A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE PARA AS ARTES MARCIAIS, ESPORTES DE COMBATE E LUTAS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 

THE IMPORTANCE OF SPORTS PSYCHOLOGY FOR MARTIAL ARTS, COMBAT SPORTS AND FIGHTING: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202506301321


Ciribelli Fernandes da Silva, Guilherme1


RESUMO 

De acordo com as pesquisas bibliográficas realizadas, foi encontrado muito pouco material sobre o trabalho do psicólogo do esporte com as modalidades: artes marciais, esportes de combate e lutas. Esta pesquisa teve como objetivo através de uma revisão bibliográfica sistemática compreender a psicologia do esporte da origem aos tempos atuais e o seu papel nas artes marciais, nos esportes de combate e nas lutas, tendo como questão orientadora: Há a possibilidade de trabalhar com a psicologia do esporte nas artes marciais, esportes de combate e lutas? Finalizando, é importante ressaltar que apesar de existir ainda muito poucos trabalhos nessa área, há um crescimento em publicações. 

Palavras-chave: Psicologia do Esporte, Artes Marciais, Esportes de Combate e Lutas. 

ABSTRACT 

According to the bibliographic research carried out, very little material was found on the work of sports psychologists with the following modalities: martial arts, combat sports and fighting. This research aimed to understand sports psychology from its origins to the present day and its role in martial arts, combat sports and fighting, through a systematic bibliographic review, with the guiding question: Is it possible to work with sports psychology in martial arts, combat sports and fighting? Finally, it is important to emphasize that although there are still very few works in this area, there is a growth in publications.

Keywords: Sports Psychology, Martial Arts, Combat Sports and Fighting.

APRESENTAÇÃO 

A motivação de realizar um trabalho para compreender como a psicologia do esporte pode acrescentar para a melhoria da performance em atletas de artes marciais, esportes de combate e lutas vêm anteriormente com experiências em outras modalidades esportivas. 

Durante o curso de psicologia, eu tive a oportunidade de estagiar na área de Psicologia do Esporte interagindo com atletas da equipe de natação de uma universidade na cidade de Ribeirão Preto. Essa experiência aumentou minha motivação para entender o que realmente há para além dos atendimentos individuais na clínica-escola. Comecei então a entender que poderíamos sair da clínica-escola (entre quatro paredes) e continuar a compreender os atletas não só como um ser biológico, mas como biopsicossocial no seu ambiente de práticas esportivas como: as quadras, os campos, as piscinas, os tatames, entre outros. 

Vivenciando essas experiências, comecei a entender que além de falar sobre os treinos, competições, alimentação, equipe, entre outras situações do cotidiano dos atletas, eles também queriam falar sobre outras situações que lhes traziam sofrimento, necessitando assim de um profissional com uma escuta mais ativa para conversar sobre situações que também influenciava em seus desenvolvimentos. 

Pensando em como me especializar, prestei a prova para entrar no curso de especialização em Teorias, Técnicas e Estratégias em Psicanálise na USP-SP, no qual comecei a compreender que além dos registros conscientes haviam também os registros do inconsciente que também influenciavam os indivíduos. Apesar do trabalho finalizado nessa especialização tenha como título “A interlocução entre Psicanálise e Psicologia da Saúde: é possível?”, ele foi pensado como poderia ser utilizado em outros meios que não apenas o hospitalar, percebendo que poderia intervir com os novos conhecimentos também com atletas da base ao alto rendimento, contribuindo com a melhora da qualidade de vida, amenizando ansiedades e estresse, além de novas dificuldades que poderiam surgir. 

O próximo passo foi pensar em pesquisas para estar sempre atualizando conhecimentos, então fui em busca do mestrado. Nesta nova experiência, desejava entender como trabalhar a promoção da saúde. Isso me conduziu para o Mestrado Interdisciplinar em Promoção de Saúde na Universidade de Franca-SP, começando a fazer pesquisas na área.  

Importante neste momento, relatar que mesmo trabalhando com saúde específica na área hospitalar, já considerava aplicar meus conhecimentos com outros grupos, atletas. Foi quando comecei a explorar possibilidades no campo da Psicologia do Esporte. 

Ao finalizar o mestrado, não medi esforços para executar tudo que até aquele momento tinha absorvido com os estudos, então comecei a atender atletas da base e atletas máster2

Ao iniciar esta pesquisa foi muito importante marcar historicamente como tudo começou, pois é uma pesquisa que explora uma temática muito pouco estudada, por isso foi dividido em capítulos onde no desenrolar de cada um, o nascimento da ciência foi sendo mostrado. A organização dos capítulos também foi desenhada para a melhor compreensão da psicologia do esporte e também propiciar um olhar sobre a intersecção desta com as artes marciais, os esportes de combate e as lutas. 

Importante nesse momento, apresentar alguns conceitos que foram destacados durante a pesquisa. 

