mais que vírus infectam bactérias, e durante esse processo, podem transferir porções do DNA bacteriano de uma célula hospedeira para outra, se esse material genético obtiver os genes de resistência a bactéria alcançara a resistência. (W. & JÚNIOR, 2023)
Além disso existem os mecanismos propriamente ditos da resistência, tal como a produção de β-lactamases, enzima que degrada a estrutura β-lactâmica dos antibióticos, inativando os mesmos. Bem como a modificação do sítio de ligação da proteína alvo, tornando possível reduzir a quantidade de antibiótico no interior das bactérias, tornando o medicamento ineficaz. Outro mecanismo é a redução da permeabilidade da membra externa, o que atrapalha a entrada do antibiótico, alternativa muito comum em bactérias Gram-Negativas. Entre outros mecanismos. (W. & JÚNIOR, 2023)
Outro fator que culmina para a resistência bacteriana são o uso indiscriminado dos antimicrobianos, muitos microrganismos se adequaram aos fármacos e proliferam-se por causa do uso indevido ou excessivo. (DA SILVA,2018)
Algumas cepas de T. pallidum também apresentaram resistência a azitromicina, um medicamento usado em casos de alergia a penicilina. A resistência antimicrobiana se apresenta como um grande desafio para a saúde, devido a delimitar as escolhas terapêuticas, o que pode acarretar acréscimo nos números de ocorrência aos casos não tratados ou imprecisamente tratados. A penicilina continua sendo eficaz no tratamento, entretanto isso gera o entendimento da vulnerabilidade no tratamento caso a bactéria crie resistência a este fármaco em específico, assim reduzindo as opções de tratamento. (NUNES et.al, 2024)
As diretrizes atuais dos Centros de Controles de Doenças (CDC) e Canadá, em 2024, afirmam que, a azitromicina não deve ser o fármaco escolhido para o tratamento da sífilis. Os dados de um estudo mostraram que a alta quantidade de cepas resistentes levou-os a concordar com o CDC, e ainda recomendou aos médicos a optarem por doxiciclina ou ceftriaxona, em pacientes não gestantes com sífilis. (LIEBERMAN et al., 2024)
4.10 Alergia a Penicilina
Quando o paciente alérgico entra em contato com a penicilina ocorrem 4 tipos de reações estas sendo: (FELIX et.al, 2021)
Reação Tipo I, que é imediata. O corpo reconhece a penicilina como substância estranha, então produz os anticorpos IgE que se ligam as células mastócitos e basófilos. Assim que o paciente entrar em contato novamente com o fármaco, os mastócitos e basófilos liberam substâncias inflamatórias chamadas de histamina, prostaglandinas e leucotrienos, causando uma reação alergia imediata, como urticária, coceira, inchaço, falta de ar ou até anafilaxia, este último sendo uma reação grave. (FELIX et.al, 2021)
Reação Tipo II, aqui o sistema imunológico produz os anticorpos IgM ou IgG que acabam atacando as próprias células do sangue, como os eritrócitos, os leucócitos e as plaquetas, levando a destruição ou sequestro celular resultando em anemia hemolítica (destruição dos eritrócitos) ou trombocitopenia (redução das plaquetas). (FELIX et.al, 2021)
Na Reação Tipo III, neste entre 4 e 10 dias após o uso do antibiótico quando os anticorpos formados nesses dias formam complexos imuno solúveis ao reagirem com as proteínas transportadoras da penicilina. Então acontece a ativação e deposição destes complexos nos vasos sanguíneos pequenos, ativando o sistema imune (chamando os leucócitos) e gerando dano tecidual e inflamação vascular local como por exemplo a vasculite (inflamação dos vasos) ou podendo causar também a doença do soro-símile (febre, artralgias, exantema macular e urticariforme e linfadenopatia). (FELIX et.al, 2021)
Na Reação Tipo IV, reações tardias ou medidas pelas células T, ocorrem 6 horas depois da administração ou durante o tratamento após inúmeras exposições do medicamente. Dessa forma uma célula apresentadora de antígeno processa os peptídeos modificados por drogas e os apresenta para reconhecimento pelo receptor de células T, levando a ativação das mesmas e ocorre a liberação de citocinas e quimiocinas, podendo levar a reações cutâneas graves com envolvimento sistêmico, incluindo Síndrome de Stevens-Johnson, Necrólise epidérmica tóxica, DRESS (à infiltração da pele e órgãos internos por eosinófilos, neutrófilos e células T) e PEGA (infiltração cutânea de neutrófilos, eosinófilos e células T). (FELIX et.al, 2021)
Seguindo a linha de raciocínio onde se encontra a alergia, foram realizados estudos em várias partes do mundo, com grupos de pessoas portadoras da sífilis primaria, sífilis secundaria e neurossífilis. Estes estudos realizaram-se com a divisão desses grupos onde uma parcela foi tratada com penicilina e a outra administrou-se ceftriaxona. Ao final dos testes atestou-se uma igualdade de eficácia entre os dois fármacos no tratamento da sífilis em pacientes imunocompetentes, não grávidos e quem possui sífilis primaria. (COELHO, 2019)
Um estudo trouxe a preocupação de o uso da doxiciclina – um antibiótico tetraciclina também comumente utilizado em tratamentos de sífilis em casos de alergia a penicilina – em profilaxias para prevenção de sífilis após uma exposição, o que se mostrou eficiente. Entretanto a apreensão se deve ao fato de que este uso possa levar a uma resistência, principalmente em pessoas que consomem esses medicamentos como prevenção contínua, uma vez que esse fármaco foi empregado como prevenção a malária e dados sugeriram uma possível associação entre essa técnica e a resistência nos agentes causadores dessa patologia. (TRUONG et.al, 2022)