A psicologia do esporte estuda e atua em circunstâncias que abrangem  motivação, personalidade, agressão, violência, liderança, dinâmica de grupo, bemestar psicológico, pensamentos e sentimentos dos atletas entre outros aspectos da prática esportiva e da atividade física, criando locais nos quais os enfoques sociais, educacionais e clínicos se completam (Rubio, 2003). 

Para obter uma visão mais didática, foi importante dividir historicamente nessa introdução o desenrolar da construção dessa nova ciência em cinco tempos, sendo distintos e ao mesmo tempo interrelacionados, onde se destacaram algumas personalidades e alguns eventos próprios. 

1º Tempo – Primórdios (1895 – 1920): Na Universidade de Indiana havia um psicólogo chamado Norman Triplettpsic admirador do ciclismo que estava buscando entender porque alguns ciclistas às vezes pedalavam mais rápido quando corriam em grupos ou em pares do que quando pedalavam sozinhos. Estas pesquisas foram em direção ao entendimento de que a presença do adversário funcionava como um elemento motivador para o aumento de esforço do atleta (Triplett, 1898). 

Nesse momento Triplett, professores de educação física e psicólogos iniciavam a compreender como aspectos psicológicos do esporte e a aprendizagem de habilidades motoras influenciavam nos praticantes de esportes (Weinberg e Gould, 2017). 

2º Tempo – A era Griffith (1921 – 1938): Coleman Griffith, professor da Universidade de Illinois, criou em 1925 o Laboratório de Psicologia do Esporte. Foi o expoente no desenvolvimento de artigos científicos e testes em relação ao tema, sendo o precursor do curso de Psicologia do Esporte na mesma universidade que ministrava aulas. A partir de sua trajetória e avanços no tema, ele é considerado o pai da Psicologia do Esporte. O pesquisador encaminhou inúmeros estudos sobre o time de beisebol Chicago Cubs e desenvolveu perfis psicológicos de jogadores lendários, fazendo sempre o seu trabalho em isolamento, mas nunca perdendo a alta qualidade e o profundo comprometimento em aperfeiçoar as performances. Seus trabalhos continuam sendo excelentes modelos para psicólogos do esporte e do exercício (Weinberg e Gould, 2017). 

3º Tempo – Construindo o futuro (1939 – 1965): Neste momento, os destaques eram os trabalhos na Universidade da Califórnia de Franklin Henry, o qual dedicou sua trajetória profissional ao estudo profundo dos aspectos psicológicos da aquisição de habilidades esportivas e motoras. Ele colaborou para a formação de muitos professores de educação física que mais tarde se tornaram professores universitários e iniciaram sistemáticos programas de pesquisa (Weinberg e Gould, 2017). 

4º Tempo – Organização da psicologia do esporte como disciplina acadêmica (1966 – 1977): A educação física institui-se como disciplina acadêmica focada em aprendizagem motora e a psicologia do esporte fica a parte dessa disciplina, visto que os pesquisadores estavam estudando como fatores psicológicos (ansiedade, autoestima e personalidade) intervinham no desempenho de habilidades esportivas e motoras e como o envolvimento com o esporte e a educação física agiam no desenvolvimento psicológico tanto no comportamento agressivo quanto na personalidade (Weinberg e Gould, 2017).        

5º Tempo – Psicologia do Esporte e do exercício contemporâneo (de 1978 até o presente): Na área aplicada no final da década de 70 em diante, aconteceu o crescimento da psicologia do esporte e do exercício, fase de grandes produções científicas. Essas contribuições marcaram a história da área voltada para a psicologia social na atividade física e esporte, desencadeando publicações que norteiam trabalhos até nos dias atuais (Rubio, 2007). 

No capítulo 2 desta pesquisa, após a exposição sobre a origem da psicologia do esporte, foi importante discorrer sobre as artes marciais3, esportes de combate4 e lutas5 que são disciplinas as quais envolvem habilidades físicas e técnicas, sendo que cada uma delas tem suas particularidades. 

Com a evolução das pesquisas, essas modalidades foram se modificando. Para Woodward (2009), apud Fernández (2024, p.19): 

Com o passar dos anos, e devido sua expansão, muitas artes marciais, apesar de sua origem, se converteram em práticas de combate modificadas em direção a orientações práticas ou esportivas (como a defesa pessoal, a recreação, a competição,…), denominando-se artes marciais “modernas”. (Tradução minha) 

Continuando o autor ainda coloca que: 

Estas, entre outras, tem desenvolvido uma vertente esportiva, transformando-se em esportes de combate como é o caso de alguns esportes olímpicos como a luta livre, a luta greco-romana, o boxe, a esgrima, o judô, o taekwondo e o karatê. Os esportes de combate mantêm os componentes físicos do combate próprios das artes marciais, mas estão mais relacionados com o treinamento esportivo e os eventos competitivos. (Moenig et al. 2023 apud Fernández,2024, p.20). (Tradução minha) 

Pereira et al (2022) apud Fernández (2024, p.20) conclui que: 

Atualmente as Artes Marciais e os esportes de combate são praticados fundamentalmente em diferentes lugares, como em clubes de esporte, centros de fitness, centros comunitários, colégios ou parques.

Foi também contemplado nesse trabalho uma outra visão das artes marciais na saúde voltada para o conceito de longevidade não se restringindo apenas a benefícios derivados diretamente dos treinamentos. 

Hermógenes (2004, p.108) coloca que: 

A yogaterapia no tratamento dos nervosos e em qualquer tratamento, não movimenta apenas os poderes, as energias e as leis do corpo, mas também e muito mais os do prana6, da mente, da sabedoria e da bem aventurança, que são presentes, embora imperceptíveis, em todo homem. Sua eficiência não está apenas em recorrer aos planos mais profundos, sutis e abstratos, portanto mais potentes, mas também por lançar mão simultaneamente de todos os recursos, desde aqueles que a atual medicina psicossomática normalmente usa até aqueles que ainda lhe escapam, por desconhecidos. É terapia holística. Uma conquista multifrontal da saúde. 

Finalmente, esta pesquisa teve como objetivo através da revisão bibliográfica sistemática compreender a psicologia do esporte da origem aos tempos atuais e o seu papel nas artes marciais, nos esportes de combate e nas lutas.

CAPÍTULO 1 – BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE 

O berço da Psicologia do Esporte se dá na Grécia Antiga com alguns filósofos como Aristóteles e Platão, desenvolvendo temas em relação à função perceptual e motora do movimento por meio dos conceitos de corpo e alma. Nesse período cria-se uma confusão, pois o início da Psicologia do Esporte se dá no momento em que está se desenvolvendo a Psicologia Geral com sua base filosófica (Barreto, 2003). 

De acordo com Davis, Huss e Becker (1995), as habilidades motoras e processos físico-fisiológicos como tempo de reação, limiar de determinação, atenção e sentimentos ocuparam os estudos da época aplicada a psicologia do esporte acontecendo no final do século XVII e início do século XVIII.  

Estudos e pesquisas em psicofisiologia no esporte começaram a ser desenvolvidas no final do século XIX. Os primeiros laboratórios e institutos de psicologia do esporte surgiram nos anos de 1920 com Roudik na antiga União Soviética, Grifftih nos Estados Unidos, Matsui no Japão e Schulte/Sippel na Alemanha (Samuski, 2008). 

Gill (1986) continua sublinhando que o período de maior fertilidade para a Psicologia do Esporte foi na década de 20 quando começaram a entendê-la como uma disciplina de cunho acadêmico e científico. 

Vanek e Cratty (1970, p.74) enunciam que: 

No final dos anos 30, foi feita a primeira tentativa de definir os limites da psicologia do esporte, classificando-a em duas áreas de estudos, sendo elas: a psicologia das atividades esportivas que englobava uma análise geral da atividade física e uma outra dos esportes específicos; e a psicologia do atleta, abordando as habilidades específicas e os traços de personalidade gerais, realizada por P.A. Roudik, o qual estudava situações de tensão pré-competitiva em esportes como boxe, natação, esqui, luta, tênis e futebol. 

Continuando com Vanek e Cratty (1970, p.75): 

A partir desse novo enfoque dado por Roudik e da expansão das ciências do esporte como área multidisciplinar cresceu o interesse pela psicologia do esporte como uma subárea dessa ciência, sendo que no final dos anos 40 até início dos anos 50, a psicologia do esporte emergiu como disciplina acadêmica, entrando nos programas dos cursos de Educação Física. O aumento do consumo de informações sobre a área trouxe estudos sobre traços de personalidade e suas relações com o esporte. 

De acordo com Gould e Pick (1995), vale ressaltar que Griffith aponta como funções do psicólogo do esporte ensinar a técnicos jovens e inexperientes os princípios psicológicos utilizados por técnicos de grande sucesso, adaptar a informação já adquirida em psicológica para o contexto esportivo e utilizar o método científico e experimental em laboratório para descobrir novos fatos e princípios que ajudariam o atleta na prática. 

Neste momento é importante citar que Gill (1986, p.74) discorre dizendo que: 

Griffith contribuiu com obras consideradas arrojadas para a época, criando vários testes: alerta mental, tempo de reação, coordenação muscular, capacidade de aprender, tensão e desconstrução muscular. Foi também o primeiro psicólogo de clube, atuando no Chicago Cubs (baseball) em 1938 e desenvolvendo trabalhos sobre liderança, treinamento, personalidade, aprendizagem motora e fatores psico-sociais do esporte. 

Lee (1901) coloca que no início do século XX apresentam-se as primeiras discussões sobre a influência do aspecto psicológico no desempenho de atletas no contexto esportivo, mas como a psicologia ainda não estava consolidada como uma ciência e as publicações da época eram escritas por educadores, atletas e jornalistas que não apresentavam suporte científico suficiente para explicar esta variável. 