4.11 Desabastecimento de Penicilina
A produção da penicilina, é feita principalmente pelo processo de fermentação submersa, onde o fungo Penicillium chrysogenumque no passado foi chamado Penicillium notatum, cresce dentro de um meio líquido agitado. O processo começa com os esporos que devem passar por etapas de crescimento até chegar à fase de produção, quando o meio de cultura recebe nutrientes adequadamente. A fermentação ocorre de forma aeróbica, dentro de reatores
de aço inoxidável onde se monitora a temperatura ideal e pH para as melhores condições do cultivo, que pode levar de 120 a 160 horas. (PEREIRA et.al, 2016)
O termo desabastecimento de medicamentos remonta à década de 1950. Entretanto, era de entendimento que o desabastecimento se tratava do resultado de um conjunto de fatores como: um inesperado levantamento de demanda ou precariedade do sistema de saúde, efeito de uma compra e ou sistema de distribuição inepto e financiamento escasso. (CHAVES et.al, 2022) Na virada do século notou-se que esse transtorno também atingia países de alta renda, com grandes transportadoras e bem-organizado. Dessa forma ele passa a ser conhecido como fruto da efemeridade das cadeias globais, deixando de ser uma adversidade local. (CHAVES et.al, 2022)
Em 2014 um novo desabastecimento foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema de saúde e em 2017 a mesma o definiu com duas concepções: oferta e demanda. Pelo ponto de vista da oferta compreende-se que o desabastecimento acontecia quando produtos de saúde ou vacinas, caracterizadas como essenciais para o sistema de saúde, é tido como insuficiente para corresponder ao apuro. No sentido da demanda transcorreria quando uma grande oferta em qualquer ponto da cadeia de suprimento, levando a quebra de estoque. (CHAVES et.al, 2022)
No que se refere aos antibióticos o desabastecimento colaborou na propagação da resistência microbiana, em virtude da ausência do medicamento de primeira escolha levando ao uso de fármacos de segunda escolha geralmente com amplo aspecto. A Organização das Nações Unidas (ONU) relatou que aproximadamente seis milhões de pessoas por ano morreram mundialmente em razão de doenças infecciosas comuns que seriam potencialmente tratadas caso sucedesse o devido acesso a antibióticos existentes. (CHAVES et.al, 2022)
O desabastecimento de penicilina é um exemplo crítico devido ao elevado índice de ocorrência de sífilis congênita e o aumento de óbitos de crianças menores que um ano de idade no Brasil no período de 2014 a 2019. A falta de penicilina benzatina afetou 61% dos estados brasileiros e a penicilina cristalina 100% em 2016. (CHAVES et.al, 2022)
É importante ressaltar que se relata o fato de o brasil apresentar dificuldades devido à escassez a penicilina benzatina ocorrida desde 2014 e até então sem nenhuma mudança. Existem vários motivos para o desabastecimento, porém destaca-se o fato de o número de fabricantes globais do insumo farmacêutico ativo (IFA), matéria prima, do fármaco estar diminuindo cada vez mais, pelo menos cinco empresas abandonaram o mercado global em favor de focar nos remédios mais rentáveis, já que este fármaco permanece no mercado há vários anos e sua patente ter sido quebrada levando a redução do seu valor no mercado, deixando de ser vantajosa sua produção, de forma que o problema na produção e consequentemente na distribuição corrobora para a falta de penicilina. (CHAVES et.al, 2022; MONTEIRO et.al, 2024; ARAUJO et.al, 2020)
Para melhor elucidar como o desabastecimento afetou no tratamento da sífilis, segue abaixo um quadro com informações sintetizadas sobre os afetados:
QUADRO 3: Afetados pelo desabastecimento de Penicilina

(FONTE: ARAUJO et.al, 2020; ROCHA,2021; SWAYZE,2022.)
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Sífilis se apresenta como um problema considerável para a saúde pública, e a penicilina permanece como principal tratamento de primeira escolha, sendo mais eficaz para todas as fazes da doença. Contudo, desafios como como o desabastecimento do medicamento, reações alérgicas e falhas terapêuticas dificultam o controle da infecção.
A presença da resistência bacteriana a outros antibióticos reforça a importância de políticas públicas que garantam seu acesso e acima de tudo o uso racional da penicilina. Conclui-se que a permanência da eficácia no tratamento necessita da vigilância constante, da educação em saúde e do investimento em novas alternativas terapêuticas.
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1 Discente do Curso Superior de Biomedicina do Instituto Centro Universitário UNA Campus Bom Despacho e- mail: fernandaluizasouza218@gmail.com; yasminglesiele@gmail.com
2 Docente do Curso Superior de Biomedicina do Instituto Centro Universitário UNA Campus Bom Despacho. Mestre em Ciência e Tecnologias das Radiações, Minerais e Materiais (PPGMAD/UNIR). e-mail: flaviabiomedica@yahoo.com.br