Nos Estados Unidos, ocorre o crescimento contínuo da Psicologia do Esporte no pós-guerra com o aumento dos laboratórios especializados, sendo que a mesma, na década de 50, inicia a fragmentação da área do Comportamento Motor. Importante frisar que em 1965 foi criada a Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte7 no 1º Congresso Mundial de Psicologia do Esporte realizado em Roma e no ano seguinte nasce a Sociedade Norte-Americana para a Psicologia do Esporte e Psicologia da Atividade Física8 (Vieira et al.,  2010; Weinberg; Gould, 2017). 

De acordo com Vanek e Cratty (1970) apud De Rose Junior (1992, p.75), um trabalho pioneiro: 

Foi realizado na Alemanha, em 1966 e 1967, por psicólogos que acompanharam os atletas que estavam em preparativos para os Jogos Olímpicos do México, em 1968. Dessa forma a psicologia do esporte na Europa começou a delinear um quadro mais voltado ao estudo de atletas de alto rendimento, desvencilhando-se da abordagem geral envolvendo qualquer tipo de atividade física. 

Roffé (2008, p.22) coloca que a psicologia aplicada ao esporte na Argentina:

É ciência que já leva quase 100 anos de existência no campo de sua aplicação e investigação (o futebol tem na Argentina essa idade), embora suas raízes estejam localizadas em 1879 no campo experimental. Mas é nos últimos anos que começa a sobressair com um crescente atrativo para o mundo do esporte em geral e para alguns profissionais que o praticam em particular. 

Continuando com Roffé (2008, p.26): 

Minha experiência me diz que quanto maior seja a caixa de ferramentas que tenha para assistir ao atleta, melhor: tinha que adaptar-se à demanda e necessidade do atleta. Como psicólogo-psicanalista que sou, posso dizer que utilizo as contribuições da psicanálise (base de treinamento universitária em Buenos Aires), da teoria cognitiva, da Gestalt, da teoria sistêmica, da escola de Palo Alto, da bioenergética, do psicodrama, da teoria genética e que além do mais de ser flexível e entender que o FUTEBOL como esporte é uma ciência complexa, considero imprescindível também a utilização de testes qualitativos (projetivos) e quantitativos, conhecidos como psicotécnicos, individuais e grupais. Também resulta fundamental saber administrar técnicas de respiração, relaxamento e visualização (que não é controle mental) pré e pós competição, assim como saber coordenar sessões de grupo (falamos de um esporte de equipe). 

No ano de 1962, a psicologia foi reconhecida como profissão, sendo que anteriormente a essa data, os que intervinham na área eram os filósofos, pedagogos e sociólogos, desde escolas às indústrias. A partir desse momento, para conquistar o título de psicólogo (formação acadêmica) se tornou imprescindível preencher os requisitos necessários (Rubio, 2003). 

No Brasil, a Psicologia do Esporte segundo Rubio (2003), foi considerada uma área emergente no início do século XX em meados da década de 50. A partir desse momento, são desenvolvidos programas de treinamento psicológico com técnicos, treinadores e atletas no encalço de melhorar o desempenho em competições de alto rendimento. Ao falar em competições de alto rendimento na atualidade, este é um dos principais produtos da indústria cultural e tem exigido equipes complexas de profissionais, entre eles o psicólogo, que dão o suporte necessário para que o atleta e as equipes esportivas desempenhem seu papel proporcionando grandes espetáculos. 

Continuando com Rubio (2007, p.309) no Brasil na década de 50: 

O primeiro trabalho de intervenção em Psicologia do Esporte se deu com o psicólogo João Carvalhaes9 que trabalhava no São Paulo Futebol Clube e também com a Seleção Brasileira de Futebol, fazendo uso da Psicometria. Quando foi convidado para fazer parte da Seleção Brasileira de Futebol, para disputar a Copa do Mundo de 1958 na Suécia, acabou criando um mal-estar, pois ao analisar os testes aplicados nos jogadores constatou que Mané Garrincha não estava em perfeita condição para competir o mundial naquele ano.  

Em respeito a análise de Carvalhaes sobre os testes aplicados na Seleção Brasileira de Futebol que foi disputar a Copa de Mundo da Suécia em 1958, Cozac (2004,p.20) relata que: 

É preciso que sejam tecidas algumas considerações. Na época em que atuou como psicólogo da Seleção, os testes aplicados por ele reprovaram o Mané Garrincha que, posteriormente, foi o grande astro da Seleção. O que as pessoas esquecem é que o jogador faleceu de cirrose hepática, em péssimas condições psicológicas. Se as ferramentas utilizadas pelo professor não foram eficazes para a seleção e traço de perfil psicológico esportivo, certamente já davam mostras da fragilidade psicoemocional de um dos maiores astros do futebol brasileiro de todos os tempos. 

Com essa atuação de Carvalhaes sublinhada anteriormente, Medina (2007) explica que a psicologia do esporte no Brasil ficou grifada nesse período, como uma disciplina que comete erros no julgamento do desempenho de um atleta em razão da interpretação errada que foi dada à declaração do mesmo.

A Psicologia do Esporte surge como destaque nas equipes de futebol, não ao acaso, e sim por ser um esporte de importância nacional onde tinha um maior investimento econômico e visibilidade social. Neste contexto pode-se citar que em 1962 e 1963 na composição da equipe de futebol da seleção brasileira além de João Carvalhaes teve como destaque também, o profissional Athaide Ribeiro da Silva10 (Casal, 2007). 

Em consonância com o parágrafo anterior pode-se referenciar Ricette (2003,p.60) na qual pontua que : 

Athayde Ribeiro em 1967, tendo formalizado um dos primeiros registros da aplicação de uma metodologia de preparação psicológica no desporto, direcionada ao futebol, refere-se a uma condição subjetiva do desportista por ele denominada “domínio de tensões”, descreve esse prepara em três fases: 1ª – Entrevista psicológica; 2ª – Aplicação de testes e interpretação de dados; 3ª – O preparo propriamente dito, isto é, a busca de identificação e de empatia com o atleta por meio da orientação, do apoio, do aconselhamento individual e de grupo. 

Conforme Brandão (2000) foi criado em 1979 a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte (SOBRAPE). Neste período, muitos profissionais brasileiros foram fazer intercâmbio em países da Europa e da América do Norte nos quais a Psicologia do Esporte estava em crescimento, trazendo avanços com a criação de novos laboratórios e grupos de estudos. 

Para além do mencionado acima, Franco (2000) apud Cozac (2003) diz que o aparecimento dos clubes-empresa imprimiu mudanças às equipes de diferentes modalidades esportivas deliberando novas posturas para a Psicologia do Esporte em meados dos anos 90.

De acordo com Casal (2007) é evidenciado que no Brasil a Psicologia do Esporte começa nesse momento a ter um crescimento, não tendo nenhuma correlação positiva com o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão, sendo que essa insuficiência possa não ser somente em relação a Psicologia do Esporte, mas estar na precariedade dos recursos colocados à disposição do esporte, onde não psicólogos trabalhavam no esporte, em vez de verdadeiros psicólogos do esporte, com formação geral e específica. 

Em relação ao que foi citado no parágrafo anterior interessante reforçar como se define Psicologia do Esporte de acordo com Becker e Samulski (1998) apud Cozac (2020, p.5): 

A Psicologia do Esporte é uma nova ciência do treinamento esportivo que tem prestado importante contribuição para a otimização do rendimento de atletas e equipes. Dar aos atletas respaldo psicológico é tão importante quanto lhes fornecer uma alimentação balanceada, programada por nutricionistas. Afinal, o corpo físico e o mental são as duas faces de uma mesma unidade e merecem a igual atenção. 

Continuando a conceituação, Franco (2000) apud Cozac (2020, p.7) investe relatando que cuidar do corpo: 

Significa percebê-lo como um todo unificado, do qual fazem parte emoções e estruturas mentais. O papel do psicólogo responsável pela saúde psíquica de um time se desenvolve a partir de uma abordagem das emoções vivenciadas pelos jogadores em sua rotina de trabalho.  

Em dezembro de 2000 a psicologia do esporte ficou reconhecida no Brasil de acordo com Rubio (2003), como especialidade da psicologia e respeitada por profissionais do esporte, porém existem ainda diversas pesquisas para entender como utilizá-la para aumentar o rendimento esportivo ou superar situações adversas. 

“A evolução da medicina do Esporte acrescentou um crescimento científico importante, tanto para a Educação Física quanto para o desporto nacional” de acordo com Cozac (2020, p.20). 

O autor ainda salienta que o psicólogo esportivo: 

Foi o último integrante da comissão técnica interdisciplinar a ser reconhecido pelos clubes. Até hoje, o psicólogo sofre com o preconceito e a desinformação daqueles que, supostamente, deveriam zelar pelo bem estar dos atletas. Quando um novo profissional da área da saúde ingressa numa equipe de trabalho, mobiliza uma série de mecanismos psíquicos nos seus integrantes (simpatia, resistência, etc.). Se este novo profissional é um psicólogo, pode ocorrer uma mobilização maior entre os membros da equipe. A percepção que cada ser humano tem do psicoterapeuta é bastante variável. Pode incluir desde expectativas de ajuda (beirando até o sobrenatural) até ansiedades persecutórias nos sujeitos mais inseguros (Cozac, 2020, p.21). 

CAPÍTULO 2 – ARTES MARCIAIS, ESPORTE DE COMBATE E LUTAS 

As artes marciais, os esportes de combate e as lutas envolvem complexas interações entre mente, corpo e espírito; do início das práticas orientais milenares até as arenas modernas de competição, essas modalidades além de testar habilidades técnicas e força dos atletas também desafiam sua resistência mental, seu foco e controle emocional.  

Com o tempo o Oriente foi se aproximando do Ocidente onde estava acontecendo a revolução das armas de fogo, fazendo com que as lutas corpo a corpo perdessem o sentido original, tornando-se assim modalidades de caráter esportivo e competitivo. 

Em conformidade com Correia e Franchini (2010, p.07), lutas, artes marciais e esporte de combate são teorizadas respectivamente: 

O termo “luta” de forma recorrente e dinâmica implica um investimento diversificado de representações e significados, o que por sua vez, lhe confere uma dimensão polissêmica. Como exemplificação, temos as noções de lutas de classe, dos trabalhadores, pelos direitos da mulher, pela vida e outros mais. A situação em que o referido termo se circunscreve no contexto dos embates físicos/corporais por intenções de subjugações entre os sujeitos a partir de conflitos interpessoais e, invariavelmente, por conteúdos humanos contraditórios e ambivalentes. “Arte Marcial” faz referência a um conjunto de práticas corporais que são configuradas a partir de uma noção aqui denominada de “metáfora de guerra”, uma vez que essas práticas derivam de técnicas de guerra como denota o nome, isto é marcial11. Já o termo marcial, relacionado ao campo mitológico, faz alusões à dimensão conflituosa das relações humanas. A denominação Modalidades Esportivas de Combate implica uma configuração das práticas de lutas, das artes marciais e dos sistemas de combate sistematizados em manifestações culturais modernas, orientadas a partir das decodificações propostas pelas instituições esportivas. 

Correia e Franchini (2010) sustentam que há a possibilidade de as lutas, as artes marciais e os esportes de combate serem percebidos como sendo estruturas identificadas e intrínsecas ao patrimônio cultural de diferentes povos, fazendo parte da sociedade atual e do processo de globalização. 

Referindo à expressão luta, Telles, Camilo e Barreira (2022, p.13) esclarecem que:

É mais abrangente e menos polêmica, mas, quanto a ela, não cabe a condescendência com os usos e convenções, sendo necessário fazer distinções com maior precisão fenomenológica. Conforme se vem demonstrando há mais de uma década, lutar não é uma, mas é a prática de combate que se exerce nas Artes Marciais e nas modalidades esportivas de combate. Enquanto experiência, a luta corporal precisa ser diferida de fenômenos combativos como o duelo, a autodefesa, o combate ofensivo, a brincadeira de luta ou a briga. Conseguir lutar é uma conquista para o praticante e se refere a seu desenvolvimento pessoal enquanto esportista e artista marcial.

Importante agregar com Gaudin (2009, p.238) que: 

O termo “arte” responderia ao sentido polissêmico original referente a “artesão” e “técnica”. Já o qualificativo “marcial” seria utilizado, paradoxalmente, devido às formas de combate que deixaram de ser realizadas nos campos de batalha, isto é, novos usos para as técnicas corporais e para as armas que passam a ser de disputa, de competição performática e estética assumindo novos significados. 

Prosseguindo, Gaudin (2009) exemplifica os novos significados citados acima, mencionando a esgrima italiana na fase renascentista; a espada kendô e o judô japonês no período de desarmamento dos samurais na Era Meiji; os bastões do maculelê usados pelos escravos capoeiristas contra seus algozes, ao mesmo tempo que na atualidade é representado na expressão corporal (dança): “maculelê não me mate o homem, ele é cristão, não me mate o homem”, é expressado no refrão de músicas do repertório que dança com bastões (ou facões). 

Após essa breve explanação de como alguns autores se articulam com os conceitos de lutas, esporte de combate e artes marciais é importante ressaltar que Antunes e Moura (2010) direcionam essas práticas para a finalidade de socialização, da promoção de saúde, do lazer e do esporte, explicitando como pode ser ampliada a atuação dessas práticas. 

Complementando o conceito de atuação dessas práticas, Li e Du (1991) apud Antunes (2013, p.09): 

Apontam como componentes para a manutenção da boa saúde a capacidade de regular a frequência cardíaca, a pressão arterial, promover o relaxamento muscular e desenvolver o sistema cardiorrespiratório, e que são aspectos inerentes à prática das artes marciais. 

De acordo com Woodward (2009) apud Antunes (2013, p.12): 

As artes marciais tradicionais incorporam em seus treinamentos técnicas de meditação, controle da respiração, desenvolvimento da disciplina, autorrespeito e cortesia. Essas práticas promovem a saúde psicológica através do relaxamento corporal, da autoestima e da coordenação mente-corpo. Relata ainda a diminuição de eventos de raiva, decréscimo da condição de depressão, aumento da sensação de bem-estar e diminuição  da insônia. No que se refere a agressividade e eventos de agressão afirma que a prática das artes marciais reduz comportamentos violentos e hostis em seus praticantes. Esses aspectos promovem no indivíduo as condições necessárias ao bom desenvolvimento da cidadania e da participação produtiva em sua sociedade. 

Fazendo questionamentos de “como é que o corpo se tornou objeto de investigação histórica”, Courtine (2009) fala sobre as mudanças que ocorreram através dos tempos, passando de uma tradição filosófica cartesiana12, para uma tradição atualizada, na qual teve influência da fenomenologia, terminando com separação “corpo” e “espírito”, sendo que nesse momento entende-se o corpo como projeção da consciência do sujeito. 

Complementa Courtine (2009, p.07): 

O século XX é que inventou teoricamente o corpo. Essa invenção surgiu em primeiro lugar da psicanálise, a partir do momento em que Freud, observando a exibição dos corpos que Charcot mostrava na Sapêtrière, decifrou a histeria de conversão e compreendeu o que iria constituir o enunciado essencial de muitas interrogações que viriam depois: o inconsciente fala através do corpo. Este primeiro passo foi decisivo, dado que abriu a questão das somatizações, e fez que se levasse em conta a imagem do corpo na formação do sujeito, daquilo que viria ser o “eu-pele”. Seguiu-se a este um segundo passo que talvez se possa atribuir à ideia que Edmund Russel fazia do corpo humano como o “berço original” de toda significação.

Para finalizar esse capítulo interessante mencionar que nos estudos de Mariante Neto (2009) apud Antunes (2013, p.09): 

Os esportes de combate se destacam em diversos aspectos sócio- antropológicos. O corpo tem uma função central, seja para adquirir técnica, seja como capital específico de mercantilização. O controle da dor é uma meta entre os praticantes dessas modalidades. As mulheres ainda ocupam espaços secundários nesse ambiente predominantemente masculino. E, por fim, as disputas entre manter as tradições e o desenvolvimento da espetacularização. 

CAPÍTULO 3 – A INTERSECÇÃO: PSICOLOGIA DO ESPORTE E ARTES MARCIAIS, ESPORTES DE COMBATE E LUTAS 

Segundo Silva (2007, p.50), a Organização Mundial da Saúde define  saúde como sendo “[…] o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. 

Essa definição de saúde pode-se aliar com a psicologia do esporte, pois sua intersecção com as artes marciais, esportes de combates e com as lutas traz formas variadas de pensar essas modalidades que já foram muito criticadas por serem pouco estudadas. 

Ao relacionar artes marciais com o conceito de saúde, Reid e Croucher (1983) relatam características que se repetem entre os mestres de que a maior parte deles se munem de conhecimentos médicos (utilizam dos conhecimentos que proporcionam golpes mortais para também a cura eficaz de ferimentos e doenças), conhecendo a miúde o funcionamento do corpo, da mente e do espírito. Essa narrativa se estabelece quando colocam que: 

Nas artes marciais, é comum que os mestres sejam também médicos. Ainda quando é um jovem aluno, o mestre aprende a curar hematomas e distensões leves; mas, à medida que passa a dedicar-se seriamente à arte e já antevê a possibilidade de tornar-se um mestre, começa a estudar mais e aprende a curar fraturas e ferimentos internos. Muitos mestres não ultrapassam esse nível de conhecimento, mas outros vão além e chegam à maestria total na prática da medicina de seu país. (Reid e Croucher, 1983, p. 48) 

Devens e Sandler (1997) afirmam que quando se pensa no ser humano integrado com corpo, mente e espírito,  as práticas de artes marciais, são muito recomendadas para manter a saúde em equilíbrio. Muitos profissionais da saúde reconhecem hoje os benefícios que a filosofia das artes marciais trazem nesse sentido e sugerem que seus pacientes pratiquem para evitar uma vida sedentária e sem regras. 

Numa perspectiva das ciências médicas, Robert Schwartz (1995) apud Devens e Sandler (1997, p. 58) surge nesse cenário como um cirurgião ortopédico que enfatizava o quanto as artes marciais são importantes para a promoção da saúde e bem estar; argumentava contra quem fazia ligações das artes marciais à ferimentos constantes: 

Artes marciais, dança e ginástica são as três atividades que provavelmente proporcionam o condicionamento total do corpo de forma mais significante. O problema da ginástica e talvez em menor escala da dança, é que existe uma tendência de repetição excessiva dos movimentos. Dançarinos e ginastas ocasionalmente sofrem fraturas, mas não posso dizer que já me deparei com um caso desses em um praticante de artes marciais. (Minha tradução) 

Além das artes marciais nessa intersecção com a psicologia do esporte pode-se citar as lutas marajoaras na qual de acordo com Campos e Antunes (2021), essas lutas se articulam com outras disciplinas na perspectiva da educação para a promoção de saúde. 

Campos e Antunes (2021, p.10) continuando: 

Pensar a prática da luta marajoara associada a atividades como leitura e escrita sobre a natureza do Arquipélago do Marajó, a cultura local, jogos e brincadeiras que se reportasse, direta ou indiretamente as lutas marajoaras, os riscos do sedentarismo e a melhoria da aptidão física através das práticas supervisionadas de lutas, seriam possibilidades temáticas encorajadoras para um pensamento que extrapola as questões técnicas da modalidade em questão.[…] Neste sentido, a atividade física, apresentada em forma de luta, seria compreendida com base multidimensional, levando-se em consideração não apenas aspectos metodológicos como, tipo de atividade, intensidade, duração e frequência de movimentos do corpo, mas, constituindo-se em elemento de prevenção atrelado a saúde dos praticantes. 

Nessa próxima intersecção a psicologia do esporte pode ter papel norteador nos esportes de combate nos quais quando surgem conceitos como agressão hostil e agressão instrumental importante citar Barreira (2017, p. 283) o qual coloca que: 

Esses conceitos devem ser metodicamente suspendidos a fim de que o fenômeno “fale por si”. Os esportes de contato físico, entre os quais os exemplos paradigmáticos são aqueles de combate, está regularmente previsto que certas formas e intensidades de contato corporal constituam a disputa. Designar indiscriminadamente esses comportamentos normativamente previstos de agressão com o sentido de violência, mesmo que envolvam danos físicos, como pode acontecer em certas lutas é, flagrantemente, ignorar o acordo intencional que envolve as partes da disputa.  

Prosseguindo o pensamento anterior, o autor supracitado posiciona que: 

Ignorando-se este acordo intersubjetivo situado nas normas incorporadas, dá-se privilégio a um testemunho externo prendido à face física, decorre uma “empatia hermenêutica” – expressão usada por Husserl (2007) designando a apreensão do outro desde uma orientação interpretativa – que vê, onde quer que haja contato e dano físico potencial ou real, uma agressão deliberada, seja hostil ou instrumental, dirigida a outra pessoa. (Barreira 2017, p. 283) 

CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Este trabalho trouxe compreensões mais amplas de como a psicologia do esporte pode abrir campo para o manejo com as artes marciais, os esportes de combate e as lutas.  

A Psicologia do Esporte em consonância com as modalidades supracitadas traz fundamentalmente aspectos que influenciam no desempenho, na preparação mental e no desenvolvimento pessoal dos atletas 

Como foi citado nos capítulos anteriores dessa pesquisa, a psicologia do esporte disponibiliza dispositivos importantes para o desenvolvimento de atletas nas modalidades de combate, incentivando-os não apenas a melhorar o desempenho atlético, mas também a promover um crescimento pessoal e um entendimento mais positivo dessas práticas esportivas. 

Igualmente pode-se citar que a psicologia do esporte no contexto das artes marciais, esporte de combates e lutas tem papel crucial em aspectos como: controle emocional e disciplina, preparação mental, gestão de estresse e ansiedade, recuperação psicológica, integração corpo-mente, entre outros.  

Ao pensar em futuros trabalhos será interessante investigar como é influenciado a identidade pessoal e social dos atletas com a participação dos mesmos em esportes de combate e artes marciais, levando em conta questões relacionadas com a masculinidade, feminilidade e estereótipos de gênero. 

Esta pesquisa então pode ser finalizada assinalando que a psicologia das lutas pode sim ser considerada uma ramificação da psicologia do esporte, evidenciando as demandas e particularidades psicológicas dos atletas envolvidos em modalidades de combate. 


2Definidos como aqueles com mais de 25 anos de idade.

3Aikido, Capoeira, Judô, Karatê, Kung Fu, Taekwondo, entre outras.

4Boxe, Kickboxing, MMA (Mixed Martial Arts), Muay Thai, Luta Olímpica.

5Jiu-Jitsu, luta livre, luta olímpica e outras.

6Conceito central na Yoga que se refere à energia vital que permeia o universo e é absorvida pelo ar, é de origem sânscrita e significa “energia absoluta” (Recorte meu).

7ISSP – International Society of Sport Psychology.

8NASPSPE – North American Society for the Psychology of Sport and Physical Activity.

9Teve toda sua trajetória profissional ligada à psicologia do trabalho, antes mesmo da regulamentação da profissão de psicólogo, no qual atuou na avaliação de trabalhadores através de testes psicológicos em empresas de transporte público de São Paulo, até iniciar sua atuação junto à Federação Paulista de Futebol, realizando seleção de árbitros nos mesmos moldes que utilizava até então os testes psicológicos (Santo; Jacó-Vilela, 2016).

10Profissional que conheceu diversos países e psicólogos de nacionalidades diferentes os quais influenciaram seu trabalho. Muito preocupado com o futuro e pleno de esforços para deixar um corpo de conhecimento às gerações futuras, no intuito de continuar o desenvolvimento da Psicologia do Esporte (Santo; Jacó-Vilela, 2016).

11De Marte, deus romano da guerra; Ares para os gregos; relativo a militares ou a guerreiros.

12Atribuindo o corpo a um  papel secundário, visto como um mero pedaço de matéria.

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1Psicólogo formado pela Universidade de Ribeirão Preto – Ribeirão Preto/SP, Especialista em Teorias, Técnicas e Estratégias em psicanálise pela USP-SP, mestre em Promoção de Saúde pela Universidade de Franca- Franca/ SP – guilherme.ciribelli@terra.com.br